Aristóteles não era gente boa -
parte 1:
"Conta-se que o afastamento
de Aristóteles em relação a Platão ocorreu primeiramente a partir destes fatos.
A Platão não agradavam nem seu modo de vida nem o de vestir seu corpo. Com
efeito, Aristóteles usava vestimenta exagerada e sapato, aparava o cabelo e,
além disso, se embelezava usando muitos anéis – e isso era estranho para
Platão. Havia um deboche em seu rosto e falava inoportunamente, tagarelando
coisas banais – esse era seu jeito. Que tudo isso é impróprio ao filósofo, é
evidente. Vendo isso, Platão não aprovava o homem, e estimava Xenócrates,
Espeusipo, Amiclas e outros mais do que ele, cumprimentando-os com respeito e
juntando-se a eles para conversar. Certa vez, quando Xenócrates estava fora da
cidade, Aristóteles enfrentou Platão rodeado por um coro de gente das suas
relações, dentre os quais estavam o fócio Mnáson e outros dessa laia. Espeusipo
estava doente na ocasião e, por isso, não pôde juntar-se a Platão. Platão
estava com oitenta anos e, por causa da idade, sua memória falhava.
Aristóteles, ao atacá-lo e tramar contra ele, fazendo perguntas com extrema
arrogância e de um modo refutativo, mostrava-se claramente não apenas
injurioso, mas também desleal; por isso, Platão retirou-se da caminhada e
recolheu-se com seus amigos" (Cláudio Eliano, Histórias Várias, 3. 19).
Tradução do Professor Junior
Baracat.
Meu comentário breve:
Vejo muito exagero na tendência de
alguns de tomarem isto como um indicio
do mau caráter de Aristóteles. O estrangeiro e macedônico Aristóteles devia ter
um humor muito peculiar. Aliás, considerando as suas influencias platônicas e
mediadas por ele a herança de certa ironia socrática e o destemor nos debates típico
e marcante na Apologia. Então vejo um exagero na crucificação de Aristóteles. A
fonte é histórica, mas a posição é política. E quando a gente lê os textos dele
se supõe com certa facilidade esses traços do seu humor e destemor.
O sábio Umberto Eco fez aquela
brincadeira com ele em O Nome
da Rosa, atribuindo a ele um tratado do riso e da alegria no Segundo livro da
sua Poética. Bem eu não vejo como seria conveniente aos atenienses tratar e
lembrar de um Aristóteles em 348
a . C. com muito generosidade, posto que quem escreve sta
memória tem posição posterior a morte de Platão e provavelemnete posterior a
tomada de Filipe da Macedônia das cidades estado gregas em 346 a . C. A disputa, que se verá depois, após a morte de
Platão logo em seguida, pela academia que faz Aristóteles fazer um processo On
the Road, após aber que nãos era o sucessor sendo preterido por um parente, um
ato de nepotismo justificado de Platão por assim dizer, e depois em sua volta desta
viagem de desafogo criar o Liceu e gerar a provável disputa entre liceu e
academia não devia ser de conseqüências tão suaves assim.
Creio que é um bom debate para
clarear também este conflito que depois segue pelos séculos e séculos até os
dias de hoje. Eu que sempre fui um aristotélico empedernido e convicto até o
ano passado, hoje me sinto seduzido por Platão. Por força deste meu anno
mirabilis acabei mergulhando mais em Platão do que supunha e planejava ao
inicio do ano letivo.
Mas seu eu fosse aluno de Platão também
não resistiria a tomar certas liberdades. E sabemos que os exercícios de
refutação – abstraindo-se aqui da questão estética envolvida neste fuxico grego
– eram altamente promovidos e exemplares desde Sócrates e mesmo desde os
Sofistas. E, pensando bem agora, um pouco mais e com mais cuidado eu peço que
meus alunos também não resistam em me refutarem quando souberem fazê-lo ou
julgarem possível e acho que dá para levar para casa isso numa boa. Esta
alegria que pode ser gerar sem mágoa ou rancor e que quando isso acontece, com
eficácia ou sem, há ai uma influencia libertaria e de uma tentativa de pertinácia
do mestre e daquilo que a tempera de nossos alunos deveria ganhar.
Então isso mostra para mim que os
pósteros, são pelo fuxico e pela contenda superficial, posto que nem fala de
que matéria tratava-se o debate ou colóquio, são menores mesmo que Aristóteles
e que Platão juntos. Só isso...e me parece também que tem muitos dodóis aí, sem
feridas correspondentes que justifiquem tamanho dano..
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