As vezes eu penso que sou um professor ultrapassado porque vejo todo mundo dizendo que agora as aulas de filosofia precisam ser temáticas e que a gente deve abandonar a abordagem histórica, mas eu confesso que vejo muitas vantagens ao lecionar com um olho nos temas, problemas e ideias e com outro olho nos autores, na história e no contexto histórico, econômico, cultural, político e religiosos destas ideias e temas...não consigo mesmo me desapegar disto...por outro lado tenho recebido sinais bons disto, pois vejo como uma forma de auxiliar e contribuir também para uma consciência histórica de outras disciplinas e ciências, conhecimentos, técnicas e tecnologias, e não me vejo em delírio nem em transe, ao contrário me sinto perfeitamente adaptado e propondo ainda novidades, grandes mudanças e a construção de uma perspectiva com consciência das tradições e que tenta, ousa, acredita e descobre como ainda pensar diferente, como pensar mais e como pensar de forma mais decisiva também....então...Inaugural: The benefit to philosophy of the study of its history
POLÍTICA, HISTÓRIA, FILOSOFIA, SOCIOLOGIA, DEMOCRACIA, DEMOGRAFIA, GEOGRAFIA, lITERATURA, POESIA E ARTE - TEXTOS PARA INFORMAR, DIVULGAR, LER E CRITICAR - Daniel Adams Boeira - 13 de junho de 2009 - daniel underline boeira arroba yahoo ponto com ponto br
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
CRISE EM SÃO LEOPOLDO
É o novo mote agora com a alegada e confirmada saída do
Secretário da Saúde de São Leopoldo, após dez meses de gestão o que no Jornal
justifica-se por incompatibilidades, e que ocorre após as saídas anteriores do
Secretário da Cultura, do Secretário da Administração e etc (?). O Secretário
da Saúde estava tentando resolver uma crise no Hospital a menos de uma semana.
Eu nãos ei porque está saindo se é por conta disso ou da separação e conflito
entre PMDB e PSDB. Mas eu lembro apenas que a saúde é a peça mais importante ai
no cenário, mais importante hoje do que os partidos inclusive e quem sem um
tratamento adequado a ela, eles pouco podem dizer em SL hoje. E o problema é
sim falta de gestão, posto que recebem recursos de diversas fontes na saúde, posto
que há espaço para captação de mais recursos – desde que o façam com competência
de gestão e também que podem hoje obter mais apoios do estado e da união e que
as estruturas existentes são hoje muito melhores mesmo do que eram há dez anos
atrás.
Bem, mas falam em uma crise e se for isso vale aqui a regra
de que quem pariu Mateus que o embale então, porque o PMDB pariu Mateus e muito
bem parido na eleição anterior. E fez uma opção bem objetiva para isto. Não adianta
chorar agora, tem que matar no osso duro do peito e se virar nos 38 meses
futuros.
O outro lado ruim nisto, na minha opinião, é que algumas
pessoasjá se põem a fazerem discurso
como se tivesse que ter um salvador da pátria em São Leopoldo de novo. Já
temsop estes que aí estão, sem organizações que os sustentem e a confirmação de
que o novo secretário da saúde vem de fora só confirma isto. O que me lembra
sempre das velhas alternativas personalistas e vaidosas. Das quais deveríamos
estar todos bem cansados. O que é um outro problema local que levou ao quadro
atual a ideia infantil e primária de que vai haver uma andorinha que fará
verão sozinha ou que vai aparecer um estadista para resolver. Ora essa. Quem?
Você?
Para mim, que sou
somente com orgulho e coragem um cidadão
interessado e que participa com lado neste debate, só falta gestão,
transparência e democracia para a administração municipal e a humildade para
alguns que se não sabem nada que não se metam a besta em gestão pública. A fase
do amadorismo acabou. Tudo hoje exige mais rigor, mais clareza e menos achismo.
E menos arrivismo também. O tempo para o discurso da culpa dos outros acabou.
Pela sucessão de erros que temos acompanhado, talvez
tenhamos que assistir mais coisas ainda e ver como é que os eleitos se viram.
Não conheço ninguém que queira o mal de São Leopoldo. Então tá na hora da
grandeza política para construir soluções políticas e técnicas reais e parar
com as balelas.
Podemos ter muitas divergências, mas a política não é aquilo
que alguns pensam que é, uma ARTE DA GUERRA, o que explica a crise incessante
deste governo, a política é a arte da construção de solução aos problemas da
cidade e isso só é possível com organizações e soluções coletivas. cabe ao PMDB
e ao PSDB fazerem a gestão.
Os quadros do PMDB foram os principais avalistas deste jogo.
Agora vão pagar a conta inteira ou acertar a conta. Para lá ou para cá, é assim
a vida. Agora aguenta...no osso duro do peito...meus respeitos ao partido que
nos fez oposição..
terça-feira, 29 de outubro de 2013
ANÁLISE DE CONJUNTURA E O HOMEM E SUAS CIRCUNSTÂNCIAS
Quando pensei pela primeira vez em uma aula sobre Análise de Conjuntura - que desse formalmente uma ideia das diversas determinações econômicas, políticas, culturais e históricas de uma sociedade ou organização, me veio de relance a lembrança daquela figura clássica já de se observar melhor o homem e suas circunstâncias. A figura construída pelo filósofo de Ortega y Gasset afirmava que o homem era ele e mais as suas circunstâncias. Assim se pode entender que se devem considerar os atributos de algo e o cenário em que este algo está inserido e tentar ir revelando aos poucos tudo aquilo que está encoberto em ambos os eixos do que é e de seu contexto. Vou aqui já modulando o vocabulário para facilitar a analogia que pode guiar nossa compreensão não para um rigor conceitual, mas sim para a ideia mesma que está por traz ai de ser e mundo e suas determinantes conhecidas e desconhecidas que vão sendo reveladas por um método cujo objeto é o próprio sujeito. E que ao mesmo tempo sofrem graduação qualitativa, medida e predicativa. E esta predicação pode ser também negativa ou positiva e sofrer gradações segundo as suas espécies presentes simples ou complexas Bem, vou fazer uma pausa, amanhã é este homem e suas circunstâncias em exame....
A SITUAÇÃO PRÉ-CRÍTICA DE SÃO LEOPOLDO
“Quando o poder da síntese desaparece da vida dos homens e quando as antíteses perdem sua relação vital e seu poder de interação e conquistam a independência, e então que a filosofia se torna uma necessidade sentida.” G.W.F. Hegel
A pessoa que mais me chamou atenção para isto, para esta espécie de ignorância cognoscente e superciente – foi um grande professor de história aposentado - afirmou em um debate mais ligado a história cultural e ao horizonte cultural de uma cidade como a minha que se tratava de uma situação pré-crítica. Pré-crítica para ele é a mesma cosia que dizer pré-kantiana. Uma situação anterior ao esclarecimento e a emancipação do homem de sua menoridade servil e tutelada por outras consciências. Uma situação que ainda não compreendeu os limites da razão, nem a divisão entre estado e igreja e muito menos os limites de todo o conhecimento possível.
Devemos observar ai um sujeito que assimila crenças de forma acrítica, aceita opiniões de forma acrítica e as reproduz com uma tranquilidade assustadora para mim. Em um outro contexto ela me dizia que nossa cidade tinha uma condição política e cultural pré-crítica e que isto se manifestava nas formas como as escolhas políticas eram construídas, se consolidavam e se faziam representar na Câmara de Vereadores e em vários outros espaços de poder, participação ou gestão. Ele me apontava com sua perspicácia para os métodos, objetivos, meios e valores que eram dominantes nestes processos. E também me dizia para prestar atenção nos discursos legitimadores que acompanhavam as decisões, as opções e as manifestações de prioridades.
A pessoa que mais me chamou atenção para isto, para esta espécie de ignorância cognoscente e superciente – foi um grande professor de história aposentado - afirmou em um debate mais ligado a história cultural e ao horizonte cultural de uma cidade como a minha que se tratava de uma situação pré-crítica. Pré-crítica para ele é a mesma cosia que dizer pré-kantiana. Uma situação anterior ao esclarecimento e a emancipação do homem de sua menoridade servil e tutelada por outras consciências. Uma situação que ainda não compreendeu os limites da razão, nem a divisão entre estado e igreja e muito menos os limites de todo o conhecimento possível.
Devemos observar ai um sujeito que assimila crenças de forma acrítica, aceita opiniões de forma acrítica e as reproduz com uma tranquilidade assustadora para mim. Em um outro contexto ela me dizia que nossa cidade tinha uma condição política e cultural pré-crítica e que isto se manifestava nas formas como as escolhas políticas eram construídas, se consolidavam e se faziam representar na Câmara de Vereadores e em vários outros espaços de poder, participação ou gestão. Ele me apontava com sua perspicácia para os métodos, objetivos, meios e valores que eram dominantes nestes processos. E também me dizia para prestar atenção nos discursos legitimadores que acompanhavam as decisões, as opções e as manifestações de prioridades.
E eu fiquei pensando muito nisto por uns dois anos e me dei conta de uma grande contradição sistêmica muito interessante, porque devemos chamar assim o fato de que toda a nossa cidade é povoada por muitos cidadãos, professores, professoras, profissionais liberais e que é uma cidade com uma grande e maravilhosa instituição universitária que possui intelectuais de diversas graduações e qualificações e que, no entanto, em volta do Castelo Medieval, as coisas se encontram assim, deste modo pré-crítico e atrasado. Uma cidade com uma ampla estrutura educacional, uma ampla tradição cultural e que ao mesmo tempo possui uma história econômica também muito interessante e proeminente no cenário regional e estadual.
Lembrar aqui do Nome da Rosa e das dificuldades para compreender um tempo cheios de fantasmas e mistérios em que até a lógica deve lutar arduamente para sobreviver frente ao poder e ao preconceito, frente à dogmas e a disposições violentas, é um bom paralelo para mim agora. Ora, como poderia uma cidade destas, com esta tradição escolar de quase dois séculos, com esta forte e intensa atividade de produção, prestação de serviços e de desenvolvimento de novas tecnologias ser divisada e governada por uma perspectiva pré-crítica.
Lembrar aqui do Nome da Rosa e das dificuldades para compreender um tempo cheios de fantasmas e mistérios em que até a lógica deve lutar arduamente para sobreviver frente ao poder e ao preconceito, frente à dogmas e a disposições violentas, é um bom paralelo para mim agora. Ora, como poderia uma cidade destas, com esta tradição escolar de quase dois séculos, com esta forte e intensa atividade de produção, prestação de serviços e de desenvolvimento de novas tecnologias ser divisada e governada por uma perspectiva pré-crítica.
Pois, não é que ouvindo os discursos mais correntes em vários temas e pautas atuais, me dou conta que esta transição não se completou mesmo, nem entre nós os “racionalistas, críticos e esclarecidos”. Vejo que houve mesmo um grande retrocesso na racionalidade de 1781 para cá. De tal modo que aquilo que chamamos de modernidade é somente o retorno da supremacia de uma objetificação acrítica através de um método e de uma linguagem encobridoras.
O MÉTODO QUE REVELA O SUJEITO NÃO O OBJETO
“Quando o poder da síntese desaparece da vida dos homens e quando as antíteses perdem sua relação vital e seu poder de interação e conquistam a independência, e então que a filosofia se torna uma necessidade sentida.” G.W.F. Hegel
As vezes custa muito para os que eu tendo a chamar de cognitivistas e epistemólogos entenderem que o método revela mais o sujeito do que o objeto. Alguns prefeririam que o método revelasse apenas a situação do sujeito, mas eu penso que revela mais.
Quando falo de um custo aqui fico pensando mesmo no preço, no custo, no prejuízo e em alguma vantagem possível que eles tenham em se manter renitentes em suas leituras do mundo que resumem tudo a experiências de um simples sei ou num sei, penso ou num penso, provo ou não provo e assim sucessivamente. Não digo isto porque prefiro as incertezas ou a insegurança da ignorância, ou mesmo as vantagens da ignorância que envolvem não ter que pensar muito em coisas aborrecedoras, injustas, trágicas ou pesadas. Talvez isto lhes dê o conforto da assepsia perante uma política ou um mundo dividido exclusivamente num certo e errado em ilusões ou clarezas.
Entendo e chamo por cognitivistas e epistemólogos aqui aqueles que reduzem tudo a uma relação de conhecimento e que por força da neutralidade cognitiva se esquecem que há ai mesmo, nesta relação cognitiva, explicativa, expositiva e compreensiva, também uma relação de poder, de controle e de supremacia.
Quando falo de um custo aqui fico pensando mesmo no preço, no custo, no prejuízo e em alguma vantagem possível que eles tenham em se manter renitentes em suas leituras do mundo que resumem tudo a experiências de um simples sei ou num sei, penso ou num penso, provo ou não provo e assim sucessivamente. Não digo isto porque prefiro as incertezas ou a insegurança da ignorância, ou mesmo as vantagens da ignorância que envolvem não ter que pensar muito em coisas aborrecedoras, injustas, trágicas ou pesadas. Talvez isto lhes dê o conforto da assepsia perante uma política ou um mundo dividido exclusivamente num certo e errado em ilusões ou clarezas.
Entendo e chamo por cognitivistas e epistemólogos aqui aqueles que reduzem tudo a uma relação de conhecimento e que por força da neutralidade cognitiva se esquecem que há ai mesmo, nesta relação cognitiva, explicativa, expositiva e compreensiva, também uma relação de poder, de controle e de supremacia.
Na sua tentativa de completude o método diz muito também sobre você mesmo. O método expõe e mostra todas as tuas prioridades, exibe tua agenda e, também, para além da tua formação, a direção que pretendes tomar ao conhecer o objeto, ao ensaiar a crítica ao esboçar um discurso, ao proferir, avaliar, sopesar e também ponderar sobre algo. Aliás, uma das observações mais incríveis é a da transformação de outros métodos e outros sujeitos também em objetos, de tal modo que teu controle, tua agenda e tua vontade de poder se façam justificadas, racionalizadas e se realizem com menos conflito e atrito.
Revela também este método uma forma de auto-compreensão do sujeito, de suas escolhas teóricas e a natureza de sua empreitada. Quando penso nisso - e isso ocorre com muita frequência ultimamente - me dou conta que mesmo o discurso é um similar que exibe ou somente uma expressão secundária do método, ou seja, para analisar realmente uma contradição precisamos ir para além do objeto, pois o método de seu reconhecimento tem sua origem no sujeito.
Assim, tanto uma escolha lógica quanto uma escolha dialética expressa mais o sujeito e suas disposições que o próprio objeto de conhecimento. Nem eu entendo ainda muito bem isso, mas tendo a ficar cada vez mais desconfiado de mim mesmo quando penso nisto e, não creio mesmo, que seja eu o único a perceber isso.
Assim, tanto uma escolha lógica quanto uma escolha dialética expressa mais o sujeito e suas disposições que o próprio objeto de conhecimento. Nem eu entendo ainda muito bem isso, mas tendo a ficar cada vez mais desconfiado de mim mesmo quando penso nisto e, não creio mesmo, que seja eu o único a perceber isso.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
KANT, MARX, ENEM 2013, ZIZEK, KURATANI E A FILOSOFIA
“Quando o poder da síntese desaparece da vida dos homens e quando as antíteses perdem sua relação vital e seu poder de interação e conquistam a independência, e então que a filosofia se torna uma necessidade sentida.” G.W.F. Hegel
As vezes custa muito para os que eu tendo a chamar de cognitivistas e epistemólogos entenderem que o método revela mais o sujeito do que o objeto. Alguns prefeririam que o método revelasse apenas a situação do sujeito, mas eu penso que revela mais.
Quando falo de um custo aqui fico pensando mesmo no preço, no custo, no prejuízo e em alguma vantagem possível que eles tenham em se manter renitentes em suas leituras do mundo que resumem tudo a experiências de um simples sei ou num sei, penso ou num penso, provo ou não provo e assim sucessivamente. Não digo isto porque prefiro as incertezas ou a insegurança da ignorância, ou mesmo as vantagens da ignorância que envolvem não ter que pensar muito em coisas aborrecedoras, injustas, trágicas ou pesadas. Talvez isto lhes dê o conforto da assepsia perante uma política ou um mundo dividido exclusivamente num certo e errado em ilusões ou clarezas.
Entendo e chamo por cognitivistas e epistemólogos aqui aqueles que reduzem tudo a uma relação de conhecimento e que por força da neutralidade cognitiva se esquecem que há ai mesmo, nesta relação cognitiva, explicativa, expositiva e compreensiva, também uma relação de poder, de controle e de supremacia.
Quando falo de um custo aqui fico pensando mesmo no preço, no custo, no prejuízo e em alguma vantagem possível que eles tenham em se manter renitentes em suas leituras do mundo que resumem tudo a experiências de um simples sei ou num sei, penso ou num penso, provo ou não provo e assim sucessivamente. Não digo isto porque prefiro as incertezas ou a insegurança da ignorância, ou mesmo as vantagens da ignorância que envolvem não ter que pensar muito em coisas aborrecedoras, injustas, trágicas ou pesadas. Talvez isto lhes dê o conforto da assepsia perante uma política ou um mundo dividido exclusivamente num certo e errado em ilusões ou clarezas.
Entendo e chamo por cognitivistas e epistemólogos aqui aqueles que reduzem tudo a uma relação de conhecimento e que por força da neutralidade cognitiva se esquecem que há ai mesmo, nesta relação cognitiva, explicativa, expositiva e compreensiva, também uma relação de poder, de controle e de supremacia.
Na sua tentativa de completude o método diz muito também sobre você mesmo. O método expõe e mostra todas as tuas prioridades, exibe tua agenda e, também, para além da tua formação, a direção que pretendes tomar ao conhecer o objeto, ao ensaiar a crítica ao esboçar um discurso, ao proferir, avaliar, sopesar e também ponderar sobre algo. Aliás, uma das observações mais incríveis é a da transformação de outros métodos e outros sujeitos também em objetos, de tal modo que teu controle, tua agenda e tua vontade de poder se façam justificadas, racionalizadas e se realizem com menos conflito e atrito.
Revela também este método uma forma de auto-compreensão do sujeito, de suas escolhas teóricas e a natureza de sua empreitada. Quando penso nisso - e isso ocorre com muita frequência ultimamente - me dou conta que mesmo o discurso é um similar que exibe ou somente uma expressão secundária do método, ou seja, para analisar realmente uma contradição precisamos ir para além do objeto, pois o método de seu reconhecimento tem sua origem no sujeito.
Assim, tanto uma escolha lógica quanto uma escolha dialética expressa mais o sujeito e suas disposições que o próprio objeto de conhecimento. Nem eu entendo ainda muito bem isso, mas tendo a ficar cada vez mais desconfiado de mim mesmo quando penso nisto e, não creio mesmo, que seja eu o único a perceber isso.
Assim, tanto uma escolha lógica quanto uma escolha dialética expressa mais o sujeito e suas disposições que o próprio objeto de conhecimento. Nem eu entendo ainda muito bem isso, mas tendo a ficar cada vez mais desconfiado de mim mesmo quando penso nisto e, não creio mesmo, que seja eu o único a perceber isso.
A pessoa que mais me chamou
atenção para isto, para esta espécie de ignorância cognoscente e superciente – foi
um grande professor de história aposentado - afirmou em um debate mais ligado a
história cultural e ao horizonte cultural de uma cidade como a minha que se
tratava de uma situação pré-crítica. Pré-crítica para ele é a mesma cosia que
dizer pré-kantiana. Uma situação anterior ao esclarecimento e a emancipação do
homem de sua menoridade servil e tutelada por outras consciências. Uma situação
que ainda não compreendeu os limites da razão, nem a divisão entre estado e
igreja e muito menos os limites de todo o conhecimento possível.
Devemos observar ai um sujeito que assimila crenças de forma acrítica, aceita opiniões de forma acrítica e as reproduz com uma tranquilidade assustadora para mim. Em um outro contexto ela me dizia que nossa cidade tinha uma condição política e cultural pré-crítica e que isto se manifestava nas formas como as escolhas políticas eram construídas, se consolidavam e se faziam representar na Câmara de Vereadores e em vários outros espaços de poder, participação ou gestão. Ele me apontava com sua perspicácia para os métodos, objetivos, meios e valores que eram dominantes nestes processos. E também me dizia para prestar atenção nos discursos legitimadores que acompanhavam as decisões, as opções e as manifestações de prioridades.
Devemos observar ai um sujeito que assimila crenças de forma acrítica, aceita opiniões de forma acrítica e as reproduz com uma tranquilidade assustadora para mim. Em um outro contexto ela me dizia que nossa cidade tinha uma condição política e cultural pré-crítica e que isto se manifestava nas formas como as escolhas políticas eram construídas, se consolidavam e se faziam representar na Câmara de Vereadores e em vários outros espaços de poder, participação ou gestão. Ele me apontava com sua perspicácia para os métodos, objetivos, meios e valores que eram dominantes nestes processos. E também me dizia para prestar atenção nos discursos legitimadores que acompanhavam as decisões, as opções e as manifestações de prioridades.
E eu fiquei pensando muito nisto
por uns dois anos e me dei conta de uma grande contradição sistêmica muito
interessante, porque devemos chamar assim o fato de que toda a nossa cidade é
povoada por muitos cidadãos, professores, professoras, profissionais liberais e
que é uma cidade com uma grande e maravilhosa instituição universitária que
possui intelectuais de diversas graduações e qualificações e que, no entanto,
em volta do Castelo Medieval, as coisas se encontram assim, deste modo
pré-crítico e atrasado. Uma cidade com uma ampla estrutura educacional, uma
ampla tradição cultural e que ao mesmo tempo possui uma história econômica
também muito interessante e proeminente no cenário regional e estadual.
Lembrar aqui do Nome da Rosa e das dificuldades para compreender um tempo cheios de fantasmas e mistérios em que até a lógica deve lutar arduamente para sobreviver frente ao poder e ao preconceito, frente à dogmas e a disposições violentas, é um bom paralelo para mim agora. Ora, como poderia uma cidade destas, com esta tradição escolar de quase dois séculos, com esta forte e intensa atividade de produção, prestação de serviços e de desenvolvimento de novas tecnologias ser divisada e governada por uma perspectiva pré-crítica.
Lembrar aqui do Nome da Rosa e das dificuldades para compreender um tempo cheios de fantasmas e mistérios em que até a lógica deve lutar arduamente para sobreviver frente ao poder e ao preconceito, frente à dogmas e a disposições violentas, é um bom paralelo para mim agora. Ora, como poderia uma cidade destas, com esta tradição escolar de quase dois séculos, com esta forte e intensa atividade de produção, prestação de serviços e de desenvolvimento de novas tecnologias ser divisada e governada por uma perspectiva pré-crítica.
Pois, não é que ouvindo os
discursos mais correntes em vários temas e pautas atuais, me dou conta que esta
transição não se completou mesmo, nem entre nós os “racionalistas, críticos e
esclarecidos”. Vejo que houve mesmo um grande retrocesso na racionalidade de
1781 para cá. De tal modo que aquilo que chamamos de modernidade é somente o
retorno da supremacia de uma objetificação acrítica através de um método e de
uma linguagem encobridoras.
Continuo, apesar do que possa
parecer uma crítica a outros aqui, desconfiando muito de mim mesmo também e vou
perseverar na insatisfação perante o método e a linguagem...Desconfio sempre do
meu método e da minha abordagem e confesso que para escrever tenho que lidar
com certas insatisfações de estilo, de metro, de forma, de vocabulário que me
deixam tocado, mas mesmo assim publico, exponho o que penso e divulgo coisas
inacabadas, nem sempre bem pensadas e muitas vezes precipitadas até, por isto peço
escusas também pela linguagem truncada aqui para tratar disto e pela miscelânea
conceitual também....porque me tem sido bem difícil ser mais claro neste tema
ou em temas a ele relacionados...e me aborreço mais com isso do que você pode
imaginar...
Immanuel Kant e Karl Marx talvez
sejam os dois autores que mais peso tiveram em toda a minha iniciação
filosófica e formação e aos quais mais tempo dediquei e que de certa forma mais
presença possuem em todas as minhas vãs e débeis tentativas de pensamento
político, filosófico, ético e lógico...e, assim, também seriam como que meus
orientadores fundamentais em meu trabalho de educador. Kant desde a minah
leitura precoce do Que é esclarecimento? (Was is Aufklãrung?) até a graduaçao e
monografia em tema da Crítica da Razão Pura, assim pela abordagem crítica, pela
aversão à indiscernibilidade, pela tentativa corrente de emancipação do pensamento
e também pelo ideário iluminista dele que para mim faz sentido e esta em meu
horizonte de pensamento e ação. Marx
pelas primeiras leituras do Manifesto Comunista, o Capital e muitos
outros textos, que incluem também os diversos textos de juventude em especial
seus Manuscritos Filosóficos.
A questão do Enem 2012, aliás,
era bem fácil sobre a seguinte passagem do texto do que é o esclarecimento, tão
caro a mim quanto a Marx provavelmente:
Mas tudo começou com a questão de
Kant ou Marx na prova do ENEM da minha amiga e camarada Ediana – que cursa
história e precisa passar no Enem para encaminhar sua formação, com menos
sacrifícios e mais possibilidades a si e ao seu filho.
A citação dela de Marx na prova
do Enem 2013 foi a seguinte:
"Na produção social que os
homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e
independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio
definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade
dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade - fundamento real,
sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual
correspondem determinadas formas de consciência social." MARX, K. Prefácio
à Crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F.
E daí ela argumentou ou apontou
que ficava feliz porque MAIS MARX & MENOS KANT, lhe facilitavam a prova. Na
postagem dela se seguiu comentários sobre um Kant isso e aquilo. Bem, pensei
com meus botões nananinanão. E então isso foi o que me levou a escrever sobre
isto neste domingo e a passar a minha pequena e doente manhã de segunda-feira
pensando nisto também.
Importante é que tanto Marx
quanto Kant são partes integrantes e dinâmicas daquilo que trabalho em aula com
meus alunos de filosofia e sociologia. E mesmo agora, ao afunilar o ano em
Platão e no tema geral de mudança social, suas bases são claramente, de um
lado, uma crítica e uma desconfiança profunda quanto ao tema da diferença entre
opinião e conhecimento e, ainda em Platão, uma relação disto com a sua
concepção e fundamentação do poder na República, em Kant poderíamos pensar
tranquilamente na relação entre Sujeito Transcendental e a práxis, bem como, em
Marx no desaparecimento deste sujeito justamente na alienação e na ausência de
autoconsciência deste sujeito inserido no processo produtivo.
A questão do ENEM que a Ediana
gostou é a seguinte: "Para o autor, a relação entre economia e política
estabelecida no SISTEMA CAPITALISTA faz com que..." E torço mesmo que ela
consiga ter ido bem a partir disto.
Há sim uma analogia e
possível...para mim a Crítica da Razão Pura é o modelo sim para um esboço de
uma Crítica Possível da Racionalidade Econômica e Política também...Zizek chamou
isso que chamo de impulso de completude - vim saber agora ao rever o estado da
arte - de visão em paralaxe o
deslocamento aparente do objeto quando se muda o ponto de observação...
Me surpreendi muito positivamente
com isto...não conhecia esta abordagem de Zizek e me surpreendi mais ainda com
o texto dele. Além disso, a referência que me levou ao texto de Kojin Kuratani. Transcritique:
on Kant and Marx. Cambridge: Massachusetts, 2003. E a breve leitura que fiz
dele hoje das passagens disponíveis na rede, me deixaram muito alegre com esta
descoberta propiciada por este debate sobre o Enem 2012 e 2013, que calhou de
me levar a uma velha intuição que por absurda a alguns avança na análise ao meu
ver.
Então fico nesta posição...
Até que as coisas melhorem...
Agradeço a Adorno na crítica ou
metacrítica do sujeito e objeto...
Mas também fico aqui...
Numa grande provocação e em umas poucas
pistas somente...
a melhor análise da função de uma
contradição na teoria crítica de Kant (as antinomias da razão) me basta para
apontar que a análise de Marx das contradições humanas (má-consciência e
alienação) necessárias para a satisfação do capital tem paralelo...
Sempre acabo pensando que a gente
precisa sempre é de mais filosofia e não de menos...e tanto Kant como Marx são
para mim sempre mais filosofia...
Quem diria que isso seja pensar
diferente, mas pensar de novo é sempre pensar diferente...
SOBRE A POLÊMICA DAS PROCISSÕES OU ATIVIDADES RELIGIOSAS EM SÃO LEOPOLDO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Não gosto nada de entrar em polêmicas religiosas porquanto tem sempre uma tendência a sermos mal interpretados neste tema. Mas sei exatamente do que o Padre trata aqui ao falar da procissão do último sábado que ocupou São Leopoldo e que pelo visto teve participação do poder público municipal. Não creio que a democracia e o estado devam estar a serviço das religiões, muito menos, mais de uma do que de outra.
Aceito, no limite, um apoio institucional e que deveria ser dado em todas as ocasiões e manifestações públicas, mas os custos e os arranjos de empresas que forem necessárias a estes eventos devem ser custeados pelos fieis diretamente ou através de suas organizações. Quanto às caravanas de outras cidades tenho outro ponto de vista desde que não sejam custeadas pelo erário público municipal.
Penso também - para não fechar a questão com minha opinião ou cabeça - que este tema em São Leopoldo deveria ser objeto de uma Conferência Municipal Inter-religiosa em que se tratem todos os aspectos legais, sociais e políticos pertinentes com ampla divulgação e transparência e em que se discutam também as questões religiosas possíveis de serem discutidas.
Não creio ser correto nenhum favorecimento, privilégio ou benesse que não possa ser justificada publicamente pela necessidade e pela legalidade. O resto é o que já conhecemos e que é lamentável. Boas intenções são reconhecidas como importantes sempre, mas o uso de meios ruins, o uso de subterfúgios e os desvios de finalidade podem, fazer aquilo que é bem aceito como livre expressão religiosas em outras coisas. São Leopoldo precisa mudar sim e a mudança que São Leopoldo precisa não é esta....
o Padre Flávio Corrêa de Lima me incitou com sua opinião a expressar isto, em respeito a liberdade religiosa e à democracia...
domingo, 27 de outubro de 2013
DESISTIR, FANTASIA E IMAGINAÇÃO DO PENSAMENTO
A perseverança ou persistência e suas mazelas...você não precisa desistir de tudo, mas tem coisas que não vão dar certo mesmo e é muito bom que você entenda isso de uma vez por todas para pelo menos conseguir aceitar os sinais que o mundo, as coisas e as pessoas te dão dessas impossibilidades...aprender a desistir não é a mesma coisa que desapego, porque a gente só desiste mesmo daquilo que tem impressões fortes na nossa consciência, não se tratam aqui de coisas que foram esquecidas e que estão no fundo de um baú do passado ou da sua história ou da história de alguém...se tratam aqui das possibilidades futuras e suas impossibilidades em contrapartidas que podem muito bem passar a habitar na não terra da sua imaginação e fantasia...você vai aprender a conviver com isso e pode até esquecer esta possibilidade definitivamente...pode apagar ela da sua vida....ou construir um altar e glorificar o que não foi, o que não veio a ser ou aquilo que lhe escapou entre as mãos...aproveita a lição e abra um bom espaço, livre e flexível para o seu pensamento que ele pode te ajudar a resolver muitas coisas mais com isso...
sábado, 26 de outubro de 2013
INOVAÇÃO EM SALA DE AULA - DETALHES
Derrubando preconceitos e aceitando inovações, novos meios e novas técnicas... Comprei hoje um laser super potente para usar nas minhas apresentações de filmes, slides e nas leituras dos textos projetados nas paredes das salas de aula da vida..agora sim..estou a um passo de virar um professor bem tecnológico...usando cada vez mais filmes, documentários, imagens, pinturas, sons, fotografias e outras coisas ilustrativas nas minhas aulas e os poucos efeitos que notei em minhas poucas aulas em que fiz isso me surpreenderam muito positivamente...acho que vai dar certo..acho que é uma forma que pode ajudar muito a enriquecer e sair do meus estilo palestra e exposição....só espero acertar a mão muitas vezes para não me sentir só modernoso e não educador...acreditar que detalhes ajudam as vezes é uma boa saída na criação de mais conforto e no estímulo ao conhecimento dos alunos....
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
O GATO MALHADO, A VIDA, O SONHO E VIDENTE QUE VOLTOU
Hoje tirei um gato malhado do forro da escola subindo sobre uma classe, o gato não me arranhou e apesar de ter ficado um pouco nervoso está muito bem, foi libertado qual um espírito preso a um sotão...bem logo depois eu tive um instantâneo deja-vù...de uma situação paralela e de um sonho paralelo..um sonho antigo em que eu tiro um cão negro do sotão de uma casa...e me lembrei do meu pai...as vezes para libertarmos uma pessoa daquilo que a aprisiona não podemos dizer que o faremos, não podemos sequer avisar antes, precisamos simplesmente libertar...a vida real não é um jogo de promessas, culpas, dívidas e temores...e é somente um momento de gestos seguros e decididos, realmente amorosos e sem medo que muda as coisas...as vezes para sair do buraco é preciso realmente partir para um rumo desconhecido sem medo algum...agradeço a oportunidade de sentir isso...o nome disso não é insight, nem sincronicidade...é somente uma analogia com três exemplos, a ação real, a experiência concreta e um velho sonho....que agora enfim eu entendo....
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
MEDIDA POR MEDIDA NO HEMISFÉRIO SUL É DIFERENTE
“Medida por medida” no hemisfério
sul também não rola. Mas rola uma outra coisa meio que parecida com a que
rolava na Inglaterra elizabetana de Shakespeare. Aquela coisinha fofa de
unidade imperial de medida que era baseada, toda ela, nas medidas dos corpos dos
reis. Assim, medida por medida, dá no mesmo.
Porque aqui – e um pouco mais ao sul ainda – todas
as medidas são extremas. E a justificativa para isto parece ser um regime
diferente de pesos, padrões e uma certa tabela numérica muito própria que torna certas coisas incomparável e incomensuráveis. Nossas balanças, nossas réguas, metros, pesos e medidas são
todos diferentes entre nós mesmos e do resto do país e do universo. Nossas medidas aqui também tem
contra-medidas e é freqüente – se você ainda não prestou atenção, te sugiro que preste, porque
num sabe o que está perdendo – que as coisas recebam outros nomes também. Por
exemplo, já ouvi a expressão um dedo de prosa várias vezes, sem muita
cerimônia, ser antecedida de uma longa conferência e de um longo e prazeroso
diálogo. Diria-te que é uma arte dos mais velhos e de alguns sábios locais
prometer pouco e dar muito e também de alguns sabidinhos prometer muito e dar
pouco em troca. Mas
isso tudo depende é claro da perspectiva que se usa. Sub specie aternitatis,
tudo é relativo a certa perspectiva divina e nem tudo mede exatamente aquilo
que nós imaginamos sub specie humanitatis.
Mas aqui no sul existe algo como um efeito de distorção, um efeito de desmedidas, semelhante a hübris grega, que torna tudo mais complicado entre nós, mas que é aplicado a todas as medidas possíveis. A gente percebe uma forte perturbação das medidas em que tudo que é pouco é mais e tudo que é mais é menos e a gente fica assim, como um libriano desolado curvado à desmedida e ao desequilíbrio nos pratos de nossas relações. Assim, tal efeito DISTORTION, nos abala, nos desaba e altera até nosso peso físico e de consciência moral e espiritual. E parece mesmo até que é só isso que faz a nossa imaginação mudar de registro da noite para o dia e passar a tentar medir melhor em certo desespero nossas palavras, gestos e ações.
Mas aqui no sul existe algo como um efeito de distorção, um efeito de desmedidas, semelhante a hübris grega, que torna tudo mais complicado entre nós, mas que é aplicado a todas as medidas possíveis. A gente percebe uma forte perturbação das medidas em que tudo que é pouco é mais e tudo que é mais é menos e a gente fica assim, como um libriano desolado curvado à desmedida e ao desequilíbrio nos pratos de nossas relações. Assim, tal efeito DISTORTION, nos abala, nos desaba e altera até nosso peso físico e de consciência moral e espiritual. E parece mesmo até que é só isso que faz a nossa imaginação mudar de registro da noite para o dia e passar a tentar medir melhor em certo desespero nossas palavras, gestos e ações.
E é meio a uma constatação destas que por esta distorção que a gente
vê as pessoas delirando por aqui. Basta dar uma voltinha na cidades pequenas,
médias e grandes e vemos as pessoas medindo tudo de uma forma estranha e
pesando tudo com medidas estranhas. Eu me assusto muito com isso tudo, porque
nem a liberdade tem um preço exato e nem o amor tem uma medida exata e alguns
parecem medir com regra e peso cada coisa por ai, dai que você percebe que é no
hemisfério sul que o impulso agrimensor inventado pelos primeiros escribas e
matemáticos egípcios, se transfere para o homem comum também, mas com uma certa
distorção e erro de aplicação.
Deve ser recomendável também – ou
talvez só plausível – fazer uma comparação imprecisa com aqueles mesopotâmios
que gostavam de contar a história e situar as coisas fazendo referências aos
seus dois rios. Ou as coisas estavam para lá do Tigre ou as coisas estavam para
lá do Eufrates. De tal modo que se sabia que se estavam para o Tigre eram
grandes e se estavam para o Eufrates eram mais pequenas. E a média era o meso:
tudo aquilo que ficava entre os dois.
Eu tenderia a dizer sempre em
relação a todas as medidas, desmedidas, contra-medidas e estes difíceis
procedimentos de comparação: vai com calma. Faça uma coisa de cada vez. Porque a
gente tenta fazer uma coisa de cada vez orientado pela diferença de medidas
fundamentais adotadas por dois sábios escritores americanos que não eram Beats
mas andavam perto de Beats e que viveram de forma suficiente para considerá-los
sábios e não somente relâmpagos no céu das letras.
Bill Burroughs recomenda, em seu
clássico trilema ao nosso ver e pensar, uma tal medida prudencial, que se
resumia nas palavras dele a “uma droga de cada vez”. Agora se você já está mais
para Bukowski, então, a desmedida e a imprudência tomam conta de ti e vais te jogar de tal modo
que pode ser tudo ao mesmo tempo, agora. Esta é, em certa medida, apenas uma
forma suave de te precaver sobre um conjunto grandioso de riscos e aventuras a
que fica exposta, quando nisto incorre...então pelo sim e pelo a melhor medida
agora frente a estes dois trilemas é...pensar diferente e pensar bem
mais...antes de....
Também ousaria comparar as nossas
habituais e honrosas medidas às medidas francesas que serviram de paradigma e
modelo para a correção das coisas. O metro de Paris foi algo que resolver pelo
menos a questão da medida dos corpos humanos e que por fim, por força do êxito
acabou se generalizando em toda – ou quase toda a humanidade fazendo isso. Não temos muitas pistas
concretas, mas parece que já na época de sua criação alguns delírios foram
afastados removidos deste mundo ou...não sei bem.
Bem, mas voltando ao assunto
inicial se pode imaginar facilmente o que tem acontecido como conseqüência
destas medidas corretivas, pois eis que passamos a nos entender sobre o tamanho
dos corpos das pessoas, pessoinhas e pessoonas e também sobre as medidas das
coisas. Eu tive hoje mesmo uma intuição ou uma certa percepção ao parara ao
lado de uma pessoa que gosto por demais sobre as mazelas da tantativa de se
criar correspond~encia e entendimento entre pessoas diferentes, de tamanhos
diferentes e de muitos atributos cujas medidas são ou opostas, ou incomparáveis
ou muito distantes, e pensei numa medida, que por medida, faria justiça a todas
estas diferenças e equalizasse na nossa procura de entendimento e compreensão
aquilo que todos queremos sempre. Num dia como hoje você sai de casa para
trabalhar, passa num lugar cheio de pessoas e vê como as medidas são diferentes
e como pouco pode ser muito e como muito pode ser pouco mais uma vez. Você pode
procurar muitas coisas, muitas pessoas e muitas idéias e ao fazer isto, pode
descobrir mais uma vez outra vez que você deve ficar mais atento ainda para
entender o mundo em que vive, as diferenças de medidas, contramedidas e
desmedidas de norte a sul. Às vezes acontece comigo muito isso e, então, eu
simplesmente saio de onde estou para encontrar alguém que me explique tal dificuldade
melhor do que eu mesmo. Saio para encontrar alguém e encontro uma bela idéia
que não possuía. E saio vagando para procurar uma idéia de medida e encontro
algo que representa toda a medida que eu precisava.
Deve ser algo relativo a isso que
fazia Shakespeare pensar que “estava cansado de ver tanta e tão estranha sorte”
e a pensar que no fundo não sabia de nada. Porque sempre que procurava uma
solução que o tirasse de um buraco profundo de ignorância, desespero, dor e
sofrimento não sabia para onde levar este ser que o conhecimento encontrara.
Sua própria consciência o abalava ao olhar para si memso no espelho e ver
aquilo que ele um dia reconhecerá, ransformado em outra coisa e as medidas que
de cor ele contava,s erem agora, passados tanto tempo e dias,s erem de outro
modo e outro tamanho. Ele, como eu e você, era
alguém que achava que sabia de algo, mas que não sabia de tudo e isso
talvez explique porque ele tentou até o fim escrever e escrever e escrever,
procurando uma medida certa para medir a alma de cada um de seus personagens e
lhes dar o peso exato, como gratidão de sua vida, ao poder – neste vale de
lágrimas que é o mundo – ainda compreendê-los e sondá-los em sua imaginação.
Bem, ele devia estar muito satisfeito em alguns dias de sua vida e em certa
medida isso explica porque suas comédias tem a medida exata da alegria que
compensa a medida e o peso exato do sofrimento que ele postou em suas
tragédias. Talvez uma idéia clara de uma coisa e de uma pessoa seja nele a
medida exata do humor, do amor e da dor necessária nesta vida para continuarmos
andando sobre nossos pés e assim seguir em frente e, entender que, então, cada
um foi embora na sua hora devida...
Então, medida por medida, não há
melhor parâmetro para entendermos o que ele faz do que um bom sonho e uma boa emoção ao
amanhecer, ao despertar de uma vida que por força de sua inteligência e muita
diligência, aproveita o dia e ao chegar
da noite está pronta para um entardecer do dia que aqui no sul é mais tarde no
verão, como está provado agora, ou melhor pode acontecer ainda já na primavera
mesmo...
FELICIDADE REPENTINA
Bom Dia...uma felicidade repentina logo após o café dá uma
sensação de plenitude e tranquilidade para todo o final de semana e para todos
os trabalhos e propósitos...a semana que passou veio com algumas decepções,
tristezas e também situações duras - quando a miséria te lembra que ainda
existe, apesar de toda a tua luta, trabalho e dedicação com teus colegas e
companheiros para reduzir-lhe o impacto na vida dos teus alunos, não vamos
desistir mesmo; mas a semana também trouxe ao final, nesta sexta-feira, ótimas
novidades, novos protagonistas, novas perspectivas abertas e um processo
positivo que vai se ampliando e ganhando ao meu ver corpo e nitidez e cada vez
mais qualidade, precisão e sentido...tenho muito a agradecer pelo trabalho de
muitos outros que me antecederam e que plantaram as sementes daquilo que
queremos começar a cultivar e ajudar a colher e pelo privilégio de estar
exatamente onde estou hoje, com quem estou, com quem me encontro e para onde
vamos indo...agradeço muito também por compartilhar experiências em diálogo e
em construção com pessoas tão diversas e com sentidos próprios de si e do
mundo...aos meus alunos, aos bolsistas do PIBID, aos meus colegas e amigos, em
todos os gêneros: um grande abraço amigo...
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
MUITO BARULHO POR NADA AQUI NO SUL
“Muito barulho por nada” no hemisfério sul também não rola do mesmo modo.
Mas rola uma coisa meio parecida com o que rolava em Roma em certo período da
história.
Porque aqui – e mais ao sul - é
comum se fazer barulho demais por qualquer motivo e também porque a gente se
acostuma com isso desde menino. Aqui, nossas nobres influências italianas,
castelhanas e portuguesas, ou seja, de certa forma, todas influência latinas de
um temperamento colérico, muitas vezes irascível fazem isso. Nossos humores são
aqui é excessivamente aquecidos e apaixonados o que faz nossa imaginação, pelo
sim e pelo não dar conta do resto. E é meio que por isto que a gente vê as
pessoas sem muita dificuldade encontrarem motivação para praguejar, reclamar e
resmungar. Basta dar uma voltinha na feira, no mercado, na rodoviária, no
armazém, nas lojas e você vai ver muita gente em situação que expõe tal drama
ai que você percebe que do barbeiro ao relojoeiro, da manicure à secretária,
todo mundo tem um bom motivo para fazer barulho. È como se a fúria divina se
mudasse de coração e se transferisse num impulso para o homem e a mulher comum.
Deve ser recomendável também – ou
talvez só plausível – fazer certa comparação, então, com aqueles romanos dos
séculos I, II e III que assistiram um grande império se dissipar de tal modo
que nem imperadores, nem reis, nem generais, nem deuses e nem santos
conseguissem segurar a sua queda. Imagino que foi ao ver isto assim transcorrer
que eles resolveram resmungar, fazer barulho por muita coisa ou por qualquer
coisa e que – ao que tudo indica – ganharam alguma notoriedade fazendo isso. De
tal modo que até os dias de hoje quando você anda em algum vilarejo da Itália,
da França, da Espanha e mesmo de Portugal você escuta este som inconfundível do
humor latino, do mau humor latino a reclamar, praguejar e resmungar por muita
coisa ou qualquer coisinha. Não temos muitas pistas concretas, sinais
comprovados, testemunhos escritos, mas parece claro que já naquelas épocas e
ainda hoje os barulhos eram feitos em qualquer lugar ou...não sei bem.
Bem, mas voltando ao assunto
inicial se pode imaginar facilmente o que tem acontecido nestes lugares quando
as pessoas se põem a reclamar de tudo e a fazer barulho por tudo e também a
ralhar com as coisas das pessoas. Eu tive hoje mesmo uma intuição ou uma certa
percepção sobre as mazelas disso no trânsito e andando na calçada onde a gente
percebe que há uma falta de gentileza e cuidado com o outro em diversas
situações. Num dia como estes você sai de casa para trabalhar e pode procurar
seguir no seu caminho e pode não conseguir seguir seu caminho, porque pode
chover demais, e assim as coisas se complicam, as pessoas se complicam e as
idéias passam a seguir para um mundo nebuloso do desentendimento generalizado e
da falta completa de paciência. Assim, as pessoas ao fazer isto, para
realizarem seus fins e suas prioridades, acabam atropelando umas às outras e
entrando numa zona de desconforto e muito barulho. Buzinas tocam, as janelas se
abrem e todo mundo resolve ensaiar suas formas nobres de praguejamento. Mas vez
ou outra é o ambiente fica tão quente que você deve ficar mais atento e evitar
participar disso. Acontece comigo muito isso. Saio para fazer algo e encontro
pelo caminho alguém assim. Saio para encontrar alguém e encontro uma idéia absurda
e irrefletida de humanidade. E saio vagando para procurar uma idéia e encontro
algo que eu precisava, mas que não queria receber deste modo.
Deve ser algo relativo a isso tudo
que fez Shakespeare pensar num título – ou em títulos como estes para suas peças
e comédias – ele deve ter se dado conta de que no fundo o homem comum não sabia
de nada, não sabia se estava dormindo ou acordado, não sabia se tinha razão ou
não. Não sabia o homem comum se era amado ou não e não sabia se era sábio ou
tolo. Assim como não sabia também se era justo ou ímpio, porque sempre que
procurava um conhecimento de si mesmo encontrava alguém semelhante de quem não
gostava tanto, assim achava que sabia de algo, mas que não gostava do que sabia.
Isso, talvez, explique porque ele fez somente 154 Sonetos em que o amor é
cantado pela sua marca mais dolorosa a do fim e do afastamento. Deve ser o afastamento
deste muito barulho, mas também um afastamento de si mesmo. Bem, devia estar muito
aborrecido, o nobre bardo inglês quando se deu conta do seu fim próximo...após seu
último banquete e sua uma última libação, despediu-se deste mundo sem muito
barulho, por nada.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
PENSE, FALE, ERRE, FAÇA E VIVA
Não tenha medo de pensar, não tenha medo de falar, não tenha medo de errar, não tenha medo de agir...quem não pensa, quem não fala, quem não erra e quem não age ou está morto ou não sabe que está vivo!
SONHOS DE UM DIA DE PRIMAVERA AQUI NO SUL
“Sonhos de uma noite de verão” no hemisfério sul não rola. Mas
rola outra coisa meio que parecida com o que rolava na Grécia certa feita.
Porque aqui – e mais ao sul - é quente demais e também
porque a gente dorme pouco no verão. Nosso verão aqui é excessivamente
iluminado o que faz a imaginação mudar de registro da noite para o dia. E é
meio que por isto que a gente vê as pessoas delirando no verão por aqui. Basta
dar uma voltinha nas praias e nos botequins, que você percebe que é no hemisfério
sul que o impulso delirante dos filósofos e filósofas se transfere para o homem
comum.
Deve ser recomendável também – ou talvez só plausível –
fazer comparação com aqueles gregos dos séculos VI, V e IV que resolveram
filosofar e que – tudo indica – ganharam alguma audiência fazendo isso. Não
temos muitas pistas concretas, mas parece que já naquela época os delírios eram
feitos à mesa, em banquetes, antes de banquetes, depois de banquetes e regados
a vinhos, muito azeite de oliva na salada, pitadas suaves de sal e vinagre e
muita carne assada de gado, peixe ou...não sei bem.
Bem, mas voltando ao assunto inicial se pode imaginar
facilmente o que tem acontecido nestes lugares quentes com as idéias das
pessoas e também com as coisas das pessoas. Eu tive hoje mesmo uma intuição ou
uma certa percepção sobre as mazelas da procura em dias quentes. Num dia quente
você sai de casa para trabalhar e pode procurar coisas, pessoas e idéias ao
fazer isto, para realizar seu fim, mas vez ou outra é tão quente que você deve
ficar mais atento. Acontece comigo muito isso. Saio para comprar algo e encontra
alguém. Saio para encontrar alguém e encontro uma idéia. E saio vagando para procurar
uma idéia e encontro algo que eu precisava.
Deve ser algo relativo a isso que fazia Sócrates pensar que no
fundo não sabia de nada, porque sempre que procurava um conhecimento encontrava
alguém que achava que sabia de algo, mas que não sabia e isso talvez explique
porque ele lembrou do galo que ele devia à Asclépio antes de morrer. Bem, devia
estar muito quente e...após um banquete e uma última libação, antes de tomar a
Sicuta lhe veio uma idéia clara de uma coisa e de uma certa pessoa e entidade e assim se foi
embora...
Então, um bom sonho de uma noite de verão pode
acontecer de dia aqui no sul, como está provado agora, ou melhor pode acontecer
já na primavera mesmo...
DANIEL, 22 ANOS, DESENHANDO AS LINHAS DA SUA VIDA
Achei esta foto na minha caixa de sapato mais velha.
É um menino, apenas isso, nos meus e seus 22 anos de idade. Início de 1988, primeira semana de janeiro. É provável que tenha sido no dia em que definitivamente decidi não ter mais nenhum medo do futuro, decidi não ser nem apocalíptico, nem integrado. Foi um dia em que olhei para a máquina e disse deixa eu te olhar melhor e rir de você. Foi um dia em que olhei para o céu, desenhei na minha mão estrelas e no papel os traços fundamentais da minha vida. E comecei a andar com muita coragem para o futuro e a viver de certa forma por minha conta e risco. Obrigado Porto Alegre, em teu céu azul descobri uma parte fundamental do que eu sou e do que eu ainda preciso ser. E um obrigado muito especial a quem me acolheu e me apoiou naqueles dias, a quem me amou e me orientou. Não é possível voltar, não é possível fazer de novo, mas a lembrança só aumenta o meu carinho e gratidão perante o passado, perante as pessoas do meu passado.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
O ALÍVIO DA CONQUISTA DE UMA CABEÇA DE PONTE
A melhor sensação possível é superar uma dificuldade, um impedimento ou uma ilusão e conseguir avançar livremente e com segurança.
Quando estudamos algo que consideramos muito difícil há - me parece - um momento de desafogo e, então, conseguimos prosseguir, sem aquele bloqueio e aquela dificuldade inicial.
E mesmo que muitos outros obstáculos se ergam - e com certeza eles vão aparecendo no caminho e na leitura - a gente tem aquela sensação de leveza e tranquilidade e dai se passa a, com um cuidado redobrado conquistado pelas lições de superação da dificuldade inicial, ver tudo sob outros olhos.
Me sinto agora como uma espécie de general que conquistou um bom ponto de observação e de organização, localização e logística para os seus próximos esforços.
Podemos abandoná-lo ali adiante - no tempo - mas é a primeira base e algo que nos dá uma relativa segurança - que é melhor que nenhuma - para continuar. A cabeça de ponte está estabelecida e agora basta aumentar a intensidade dos ataques e dos avanços.
Respiro aliviado e meu cérebro parece estar muito arejado e satisfeito ate a próxima fortaleza e obstáculo pela frente. Agora podemos seguir mais um pouco e temos a certeza de que estamos no caminho certo.
A questão fundamental nunca é chegar logo aqui, mas chegar bem aqui e poder desfrutar por alguns instantes deste benefício e perspectiva.
Amanhã é somente mais outro dia...
O CÉU DO FIM DO MUNDO
Que legal que um amigo pegou uma imagem agora do céu, como esta
neste fim de tarde após a chuva de raios e trovoadas da manhã e
que deixou o dia quase todo fechado e eis que ao final do dia vai limpando e
pinta um crepúsculo ou um quase crepúsculo cuja luz iluminou a vegetação com
cores muito boas.
Cada vez que vejo certas luminosidades lembro de pinturas e
pintores e pintoras que tem este olhar para isto, bem como meus amigos e amigas
fotógrafos.
E num é que eu tava mesmo dizendo para a Regina e uma aluna
que este é o céu e a luz que “a gente” usa para o fim do mundo no cinema. Quer
dizer que todos os diretores e fazedores de filmes usam. Pode olhar bem. Faça
uma coleção de vídeos na locadora ou busque na memória.
Esta mistura de crepúsculo com tempo nublado está em quase
todos os filmes. Creio que eles usam esta luz e imagem porque lembra o fim do
dia e o tempo fechado ou fechando, mas que ainda não fechou, quer dizer, ainda
mantém uma certa esperança de que vai dar volta e que nem tudo está perdido. Imaginar
que nem tudo está definitivamente perdido é uma forma de seguir em paz, mesmo
que não....
(Mesmo que SÓQUENÃO)
Muito bom este recurso...e convincente pacas...
EM DEFESA DA HONRA DA ÍSIS VALVERDE
CAUÃ, ADÃO, E A CULPA É DA MULHER NÉ: EM DEFESA DA HONRA DE
ISIS VALVERDE
desde Adão e Eva que a culpa é da mulher...bem, mas vamos
combinar que aquele Adão deveria ter um miolo frouxo, deveria...o cara troca o
paraíso por uma vida que mal ele sabia no que ia dar...
fraquinho ele heim?...eu é que num cairia numa armadilha ou
cilada dessas não....se bem que...
amanhã, depois e outro tanto e cada um acaba por fazer
sempre o que quiser, o que lhe der na telha, o que também vale para elas e
eles, indistintamente...ou seja cada um fica decidindo o tempo todo e
diariamente o que faz da sua própria vida e o que importa é tentar mesmo ser
feliz...,
no mesmo tema, na semana passada o Marcelinho Carioca
confessou, porque e a troco de que à uma certa altura da vida num jogou nem foi
convocado mais na Seleção Brasileira....disse que, em outras palavras, tirou um
filé da boca do Luxa....
disse o seguinte: "Isso é verdade sim. A mulher era
maravilhosa. Eu tive que voltar da Bahia e perdi um torneio do Corinthians lá.
Ele me tirou da Seleção, mas não tinha como deixar a mulher não, era linda
demais."..
então...vai ver que o Cauã né....perdeu a cabeça...e a culpa
é dela amigo?
JACK KEROUAC E O SEU ENCONTRO COM O NADA: HIGH DEPRESSION
JACK KEROUAC - 44 ANOS DA MORTE DO CARA QUE SE FOI SEM NADA
- HIGH DEPRESSION - SIGA A ESTRADA AO ENCONTRO DE SI MESMO, MAS NÃO FIQUE
DESOLADO SE O QUE ENCONTRAR FOR POUCO, MESMO AQUELES QUE ENCONTRARAM MUITO, UM
DIA ENCONTRARAM O NADA TAMBÉM....
"Certa vez, Carlo Marx e eu nos sentamos frente a
frente em duas cadeiras, joelho contra joelho, e eu lhe contei um sonho que
tivera, com uma estranha figura árabe que me perseguia através do deserto; uma
figura da qual eu tentava escapar mas que finalmente me alcançava pouco antes
de chegar à Cidade Protetora. "Quem era"?, perguntou Carlo.
Refletimos. Sugeri que talvez fosse eu mesmo vestindo um manto. Não era isso.
Algo, alguém, algum espírito nos perseguia, a todos nós, através do deserto da
vida, e estava determinado a nos apanhar antes que alcançássemos o paraíso.
Naturalmente, agora que reflito sobre isso, trata-se apenas da morte: a morte
vai nos surpreender antes do paraíso. A única coisa pela qual ansiamos em
nossos dias de vida, e que nos faz gemer e suspirar e nos submetermos a todos
os tipos de náuseas singelas, é a lembrança de uma alegria perdida que
provavelmente foi experimentada no útero e que somente poderá ser reproduzida
(apesar de odiarmos admitir isso) na morte. Mas quem quer morrer?" (p.
159).
Jack Kerouac, On the Road - Pé na Estrada, Porto Alegre:
L&PM, 2009 - Tradução de Eduardo Bueno
AO AMIGO Cândido Rodrigo o
maior fã que já conheci de Jack....que o nada nunca nos encontre
acordados....nesta longa estrada da vida....
O TOURO NA CAVERNA
TAURUS
Este é um close pequeno e
diminuto em uma obra de xilogravura maravilhosa. È só uma das várias figuras
que foram postas pelo seu autor ou autora em uma xilogravura que deve possuir
irmãos e irmãs por ai neste grande mundão veio. É uma obra que nestes dias de
Outubro Rosa estava no mural da Escola Olindo Flores onde leciono cuja
proprietária, colega e amiga Ana Carolina Ferreira (Nina), me deu de presente
porque era seu e porque viu que eu fiquei bem admirado...eu fiquei apaixonado
na hora pela peça e creio ter muito mais valor do que parece à primeira vista,
pois reúne uma miscelânea de técnicas e traços diferentes, aparentemente sem pé
nem cabeça, mas que me mostraram alguém de uma intensa criatividade, profunda
composição e grande liberdade formal. Comparei ela com várias formas de arte.
Da pintura nas cavernas, aos riscos e desenhos em branco em outros sítios históricos
brasileiros, das linhas de um impressionismo ou também expressionismo, um
primitivismo de Picasso passando pelos grafittis de Basquiat, para ficar apenas
naquilo que me veio à cabeça. E me lembrou o Luis Brasil também. Posto aqui em
homenagem a todos os meus amigos que gostam de arte, pintura, música, dança,
escultura, arquitetura e pensamentos...aos meus amigos e filósofos, educadores
e mestres que vislumbram na educação dos sentidos uma forma de quanto aos
animais que um dia seja somente uma pintura na caverna a nos lembrar quem
somos...e quem não somos, mesmo ousando tentar ser outras coisas...
SOBRE O RS E ESTA SÍNDROME HERÓICA
Entendo bem - meu caro BEBETO ALVES - a crítica à dona Eva Sopher, mas num gosto de ninguém que é dono ou se sente dono de algo público, não gosto mesmo desta confusão....e não é nada pessoal isso...deveremos construir uma bela lembrança disto um dia...se sobrevivermos ao tempo..é uma coisa triste mesmo...vivermos em um estado que vira e mexe precisa de heróis porque não se constroem perspectivas coletivas, organizações coletivas..isso passa também pelo baixo apreço a programas e instituições..tudo é descartável, sucateável, desprezível quando é do outro e não é seu...do terreno badio na frente da casa do vizinho, do patrimônio histórico, da obra ao canto, do canto à obra...e quando se tenta mudar algo, alguns acham que isso significa a hora de assaltar a memória dos demais, ou que fica declarado o vale tudo...governantes que acreditam ter cheque em branco, políticos que pensam ter invisibilidade e jornalistas que abusam dos meios de comunicação para influenciarem para o MAL a opinião pública...uma certa perspectiva acrítica ou pré-iluminista, o que para quem se diz herdeiro do positivismo em algum sentido mínimo é um atraso só...e ainda tem a ignorância travestida de novidade e liberdade...
sábado, 19 de outubro de 2013
SOBRE CANDIDATOS, MILITANTES, CORRENTES E RESPONSABILIDADE NO PT 2013 (A PARTIR DE UM DEBATE NO PED)
Eu vou repetir algo que disse um
dia para vários companheiros: Me sinto completamente responsável pelo que
aconteceu em São
Leopoldo. Num sentido bem preciso: tanto por esta derrota na
eleição de 2012, quanto pelas diversas e sucessivas vitórias nossas que seguem
para além da eleição para prefeito desde a fundação do partido. Em algumas
participei muito, no apoio, em coordenação, dirigido ou ajudando a dirigir e em
algumas decisões que me diziam respeito por setorial, regional ou área de
atuação, experiência, interesse e participação. Mas curiosamente quanto aos
três candidatos, desde o Zulke versus Vanazzi nas prévias, O Paulo Borba na
primeira etapa e, por fim, o Zulke sempre estive em desvantagem e de certa
forma fui voto e pensamento vencido. Mas eles foram sempre eleitos pela
militância e pelas correntes também através de acordos e de alianças. Eu assiti
o Zulke ser derrotado na prévia de 2003 por um frentão de correntes e sei bem
como foi que isso foi construído e tudo que mudou no desenho interno de lá para
cá. Mas mesmo assim atuei no apoio, na defesa e na tentativa de obter a vitória
com todas as minhas forças, capacidades e fraquezas também. Então, não fico
mesmo fazendo discurso de que o erro foi só esse ou foi só aquele. De que o
culpado foi esse ou aquele. Ainda que houvessem erros e ainda que hajam
culpados. Na vitória muitos são os aplausos, mas é na derrota que a gente
conhece os militantes. Então, tendo a ver de outra forma este processo que você
acha que alguém decidiu contra a gente. A responsabilidade é coletiva mesmo. No
condomínio de governo, na composição da direção e nas políticas e ações da
campanha a participação voluntária e a disposição dirigente se prova todos os dias,
não somente nas avaliações. Então, creio que muita coisa deve ser repensada.
Mas nem eu defendo tucanismo, nem choque de gestão e muito menos faria um
discurso de que a RBS vai decidir a eleição. Ela pode querer, vai tentar, e
pode conseguir até, mas não sou eu quem vai dizer que sim, que isso vai
acontecer e ficar chorando antes de apanhar ou antes de vencer. O Vanazzi está
certo em muitas coisas e a primeira delas é para mim em não parar de lutar.
Então só isso, depois de toda a trairagem que sofremos, de fora e de dentro,
depois do que vi também na campanha para a FAMURS dentro do PT, depois do que
assisti de perto na campanha em 2010, o Vanazzi ser candidato a presidente do
PT já é uma proposta para mim. O fato, também,
da DS e a AE estarem juntas não pode ser visto como o pagamento de uma conta,
mas sim como a possibilidade de reconstrução da esquerda do PT no RS. Esquerda
esta que foi capaz de construir muita coisa até 1998 e que depois em 2002 e 2004
seguiu de forma dividida até hoje. Após tudo que vivi, não creio que a questão
se resuma a personalidades e confio mais no Vanazzi neste quesito do que no
Jairo Jorge para sair dessa barrafunda em que o poder econômico tem tentado
colocar o PT. Isso para tocar suavemente em um outro quesito que me aborrece
tanto quanto o personalismo. Eu recomendo sempre apreciar com carinho e muita atenção
o custo das campanhas para deputado federal e estadual, porque o nosso partido
se chama PT e defende que seus candidatos, dirigentes e governantes estejam sob
controle, fiscalização e julgamento permanente dos seus filiados e filiadas. O
Raul Pont falou disto agora mesmo quando anunciou que não iria se candidatar em
2014 o que é uma perda para o PT. Não gosto mesmo de ver o PT se convertendo em
Partido da Ordem e do Status Quo econômico. E não adianta usar a RBS como
fantoche aqui. Hoje ela ataca a esquerda do PT como ontem, elogia o centro e a
direita, mas vai acabar tentando de qualquer jeito acabar com a direita do PT
logo ali e eu lamento que ela já tenha mais força para isso do que alguns
ingênuos imaginam. As campanhas sórdidas contra o Vanazzi não passam mesmo de
alianças do poder econômico contra o PT e contra a esquerda do PT e me dói ver
companheiros do PT muito abraçados, prestigiados e apupados com estes caras Boa
luta!
O ENCONTRO DE VINICIUS E BUKOWSKI: BAH O...PÁRA NÉ....
"Numa certa tarde em 1973, passava por uma rua bem pacata em São Francisco, estava lá a vaguear e pensar na vida, tinha deixado tudo no hotel pela manhã e resolvi caminhar um pouco meio que sem direção e sem muita explicação e eis que vi a certa distância numa varanda em meio a uns entulhos um cara brincando com gatos e zoando, vez por outra praguejando e vez por outra rindo alto ás gargalhadas. Fui atraído pelo barulho, porque me pareceu uma situação curiosa, daquelas que atraem minha atenção pela inusitada imagem e pelo som meio que familiar em plena composição.
As cores deste dia eram muito claras, os sol de São Francisco tem uma caraterística muito atraente, pois parece cantar em luzes com uma brisa que vem do mar e que vem refletindo aquela cor que só um sol de baia possui. Era como um crepúsculo mágico e ao mesmo tempo mais luminoso que um crepúsculo. No meio da tarde... Mas, voltando ao caso, eis que volto de novo meus olhos para dentro daquele lugar, que parecia ser um pátio abandonado de uma casa de madeira - aqueles chalés avarandados típicos americanos e, ao mesmo tempo, parecia também um parque de diversões para gatos, vadios e crianças - um verdadeiro playground, quando, então, meus olhos cruzaram com os olhos desse cara desalinhado que me lembrava muito aquele velho babaca lá do Leblon, como é que era o nome dele? O Zito! Sim aquele cara que brigava com qualquer coisa que lhe parasse pela frente só pelo gosto de ver como a pessoa, o bicho ou o que quer seja se sairiam dessa.
E não era o Zito. Mas por curiosidade lhe indaguei após uma tragada algo em inglês como "How hare you?" e ele me devolveu em um francês arranhado por um pigarro maior que o meu: "Thhouttt biaaannnrg".
Bem, à esta altura, eu sabia que o diálogo não era mesmo com o Zito, mas que também envolvia certa diplomacia que poderia progredir para um pequeno embate, confronto, batalha, terceira guerra mundial ou uma saída diplomática honrosa para os dois, um pequeno acordo, tratado ou saída à francesa. Não deu outra coisa, acabamos sentados vendo uma velha tevê em preto e branco que passava faroeste e falando de poesia, sexo, mulheres, casamento, bebida, cartas de amor e de despedida e o velho grande e bom pé na bunda que decide sempre qualquer parada.
E ele falou um tempo em música clássica. E eu falei de violão e pandeiros. Lhe falei que gostava muito de subir ao palco e beber um whyski e ele me disse que preferia beber na cama um velho bourbon de qualquer marca como um corpo ardendo ao seu lado.
Fiquei ali sentado fumando e o tempo foi passando. Às vezes fazíamos alguns silêncios longos e então voltávamos a falar e a medida que isso ia acontecendo avançávamos para questões cada vez mais existenciais e essenciais, das quais não vou falar nada agora porque é sábado de manhã e tem muitas crianças e alunos desse cara que leem isso aqui." e assim se seguiu esta história ao infinito em busca da eternidade pela sua própria imaginação e direção...bah o...pára né...
As cores deste dia eram muito claras, os sol de São Francisco tem uma caraterística muito atraente, pois parece cantar em luzes com uma brisa que vem do mar e que vem refletindo aquela cor que só um sol de baia possui. Era como um crepúsculo mágico e ao mesmo tempo mais luminoso que um crepúsculo. No meio da tarde... Mas, voltando ao caso, eis que volto de novo meus olhos para dentro daquele lugar, que parecia ser um pátio abandonado de uma casa de madeira - aqueles chalés avarandados típicos americanos e, ao mesmo tempo, parecia também um parque de diversões para gatos, vadios e crianças - um verdadeiro playground, quando, então, meus olhos cruzaram com os olhos desse cara desalinhado que me lembrava muito aquele velho babaca lá do Leblon, como é que era o nome dele? O Zito! Sim aquele cara que brigava com qualquer coisa que lhe parasse pela frente só pelo gosto de ver como a pessoa, o bicho ou o que quer seja se sairiam dessa.
E não era o Zito. Mas por curiosidade lhe indaguei após uma tragada algo em inglês como "How hare you?" e ele me devolveu em um francês arranhado por um pigarro maior que o meu: "Thhouttt biaaannnrg".
Bem, à esta altura, eu sabia que o diálogo não era mesmo com o Zito, mas que também envolvia certa diplomacia que poderia progredir para um pequeno embate, confronto, batalha, terceira guerra mundial ou uma saída diplomática honrosa para os dois, um pequeno acordo, tratado ou saída à francesa. Não deu outra coisa, acabamos sentados vendo uma velha tevê em preto e branco que passava faroeste e falando de poesia, sexo, mulheres, casamento, bebida, cartas de amor e de despedida e o velho grande e bom pé na bunda que decide sempre qualquer parada.
E ele falou um tempo em música clássica. E eu falei de violão e pandeiros. Lhe falei que gostava muito de subir ao palco e beber um whyski e ele me disse que preferia beber na cama um velho bourbon de qualquer marca como um corpo ardendo ao seu lado.
Fiquei ali sentado fumando e o tempo foi passando. Às vezes fazíamos alguns silêncios longos e então voltávamos a falar e a medida que isso ia acontecendo avançávamos para questões cada vez mais existenciais e essenciais, das quais não vou falar nada agora porque é sábado de manhã e tem muitas crianças e alunos desse cara que leem isso aqui." e assim se seguiu esta história ao infinito em busca da eternidade pela sua própria imaginação e direção...bah o...pára né...
LEMBRANDO MEU PAI: HURT - JOHNNY CASH
Lembrando meu velho...lembrando aquele jeitão calmo e lento dele responder as coisas...nessa música parece que ando com ele pelo mundo entendendo aquilo que nunca entendi, sentindo uma saudade grande daquela firmeza e daquele passo seguro e estudado, na escada, no andaime, no parapeito de uma sacada, na beira do precipício aquela olhadinha para baixo e um sorriso suave no canto da boca que parecia dizer: a partir dali o nada, mas nós estamos aqui, continuamos andando e vamos continuar andando...as vezes eu acho que é isso que é ser imortal, não é ser um herói, não é ser um gênio, não é ser isso ou aquilo, é ser e desprezar o nada ou olhar para ele com um pequeno sorriso na boca e nos olhos, fintando-o como ele realmente é, apenas um limite imaginário das coisas e do tempo. Tudo passa, aquela ferida passa, a dor passa, tudo passa...assopra e segue: HURT - JOHNNY CASH
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
SOBRE EXEMPLOS BONS E RUINS NA EDUCAÇÃO E O ATUAL MOMENTO DE TRANSIÇÃO
Agradeço ao Jairo Adriano de Mello que com suas
provocações, opiniões e ideias foi o SPARRING mais uma vez sobre a educação
aqui no meu mural...
Quando postei ontem meu texto
sobre o meu orgulho de ser professor e minha esperança numa mudança de
qualidade na educação, o que eu acabo designando em outros textos já por um MOMENTO
DE TRANSIÇÃO NA EDUCAÇÃO ( ou seja, NEM CAOS, NEM CRISE), um amigo meu resolveu me contestar usando um
ou dois exemplos ruins do que anda acontecendo com a educação. Eu resolvi
argumentar contra a opinião dele baseada em exemplos ruins listando uma série
de coisas que considero argumentos e razões como as que seguem. E também
resolvi dar umas bangornadas na concepção que ele esposa sem muita reflexão de
fundo, em minha opinião, e faz isto baseado em suas observações e exemplos. Tomei
aqui partes do texto do diálogo e debate nosso e resolvi transformar em um
texto. Aliás é a segunda vez que faço isso com ele o que só indica a
importância que dou para nossos debates e polêmicas.
Veja-se que trato aqui de
opiniões – tanto na minha posição quanto na dele, ainda que diga que a minha
opinião é forjada por certos argumentos e razões e a dele por observações – o
que significa que elas não tem possibilidade ou a certeza de um conhecimento
comprovadamente fatual. Elas se baseiam em observações pessoais, com uma
diferença de perspectiva entre o professor que eu sou e ele que é o advogado
bem observador, opinativo, polêmico, crítico e curioso. Devo reconhecer,
portanto, desde já que é possível que eu esteja enganado e que de fato a
educação brasileira está virando um caos, está em plena crise e decadente e que
não há possibilidade de reversão deste quadro como afirmam outros observadores,
como interpretam os especialistas baseados em dispositivos de avaliação e
índices que não desconheço. Mas também penso que estes índices que ao meu ver
não mensuram a mudanças que tenho observado, são insuficientes párea uma
análise e para um desenho do desafio. As mudanças que eu vejo da minha
perspectiva se apresentam em um momento de transição a partir da universalidade
do acesso de uma conjuntura de evasão forçada pelo viés econômico da nossa
sociedade – alto emprego e altas taxas de ocupação – e sob o impacto intenso ao
meu ver das novas tecnologias (que mudam mesmo a vida e o pensamento das
pessoas), somando-se a isso uma indefinição sobre os rumos de uma educação cuja
universalidade é aquela que tem ainda as dificuldades e desafios do mundo
inteiro numa definição de qualidade e função social da escola.
Sobre os exemplos eu diria isto
que você pode colecionar comigo muitos exemplos ruins e outros podem colecionar
os bons. Mas eu noto uma certa diferença entre estas coleções. Os exemplos
ruins são os mesmos de 50 anos atrás, mas os bons são muito diferentes. O fato
é que eu faço coleção positiva e tenho percepção disto porque trabalho com
educação e vejo muito mais do que os exemplos ruins. Vejo os exemplos ruins,
enfrento e encaro estes problemas de aprendizagem, déficits de aprendizagem
dentro da escola. Eu vejo estas personagens que você pode selecionar para um
filme sobre a tragédia na educação brasileira na escola. Mas não vejo só elas e
nem vejo elas como definitivas. Até por conhecer elas vejo superações também.
Mas existem outras personagens também. E a vida deles todos é bem dinâmica. Faz
um bom tempo que por conta de adotar atividades e certas disposições de apoio aos
jovens estudantes que eu me compadeço de muito sofrimento cotidiano na escola
sobre eles, mas que também vejo que os mesmos, tem e precisam criar outras
perspectivas e acabam, por isso, tendo outros desenlaces com nosso apoio. Já vi
aluno problema evoluindo muito dentro e fora da escola, na vida, e já vi aluno
ótimo e bom definhando no mundo. Não concordo com leituras estanques. Nem com
avaliações definitivas e fechadas. Mas vejo, assim, a outra ponta deste
processo também e talvez por uma necessidade de me manter alerta, afim e disposto
tenho priorizado a leitura e a observação dos exemplos bons. Aos meus olhos o
que pode parecer pouco para você, é grandioso para mim porque se apresenta
dentro de um cenário cotidiano. Posso me perguntar, apesar disto, será que é
porque vejo mais ou é porque procuro ver? Discuti isto na outra parte do ano sobre
a qualidade da formação universitária tão criticada e eu lembro sempre neste
debate que você e outros podem ficar olhando somente para o que quer ver.
Tenho muitos exemplos de
energúmenos de diversos tempos e diplomados. Mas não creio que isto é coisa que
deva ser atribuída exclusivamente às instituições. E conheço muitos gênios
reprovados, incompreendidos, não assimilados e que não se adaptaram às formas
dos sistemas de avaliação e às nobres expectativas dos demais sobre seus papéis
neste mundo. Quando a gente começa a educar tendo consciência das diferenças
entre as pessoas, dos tempos próprios de cada um, das habilidades de cada um e
a pensar numa perspectiva inclusiva a gente aprende a sair do modelo de
uniformidade educacional tão admirado e normalizado. Estes jovens atuais são
muito diferentes e temos que cuidar para conhecer eles bem melhor antes de
julgá-los ou decretar a sua falência cognitiva ou de aprendizagem. Aliás, estas
são justamente duas coisas completamente irracionais tentar julgar eles a
partir do nosso quadro cognitivo não ajuda e decretar alguma forma de falência,
derrota ou fracasso também não ajuda. É bo ir mais devagar com o andor ai.
Mas um gênio pode não saber pegar
o ônibus também. E pode não saber fazer operações que você julga essenciais e,
no entanto, vai lá e faz aquilo que você é incapaz de fazer. Assim, como um excelente
profissional liberal pode não saber ter uma visão lateral, pode viver
obnubilado ou bitolado pela sua perspectiva e seu cenário funcional ou
operacional. E ele, também, como todos nós sabemos, pode sequer olhar para a
usa própria vida com rigor e clareza precisando de um analista que o
faça..calminha ai com o andor porque as pessoas precisam ser compreendidas e
não espezinhadas..não importando muito se eles te lêem ou não.
O repetido e persistente gosto
pela polêmica, neste tipo de debate, me parece muito arriscado e beirando ao
sofista por sinal. Porque basear-se nos exemplos ruins é julgar a qualidade de
uma empresa no setor de descarte, ou pelo índice de recall que ela produz. A educação não pode
ser medida assim, na minha visão. Até porque neste mundo produtivo não há
descarte, pode haver desistência, abandono do processo, evasão, erro nos juízos,
avaliações incorretas e fracasso, mas a vida continua igual lá no mundo. E Tudo
segue porque as pessoas se adaptam a estas contingências algumas são bem
resilientes e superam qualquer erro ou equívoco no sistema. Assim, para não
reproduzir isto creio que é importante que se seja bem mais compreensivo neste
tema. No meu caso pergunto se tens argumentos em relação ao que descrevi?
Assim, pergunto de outra forma defendes
a Crise ou o Caos na educação? Com este argumento de um exemplo ou mais? Não
cério que seja possível fazer isto. Não creio que vamos avaliar a qualidade da
educação pelos tamanho do queixume ou da incompreensão das pessoas, mesmo
daquelas que fazem parte do processo.
Acho que o exemplo é ruim, também
porque eu conheci os filhinhos que concluíam o ensino médio de elite e que até
hoje não sabem escrever uma linha sequer. E isto com mais de 50 anos de
vantagem em relação aos teus exemplos ruins. A questão, então, não são os
piores exemplos, nem os bons. Eu vejo outras coisas e não vou ficar empanando a
minha realidade cotidiana por ignorância de um passado que foi muito pior que
este haja vista a exclusão geral das pessoas do acesso a educação neste passado
do qual alguns sentem saudade. Discuto aquilo que não é balizado pelo que você
talvez tivesse que fazer uma arguição melhor sobre o que você e outros
consideram os "níveis médios de conhecimento". Penso que este
discurso é muito retórico, porque eu vejo os mesmos que pedem mais preparação
dos profissionais fazendo esforços para contratar pessoas não qualificadas para
baixarem seus custos de folha. E isso é uma bela reprodução de certo discurso
ideológico que vagueia promovendo manada.
A pior parte disto é que
precisamos transformar esta realidade, não somente descrevê-la e que hoje temos
mais ferramentas para isto ainda que alguns se recusem em usá-las. Vim hoje
comentando com minha esposa que é professora e com minha sogra que foi
alfabetizadora um dia – cujos filhos todos tem curso superior e os netos estão
no mesmo caminho - que temos que acabar com o ensino noturno e criar condições
para o ensino integral até o terceiro ano do médio e quiçá promover condições
para acabar com esta terrível educação em jornada de 16 horas
(ônibus-trabalho-almoço-ônibus-universidade-ônibus-Casa) que muitos jovens
universitários tem enfrentado e que foi parar com razão nas ruas em junho.
Que tal pensarmos nisto amigo? -
isso não é não saber ler o ônibus, é hoje estar esgotado com a jornada semanal.
Como é que você aprende algo assim?
Eu não devo e não posso avaliar
os advogados a partir de minhas diversas experiências empíricas e práticas. Se
bem que não posso reclamar disso. Tenho mais depoimentos ruins do que
experiências ruins e tenho muitos amigos neste ofício. Quando avalias a
educação parece julgar isto possível. Mas você sabe como eu que este modelo de
raciocínio não é correto, nem justo, não dá para medir a qualidade pelo default.
Ainda que você precise levantar uma estatística disto, ela precisa ser feita
dentro de um quadro de tempo, com registros iniciais e finais e com todos os
ajustamentos necessários para viabilizar uma interpretação deste processo. No
nosso caso você deverá incluir novas variáveis na avaliação. E são variáveis
decisivas nos últimos 30, 20, 10 anos da educação brasileira.
Há uma dissonância cognitiva ai
amigo quando a gente lê a educação de forma jornalística ou opiniática. Não
gosto, para dar um exemplo bem ilustrativo, de ser expressionista ou
impressionista com a verdade, ou seja, não podemos avaliar a educação por
nossas próprias impressões, nem pro nossa força de expressão. Estou
argumentando aqui, portanto, não contra você, mas contra este método corrente e
pouco correto de julgar as coisas que não observa certos detalhes e nem o
quadro geral. O mesmo jornal que cita exemplos positivos na educação no dia do
professor passa o ano todo dando notícias ruins e só as ruins. Não dá para
julgar as coisas ao bel prazer e como lhe convém para vender jornais ou agradar
o senso comum.
Vejo os problemas da educação há
muito tempo, mas vejo mais soluções hoje, bem mais e coisas bem melhores no
caminho hoje do que há 30, 20 ou 10 anos atrás.
Agradeço tua consideração e tuas
ótimas provocações....
E peço escusas por toda esta
minha retórica....
Assinar:
Postagens (Atom)