Discordo de você Eduardo Lima em
alguns pontos.
Por uma questão de justiça começo
agradecendo o apoio dos estudantes à luta dos professores e também o
engajamento dos estudantes a uma luta como esta trazendo pautas próprias e
modos próprios de pensar, atuar e construir. Mas nem o gato é tigre e nem o tigre
é gato. A tua tristeza não será a última, nem a primeira de tua vida, se
prosseguires na luta. Porque a luta sempre traz dissabores, desconfortos,
desconfianças e interrogações permanentes.
Na prática, o Sindicato está
enfrentando o Governo com a pauta que construiu e com a capacidade política que
tem conseguido construir até agora. Eu milito no sindicato a apenas 16 anos. E
ando afastado agora por questões pessoais e também profissionais. Mas nunca
discuto o sindicato ou as decisões do sindicato sob este parâmetro que você
utiliza: ser pelego ou não ser pelego. Para mim este é um parâmetro rebaixado
de abordagem e de crítica. Não aceito que rotulem os jovens como rebeldes ou
inconsequentes pela mesma razão, aliás.
É preciso argumentos e razões
para tachar alguém disto ou daquilo e uma entidade democrática como é o CPERS,
não pode ser com justiça tratada assim. A fala da Rejane ontem ao sair da
audiência foi muito clara. “A greve somente vai
acabar quando tivermos uma proposta possível de ser levada para votação em assembléia. Isso
que dizer que se o Poder Executivo permanecer fechando o debate em torno do que
quer discutir, não vamos aceitar a proposta”. Rejane Oliveira.
E se você quer brigar com o
Sindicato não há de ser o tema do Ensino Médio Politécnico a boa razão para
tal. E te digo isso com uma pequena nota pessoal aqui - eu não considero o
ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO o problema principal não, mas nem por isto deixo de
fazer greve pelo piso e pelos demais itens da pauta. Aprendi, ao militar em
movimentos sociais, grêmios estudantis, DCEs, sindicatos, partido político e
mesmo na escola, que a pauta sempre será uma síntese da maioria e te confesso
que já fui voto vencido e vencedor muitas vezes. Já fui minoria que venceu em
deliberações e já fui maioria derrotada.
Uma das coisas mais importantes
que aprendi é que o MOVIMENTO, a FERRAMENTA, a ORGANIZAÇÃO e o seu método devem
sempre ser respeitados e preservados, enquanto não se tem coisa melhor. E que a
melhor forma de respeitar isso não é não debater os erros, os acertos, mas sim
saber o momento certo de fazer isto e de avaliar as coisas com muita
honestidade, conhecimento e visão de para onde vamos, onde estamos e como
queremos ir adiante.
O CPERS não deixou tirar o
assunto do Politécnico. Nisto você está sendo injusto e se esta é atua base
para acusar o CPERS de pelego então toda a tua tristeza deve desaparecer e tua
acusação se desmorona. Quero muito que você - e todos os jovens que estão
juntos agora nesta luta e jornada - faça política, mas com clareza e com capacidade
de agregação. Senão lá se vai mais uma oportunidade de unirmos nossas forças e
mudarmos as coisas de novo.
Sobre os métodos e formas de
atuação. Eu te sugeriria numa boa respeitar mais os discursos dos outros porque
dá muito trabalho construir uma história de vida que para ti pode não ter
sentido, mas que para aqueles lutadores sociais lá é tudo que eles tem. Te
recomendaria ouvir as canções do MST, MNLM, e de vários outros lutadores
sociais ao redor do mundo e parar para pensar no que eles estão falando e não
naquilo que eles estão falando é diferente de tua visão de mundo e de tua
compreensão do que é necessário, prioritário e urgente.
As músicas ridículas e as falas
ridículas as quais você alude uniram muitos de nós durante muitos anos contra o
NEOLIBERALISMO, o IMPERIALISMO e são expressões de nossas profundas críticas ao
SISTEMA CAPITALISTA. E aqueles que falaram lá em cima do caminhão de som são os
líderes que conseguimos construir nestas jornadas.
Você merece todo meu respeito,
mas isso não me furta de manter a defesa do Sindicato, da nossa luta e das
nossas lideranças. Pode haver um dia em que nós, nossas canções, nossas falas,
idéias, nossos discursos, nossos conhecimentos, nossas experiências não tenham
mais nenhum valor, mais nenhum sentido, mais nenhuma vida, mas podes crer
menino que quando este dia chegar nem você terá lugar neste mundo.
A democracia envolve aceitar as
diferenças e garantir por maioria as decisões, mas isso não significa acabar
com as minorias, nem passar a régua na conta da história e apagar a
resistência, a divergência, a contradição e todas as diferenças possíveis.
Zerar o sentido dos que lutam é o principal objetivo dos facistas e daqueles
que querem acabar com a história, porque não querem que os homens comuns tenham
papel nela.
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