[Na
angústia] “Todas as coisas e nós mesmos afundamo-nos numa indiferença. Isto,
entretanto, não no sentido de um simples desaparecer, mas em se afastando elas
se voltam para nós. Este afastar-se do ente em sua totalidade, que nos assedia
na angústia, nos oprime. Não resta nenhum apoio. Só resta e nos sobrevém – na
fuga do ente – este “nenhum”. A angústia manifesta o nada.” (HEIDEGGER, 1979,
p. 39).
“O
nada não é nem um objeto, nem um ente. O nada não acontece nem para si mesmo,
nem ao lado do ente ao qual, por assim dizer, aderiria. O nada é a
possibilitação da revelação do ente enquanto tal para o ser-aí humano. O nada
não é um conceito oposto ao ente, mas pertence originariamente à essência mesma
(do ser). No ser do ente acontece o nadificar do nada.” (HEIDEGGER, 1979, p.
41).
“E,
contudo, é este constante, ainda que ambíguo desvio do nada, em certos limites,
seu mais próprio sentido. Ele, o nada em seu nadificar, nos remete justamente
ao ente. O nada nadifica ininterruptamente sem que nós propriamente saibamos
algo desta nadificação pelo conhecimento no qual nos movemos cotidianamente.”
(HEIDEGGER, 1979, p. 41).
“Suspendendo-se
dentro do nada o ser aí já sempre está além do ente em sua totalidade. Este
estar além do ente designamos a transcendência. Se o ser-aí, nas raízes de sua
essência, não exercesse o ato de transcender, e isto expressamos agora dizendo:
se o ser-aí não estivesse suspenso previamente dentro do nada, ele jamais
poderia entrar em relação com o ente e, portanto, também não consigo mesmo. Sem
a originária revelação do nada não há ser-si-mesmo, nem liberdade.” (HEIDEGGER,
1979, p. 41).
“Somente
porque o nada está manifesto nas raízes do ser-aí pode sobrevir-nos a absoluta estranheza
do ente. Somente quando a estranheza do ente nos acossa, desperta e atrai ele a
admiração. Somente baseado na admiração – quer dizer, fundado na revelação do
nada – surge o “porquê”. Somente porque é possível o “porquê” enquanto tal,
podemos nós perguntar, de maneira determinada, pelas razões e fundamentar.
Somente porque podemos perguntar e fundamentar foi entregue à nossa existência
o destino do pesquisador.” (HEIDEGGER, 1979, p. 44).
“A
questão do nada põe a nós mesmos – que perguntamos - em questão. Ela é uma
questão metafísica.” (HEIDEGGER, 1979. p.44)
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