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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O APAGÃO DA EDUCAÇÃO QUE É ACOMPANHADO PELO APAGÃO DA MORALIDADE BRASILEIRA


A entrevista do nosso amigo e ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro em Zero Hora (Ex ministro da educação teme "apagão de professores". ) corrobora parte do que se percebe no Brasil hoje: uma possibilidade de APAGÃO DOS PROFESSORES, que tem vindo junto de medidas de ataques ao servidores públicos e educadores em muitos estados e municípios. Alguns destes ataques são diretos e outros são indiretos.

Os ataques diretos versam sobre direitos, reposição da inflação e previdência entre outros. Os ataques indiretos envolvem a distribuição farta de recursos públicos para outros setores. E esse ataque reproduz uma lógica perversa porque se limita sempre a fazer os salários inferiores e médios a pagarem a conta da crise. Ou seja, a crise resta só para os baixos salários e carreiras desvalorizadas pelos poderosos.

E me chama muita atenção também que, enquanto isto, a farra dos Deputados, Orgãos de Controle, Judiciário e dos altos salários continua. Olhem com atenção para os privilégios, salários, vencimentos, aposentadorias e benefícios de certos cargos públicos. Dos tribunais de contas ao sistema judiciário. Da Câmara de Deputados às Câmaras de Vereadores. Das Assembléias Legislativas aos seus orgãos afins. Não estou falando aqui de salário de técnicos administrativos, mas até mesmo nestes vemos grave anomia e nenhuma isonomia ou equidade entre os poderes  Tudo se passa, como se a solução fosse na economia dos recursos nacionais dependendo só do mérito e da forma de acesso.

Quando a ANDES - como apontou o ex-ministro - em greve propõe a redução dos recursos da Educação Básica para garantir mais reajustes e verbas ao Ensino Superior, estamos definitivamente perdidos. Porque daí se consagra a visão corporativa, economicista e de uma elite que lembra muito a famigerada República dos Bacharéis. Pois, se prosseguir assim virá sim um APAGÃO. A questão agora é quem vai assumir a responsabilidade política de encarar isto e estancar esta sangria?

E este tema não depende somente de uma Presidenta ou de seu ministério! Nem mesmo de um partido só e seu infiel aliado. A falta de recursos na crise econômica só deixou mais explicita a partilha desigual dos recursos públicos no estado brasileiro. Renato acerta "o Brasil vai ter que colocar mais recursos na educação" mas tem recursos sendo desperdiçados na outra ponta. E isso que a sociedade não quer encarar é apenas deixar de olhar para si mesma no espelho e perguntar qual a minha parte nesta conta? E a elite tem tido gigantesca e arrasadora dificuldade para fazer isto neste país.

E a falta de propostas para tal no campo da oposição também é uma certo na análise do Renato. Observa-se isto em toda as cantilenas da oposição, em propagandas e em manifestações. Chega, na minha opinião,  a ser vergonhosa a situação da oposição que faz a crítica, mas que não apresenta absolutamente nenhuma proposta para superação da crise. Fazem ao contrário um trabalho sistemático e agressivo no Congresso para aprofundar a crise. Achacam no Congresso ao Governo e aos cofres públicos, mas também ao povo brasileiro. 

Sobre a questão da falta de uma percepção da população para a dimensão ética da inclusão social, o ex-ministro também acerta na cabeça do prego. Mas eu creio que isso não se deve a falta de marketing ou de uma retórica do governo sobre este aspecto, mas sim de uma manifesta concepção conservadora na sociedade brasileira. Trata-se de total insensibilidade de parcelas da população perante flagelos da fome e da miséria. Vivemos num país em que a elite e aqueles que a tomam por modelo e ethos social, consideram fundamental tirar vantagem em tudo e que não possuem uma gota de generosidade material ou espiritual com desvalidos, descamisados ou com aqueles que são mais explorados pela concentração da riqueza na mão de poucos. Cantam o hino "Tô nem aí" o tempo todo e só pensam em si mesmos, sem nenhum compromisso ou percepção de reciprocidade e de justiça social.

Eu considero isto ainda uma herança colonial, bacharelesca e subserviente. E esta herança se sustenta sempre numa espécie de tripé de pessimismo brasileiro: de que o Brasil precisa e pode sempre ser mais explorado, que o Brasil não dá certo e que o seu povo não merece a mínima consideração. É este tripé que sustenta a falta de escrúpulos no butim da elite, aquela adoração ao estrangeiro e a grande cara de pau com que alguns se apresentam ao eleitorado brasileiro sob a velha lógica de ludibriar, fraudar e golpear ao povo com mentiras, discursos morais vazios e, tudo isso, combinado com grande desvio de recursos para a Suíça ou para qualquer paraíso fiscal. Cunha é somente a ponta deste iceberg que vez ou outra fica exposta para todo mundo deste país ver e ter ou não posição.           

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