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terça-feira, 27 de outubro de 2015

FILOSOFIA EXPERIMENTAL, DIALÉTICA E METAFÍSICA - PÓS ANALÍTICA



Meu admirável contemporâneo na UFRGS, Eduardo Vicentini de Medeiros​ merece congratulações, pois se lançou com a audácia necessária para conquistar o saber em uma nova aventura filosófica e relata sua boa lição colhida na empreitada, assim:

“Me arrisquei em tema novo: "Contrafactuais e moralidade" no XVIII Colóquio de Filosofia Unisinos - Filosofia e Cognição.

Um belíssimo evento, com a seguinte lição: você é filósofo e quer falar de neurociência? então aprenda a ler EEG e fMRI, saiba o que está sendo medido e como...”

E eu creio ser bem importante destacar isto neste momento em que a filosofia parece sair da caverna e ver a luz do dia em sociedade neste pais. Porque não são tão somente as medidas de EEG e fMRI, os métodos para fazer isto, os métodos para interpretar e as consequências destas interpretações que se apresentam para nós hoje nos domínios da nova epistemologia ou das ciências cognitivas, mas também os debates sobre ética em nossa sociedade, sobre diferenças sociais e relações sociais, sobre desigualdade e violência, sobre democracia e política e ainda mais sobre amor, qualidade de vida e como vivemos - tudo isso que faz parte da nossa grande experiência humana - que nos chama à reflexão tanto científica como filosófica, que nos chama ao debate em sociedade para alargar a compreensão sobre estes temas e mudar comportamentos sobre eles.

As provas do Enem neste final de semana, não seriam o que foram - creio eu - sem  a bela passagem do Renato Janine Ribeiro​ e sua equipe, que inclui o menino prodígio Alexey Dodsworth Magnavita​, que devem ter pautado, com certeza com a anuência e o conhecimento da presidenta Dilma Rousseff​ a questão da mulher. E eu saúdo isto porque traduz exatamente aquilo que é o maior desafio da filosofia numa democracia jovem como a brasileira que é estabelecer um diálogo franco e aberto com toda a sociedade, reflexivo, provocativo e humanizador e que também tenha escuta, que aprenda com a sociedade e descubra seus anseios. E o tema da mulher com a devida referência cruzada a Simone de Beauvoir e á realidade da mulher brasileira  foi um golaço de placa que precisa ser agora mais explorado por professores de boa vontade e incluído nos debates. É a deixa que faltava para muitos que consideravam o tema lateral ou externo ao afazer filosófico. Assim, como alguns olham para a questão do negro pensando que é um tema de sociologia e esquecendo que é justamente ai que o desafio prático de construção de igualdade na diversidade se apresenta, como a questão da pobreza e também das outras ditas "minorias" que não são.

Muitos outros debates, com o auxílio das redes sociais são possíveis hoje. Mais acesso a informação, bibliografia e referências, relatos e reflexões são possíveis hoje. E vejo, então uma dialética fina sendo produzida aqui. Meus demais colegas que vejo participarem deste processo cultural e de pensamento, ao seu modo. De poesia à política, de arte à música, de teatro à dança, da sociedade á filosofia e da filosofia ou das artes e humanidades à sociedade. Disse um dia que apostava em uma superação da técnica por saturação tecnológica e cada dia me convenço mais disto que o que será top de linha nos próximos anos são as letras, as artes e as humanidades e suas novas relações com as demais ciências e com a nossa vida.

Comparto aqui, citando meus colegas de formação ativistas mais próximos e novas relações e considero afins: Alexandre Noronha Machado​, César Dos Santos​, Benedito Tadeu César​, Gustavo De Mello​, Paulo Faria​, Renato Duarte Fonseca​, Roberto Horácio Sá Pereira​, Gregory Gaboardi​, Marcia Tiburi​, Elenilton Neukamp​, Janio Alves​, Rogerio P Severo​, Rogerio Saucedo​, Rogério Lopes​, Vanessa Marocco​, Flavio Williges, Noé Oliveira​, Vinicius Wu​, Jackson Raymundo​,  Suzana Guerra Albornoz​, Francisco Xarão​, Simone Ferreira, e muitos outros.

Creio que a história da filosofia no Brasil teve apenas três momentos o primeiro foi predominantemente escolástico, o segundo foi existencial ou continental e é bem recente e convive ainda com a escolástica e este último é analítico e pós analítico. Ainda que nem a filosofia analítica e nem o que é chamado de pós analítica esteja à margem de preconceito, porque ocorre nele a superação e a inclusão de uma temática mais existencial sob certa predominância de um método mais analítico. Gosto muito do termo analítica existencial porque indica a superação da fase crítica e internalizada da filosofia e a coloca de volta ao contato com as ciências e a sociedade, ou, como alguns preferem, em contato com o nosso mundo da vida e nossos afazeres existenciais e sociais.


Assim, eu fiquei pensando sobre isto tudo ao ver as postagens de diversos colegas e ao ler também o programa deste grande encontro que houve na Unisinos sobre Cognição e Neurociências e sobre temas que, ao fim e ao cabo, tratam de interpretar ou revisar interpretações da nossa experiência. E sempre lembro de Aristóteles e de diversos outros filósofos que mantiveram um pé na "lógica" e outro na "experiência". E muita filosofia boa saiu disto. Então, isto deve ser uma nova onda experimental na filosofia de fato o que, entretanto, vai acabar por nos trazer também uma nova metafísica destas novas experiências.

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