E na totalidade de sua obra não
há sempre acordo não. Nietzsche não produziu um sistema filosófico. É
considerável o esforço dele em atacar inclusive isto E nenhum filósofo tem mais
situações delicadas, contradições internas, algumas aparentes e outras
intencionais do que ele. Nietzsche, até pela sua profunda criticidade, merece
ser usado com muita parcimônia, cuidado e atenção. Afora situações críticas que
envolvem ele e o grande Schopenhauer numa espécie de depressão filosófica
profunda, carregada de manias, compulsões
e neuroses, que deveriam exigir dos seus leitores mais cuidado ainda
para não vender neurose como sabedoria. E tanto o fatalismo, o pessimismo como
o criticismo de ambos é muitas vezes exagerado e devido aos grandes insucessos
de suas relações com os demais seres humanos. Para ficar num único tema chave,
como exemplo, eu diria que tudo que ambos dizem sobre amor e humanidade possui
um prejuízo a priori existencial que é insuperável, e só alguém muito blasê e
insensato, infeliz e frustrado usaria sem senso de medida citações de ambos
nestes temas. A rebeldia,a grande revolta e as palavras que elas carregam juntas
são muito boas na adolescência, como desabafos ou descarregos, porém, não
resolvem nenhum dos problemas contra os
quais se dirigem e aqui vale a mesma coisa que vale para o nó górdio de
Alexandre, e a mesma coisa para a nossa vida: você não resolve o problema
negando ele ou apenas passando a tesoura em todos os cordões que te prendem ao
mundo. É preciso ter muita sabedoria e paciência para desentramar de fato as
linhas da vida e isso nenhum dos dois nos legou. Por mais que eu possa elogiar
a extraordinária e superior visão que ambos tem do mundo e das coisas, quando
se volta a terra pouca ajuda nos trazem. Olhar os problemas da vida de outra
forma, chocando nossas convicções é muito bom para nos ajudar a saber que
crenças são de fato fundamentais, mas a suspensão de todas as crenças e da
vida, não resolve.
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