Eu acredito mais numa necessidade
de se debater qual o modelo e o projeto de ciência e produção intelectual e
cultural nacional, tanto no que toca aquilo que é financiado publicamente e no
que depende de iniciativas privadas ou individuais e suas relações entre um e
outro. O Lattes é uma plataforma, uma ferramenta. O problema certamente não é o
Lattes, o Lattes é meio não fim em si mesmo e eu creio que nem representa o
modelo também. O que há de importante nele é a transparência e a visibilidade
da produção intelectual e científica brasileira e isso deve ser estimulado sim,
assim como o debate sobre relevância, recepção e produção intelectual externa e
interna no país. No debate sobre o Ranking dos dez melhores filósofos atuais me
chamou a atenção não falta de qualidade
deles que me parece inquestionável, mas o fato de que tem mais gente pensando,
fazendo debates e produzindo trabalhos hoje em filosofia de alta relevância.
Tem muita abordagem exagerada tanto na crítica e tenho testemunhado muita
disputa crítica rebaixada - por aqui pelo menos. O problema desta posição da
Marilena ou de outras posições polêmicas como estas é que logo já tem gajo
fazendo uma crítica generalizante e superficial à tradição uspiana, ou
porchatiana ou do que quer que seja. Vejo - e minha posição quasi externa ao
meio acadêmico - talvez aumente minha margem de erro ou me faça ver só a superfície
do tipo de combate entre tradições que impede a discussão coletiva de um
modelo. Mas eu creio que vai chegar uma hora que o debate sobre o modelo e
eleger um modelo haverá de ser feito até para avançar mais e fechar algumas
contas e abrir contas novas no debate nacional. E ao ler a postagem da Marilena
eu fico pensando mais ainda em qual é mesmo o significado de falar sozinho?
Gostaria mais de ler um debate bem mais ampliado sobre o tema do modelo
nacional. E começar pela filosofia pode ser mais auspicioso do que parece, até
porque já foi feito isso antes e o modelo que herdamos me parece ser muito
tributário disto. Mas certamente não é
mais uma questão de quem está por cima ou por baixo, dentro ou fora, quem tem
jornal ou platéia, quem tem prerrogativas ou não, no regime das trocas
intelectuais nacionais. O público
filosófico brasileiro e o número de filósofos profissionais neste pais hoje – e
não falo isto com desdém - e também a existência de novas plataformas
tecnológicas e de circulação de informação talvez permitam isso. Qual o modelo?
Marilena Chauí criticando o Lattes: "É um crime o curriculo lattes" diz Marilena Chaui
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