Os alunos e alunas de hoje em dia
ainda precisam copiar a matéria e as notas e apontamentos do quadro por uma
única razão: para terem seus registros organizados nos cadernos e como forma de
viabilizar os estudos de modo a lembrar detalhes, esquemas e indicações que os
professores colocam no quadro e também seguir criticamente para além deles.
Por melhor que seja a memória dos
alunos – e existem alunos com boa memória, mas que são uma exceção e não a
regra geral, o caderno continua sendo a
melhor forma de ter os lembretes, notas e apontamentos registrados. Para o
aluno, quando for revisar a matéria, rever a matéria ou ampliar o seu
conhecimento sobre o que foi apresentado ter onde adicionar, anotar e registrar
mais informações. Ao mesmo tempo, os alunos com boa memória só tem a ganhar
copiando o quadro e ampliando ainda mais seu domínio e compreensão da matéria e
aqueles com dificuldade de memorização e mesmo de jogo com os elementos
desenvolvidos e apresentados por seus professores também tem vantagens na aprendizagem,
poupando-se de excessivo esforço para relembrar ou rememorar as lições.
Então copiar o quadro é uma
recomendação bem razoável para quem trabalha na sala de aula – e os alunos e
educadores fazem justamente isto sem ala de aula: um trabalho. Isso favorece
também o desenvolvimento do domínio da linguagem e da escrita e a aquisição de
um vocabulário mais amplo, de um acervo mais amplo de palavras, suas grafias e
também para nomes próprios, conceitos e, além disso, porque o quadro permite a construção de
esquemas explicativos e ilustrativos, linhas do tempo, esboços de mapa e muitas
outras figuras, desenhos e imagens que podem auxiliar na aprendizagem, imaginação
e na construção individual e física do conhecimento. Sair da subjetividade de
recepção de mensagem e ganhar um objeto externo em que são postos registros é
mais vantajoso do que se imagina. Esta é uma tecnologia tradicional, mas que
não tem nenhuma necessidade de ser abandonada, mesmo na era destas muitas Tecnologias
e facilidades.
Para mim, o quadro e o caderno do
aluno são uma espécie de memória remota e mais segura que é auxiliar da nossa
mente e de nossas lembranças. Assim, usando uma terminologia mais técnica, a
memória de trabalho imediata do aluno vai sendo construída e aperfeiçoada conversando
com a memória de curta duração e longa duração, o que como diz o grande Dr. Ivan Isquierdo, nos
ajuda a lidar com nosso limite de armazenamento de informações, ou com a nossa própria
economia de memória, pois fica claro que a memória de cada um é seletiva e
muitas vezes ela nos esconde coisas quando precisamos lembrar, simplesmente
porque atinge um limite determinado. Hoje em dia, pelo menos na minha escola e
em outras temos aproximadamente 30 aulas semanais de diversas disciplinas, matérias
e conteúdos e quanto melhores forem os professores maior a diversidade de
informações e mais criativas as aulas, então deveria ser de prudência anotar ao
máximo para em momentos de revisão e discussão dos conteúdos e temas ter como
visualizar e articular os mesmos. E mesmo em situações em que disciplinas de uma
mesma área tratam de temas conectados lingüística, histórica ou formalmente,
seja por temática seja por habilidade comum a ser desenvolvida, vale a pena ter
as notas no caderno e mesmo revisar os cadernos para desenvolver questões novas
e também resgatar as dúvidas seja elas menores ou maiores.
O caderno e o quadro são, então,
junto com os livros os melhores amigos dos alunos e aprender a usar isso como
auxílio é praticamente a garantia de êxito nos estudos. E o aluno não tem mesmo
mais que receber uma ordem de copiar o quadro para cansar o bracinho, mas sim
para facilitar as suas operações intelectuais com a cabecinha que a natureza
lhe deu. Às vezes um caderno bem organizado nem precisa ser aberto porque o
mero exercício de fazer bons registros facilita a memorização, a visualização e
a imaginação tão necessárias ao conhecimento e ao avanço do conhecimento, porém
a ciência ensina que os melhores resultados são atingidos com um esforço
adequado e à altura do objetivo de aprender
criticamente e não somente por decoreba. Então,a memorização só será superada pela problematização
– como a maioria já informa, mas não haverá problematização sem apreensão dos
conteúdos e das lições e o caderno ainda é o nosso principal auxiliar por excelência
neste processo.
Obs.: Este escrito foi
inicialmente publicado um pouco mais reduzido por mim em 6 de março pela manhã,
comentando sobre um meme – curtido em minha
timeline por 73 colegas, amigos alunos e ex-alunos, relativo à pergunta “Isso é
para copiar professor?”. Este texto foi aqui expandido e um pouco mais aprofundado
com algumas informações trabalhadas e discutidas com o Doutorando em Bioquímica
Cássio Morais Loss da UFRGS, que ministrou aos professores da Escola Estadual
de Ensino Médio Olindo Flores da Silva, no último sábado o curso Processos
Relacionados a Memória e a Aprendizagem, na Unilasalle, no último sábado dia 7
de março. Também aduzo à ele uma contribuição científica do Dr. Ivan Isquierdo
sobre os limites de armazenamento da memória, ou sobre o que chamo de economia
da memória. Creio que isso me ajuda e a outros colegas de ofício na compreensão
de diversos outros temas também, por exemplo, em especial, numa compreensão
prática ou intuição prática de que os alunos possuíam uma espécie de limite de
saturação de informações e de conhecimento também no uso de novas tecnologias.
Isso também explica em parte a forma de uso ZOEIRA’S, tão comum e dominante ao
meu ver por certo esgotamento informacional entre os jovens na internet e no
uso das novas tecnologias. Espero que suscite discussões e sugestões não
somente de linha de ação, mas de compreensão do fenômeno de abandono dos cadernos
que pode agravar a desorganização do conhecimento e da aprendizagem dos alunos
e a redução dos resultados na qualidade na aprendizagem, apesar do esforço de
muitos educadores em produzirem, construírem e prepararem aulas mais criativas,
conectadas com a realidade e de acordo com certo conhecimento dos alunos que
passa a ser buscado pro todos que estão ocupados com o desafio de educar de
fato, estimular a aprendizagem e o pensamento crítico e não somente de expor ou
transmitir algum conhecimento.
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