Vou compartilhar isso com muito
cuidado porque descreve perfeitamente alguns fenômenos comuns não somente no
ensino de física, mas em muitas situações de ensino, educação e aprendizagem e que é
marcante e presente em descrições de professores sobre os seus muitos bloqueios em
aplicar ou desenvolver aplicações práticas das teorias ou idéias e mesmo
métodos que vão sendo estudados. E é um exemplo também de como somos permeáveis as críticas externas.
Nominei isto de incapacidade de tradução, mas
o exemplo de Feynman mostra também as dificuldades de fazer analogias ou
transposições ou mesmo de raciocinar com flexibilidade sobre este ramo do
conhecimento. Bem....vou preparando aqui uma abordagem que pode ser melhorada com certeza.
Curti isso hoje pela manhã
e pensei em compartilhar, mas fui ler agora os comentários no perfil do Alexey
e me toquei de que deveria fazer um elenco aqui. Com alguns muito ricos na
apresentação de problemas e questões e
me vi em um dilema: ou dou uma geralzinha mais ou menos nisso tudo e reproduzo
generalidades tanto críticas como descritivas aqui ou reviso as questões e
tento hierarquizar isso tudo em questões históricas, de linguagem, o tema do
pensamento formal, o tema das pedagogias e neurociências (cujo formulário de
dicas e orientações aos educadores ainda não possui uma boa síntese) e as
relações matemática e física que precisam ser retomadas também historicamente e
filosofia e física o que também envolve uma abordagem mais histórica da física
como ciência. Feynman apontava claramente a aprendizagem automática e acrítica
dos alunos - a falta do hábito e da liberdade de raciocinar e experimentar e a
não aplicação da teoria ou de uma linguagem formal - e isso se devia também ao
autoritarismo e ao modelo educacional rígido, inflexível e pouco maleável e
vejam que é justamente este paradigma ou modelo de matriz que entusiasma muitos
com ciências formais.
O positivismo e o engenheirismo em que tudo deve ser
prático e aplicado e uma espécie de negação temerária de qualquer abordagem
especulativa ou inventiva. Mas eu também acho que o buraco é mais embaixo em
todo este debate e que a mera reprodução de um modelo didático é o que corre à
solta nas instituições superiores e não em sinto fora disso não. Mas deveria
nos deixar muito impressionados que esta crítica foi feita por um jovem
professor com razoável para não dizer considerável experiência prática e
teórica - afinal fazer parte do projeto Manhattan e depois disso ganhar um
prêmio Nobel de Física não é mesmo pouca coisa no ramo de atuação dele ainda
não ser devidamente levado em conta no Brasil.
Na primeira vez passa, pois a
academia brasileira pode ter considerado ele apenas um excêntrico, mas depois
do Nobel dele em 1965 eu me pergunto mesmo como não há sinais de que levaram em
consideração suas críticas. De tal modo que está ai um exemplo de
impermeabilidade e resistência ou bloqueio paradigmático da ciência brasileira.
Mas isso eu confesso não saber e gostaria muito que meus amigos que ensinam
física e que estudaram física na faculdade me informação algo sobre isso.
Para
ser objetivo: se leram esta crítica de Feynman por recomendação dos seus
professores e se isso é levado em alguma consideração hoje? E me parece um
importante tema também que esta questão seja recolocada criticamente tendo em
vista que não podemos mais ficar engatinhando neste tema e tendo resultados por
sorte ou por acaso.
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