Um dia eu pensei em escrever algo como Confissões de uma filosofia retórica. E é realmente incrível o esforço que temos que empreender contra nossos talentos discursivos e acervos vocabulares para garantir a máxima precisão e honestidade em nossos textos, escritos, discursos e falas. E há muitos casos em que os excessos nos levam, como o vento leva as almas leves, a não dizer nada e também casos em que a simplicidade e a precisão excessiva nos levam a não dizer nada também. Buscamos então um ponto de equilíbrio e um uso parcimonioso da linguagem e de seus recursos. Por isto que me sinto mais à vontade, mais livre, lépido e faceiro, me aceitando apenas como um pretenso e simplório literato, antes que um filósofo ou um sábio. Isto me conforta. A linguagem nos seduz, as palavras nos cativam e prosseguimos dizendo por dizer e por gostar de dizer. A linguagem parece aqui um vício, um grande hábito arraigado, um impulso e uma forma de ser. E é também um poder quimérico, taumatúrgico e sedutor. Mesmo que se desfaça em um contraponto sútil. Mesmo que se dissolva no primeiro exercício de auto-crítica ou que não sobreviva a um exame mais apurado. E nossos principais vícios de linguagem, clichês e chavões, ou jargões são nossas mais exatas confissões. Isso sim que é um Sobretudo!
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