Powered By Blogger

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

ARISTÓTELES METAFÍSICA (LIB. 1, CAP.1 )E O COMENTÁRIO PLATÔNICO DE OLIMPIODORO

Meu amigo facebookiano e professor da UFRGS, Junior Baracat,  Dr. Em Língua Grega está traduzindo um texto de Olimpiodoro, o jovem, da Escola de Alexandria (circa 495-570 d.C.) - que comenta aquela primeira passagem que tanto cito em trabalhos e abordagens de Aristóteles Metafísica 1, livro 1, que ele – Olimpiodoro - designa por Teologia, veja isto:

“Aristóteles, ao iniciar sua teologia, diz: ‘todos os homens, por natureza, desejam o saber, e sinal disso é o amor pelas sensações’; eu, porém, ao iniciar da filosofia de Platão, diria isso de um modo melhor: todos os homens desejam a filosofia de Platão, querendo todos dela retirar algo útil, esforçando-se para serem possuídos por seus mananciais, e detendo-se apenas quando plenos do entusiasmo platônico” - Olimpiodoro, Comentário ao Alcibíades de Platão, 1.

O que Olimpiodoro disse sobre isso e Platão eu não conhecia, mas esta passagem de Aristóteles é tão clássica para mim...He he...que eu sempre prego ou grudo, fixo e impassível no amor à sabedoria que aqui tem a versão do prazer das sensações e do desejo de conhecer e é uma combinação tão maravilhosa para mim quanto um baralho novo..em qualquer ponto que você cortar aparecem cartas novas em folha e imagens que você parece que está vendo pela primeira vez...eu não resisto a esta passagem nunca...

Mas que se diga também que Platão é tão genial que nenhuma descrição pode suplantar o seu alcance....vale para ele o que vale para Deus: o gênio tem sempre um pouco de loucura e a loucura tem sempre algo do gênio...o que para nós pode ser grande para Deus pode ser pequenino e o que nós é pequenino para Deus pode ser gigantesco...e a República parece meio imensurável mesmo.....me pego pensando muito em alternativas em argumentos e não encontro melhores nem mais elegantes...mas chega de retórica e arte....

Penso também em nós que lemos estes autores 2.400 anos após suas escrituras e que também temos forte impressão tanto pelo que eles dizem aqui e ali, quanto pelas conexões intertextuais e outras. Sou daqueles que adora ler Aristóteles e reencontrar argumentos e formas de argumentação que pulam daqui para lá. E eu fico pensando no tipo de impressão que os alexandrinos e outros tinham e na forma como liam....a retórica do texto "detendo-se apenas quando plenos" diz tudo para mim. Eu comecei minha dieta grega por Aristóteles, mas quando cheguei em Platão de forma mais madura e experiente o que é algo recente foi que vi o quanto ele é realmente grandioso. Dos tratados de Aristóteles cuja exposição astuta e elegante do conhecimento, cuja forma de exposição parece linear aos assaltos argumentativos de Platão em seus diálogos - com todos os "olha isso" e "olha aquilo" que me acometem, na leitura - pula se do cientista cauteloso e metódico para o poeta genial. Mas, o que é demais mesmo é que jamais se lê impunemente Platão... e quando digo isto não trato das idéias, mas sim da vida....

Nenhum comentário:

Postar um comentário