Atividade que me interessa na EST
hoje as 19:30 horas, no Auditório H. Porque sou professor de ciências humanas e
porque sou isto justamente aqui em São Leopoldo onde estes dois componentes
étnicos complexos e diversos foram parar, se movimentar e se encontrar na esquina da história e que estes componente não são resumíveis nem homogêneos. Pois eu li
ontem o ótimo texto do Martim Dreher no Jornal VS sobre o tema e considerei bem
importante, porque aponta para a substituição da mão de obra escrava pelos
imigrantes alemães e depois outros e é uma espécie de sinal do pouco caso da
elite em relação aos homens e mulheres que lhe davam serventias no séculos XIX
e que ainda hoje se mostra e se exibe na relação entre as classes subalternas e
a elite. Curiosamente e coincidentemente são os mesmos membros da elite que
neste momento estão votando na ALERGS mais um privilégio para os deputados
estaduais desdenhando dos cidadãos e promovendo somente seus próprios
interesses. E também para se pensar na conflitividade ou naquilo que o falecido
Marcos Justo Tramontini chamou em sua tese de doutorado de "as diversas
situações de conflito" que estou dando certa atenção. Andei pensando muito
na relação destas situações de conflito como reforço à identidade e no que de
fato um negro e um alemão possuíam como identidades que lhes permitiram
sobreviver e resistir em luta contra exploração, diversas formas de opressão e
outras coisitas mais. Mas não quero mesmo cair num heroísmo aqui. Se dos negros
subsistiu de certa forma a "ancestralidade e a religiosidade", como
se deu isto com os alemães? E na conta miúda onde encontram-se os monumentos
desta barbárie e que símbolos e sínteses foram produzidas na superação ou ao
final de cada um destes conflitos ou de cada partida deles? Quando olhei para a
Praça do Imigrante a partir desta pista da conflitividade me dei por conta que
ela apresentava uma forma de síntese monumental e integradora das diversas
identidades - alemães e portugueses, católicos e luteranos, liberais e
conservadores, positivistas e outros - e uma certa pessoa muito sabiamente me
lembrou que só os negros não estavam representados naquele monumento e fiquei
pensando muito nisto entendendo justamente que a concessão aos alemães havia
sido conquistada a ferro e fogo, mas que ainda falta muito para saldar e
descobrir este pelourinho invisível que parece estar encoberto ai. Mesmo com
todos os estudos sobre substituição da mão de obra - que são muito importantes
- parece que me aparece só a ponta deste Iceberg. Eu conheci ainda na minha
Infância o Clube 25 de Julho que ficava na esquina da Rua Brasil com a Rua São
Joaquim. Havia uma águia em sua fachada cujo molde é o mesmo daquela que está
em frente ao MUSEU Histórico. Mas esta história ainda não foi devidamente
contada. Ontem - enfim - ao comentar o texto do Martin "Imigrantes e
africanos" na sala dos professores, um colega irrompe o diálogo com a
seguinte afirmação "meu pai era escravo até os 15 anos, hoje possui 93
anos. Para sair desta situação fugiu com a esposa do...... e se alistou no
quartel mentindo a idade." eu fico estupefato e extremamente interessado em
compreender esta história que mostra uma ponta solta na nossa leitura deste
longo processo. Isto, então, é um indicio a mais que só mostra que ainda há
muitos indícios, memórias, sinais e narrativas a serem reconstruídas e de que
devemos olhar melhor para o que vou chamar aqui de uma certa escravidão
residual no século XX que deve ter sido paulatinamente dissolvida com a CLT e a
Segunda Guerra Mundial. Posso então, me perguntar por conta disto o quanto de
fato ficamos afastados desta chaga? Além disso, creio que é preciso também
lembrar - como disse o marido da Sonia Maria da Silva - que num
adiantou muito a Abolição em 1888, posto que a muitos negros calhou voltar a
senzala apenas sob outro regime de trabalho, mas ainda explorados, ainda
dependentes e ainda subordinados ou tutelados pelos interesses
ideológicos e materiais da elite escravocrata. Bem, vou parando por aqui para
num acabar dando bom dia para cavalo como disse Ronaldo Nado Teixeira em uma citação sua estes dias.
P.S.: Encontrei lá meus amigos e companheiros de longa jornada o Professor João Carlos Alves Rodrigues, o Professor Roberto Swetsch, o sindicalista dos comerciários e meu parente Silvio Braga Boeira, o Júlio Dorneles, o reitor e amigo Oneide Bobsin e conversei animadamente com o Martim Dreher lembrando as boas passagens nossas do período da SMC 2011 a 2012 em que ele me auxiliou muito na pesquisa para o Memorial da praça do Imigrante. Também encontrei o ex-Pibidiano Joel Decothé agora Pastor Luterano e mestrando. O painel foi antecedido de alguns congados e uma bela apresentação de um grande conjunto de alunos e do grupo diversidade. E as questões apresentadas pela platéia e as observações do Martim dão já muitas ideias para se desenvolver. Ando pensando muito em duas coisas tanto em relação aos negros e aos alemães: a aculturação e a formação da identidade dos negros na região de colonização alemã e a escravidão residual aqui na região. Além disso creio que o tema geral de exploração de mão de obra, substituição de mão de obra, formação assalariada e também o regime de trocas na região e de acumulação de capital deveria ser visto com mais atenção. Muita gente fala em que nesta região ocorreu forte produção e distribuição de bens de consumo e acumulação de riqueza, mas vejo poucos dados sobre como isto se deu de fato. Martim reforçou e bem no seu fio condutor as referencia aos estudos atuais que se iniciam com Helga Iracema Landgraf Piccolo, com o tratamento e revelação de que os alemães possuíram escravos e como era a relação deles com os locais, mostrando que não há como se sustentar mais a ideia de que os alemães ficaram isolados culturalmente. Para provar isto cita uma carta de uma alemã que dois após a chegada já está manifestando seu interesse em acumular capital para comprar escravos.
P.S.: Encontrei lá meus amigos e companheiros de longa jornada o Professor João Carlos Alves Rodrigues, o Professor Roberto Swetsch, o sindicalista dos comerciários e meu parente Silvio Braga Boeira, o Júlio Dorneles, o reitor e amigo Oneide Bobsin e conversei animadamente com o Martim Dreher lembrando as boas passagens nossas do período da SMC 2011 a 2012 em que ele me auxiliou muito na pesquisa para o Memorial da praça do Imigrante. Também encontrei o ex-Pibidiano Joel Decothé agora Pastor Luterano e mestrando. O painel foi antecedido de alguns congados e uma bela apresentação de um grande conjunto de alunos e do grupo diversidade. E as questões apresentadas pela platéia e as observações do Martim dão já muitas ideias para se desenvolver. Ando pensando muito em duas coisas tanto em relação aos negros e aos alemães: a aculturação e a formação da identidade dos negros na região de colonização alemã e a escravidão residual aqui na região. Além disso creio que o tema geral de exploração de mão de obra, substituição de mão de obra, formação assalariada e também o regime de trocas na região e de acumulação de capital deveria ser visto com mais atenção. Muita gente fala em que nesta região ocorreu forte produção e distribuição de bens de consumo e acumulação de riqueza, mas vejo poucos dados sobre como isto se deu de fato. Martim reforçou e bem no seu fio condutor as referencia aos estudos atuais que se iniciam com Helga Iracema Landgraf Piccolo, com o tratamento e revelação de que os alemães possuíram escravos e como era a relação deles com os locais, mostrando que não há como se sustentar mais a ideia de que os alemães ficaram isolados culturalmente. Para provar isto cita uma carta de uma alemã que dois após a chegada já está manifestando seu interesse em acumular capital para comprar escravos.
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