Algumas pessoas que admiram
Nietzsche - e Nietzsche é uma das maiores modas filosóficas de todos os tempos
- gostam de atentar e se apaixonam pelo personagem "delirante"
presente nele e em suas ideias e gostam também de fazer de conta que o lúcido e
o hiper-crítico nele é somente uma exceção, uma certa excepcionalidade. Creio
que não percebem que são somente duas facetas do delírio: tanto a extrema
lucidez e sua crença em si mesma, quanto a extrema loucura ou delírio e seu
dionisíaco impulso.
E Isto é o que explica parte da “dialética” entre dionisíaco
e apolíneo. Nietzsche jamais foi um
detrator da lógica ou da ciência, ele é um demolidor de ídolos e, neste
sentido, se a lógica e a ciência, ou a fé e a moral, ou toda a metafísica ocidental
tiverem – de alguma forma - passado a erigir ídolos, então a lucidez dele e a
nossa vigilância vai apontar justamente para este delírio. E a nossa própria
tenacidade não poderá se sentir confortável enquanto ainda há muito por
fazer....por um demasiado humano....
e esta é só minha pequena nota para a ótima dica abaixo
do Jônadas Techio que cita comentário de Rogério Lopes hoje no Facebook à seguinte
passagem:
“A ciência exercita a capacidade,
não o saber. – O valor de praticar com rigor, por algum tempo, uma ciência
rigorosa não está propriamente em seus resultados: pois eles sempre serão uma
gota ínfima, ante o mar das coisas dignas de saber. Mas isso produz um aumento
de energia, de capacidade dedutiva, de tenacidade; aprende-se a alcançar um fim
de modo pertinente. Neste sentido é valioso, em vista de tudo o que se fará
depois, ter sido homem de ciência.” (NIETZSCHE, Humano, demasiado Humano, I,
1878: 256)
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