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quinta-feira, 29 de maio de 2014

LÍNGUA E REALIDADE – WILÉM FLUSSER

"(...) podemos distinguir, grosso modo, três tipos de objeções: as que negam a capacidade do espírito de penetrar as aparências (o ceticismo), as que negam a "realidade" (o niilismo), e as que afirmam a impossibilidade de articular e comunicar a penetração (o misticismo). (..) Embora vindo de direções diferentes, cada um desses tipos de objeção faz periclitar o edifício da civilização e ameaça o mergulho no caos. O caos, sendo insuportável, as objeções são praticamente inaceitáveis. O ceticismo epistemológico, o niilismo ontológico e o misticismo religioso são ensinamentos impraticáveis. São refutados, praticamente, pela continuação da vida, isto é, pela vivência que temos do conhecimento, da realidade e da revelação comunicável da verdade. São posições que podem ser assumidas, precariamente, por instantes fugazes, por espíritos isolados. Entretanto, essa refutação não diminui a vitalidade teórica das objeções levantadas. A mera possibilidade dessas objeções mergulha todo o esforço do espírito, portanto toda a civilização, num clima de pragmatismo superficial, num clima de frustração e inautenticidade."


(Vilém Flusser, Língua e Realidade).

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