Alguém disse que a direita não
produz mais quadros e que só tem seus agitadores e que de um ponto de vista
intelectual vive em miséria e com duras penas assiste algum ex-ideólogo seu
desancando o pau em si mesma.
Os exemplos da semana são: as críticas
de Cesar Maia (do DEM) ao Aécio, ao Campos e ao mau uso político das redes
sociais; e esta entrevista do Claudio Lembo ao Luis Nassif em que ele também
trata das misérias da elite.
Pensei na mesma coisa estes dias
e entendi rapidamente que este é o lastro, às avessas, da esquerda no Brasil
que continua formando quadros nos movimentos sociais, quadros que aprenderam na
luta a ter posição política e a construir voluntariamente suas organizações,
sem liberações, encargos burocráticos e mesmo com atuação política cotidiana para
além da disputa eleitoral bianual, quadros estes que ingressam em universidades
e produzem e seguem na sociedade pensando as questões do Brasil...e que por um aparente
acaso produzem ainda discussões programáticas, análises de conjuntura e fazem
as avaliações e constroem os encaminhamentos em suas organizações. E isso
significa apenas que enquanto o PT continuar tendo seus quadros se qualificando
e realizando trabalhos nos velhos moldes da esquerda e com intensa atuação
social e no voluntariado e, também, enquanto estes mesmos quadros continuarem especializados
e se especializando em questões técnicas, o PT vai continuar governando, dominando
e criando programas, e implementando os seus projetos que vão para muito além
da mera ocupação de espaços como os partidos tradicionais. Assim, o PT ganha
aqui e ali...perde aqui e ali, mas continua...
Creio também que é preciso
distinguir sempre e cada vez mais o poder e seus lugares...o PT governa parte
do sistema e vai continuar fazendo isso...e isso pode mudar nos próximos dez
anos "se" aqueles jovens incluídos hoje por determinados programas em
determinadas formações típicas da elite tradicional brasileira como direito,
engenharias e medicinas da vida, realizarem opções à esquerda...e esta me
parece a disputa central hoje: para onde vão os jovens? Quando você faz, ainda assim, um levantamento
nos jovens que hoje realizam as licenciaturas ou que seguem carreiras mais
ligadas nas áreas e disciplinas de humanas encontra dois vieses predominantes:
um anarquismo que irá se dissolver ali na curva da história e um pensamento de
esquerda calcado em militância social...e este pensamento de esquerda não é estável
e nem é rígido, pois os jovens sofrem certa evolução ideológica e também pragmática
ao longo da primeira militância e ao chegarem a faixa dos 30 anos já passam e
ultrapassam o aparente ceticismo e niilismo original. O Sr. Claudio Lembo fala das
duas misérias a intelectual e a socialç da elite e é uma sacada de homem
inteligente que ele faz ali, mas ele também sabe que esta elite está sendo
dissolvida e não produz mais quadros do seu quilate, faz muito tempo...
Usei o PT acima não para traçar
um auto-elogio mas para exemplificar porque também há que se pensar que numa
sociedade democrática o governo não é somente o executivo...existem mais
espaços de atuação...e hoje o poder se constrói na sociedade organizada...Sempre
vejo que se deve atentar para as entidades coletivas, entidades auto-gestionárias
e não vejo mais possibilidade de se retroceder nisto porque as pessoas aprendem
a ser responsáveis pelas coisas e a decidir suas prioridades e em suas gestões.
E também é bom se atentar mais para aqueles espaços em que há mais participação
autônoma do povo...Houve um tempo em que se pensava muito em conselhos, mas
hoje esta já é uma realidade cuja dinâmica de participação social tende a se
incrementar apesar dos problemas de adesão e dedicação para aqueles que não
atuam somente à soldo.
Mas, enfim, não queria dizer mais
nada....posto que dei uma direção de pista sobre a hegemonia programática da
esquerda...que depende de agitação e propaganda, mas principalmente de certa
forma de atuação que lhe é típica e que apesar dos estranhamentos, não se
resolve com contratação de pessoas à soldo ou com atuação mercenária interessada.
Alguns pensam que este tempo romântico da militância voluntaria acabou, mas mal
sabem eles que de fato recém começou em uma sociedade mais democrática e com
cada vez mais espaços de atuação e de formação.
PARA VERA ENTREVISTA DE CLAUDIO LEMBO: jornalggn - ex-lider-da-arena-fala-dos-bastidores-do-periodo-militar#.UzTglnc5KK0.facebook
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