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segunda-feira, 3 de março de 2014

TODOS CONTRA O PT? - OS PARTIDOS QUE EXISTEM, A FALTA DE UNIDADE DAS ESQUERDAS E UM NOVO PARTIDO

Um amigo meu bem mais pessimista disse que, bem na real, no afinal de contas mesmo, contra o PT hoje os demais partidos ESTÃO TODOS JUNTOS!!!!

Eu nuca fui pessimista. Mesmo muito jovem nos idos dos 70 tinha certeza que íamos superar a ditadura militar, consolidar a democracia e promover uma grande mudança na sociedade brasileira. Depois nos anos 80, ajudei a fundar um partido e sempre tive também a convicção de que um dia este partido governaria minha cidade natal, o estado onde vivo e o nosso pais. Bem, já governamos São Leopoldo de 2005 a 2012 e vou usar a ironia cínica aqui da oposição e dos conservadores: viva o desenvolvimento que els alegam que endividou a cidade para não fazer nada. E também, já governou meu estado duas vezes e os resultados na minha avaliação são ótimos, entretanto, na primeira ocasião praticamente se autodestruiu por disputas internas e rachas na base aliada, além  do fogo de barragem do PRBS e, nesta última vez que é hoje, com Tarso Genro sofre de quase as mesmas oposições e com algumas outras condições que são novas, nota básica para o tema do Piso Salarial dos Professores e o desgaste disto e com o ínterim de que agora enfrenta uma grande reação conservadora que se apõe, também, ao governo federal. E, enfim, após duas gestões de Lula, Dilma se encaminha para a reeleição não sem que haja nenhuma reação conservadora. Ao contrário, absolutamente todos os emuladores possíveis estão ativos contra ela com o propósito de colocar simplesmente qualquer coisa no governo contra o PT. Como, aliás, fizeram em São Leopoldo, no que me recuso simplesmente em comentar porque é trágico, para não dizer cômica e ridícula a situação administrativa em que a cidade se encontra hoje, com retrocessos e atrasos em todas as questões.   

Na minha formação política fui estimulado a estudar e a avançar nos estudos para me preparar para o futuro e ter de fato alguma função ou utilidade objetiva e real para estas mudanças com as quais tanto sonhávamos. Comigo aconteceram muitas coisas nestes 34 anos e como outros companheiros e camaradas tudo começou mesmo quando me aborreci muito com a embromação que sofremos na luta das diretas, com os altos índices de desemprego dos anos 80 e a grande inflação que corroia nossos salários quando o tínhamos. Mesmo assim continuamos lutando primeiro pela Constituinte de 1986, segundo através de greves e muita militância espontânea e cotidiana, gratuita e voluntária em todos os lugares e espaços por onde passávamos. Se os jovens de hoje julgam que estão vivendo intensamente eles não tem a menor idéia da quantidade de reuniões semanais, cursos de formação e atividades de agitação, panfleteação e, também, quantos discursos fazíamos por semana. Cara, tudo era comício, meu amigo e amiga. E algumas pessoas que estão me lendo agora devem lembrar da discussões acaloradas e dos diálogos com ênfases em palavras de ordem que fazíamos nas paradas de ônibus, nos ônibus, nas estações de trem, no trem, em bares, corredores, filas de cinema, e até mesmo em um prosaico passeio de compras ao supermercado. Mesmo um resmungo ou um reclame possuía conteúdo político, crítico e ideológico.

Devo dizer, porém que existem duas formas de pessimismo o conjuntural ou tópico e o permanente, generalizado ou de longo prazo. E, no que toca a atividade política o último deveria ser proibitivo. Quer dizer, quem sofre da última modalidade deveria se afastar ou ser afastado ao máximo de atividades políticas, seja porque pode promover estragos seja porque pode nunca reconhecer qualquer avanço e, portanto, acaba por negar e diminuir os ganhos desta atividade árdua. Somente em uma hipótese compreendo a presença do pessimista genérico e permanente na política como conselheiro prudencial dos limites da ação e como sinalizador de quando de fato o piro dos mundos possíveis é real. Afora isso, como já dizia a Xuxa, senta lá então Claudia e não atrapalha...             

Mas ao dizer que TODOS OS PARTIDOS ESTÃO JUNTOS CONTRA O PT é uma expressão de generalidade absurda e excessiva não podemos desconhecer a sua face verdadeira. Devemos compreender, na prática de cada partido que por definição segue  a concepção mais pragmática de partido e é esta mesma: cada um por si e só se anda junto com o outro se houver vantagem nisso. E isto não é uma invençõa do PT, mas sim da lógica partidária vigente hoje no pais por conta das práticas e do sistema político existente. O que ocorre no Brasil também é que alguns partidos cresceram, outros vão minguando, alguns são novos, outros estão se criando e alguns ainda se mantém como uma espécie de centro de equilíbrio da democracia brasileira como o PMDB, que mantendo suas votações e suas bases nos últimos 30 anos ou 45 anos se mantém no centro (o MDB não morreu). O PMDB funciona como uma espécie de berçário político também, como uma espécie de grande frente ampla, estação de passagem e meio que porta de entrada e origem de todos que não querem grandes compromissos ideológicos, nem à direita e nem à esquerda e se lançam politicamente para eventualmente migrarem ou fundarem outros partidos.     

A gente fica pensando nisso e olha para o arco de alianças e para os atos, movimentos  e gestos cotidianos, no congresso, nos ministérios, nos estados e municípios e tende a dar razão para o pessimismo do meu amigo. E tende a dar razão não para um pessimismo tópico, mas sim genérico.  E a conseqüência disto é que as alianças tem limites  e que elas namoram ou beiram de forma permanente com a possibilidade de mortalidade de um de outro. Entretanto, deveria haver um outro indicador para se avaliar as alianças que ultrapasse o mero pragmatismo ou a imposição do sistema político e fosse capaz de justificar por programas e projetos, produtos e fatos.

Assim, não são somente as alianças do PT, que sofrem uma espécie de condição relativa  e instável, mas todas as alianças sofrem disto. Quando somos, por exemplo, acusados de ter feito aliança aqui e ali pela governabilidade, parece que todo mundo esquece que temos um regime presidencialista, mas 75%, 70%, 65%, 60%, 55%, 51% não dá o mesmo percentual de deputados ou senadores e que todos os governos no Brasil, mantida a atual legislação tendem a ser de coalizão e a compor por necessidade e principio de realidade com os demais partidos para poder aprovar leis e dar conta de suas tarefas programáticas. Não se governa sozinho e isso é inclusive uma certa garantia de que a democracia não é somente um momento ou episódio, mas um exercício cotidiano de renovação de compromissos muita negociação e construção de acordos para este ou aquele tema. Quando penso nisto chego a me impressionar quando os governantes do PT são acusados de ter aliança com este ou aquele, porque o que determina isso não é a disposição do PT, mas exclusivamente o voto do eleitorado que impõe ao PT o reconhecimento e a negociação com aqueles que são eleitos. E não irá surgir este mundo ideal que alguns imaginam de Eleger ou Governar com chapa pura, e cumprir somente o programa do PT.

Exceptuando-se, dentre todos os aliados, o PCdoB com grandes afinidades programáticas e políticas e um ou outro aqui e ali, todos os demais partidos aliados são conjunturais e para um período e com todos ocorrem crises  de composição de governo, apertos e pressões por mais cargos e um jogo que nos bastidores é conhecido como morde e assopra, ou seja, fere (morde, ataca, denuncia, etc) o governo, mas logo faz um discurso (assopra para curar a ferida) para recompor após o ponto concedido. E eu sei que Dilma é provavelmente a mais dura governante do PT neste sentido, o que explica parte da revolta ou do muchocho corrente na base aliada. A gente até se acostumou a lidar com isto, porque faz parte do jogo democrático ainda que alguns possam chamar de chantagem, traição ou como o Brizola chamava costear o alambrado e  ameaçar cair fora.  E eu fiquei pensand o nisso um pouco mais. Que é um objetivo bem nobre o deles é claro...tirar o PT do poder, e  depois AZAR...bem, o azar a gente vai descobrir bem rapidinho de quem.....

Em vários estados e cidades a gente já viu isso acontecer várias vezes já e depois ficam mangando 12 anos até ter de novo políticas públicas voltadas para minorias e segmentos sociais. E em alguns lugares nem em 12 anos as coisas mudam ou voltam a melhorar novamente. É uma livre opção do eleitorado, das lideranças de movimentos, dos quadros políticos e dos partidos, é claro, apoiar ou deixar de apoiar governos e candidaturas. Mas tem um mecanismo comum ai. Primeiro eles apoiam quem fez as manobras contra e ao fim e ao cabo acabam fora também, sem receber atenção, sem receber atendimento de demandas e sem ter espaços para atuar. Isso quando não há uma regressão ou decadência completa nas políticas públicas com o respectivo acirramento político e regressão a violência na ação política haja vista a extinção de canais de comunicação, debate e mesmo conflito nas gestões de centro, de direita e mesmo nas pseudo-esquerdas..é uma espécie de disposição  inconseqüente  deles. E  daqui a 12 anos a vida vai estar bem diferente para eles e para quem estiver vivo, é claro...Mas daí já eras...Tenho visto estes ciclos de 12 anos se repetirem desde a redemocratização em poucos lugares. No RS, em São Paulo capital, e me chama atenção que estes são lugares simbólicos para certa tradição petista. Já em Porto Alegre vejo a coisa de mal a pior.

Eu fico pensando – ainda que resista a pensar assim – que não tenho mais nenhuma esperança, porque quando há certa regressão como vemos, a recuperação fica impedida também por adaptação ou readaptação às velhas práticas e formas de fazer política que é o que eu vejo em Porto Alegre, por exemplo. Assim, alguns fazem esta política contra o PT, como uma política artificial até, com certa indiferença e deboche até, como se estivessem num vídeo game, mas sempre lembro que trata-se da vida real...

Mas não considero que tudo está perdido definitivamente, apesar desta grande reação conservadora no Brasil e dos equívocos dos demais partidos de esquerda. Não excluo com isso os equívocos do PT aqui ou ali também. O PT já se sabe como falível.

Dilma conseguiu, na visão de alguns cometer erros, e de fato teve sérias dificuldades porque a eleição de 2010 não deu a ela as tão alegadas bases melhores, ela não é tão pragmática e tão hábil quanto o Lula com certeza...mas também foi capaz de coisas que o Lula não foi...porém boa parte destas coisas ficam restritas aos ambientes internos ao governo.

Creio que na área cultural poderia ter avançado mais não fosse a desastrada e polêmica gestão de Ana de Hollanda, a qual infelizmente não chega perto à sombra do pai ou ao gênio do mano. E Marta nesta até fica gerenciando. Diversas políticas setoriais ficaram travadas na minha opinião.  

Entretanto, eu considero que ela se reelege por conta da estabilidade econômica, da demissão muito sumária dos ministros suspeitos na primeira metade do governo, o que deixou ela imunizada à corrupção e, também, da reação clara e nítida às manifestações. Tem para decidir os detalhes ainda a Copa do Mundo, as disputas regionais com seus palanques e, também, o tema das relações externas Cuba, Venezuela e Estados Unidos, seja pelo mais médicos que precisa ganhar a nitidez contratual, o golpismo na Venezuela que precisa ser repudiado e qualquer sinal de firmeza em relação aos EUA que pode sinalizar ao povo trabalhador e à classe média a Soberania Nacional. E ainda soma-se a isso o que todos analistas já estão a indicar que Dilma se reelege porque não há nenhuma opção clara e estável na oposição. E quanto mais manobras os adversários de Dilma produzem pior tem ficado a situação deles. Um exemplo disto é a união Marina e Campos que gerou mais suspeita do que confiança em afinidades e em alguma forma de projeto consistente. 

Não sou, portanto, pessimista e muito me estranha este impulso pedagógico e punitivo de alguns adversários e aliados sobre o PT. Não creio mesmo que o PT e a Dilma ou o Lula ou qualquer um de nós é perfeito, nem que tudo dá certo e que nada é mais importante do que o poder, mas também não sou nem ex-petista raivoso ou rançoso e nem esquerdista com complexo de inferioridade, tão pouco brasileiro com complexo de vira-lata, ou pertenço a elite decadente deste país que assiste ao que acontece com revolta irrefletida.

Então eu as vezes olho muito mais mesmo para as questões gerais do que para as causas e pautas específicas e jamais eu privilegiaria a minha causa em relação ao todo. Assom creio que construir unidade e fazer o debate duro é melhor. O PT não voltará a ser mais o que já foi um dia e tem na minha opinião um prazo de validade de uns 12 anos mesmo, mas até lá vai continuar sendo a ponta eleitoral de toda a esquerda brasileira, até que se crie algo melhor.

E digo com muita sinceridade - até porque não conheço mesmo todos que me lêem - e a minha declaração aqui tem custo zero, mas pode ter um bom efeito reflexivo, ainda que não concorde comigo, não vejo sequer a semente de uma Nova Esquerda para o Brasil, nem no PSOL, nem no PSTU, nem no PCO, muito menos na REDE, no PSB e no PV.

Na exata medida que a maior parte deles fazem, contraposição ao PT e não constroem suas plataformas negando ao PP, ao PMDB, ao DEM, ao PSDB, ao PPS e a tudo que a gente tem tido de força ainda para enfrentar neste país, o que significa não somente o debate eleitoral neste país.

Ao contrário, todos eles fazem alianças táticas contra o PT, mas é preciso dizer que isso segue em sacrifício da estratégia de existência deles mesmos e que aqueles que sequer fazem alianças ficam exatamente como estão.

Pragmatismo é pragmatismo e penso também que é verdade mesmo que um programa e um projeto novo precisa ser construído. Penso  que este projeto precisa ultrapassar e abandonar estas mazelas da conjuntura eleitoral, mas penso que nem a REDE e nem o PSOL que poderiam fazer isso, fazem...a maior prova disto é que nenhum deles assina em baixo de uma consigna como a REFORMA POLÍTICA, que eles não se posicionam mesmo de modo a serem portadores do novo, sem as peias pragmáticas do passado e  sem os quadros pragmáticos do passado.

Se você analisar bem só há burocracias e velhos conhecidos bem carreiristas e são os mesmos que abandonaram o navio no meio das lutas mais difíceis pela mudança.

Não tenho absolutamente nada, por exemplo, contra a causa LGBT e sei inclusive o quanto fizemos para que ela tivesse visibilidade e o quanto disputamos isso, mas ela também é, foi e continuará sendo fortalecida também por causas indiretas...e você com certeza sabe que a geração de empregos e a redução da pobreza ajuda nisto....Te digo de coração que sou daqueles que jamais vou deixar de defender esta causa por pragmatismo ou conveniência alguma. Então eu peço apenas que você ou alguém explicite as condições que determinaram aquela lista de apoios lá acima, porque entre contas a pagar e as cobranças acima creio que seria bom saber quais são as prioridades que determinaram afinal aquilo lá. Só isso. LGBT é uma entre outras causas amigo e eu jamais sacrificaria as demais para satisfazer uma contra as outras e sei que os direitos humanos podem ser ameaçados ainda mesmo que se atenda todas as condições e propostas LGBT...eu lido com questões de classe por formação e muito me preocupa quando se sacrificam estas questões e nome do conforto de um ou outro segmento...só isso...

E não venha me refutar com violência porque eu conheço a condição feminina e a condição dos negros e dos pobres também. Sou professor e luto por isto o tempo todo.

A vida é dura..aqueles que nos acusam de trairmos os ideias são os primeiros a nos traírem logo após nós assumirmos estes mesmos ideais claramente e arriscadamente...ai se abraçam..com os demais....o PSB, por exemplo, de forma muito bonitinha está se associando aqui no sul, com aval da Marina ao PP de deputado Heinze e da senadora que foi contra a cartilha na educação que aborda a questão LGBT..tá legal...bem bom né...coerência esta..mas acusar a gente de ser contra a democracia, direitos humanos e estado laico é simplesmente desconhecer todas as dificuldades que enfrentamos e vamos continuar enfrentando com ou sem a ajuda de vcs...só para variar..e falar sobre o EMPONDERAMENTO DO POVO então daí é dose...

Porque nenhum outro partido na América Latina emponderou tanto o povo como o nosso econômica e politicamente....agora eu não posso ser responsabilizado com o PT porque o povo resolve votar em quem vota...esta disputa não é só minha ou do PT.. e com certeza ela fica cada vez mais dificil e cada vez o cenário fica mais duro por falta de unidade mínima das esquerdas ou daqueles que se consideram de esquerda...mas enfim...vou indo porque quando se começa a debochar e a tripudiar o debate perde sentido e propósito....para questões que são mais sérias e que estão acima de uma bandeira...





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