Um amigo meu bem mais pessimista
disse que, bem na real, no afinal de contas mesmo, contra o PT hoje os demais
partidos ESTÃO TODOS JUNTOS!!!!
Eu nuca fui pessimista. Mesmo
muito jovem nos idos dos 70 tinha certeza que íamos superar a ditadura militar,
consolidar a democracia e promover uma grande mudança na sociedade brasileira.
Depois nos anos 80, ajudei a fundar um partido e sempre tive também a convicção
de que um dia este partido governaria minha cidade natal, o estado onde vivo e
o nosso pais. Bem, já governamos São Leopoldo de 2005 a 2012 e vou usar a
ironia cínica aqui da oposição e dos conservadores: viva o desenvolvimento que
els alegam que endividou a cidade para não fazer nada. E também, já governou
meu estado duas vezes e os resultados na minha avaliação são ótimos,
entretanto, na primeira ocasião praticamente se autodestruiu por disputas
internas e rachas na base aliada, além
do fogo de barragem do PRBS e, nesta última vez que é hoje, com Tarso
Genro sofre de quase as mesmas oposições e com algumas outras condições que são
novas, nota básica para o tema do Piso Salarial dos Professores e o desgaste
disto e com o ínterim de que agora enfrenta uma grande reação conservadora que
se apõe, também, ao governo federal. E, enfim, após duas gestões de Lula, Dilma
se encaminha para a reeleição não sem que haja nenhuma reação conservadora. Ao
contrário, absolutamente todos os emuladores possíveis estão ativos contra ela
com o propósito de colocar simplesmente qualquer coisa no governo contra o PT.
Como, aliás, fizeram em São Leopoldo, no que me recuso simplesmente em comentar
porque é trágico, para não dizer cômica e ridícula a situação administrativa em
que a cidade se encontra hoje, com retrocessos e atrasos em todas as
questões.
Na minha formação política fui
estimulado a estudar e a avançar nos estudos para me preparar para o futuro e
ter de fato alguma função ou utilidade objetiva e real para estas mudanças com
as quais tanto sonhávamos. Comigo aconteceram muitas coisas nestes 34 anos e
como outros companheiros e camaradas tudo começou mesmo quando me aborreci
muito com a embromação que sofremos na luta das diretas, com os altos índices de
desemprego dos anos 80 e a grande inflação que corroia nossos salários quando o
tínhamos. Mesmo assim continuamos lutando primeiro pela Constituinte de 1986,
segundo através de greves e muita militância espontânea e cotidiana, gratuita e
voluntária em todos os lugares e espaços por onde passávamos. Se os jovens de
hoje julgam que estão vivendo intensamente eles não tem a menor idéia da
quantidade de reuniões semanais, cursos de formação e atividades de agitação,
panfleteação e, também, quantos discursos fazíamos por semana. Cara, tudo era
comício, meu amigo e amiga. E algumas pessoas que estão me lendo agora devem
lembrar da discussões acaloradas e dos diálogos com ênfases em palavras de
ordem que fazíamos nas paradas de ônibus, nos ônibus, nas estações de trem, no
trem, em bares, corredores, filas de cinema, e até mesmo em um prosaico passeio
de compras ao supermercado. Mesmo um resmungo ou um reclame possuía conteúdo
político, crítico e ideológico.
Devo dizer, porém que existem
duas formas de pessimismo o conjuntural ou tópico e o permanente, generalizado
ou de longo prazo. E, no que toca a atividade política o último deveria ser
proibitivo. Quer dizer, quem sofre da última modalidade deveria se afastar ou
ser afastado ao máximo de atividades políticas, seja porque pode promover
estragos seja porque pode nunca reconhecer qualquer avanço e, portanto, acaba
por negar e diminuir os ganhos desta atividade árdua. Somente em uma hipótese
compreendo a presença do pessimista genérico e permanente na política como conselheiro
prudencial dos limites da ação e como sinalizador de quando de fato o piro dos
mundos possíveis é real. Afora isso, como já dizia a Xuxa, senta lá então Claudia
e não atrapalha...
Mas ao dizer que TODOS OS
PARTIDOS ESTÃO JUNTOS CONTRA O PT é uma expressão de generalidade absurda e
excessiva não podemos desconhecer a sua face verdadeira. Devemos compreender,
na prática de cada partido que por definição segue a concepção mais pragmática de partido e é
esta mesma: cada um por si e só se anda junto com o outro se houver vantagem nisso.
E isto não é uma invençõa do PT, mas sim da lógica partidária vigente hoje no
pais por conta das práticas e do sistema político existente. O que ocorre no
Brasil também é que alguns partidos cresceram, outros vão minguando, alguns são
novos, outros estão se criando e alguns ainda se mantém como uma espécie de
centro de equilíbrio da democracia brasileira como o PMDB, que mantendo suas
votações e suas bases nos últimos 30 anos ou 45 anos se mantém no centro (o MDB
não morreu). O PMDB funciona como uma espécie de berçário político também, como
uma espécie de grande frente ampla, estação de passagem e meio que porta de
entrada e origem de todos que não querem grandes compromissos ideológicos, nem
à direita e nem à esquerda e se lançam politicamente para eventualmente
migrarem ou fundarem outros partidos.
A gente fica pensando nisso e
olha para o arco de alianças e para os atos, movimentos e gestos cotidianos, no congresso, nos
ministérios, nos estados e municípios e tende a dar razão para o pessimismo do
meu amigo. E tende a dar razão não para um pessimismo tópico, mas sim genérico.
E a conseqüência disto é que as alianças
tem limites e que elas namoram ou beiram
de forma permanente com a possibilidade de mortalidade de um de outro.
Entretanto, deveria haver um outro indicador para se avaliar as alianças que
ultrapasse o mero pragmatismo ou a imposição do sistema político e fosse capaz
de justificar por programas e projetos, produtos e fatos.
Assim, não são somente as
alianças do PT, que sofrem uma espécie de condição relativa e instável, mas todas as alianças sofrem
disto. Quando somos, por exemplo, acusados de ter feito aliança aqui e ali pela
governabilidade, parece que todo mundo esquece que temos um regime
presidencialista, mas 75%, 70%, 65%, 60%, 55%, 51% não dá o mesmo percentual de
deputados ou senadores e que todos os governos no Brasil, mantida a atual
legislação tendem a ser de coalizão e a compor por necessidade e principio de
realidade com os demais partidos para poder aprovar leis e dar conta de suas
tarefas programáticas. Não se governa sozinho e isso é inclusive uma certa
garantia de que a democracia não é somente um momento ou episódio, mas um
exercício cotidiano de renovação de compromissos muita negociação e construção
de acordos para este ou aquele tema. Quando penso nisto chego a me impressionar
quando os governantes do PT são acusados de ter aliança com este ou aquele,
porque o que determina isso não é a disposição do PT, mas exclusivamente o voto
do eleitorado que impõe ao PT o reconhecimento e a negociação com aqueles que
são eleitos. E não irá surgir este mundo ideal que alguns imaginam de Eleger ou
Governar com chapa pura, e cumprir somente o programa do PT.
Exceptuando-se, dentre todos os
aliados, o PCdoB com grandes afinidades programáticas e políticas e um ou outro
aqui e ali, todos os demais partidos aliados são conjunturais e para um período
e com todos ocorrem crises de composição
de governo, apertos e pressões por mais cargos e um jogo que nos bastidores é
conhecido como morde e assopra, ou seja, fere (morde, ataca, denuncia, etc) o
governo, mas logo faz um discurso (assopra para curar a ferida) para recompor
após o ponto concedido. E eu sei que Dilma é provavelmente a mais dura governante
do PT neste sentido, o que explica parte da revolta ou do muchocho corrente na
base aliada. A gente até se acostumou a lidar com isto, porque faz parte do
jogo democrático ainda que alguns possam chamar de chantagem, traição ou como o
Brizola chamava costear o alambrado e
ameaçar cair fora. E eu fiquei
pensand o nisso um pouco mais. Que é um objetivo bem nobre o deles é
claro...tirar o PT do poder, e depois
AZAR...bem, o azar a gente vai descobrir bem rapidinho de quem.....
Em vários estados e cidades a
gente já viu isso acontecer várias vezes já e depois ficam mangando 12 anos até
ter de novo políticas públicas voltadas para minorias e segmentos sociais. E em
alguns lugares nem em 12 anos as coisas mudam ou voltam a melhorar novamente. É
uma livre opção do eleitorado, das lideranças de movimentos, dos quadros
políticos e dos partidos, é claro, apoiar ou deixar de apoiar governos e
candidaturas. Mas tem um mecanismo comum ai. Primeiro eles apoiam quem fez as
manobras contra e ao fim e ao cabo acabam fora também, sem receber atenção, sem
receber atendimento de demandas e sem ter espaços para atuar. Isso quando não
há uma regressão ou decadência completa nas políticas públicas com o respectivo
acirramento político e regressão a violência na ação política haja vista a
extinção de canais de comunicação, debate e mesmo conflito nas gestões de
centro, de direita e mesmo nas pseudo-esquerdas..é uma espécie de disposição inconseqüente deles. E daqui a 12 anos a vida vai estar bem diferente
para eles e para quem estiver vivo, é claro...Mas daí já eras...Tenho visto
estes ciclos de 12 anos se repetirem desde a redemocratização em poucos
lugares. No RS, em São Paulo
capital, e me chama atenção que estes são lugares simbólicos para certa
tradição petista. Já em
Porto Alegre vejo a coisa de mal a pior.
Eu fico pensando – ainda que
resista a pensar assim – que não tenho mais nenhuma esperança, porque quando há
certa regressão como vemos, a recuperação fica impedida também por adaptação ou
readaptação às velhas práticas e formas de fazer política que é o que eu vejo em Porto Alegre , por
exemplo. Assim, alguns fazem esta política contra o PT, como uma política artificial
até, com certa indiferença e deboche até, como se estivessem num vídeo game,
mas sempre lembro que trata-se da vida real...
Mas não considero que tudo está
perdido definitivamente, apesar desta grande reação conservadora no Brasil e
dos equívocos dos demais partidos de esquerda. Não excluo com isso os equívocos
do PT aqui ou ali também. O PT já se sabe como falível.
Dilma conseguiu, na visão de
alguns cometer erros, e de fato teve sérias dificuldades porque a eleição de
2010 não deu a ela as tão alegadas bases melhores, ela não é tão pragmática e
tão hábil quanto o Lula com certeza...mas também foi capaz de coisas que o Lula
não foi...porém boa parte destas coisas ficam restritas aos ambientes internos
ao governo.
Creio que na área cultural
poderia ter avançado mais não fosse a desastrada e polêmica gestão de Ana de
Hollanda, a qual infelizmente não chega perto à sombra do pai ou ao gênio do
mano. E Marta nesta até fica gerenciando. Diversas políticas setoriais ficaram
travadas na minha opinião.
Entretanto, eu considero que ela
se reelege por conta da estabilidade econômica, da demissão muito sumária dos
ministros suspeitos na primeira metade do governo, o que deixou ela imunizada à
corrupção e, também, da reação clara e nítida às manifestações. Tem para
decidir os detalhes ainda a Copa do Mundo, as disputas regionais com seus
palanques e, também, o tema das relações externas Cuba, Venezuela e Estados
Unidos, seja pelo mais médicos que precisa ganhar a nitidez contratual, o
golpismo na Venezuela que precisa ser repudiado e qualquer sinal de firmeza em
relação aos EUA que pode sinalizar ao povo trabalhador e à classe média a
Soberania Nacional. E ainda soma-se a isso o que todos analistas já estão a
indicar que Dilma se reelege porque não há nenhuma opção clara e estável na
oposição. E quanto mais manobras os adversários de Dilma produzem pior tem
ficado a situação deles. Um exemplo disto é a união Marina e Campos que gerou
mais suspeita do que confiança em afinidades e em alguma forma de projeto
consistente.
Não sou, portanto, pessimista e
muito me estranha este impulso pedagógico e punitivo de alguns adversários e
aliados sobre o PT. Não creio mesmo que o PT e a Dilma ou o Lula ou qualquer um
de nós é perfeito, nem que tudo dá certo e que nada é mais importante do que o
poder, mas também não sou nem ex-petista raivoso ou rançoso e nem esquerdista
com complexo de inferioridade, tão pouco brasileiro com complexo de vira-lata,
ou pertenço a elite decadente deste país que assiste ao que acontece com
revolta irrefletida.
Então eu as vezes olho muito mais
mesmo para as questões gerais do que para as causas e pautas específicas e
jamais eu privilegiaria a minha causa em relação ao todo. Assom creio que
construir unidade e fazer o debate duro é melhor. O PT não voltará a ser mais o
que já foi um dia e tem na minha opinião um prazo de validade de uns 12 anos
mesmo, mas até lá vai continuar sendo a ponta eleitoral de toda a esquerda
brasileira, até que se crie algo melhor.
E digo com muita sinceridade - até
porque não conheço mesmo todos que me lêem - e a minha declaração aqui tem
custo zero, mas pode ter um bom efeito reflexivo, ainda que não concorde
comigo, não vejo sequer a semente de uma Nova Esquerda para o Brasil, nem no
PSOL, nem no PSTU, nem no PCO, muito menos na REDE, no PSB e no PV.
Na exata medida que a maior parte
deles fazem, contraposição ao PT e não constroem suas plataformas negando ao
PP, ao PMDB, ao DEM, ao PSDB, ao PPS e a tudo que a gente tem tido de força
ainda para enfrentar neste país, o que significa não somente o debate eleitoral
neste país.
Ao contrário, todos eles fazem
alianças táticas contra o PT, mas é preciso dizer que isso segue em sacrifício
da estratégia de existência deles mesmos e que aqueles que sequer fazem
alianças ficam exatamente como estão.
Pragmatismo é pragmatismo e penso
também que é verdade mesmo que um programa e um projeto novo precisa ser
construído. Penso que este projeto
precisa ultrapassar e abandonar estas mazelas da conjuntura eleitoral, mas
penso que nem a REDE e nem o PSOL que poderiam fazer isso, fazem...a maior
prova disto é que nenhum deles assina em baixo de uma consigna como a REFORMA
POLÍTICA, que eles não se posicionam mesmo de modo a serem portadores do novo,
sem as peias pragmáticas do passado e
sem os quadros pragmáticos do passado.
Se você analisar bem só há
burocracias e velhos conhecidos bem carreiristas e são os mesmos que
abandonaram o navio no meio das lutas mais difíceis pela mudança.
Não tenho absolutamente nada, por
exemplo, contra a causa LGBT e sei inclusive o quanto fizemos para que ela
tivesse visibilidade e o quanto disputamos isso, mas ela também é, foi e
continuará sendo fortalecida também por causas indiretas...e você com certeza
sabe que a geração de empregos e a redução da pobreza ajuda nisto....Te digo de
coração que sou daqueles que jamais vou deixar de defender esta causa por
pragmatismo ou conveniência alguma. Então eu peço apenas que você ou alguém
explicite as condições que determinaram aquela lista de apoios lá acima, porque
entre contas a pagar e as cobranças acima creio que seria bom saber quais são
as prioridades que determinaram afinal aquilo lá. Só isso. LGBT é uma entre
outras causas amigo e eu jamais sacrificaria as demais para satisfazer uma
contra as outras e sei que os direitos humanos podem ser ameaçados ainda mesmo
que se atenda todas as condições e propostas LGBT...eu lido com questões de
classe por formação e muito me preocupa quando se sacrificam estas questões e
nome do conforto de um ou outro segmento...só isso...
E não venha me refutar com
violência porque eu conheço a condição feminina e a condição dos negros e dos
pobres também. Sou professor e luto por isto o tempo todo.
A vida é dura..aqueles que nos
acusam de trairmos os ideias são os primeiros a nos traírem logo após nós
assumirmos estes mesmos ideais claramente e arriscadamente...ai se abraçam..com
os demais....o PSB, por exemplo, de forma muito bonitinha está se associando
aqui no sul, com aval da Marina ao PP de deputado Heinze e da senadora que foi
contra a cartilha na educação que aborda a questão LGBT..tá legal...bem bom
né...coerência esta..mas acusar a gente de ser contra a democracia, direitos
humanos e estado laico é simplesmente desconhecer todas as dificuldades que
enfrentamos e vamos continuar enfrentando com ou sem a ajuda de vcs...só para
variar..e falar sobre o EMPONDERAMENTO DO POVO então daí é dose...
Porque nenhum outro partido na
América Latina emponderou tanto o povo como o nosso econômica e
politicamente....agora eu não posso ser responsabilizado com o PT porque o povo
resolve votar em quem vota...esta disputa não é só minha ou do PT.. e com
certeza ela fica cada vez mais dificil e cada vez o cenário fica mais duro por
falta de unidade mínima das esquerdas ou daqueles que se consideram de
esquerda...mas enfim...vou indo porque quando se começa a debochar e a tripudiar
o debate perde sentido e propósito....para questões que são mais sérias e que
estão acima de uma bandeira...
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