Tenho observado certos debates
entre muitos amigos e tenho lamentado, como creio que deveria lamentar qualquer
intelectual perante os demais, quando as paixões políticas, as aversões morais,
o desprezo, e a virulência aparece mais do que as razões e os argumentos.
E mesmo quando vejo o impulso punitivo se sobressaindo sobre a racionalidade, o juízo e o espírito de justiça tendo a lamentar porque o resultado disto não é justiça.
E eu me orgulho muito dos meus
amigos que vejo apoiar e compactuar com coragem e lucidez de teses contra a
maioria, contra a turba e contra a manada. Penso que estes ainda não perderam o
espírito da sensatez e não embarcaram nessa coisa odiosa, nessa marcha daqueles
que não fazem política e nunca se dedicaram à política em que nos encontramos
contra o PT. O PT não é certamente um partido de santos, mas não é este partido
de demônios que alguns parecem mesmo querer pintar para justificar a sua não
militância a sua não adesão e o fato de nunca terem se dedicado aos assuntos
públicos. É uma boa justificativa no inconsciente ou no subconsciente deles: se
até o PT está assim, então....É tudo igual mesmo....
E na cabeça judiciosa e raivosa deles
em cada gota de decepção encontramos um espanto que diz que se o PT que fez o
que fez contra a corrupção, que lutou e sofreu contra a corrupção está assim,
então não tem jeito.
Uma amiga diz que há um risco de involução no
caminho da democracia, se continuarem a radicalizar...raivosamente e desta forma.
Eu penso que é muito vergonhoso
para nossa história que isto tudo tenha e esteja acontecendo e acontecido no
STF, e pela razão contrária dos que bradam contra a posição de Barroso e da
última votação contra o enquadramento e as penas por formação de quadrilha.
Vejo que este Sr., o Dr. Barroso conquistou
minha mais profunda admiração intelectual pela sua racionalidade e judiciosa e
ponderada inteligência, pela sua educação e bom espírito que tanto nos falta.
Eu sou um militante partidário desde
menino, desde muito jovem e tem uma coisa que jamais compactuei ou deliberei
pelo mal ou pela injustiça e conheço muitos petistas e se tem uma única coisa
que eu realmente admiro neles, nos meus companheiros e companheiras de viagem e
luta, é que apesar das nossas divergências programáticas e estratégicas, sempre
se mantém o nosso firme propósito de melhorar a vida deste povo brasileiro em
qualquer situação. E eu falo isso com
muito orgulho mesmo, porque a única possibilidade de provar o contrário é
ignorando fatos, ações, programas e resultados em todas as nossas gestões. Ou
seja, somente distorcendo a verdade ou criando versão ou omitindo informações e
indicadores se consegue dizer que o PT faz mal para o Brasil e mesmo no quesito
corrupção – concedendo o que não concordo que os réus do “mensalão” são
corruptos – o PT é o último colocado entre todos os partidos.
E eu vejo a mesma coisa, que esta
minha amiga vê que “Há um fascismo enrustido mostrando os dentes em forma de
acusação e ódio à política, ódio à democracia, ódio à esquerda... que o PT
sofre...”
Nosso propósito mais nobre de emancipar
as pessoas economicamente, politicamente e culturalmente e de profundo respeito
a lei e a democracia é verdadeiro sim.
Eu estava olhando agora aquele
filme brasileiro OS DESAFINADOS (2008) e me chamou a atenção que a cosia mais
marcante na ditadura foram as diversas formas de violências, foram
as violências cometidas contra
intelectuais, artistas, criadores, escritores e políticos, mas também a tortura
e a perseguição impiedosa e violenta,assassina e sanguinária contra os jovem,
mas olhando bem também houve a omissão da sociedade, a omissão das ditas
pessoas de bem que na época NÃO QUERIAM SABER.
E estas pessoas apoiavam qualquer
medida radical ou moralista do governo e muito me dói quando vejo pessoas que
tem esclarecimento se portarem como tenho visto num VALE TUDO moral. Conheço
muitas histórias da filosofia daquele tempo...
Dos embates e disputas da filosofia
tomei conhecimento quando os expurgados da UFRGS voltaram na época da Anistia e
houve um longo período e uma época que eu imaginei que na filosofia todos foram vítimas, mas quando
ingressei na universidade e tomei conhecimento do que de fato aconteceu, me
senti muito mal, muito envergonhado porque de fato não foi bem assim. Haviam os
professores cassados, houve a renuncia do Victor de Britto Velho após a
perseguição, mas alguns ficaram e fizeram parte de certa forma desta Vendetta
Ideológica e Anticomunista. Ainda tomei conhecimento de uma perseguição cuja
motivação que era marcada para além do ideológico, era simplesmente de cunho
homofóbico.
O professor Jaime Valim Mansan
que pesquisou este tema em seu mestrado, com o qual tive o privilégio de
trabalhar no Olindo Flores da Silva, narrava em detalhes o processo e esta
trama em sua dissertação.
Então, uso este exemplo, porque
penso neste tema da perseguição política e da vendetta ideológica ainda hoje e
vejop claramente a perda da racionalidade e o vale tudo moral contra os
petistas reproduzir este mesmo processo contra uma filosofia e uma forma de
vida e pensamento e me sinto incluído no presente no rol daqueles que são
cotidianamente ameaçados pela falta de pensamento, ausência de reflexão e argumentação
para as coisas. E Barroso foi preciso em sua resposta ao Joaquim Barbosa:
“O esforço para depreciar quem
pensa diferentemente, com todo o respeito, é um déficit civilizatório. Quem
pensa diferente de mim só pode estar mal intencionado ou com motivação
indevida: é errada essa forma de pensar. Precisamos evoluir. Discutir o argumento e não
a pessoa. É assim que se vive
civilizadamente".
E isto resume parte do desafio
nos debates atuais, não somente sobre o mensalão, ou o governo Dilma e o governo
Lula, ou o Governo Tarso, ou o governo local, mas o clima geral de depreciação,
desprezo, desdém, desrespeito e ofensas gratuitas que hora assisto nas intensas
passionalidades políticas cujos portadores em sua grande maioria pouco se dedicam
em suas vidas para superar as mazelas da nossa sociedade e ainda tem por hábito
ver Pedro, mas não ver Paulo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário