Bom Dia...testemunho de Almino Afonso sobre os antecedentes "ideológicos" do Golpe Militar e o conflito entre os EUA e os militares em relação à posição de não-alinhamento de Jango...Sobre os militares valeria um raciocínio adicional sobre porque e em que condições estão autorizados a suplantar os poderes constituídos...na minha opinião o problema não é só as razões, mas as consequências...sempre a finalidade deverias ser considerada a causa maior....e a finalidade não era neste caso a PAZ ou a Democracia...Isso me leva a crer que faltou juízo e discernimento aos mesmos...mas enfim não seria a primeira vez na história que um governo e tratado como inimigo porque não quer a guerra...mas é uma entre tantas vezes que um pais e jogado na polarização da guerra fria justamente por discordar dela...e seu governo constitucional e eleito democraticamente é derrubado em uma conspiração com origem externa e simpatia ideológica e materialmente interessada interna....e isto por si só bastaria para justificar que a atual comandante em chefe da forças armadas ORIENTE A NÃO COMEMORAÇÃO DO GOLPE....porque bem claramente dito: ocorreu um crime de LESA PÁTRIA....estou usando aqui o recorte de Renato Janine Ribeiro da entrevista de Almino Afonso, no Valor, evocando o golpe:
"- A política externa não agradava aos americanos. O Brasil reatou relações com a União Soviética, foi contra a expulsão de Cuba da OEA. Na crise dos mísseis, Kennedy mandou uma carta que era verdadeira convocação para o Brasil acompanhar os Estados Unidos num ataque a Cuba. Lembro a data: 22 de outubro de 1962. Jango reuniu, no Palácio, Francisco Clementino de San Tiago Dantas, chanceler; Evandro Lins e Silva, procurador-geral da República; Antônio Balbino, ex-consultor geral da República; general Albino Silva, então chefe da Casa Militar, e este jovem. Jango mostra a carta e já traz sua opinião, com anotações à mão, uns garranchos. A opinião dele era o respeito ao princípio de não intervenção. San Tiago escreveu o texto da recusa. Em Genebra, numa conferência sobre desarmamento, o Brasil anuncia que é não alinhado, não se subordina a nenhum bloco militar. Tudo isso contrariava a estratégia dos Estados Unidos, que tinham a América Latina como território seu. Daí o apoio aos golpes em todo o continente. No caso do Brasil, está provado, tropas americanas desembarcariam em Pernambuco se houvesse resistência. Jango já sabia disso, avisado pelo ex-chanceler Afonso Arinos. Não precisaram intervir, pois o financiamento a entidades como Ibad e Ipes, a campanha massiva anti-Jango na imprensa, acabaram por convencer os militares de que o governo ia comunizar o país."
Hoje, felizmente, a América Latina não é mais o quintal dos EUA.
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