Sobre gatos ressuscitados tenho
uma história para te contar sobre meu gato Aristóteles – aliás meu e da Rejane
- que morava com a gente na Casa do Estudante da Agronomia e Veterinária da
UFRGS por volta de 1995.
O meu gato arranjou uma briga dos
diabos com um cachorro chamado Bob e com uma cadela chamada Calunga. Na época
ambos cães eram da casa e também tinham um bom relacionamento comigo e com a
Rejane e com alguns dos demais moradores da casa, mas bah acho que rolou um ciúme
e tal. Bem, ao fim e ao cabo, o gato levou a pior num certo sentido - depois de
arranhar todo o Bob ele caiu desfalecido
no chão - tipo desmaiado e estatelado - de tanto estresse e esforço e foi assim
que eu fui chamado do quarto para lá ver ele quando cheguei lá o bichano parecia
morto. Ele ali estatelado e espaiado no chão do hall de entrada da casa, os
cães correram para a rua e alguém fechou o portão do hall. Bah olhei aquilo e me
deu uma tristeza. Pois, afinal, era o meu gato de guarda.
Batizamos ele de Aristóteles,
porque ele era um gato muito curioso, cientista e naturalista e ao mesmo tempo
era bem tagarela e papeador. Divertíamos olhando ele caçar borboletas,
arranhando a pitangueira em frente a janela do quarto e às vezes ele fazia
longas expedições e viagens que duravam uma semana para, de repente, voltar com
aquela cara de pidão ao nosso quarto aguardando carinho, colo e um bom bate
papo e, é claro, comida.
Mas voltando, na hora que eu bem
cheguei perto botei a mão no peito dele e senti a coisa feia ele todo babado
pelo cachorro, parecia que tinham mergulhado ele numa piscina de óleo, bah o...mas
eu senti o coração dele batendo e os olhos dele deram uma abridinha meio e logo
fecharam numa forma desfalecida. Então, levei ele para o quarto e confiei no
meu poder de cura – confesso que não rezava naquela época então carreguei o
gato no colo tentando acalentar e aquecer ele em meus braços e peito.
Já fui carregando ele e pensando
o que fazer com aquele monte de ossos soltos entre as mãos envolvidos pele e pelos.
Bem, mas era o meu gato. E algo eu tinha que fazer. Alguma saída daquilo eu
tinha que encontrar. Pois cheguei no quarto e mostrei a criatura para a Rejane
e ela arregalou os olhos e ficou triste. Eu disse: podechá comigo!
Coloquei ele sobre o parquê no
meio do quarto e dei uma olhada e apalpada geral nas patas e no corpo dele,
para ver se ele sentia dor. Pensa que é muito triste perder um gato. Uma vez eu
perdi uma gata chamada Beatriz. Eu trabalhava na Cooperativa Ecológica Coolméia
e ela foi se embrenhar no meio do motor de refrigeração, mas vou terminar a
história do Aristóteles.
Eu estiquei ele da cabeça ao rabo,
os ossos se juntaram um pouco, massageei a espinha dorsal dele na direção do
pelo - das orelhas ao rabo e peguei com uma mão as pernas traseiras e com a
outra o pescoço e as pernas dianteiras, dei uma leve esticada de uns dois ou três
centímetros e PUM...o gato se reconjuntou
todo. Me olhou com aquele olhar de ESPANTO E SURPRESA, me fez uma fuçada na mão
de agradecido e bah, NEM EU ACREDITEI SAIU ANDANDO DE BOA E MIANDO PARA A GENTE.
O Aristóteles era PHDA! E a
partir daquele dia eu entendi algo sobre esperança, fé, a força das minhas
crenças e também um pouco mais sobre amor e carinho com animais.
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