Creio que devo dar razão ao
Benedito Tadeu César que disse certa feita que o RS tem um pêndulo político, em
que o estado está historicamente embrenhado de eleição em eleição, sempre
recuando e avançando...parando e recuando..parando e avançando e assim vai
indo...e é assim que eu vejo o atual cenário também, com possibilidades de
recuo ou de ficar parado, caso o governador não seja reeleito...
Este pendulo também pode ser
chamado de gangorra e a figura pé usada também no futebol em que alguns dizem
que existe uma gangorra entre o Inter e o Grêmio. Ma seu não estou tratando
aqui no fundo de alegrias de torcida ou de trunfos em jogos. Estamos tratando
aqui dos destinos políticos, administrativos e econômicos do estado do Rio
Grande do Sul.
Ao pesquisar um pouquinho mais
encontrei uma narrativa sobre a gangorra política a favor do PTB e contra o PTB
na política gaúcha no período de 1947 a 1964 pelo Sereno Chaise (escrito com Luciano Klockner. O Diário
Político de Sereno Chaise: 60 anos de história. Porto Alegre. Editora AGE,
2007, 217p. ) creio que se avançarmos um pouco em uma análise, vamos encontrar
este fenômeno hoje mas com uma nuance diferente, por conta da sucessão de
partidos PMDB (1986-1990), PDT (1991-1994), PMDB (1995-1998), PT (1999-2002),
PMDB (2003-2006), PSDB (2007-2010), PT (2011-2014). Desde Amaral de Souza (de
1979-1982) da ARENA)indicado pela ditadura e que foi sucedido por Jair Soares (PDS,
1983-1985), sempre mudaram os governos e ao contrário do que Chaise chamou de
”muitos avanços independentemente de quem estava no poder” (p. 19) aqui no RS
de hoje isso não é mais o caso mesmo desde 1982 e não sou em quem vai ser
generoso e ingênuo aqui às custas do estado, seus recursos e sua gestão.
Ao
mesmo tempo, todas as eleições deste período de redemocratização foram
intensamente disputadas. Somente na última 2010, na eleição de Tarso Genro, não
assistimos a um segundo turno dramático e intenso, como se deu em 1994, 1998,
2002, 2006. E em todas as eleições desde 1982 assistimos a intensos arranjos
políticos, grandes disputas internas em quase todos os partidos e em nenhum do
casos os governadores não haviam sido ungidos com mandatos anteriores.
A pesquisa também publicada no
UOL que compartilho aqui e na Zero Hora de domingo, páginas 6 e 7, de 6 de
abril de 2014, deu que a pré-candidata Ana Amélia Lemos (PP) tem uma vantagem
na estimulada de 7 pontos percentuais sobre Tarso Genro (PT) na disputa para o
Piratini. 38% a 31%. Com baixo índice de não sabe e não respondeu. Já na espontânea temos certo contraste pois
há uma inversão relativa Tarso tem 11 pontos e Ana Amélia 8 pontos, com um
número importante de 71% de não sabe ou não respondeu. Alguém mais triunfante
poderia corre para o já ganhou e outros poderiam desistir da peleia
considerando seriamente uma derrota e colocando a violinha no saco. Ao mesmo
tempo, não imagino José Ivo Sartori do PMDB com menos de 20% dos votos. Não
creio que a fatura está fechada e que deva se estimular isto nem pensar assim.
O resultado da pesquisa é prima
facie ruim para o Tarso, mas dá um choque em toda a opinião pública, também, e
traz a baila o desafio a todos em parar um pouco para pensar nos destinos do
RS. Fiquei pensando nisto e considero melhor desta forma, posto que com esta
pesquisa abre-se o debate sobre a natureza do atual governo em desvantagem e se
evita a velha soberba que é somente a pior conselheira política neste caso.
Posto que se Tarso estivesse na
dianteira poderíamos viver um momento de falsa tranqüilidade, salto alto e um
triunfalismo para o seu campo de apoiadores e uma certa segurança muito prejudicial à sua
campanha e ao seu maior desafio que é fazer saber ao povo e aos eleitores em
que mesmo que ele avançou nestes 4 anos de governo, e assim uma possível
vitória de Ana Amélia Lemos e do PRBS ficaria praticamente garantida pelo véu
da ignorância. Agora com esta pesquisa IBOPE não.
E ela abre um debate sobre a
posição de todos os gaúchos em relação à volta ao passado e em relação ao atual
governo de forma mais intensa.
Há que se debater mesmo o que é
melhor, sem paixões e mesmo quem seja portador e defensor de uma visão
exclusivamente corporativa – e na minha área de atuação profissional isso é bem
possível - , ou daquele simplismo que espera soluções absolutas para uma
realidade que não tem e não oferece instrumentos para isto, inclusive para os
que julgam Tarso ruim.
Minha posição política aqui é que
eu prefiro mais do Tarso do que às outras duas opções. Até mesmo porque
vislumbro um segundo governo bem melhor que o primeiro, com soluções para
diversos setores como o meu próprio e tenho convicção que um estado forte vai
ajudar com mais avanços econômicos e culturais.
Eu não tenho temor frente à
resultados eleitorais mais, para mim não se trata a política como uma tábua da
salvação da minha categoria profissional e espero que mais gente pense assim,
sem desistir de lutar e de fazer uma disputa ideológica na sociedade. Não vejo
alternativas mais à esquerda com viabilidade e sustentabilidade e não aposto à
direita e nem ao centro, como aliás sem nenhum arrependimento nunca
apostei. Mas também penso mais como
creio que qualquer um que não é capaz de pensar em Ana Amélia como alternativa
ou a volta de um PMDB mais à direita como alternativa - que as outras opções
são retrocessos e não estou disposto a deixar acontecer ou me omitir nesta
disputa.
Para mim não é mesmo tudo igual e
se alguém acha que está ruim vou lembrar só dois governos: do Antonio Britto e o da Yeda Crusius, cujas
ideologias originais neoliberais e privatistas e depois de déficit zero tendem
a perder e serem consideradas mitigadas para as duas opções atuais da direita e
do centro do estado que se avizinham. Não sei se é preciso que todos nós
tenhamos que passar por isto, por um avanço da direita e da ultra direita no
estado ou se vale a pena passar por isto de novo ou cousa pior, que é o que
vejo.
Então, cabe sim discutir as
pesquisas eleitorais tendo em vista que papel militante e reflexivo cada um de
nós vai ter neste cenário e em suas conseqüências eleitorais e para a gestão do
nosso estado.
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