Tratando da vida que vale a pena
ser vivida, das reflexões sobre isto e do que afinal de contas os outros tem
que ver com isto. ( Estou encarando esta semana numa série de reflexões a
partir de Sócrates, Montaigne, Rousseau, Nietzsche, Sweig, Rancière e agora com este jovem David Foster Wallace.
Haja piedade neste mundo amigos e amigas.)
Deve ser bem difícil mesmo, para
muitos que adoram ficar ensimesmados em si mesmos e em suas reflexões
subjetivas, entender e reconhecerem esta verdade elementar: a única forma de
qualquer um de nós ter realmente alguma importância neste mundo deve ser medida
ou pode ser compreendida ou começar a ser compreendida pelos efeitos ou pelas
consequências de nossas ações sobre os demais seres humanos. De resto, somos
completamente desimportantes para nós mesmos e tanto é assim que muitos
simplesmente desistem de pensar nisto por completo desinteresse ou por certa
constatação de desimportância e irrelevância.
Neste sentido, talvez a única
forma correta de realmente levar a sua própria vida à sério seja justamente
levar muito à sério o papel da nossa vida para com os outros, sejam eles os
próximos, os distantes, os iguais ou os diversos.
Daí entendo porque se aborrecia
tanto com Sócrates e com Cristo, o senhor Nietzsche. Ele simplesmente não
conseguia admitir tal coisa e tinha boas razões para isto, porque muitas vezes
esta preocupação, cuidado, zelo, carinho e consideração com o próximo é
simplesmente desperdiçada e inútil, pois o outro tende a se julgar importante
independente de você, de suas razões, sentimentos, de sua boa vontade e mesmo
máxima honestidade e sinceridade. Nietzsche deve ter visto claramente que
muitas vezes não adianta nada, pois o tal ciclo da vida e da morte – do eterno
retorno - volta e recai na dor, no sofrimento e na decepção.
Assim, por pior que sejam nossos
juízos e juízes, nossa importância por máxima que seja nossa boa vontade e boa
fé, vai continuar relativa e só em nosso coração e no amor encontraremos algum
conforto mesmo. Não será o entendimento que irá vencer a incompreensão. Isso
explica porque a arte, a literatura, a poesia, a música, a pintura e mesmo
outras linguagens são as únicas formas de chegar a se afirmar esta importância.
Porque esta importância precisa ser afirmada indiretamente, pois é muito
embaraçosa e silenciar sobre ela e somente supor é mais fácil do que invocar
seu nome...
Aqui se explica também porque a
suplica é a última palavra e a piedade é o último pedido dos mais fortes...
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