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segunda-feira, 31 de março de 2014

CLAUDIO LEMBO E A ELITE: ENQUANTO ISSO A ESQUERDA AVANÇA

Alguém disse que a direita não produz mais quadros e que só tem seus agitadores e que de um ponto de vista intelectual vive em miséria e com duras penas assiste algum ex-ideólogo seu desancando o pau em si mesma.

Os exemplos da semana são: as críticas de Cesar Maia (do DEM) ao Aécio, ao Campos e ao mau uso político das redes sociais; e esta entrevista do Claudio Lembo ao Luis Nassif em que ele também trata das misérias da elite.

Pensei na mesma coisa estes dias e entendi rapidamente que este é o lastro, às avessas, da esquerda no Brasil que continua formando quadros nos movimentos sociais, quadros que aprenderam na luta a ter posição política e a construir voluntariamente suas organizações, sem liberações, encargos burocráticos e mesmo com atuação política cotidiana para além da disputa eleitoral bianual, quadros estes que ingressam em universidades e produzem e seguem na sociedade pensando as questões do Brasil...e que por um aparente acaso produzem ainda discussões programáticas, análises de conjuntura e fazem as avaliações e constroem os encaminhamentos em suas organizações. E isso significa apenas que enquanto o PT continuar tendo seus quadros se qualificando e realizando trabalhos nos velhos moldes da esquerda e com intensa atuação social e no voluntariado e, também, enquanto estes mesmos quadros continuarem especializados e se especializando em questões técnicas, o PT vai continuar governando, dominando e criando programas, e implementando os seus projetos que vão para muito além da mera ocupação de espaços como os partidos tradicionais. Assim, o PT ganha aqui e ali...perde aqui e ali, mas continua...

Creio também que é preciso distinguir sempre e cada vez mais o poder e seus lugares...o PT governa parte do sistema e vai continuar fazendo isso...e isso pode mudar nos próximos dez anos "se" aqueles jovens incluídos hoje por determinados programas em determinadas formações típicas da elite tradicional brasileira como direito, engenharias e medicinas da vida, realizarem opções à esquerda...e esta me parece a disputa central hoje: para onde vão os jovens?  Quando você faz, ainda assim, um levantamento nos jovens que hoje realizam as licenciaturas ou que seguem carreiras mais ligadas nas áreas e disciplinas de humanas encontra dois vieses predominantes: um anarquismo que irá se dissolver ali na curva da história e um pensamento de esquerda calcado em militância social...e este pensamento de esquerda não é estável e nem é rígido, pois os jovens sofrem certa evolução ideológica e também pragmática ao longo da primeira militância e ao chegarem a faixa dos 30 anos já passam e ultrapassam o aparente ceticismo e niilismo original. O Sr. Claudio Lembo fala das duas misérias a intelectual e a socialç da elite e é uma sacada de homem inteligente que ele faz ali, mas ele também sabe que esta elite está sendo dissolvida e não produz mais quadros do seu quilate, faz muito tempo...

Usei o PT acima não para traçar um auto-elogio mas para exemplificar porque também há que se pensar que numa sociedade democrática o governo não é somente o executivo...existem mais espaços de atuação...e hoje o poder se constrói na sociedade organizada...Sempre vejo que se deve atentar para as entidades coletivas, entidades auto-gestionárias e não vejo mais possibilidade de se retroceder nisto porque as pessoas aprendem a ser responsáveis pelas coisas e a decidir suas prioridades e em suas gestões. E também é bom se atentar mais para aqueles espaços em que há mais participação autônoma do povo...Houve um tempo em que se pensava muito em conselhos, mas hoje esta já é uma realidade cuja dinâmica de participação social tende a se incrementar apesar dos problemas de adesão e dedicação para aqueles que não atuam somente à soldo.


Mas, enfim, não queria dizer mais nada....posto que dei uma direção de pista sobre a hegemonia programática da esquerda...que depende de agitação e propaganda, mas principalmente de certa forma de atuação que lhe é típica e que apesar dos estranhamentos, não se resolve com contratação de pessoas à soldo ou com atuação mercenária interessada. Alguns pensam que este tempo romântico da militância voluntaria acabou, mas mal sabem eles que de fato recém começou em uma sociedade mais democrática e com cada vez mais espaços de atuação e de formação. 

domingo, 30 de março de 2014

DOMINGO PARA CRIANÇAS

DOMINGO: Porque algumas crianças acordam cedo?  

- As crianças acordam no domingo bem cedo por algum bom motivo. Isso me lembra a minha infância. Quando eu e meus irmãos acordávamos no domingo bem cedo na perspectiva de termos o pai e a mãe o dia todo. No fundo elas sabem que poderão ter o dia inteiro com seus pais e mães...aproveitem porque esta é uma forma de amor e um momento em que é possível reequilibrar as ausências e as faltas nossas. Um dos programas que eu mais gostava era um bom almoço, e antes disso bate papo, brincar e à tarde passear de carro. Jamais me esquecerei dos passeios e do café colonial em Dois Irmãos, do Belvedere em Ivoti - que parece ter sido abandonado...mas também das visitas aos meus avôs e avòs..dos bolinhos de chuva da vó Ercília....dos quadradinhos de pão de centeio com geléia do vô Wilhelm  ao lado do fogão à lenha...das visitas à pracinha dos brinquedos, e até dos passeios no Museu nos domingos à tarde quando estava aberto. Alguém poderia pensar que a televisão tinha alguma importância nos domingos...olhava isso só se fosse obrigado...mas gostava das apresentações musicais seja em que programa fosse....e também lembro de ficar ouvindo jogo de futebol no rádio no carro do meu pai com meu tio Beto Boeira ao lado....  depois que a gente cresce e vira adulto estas coisas só reaparecem com nossos filhos, desde que a gente propicie isto para eles....

sábado, 29 de março de 2014

AOS GREGOS DE NOVO: NIETZSCHE, HAVELOCK, HEIDEGGER, ARISTÓTELES E PLATÃO

Um dos meus planos desde o ano passado era estudar Grego neste ano...e tenho milhares de motivos, intuições e desafios em mente ao pensar e ao desejar isto...mas como pelo visto não vai rolar, pois surgiram certos impedimentos a alguns integrantes de um grupo de grego em São Leopoldo...vou me dedicar na solidão dos meus botões a estudar mais os gregos...começando pelos Pré-Socráticos - sem prejuízo das aulas e mesmo com alguns rebatimentos e parcerias com as demais disciplinas científicas sobre o surgimento de certas interrogações e investigações naturais, geométricas e teóricas...tanto para a física, quanto para a química, a matemática e a biologia isso é um prato cheio...e em uma pequena lição sobre os filósofos gregos antigos já deu para ver os olhos brilhando de alguns alunos que tem predileção por estas matérias...

Mas tem mais, ainda um dia estudando Nietzsche por minha própria conta e risco lá nos idos dos anos 80 - quando não havia no horizonte nenhuma certeza sobre universidade, filosofia, professor ou sequer morar em Porto Alegre me dei por conta de que Nietzsche é um grego tardio ou que - para usar a forma que hoje designo esta relação: Nietzsche dialoga diretamente com os gregos e com mais ninguém e faz isso usando a língua grega...e já ali entendi que para compreender Nietzsche é preciso ler os gregos....ainda que eu leia os gregos para compreender e avançar sobre muito mais do que Nietzsche hoje....

Além disto, ainda que não vá estudar filologia grega, língua grega ou mesmo comparar traduções e traçar novas etimologias teremos um encontro com certos termos os conceitos que eles carregam em si e suas relações semânticas e sintáticas originais...podes estranhar que eu use aqui a relação sintática também para referir a conceitos e seus significados..trata-se do fato de que certos conceitos e termos gregos trazem junto suas constelações próprias de significação e que esta significação não foi fixada na história e é apenas encontrada sem alterações ou evoluções de significado ao longo do tempo....ao contrário cada conceito e termo grego tem uma história....

Confiando na intuição de Havelock sobre a revolução da escrita grega e suas consequências culturais e a história da formação da língua grega e a sua tarefa historiográfica, isto é, a necessidade de compreender a dimensão antropológica e também histórica da língua, da literatura e da filosofia nos períodos clássico e arcaico, penso que ei de lidar sim com situações em que há o conceito, mas não há o termo e também onde há o termo mas o conceito que originalmente era um passa a ser outro ou a ganhar outra nuance e âmbito de aplicação..

Uma das coisas que mais me impressionou em minhas leituras do ano passado tanto de Platão como de um texto de Heidegger sobre o Sofista em que o avanço de Aristóteles para Platão se mostrou efetivamente muito mais interessante do que pensamos antes e em que se fez a inversão, também, na ordem de exposição e apresentação do Mito da Caverna de Platão e da Teoria do Conhecimento Aristotélica aos alunos, o que veio por mostrar o quanto esta evolução e o aprimoramento de Aristóteles produzia clarificação e simplificação de algo que ainda pode ser tratado mais de novo e mais clarificado ainda em outras direções... assim, ainda que Heidegger faça um juízo tão positivo do trabalho de compreensão de Aristóteles sobre Platão - como se verá na citação a seguir, precisamos mais uma vez rever o antecedente à luz do seus sucessor e de seus outros antecessores (os Pré-Socráticos)...e tem sido uma aventura maravilhosa e carregada de descobertas este exercício e estas leituras..HEIDEGGER - O SOFISTA:

"Até aqui foi usual interpretar a filosofia platônica de tal modo que se avançava de Sócrates e dos pré-socráticos até Platão. Queremos tomar o caminho inverso, retornando de Aristóteles para Platão. Esse caminho não é inaudito. Ele segue o antigo preceito da hermenêutica, de que se deve partir da interpretação do claro para o obscuro. Pressupomos que Aristóteles teria compreendido Platão. Assim como em geral se precisa dizer quanto à questão da compreensão que os que vêm depois sempre compreendem melhor os antecessores do que estes compreenderam a si mesmo. (...) O que Aristóteles diz é aquilo que Platão lhe entrega em mãos, só que com cunhagem mais radical, mais científica. Aristóteles deve nos preparar, portanto, para Platão (...) (HEIDEGGER, 2012, p. 11).


ver: HEIDEGGER, Martin. Platão: O sofista. Trad. Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.          

sexta-feira, 28 de março de 2014

UNIVERSIDADE, DEMOCRACIA E UMA SOCIEDADE ABERTA NO BRASIL

"O ressentimento contra a universidade - que está na base tanto dos comentários fascistas que aprovam porrada policial contra estudantes (o motivo, pouco importa) quanto nas reclamações de escritores contra uma 'academia' que supostamente não dá atenção à literatura contemporânea (no fundo, modo hiperbólico com que tais autores se referem às suas próprias obras e, talvez, quando há alguma generosidade, às de seus amigos) - não passa, no mais das vezes, de ódio à liberdade, ou, mais precisamente, de inveja pela liberdade alheia. Porque, convenhamos, apesar dos pesares, a universidade, sobretudo a universidade pública, numa sociedade como a brasileira, é um dos poucos lugares em que trabalho e liberdade não são antitéticos" (Eduardo Sterzi).

As pessoas, em geral, gostam de culpar as instituições pelas ações e condutas das pessoas que estão nelas, e algumas pessoas também gostam de se esconder sob o manto das instituições para fazerem o que fazem.
Imagino uma espécie de ideologia abstrata ai, que faz as pessoas encobrirem seus erros sob o manto da instituição.  E isso parece eximir de responsabilidade e obrigações supervenientes  algumas pessoas, mas não creio que seja mais o caso de se considerar e pensar desta forma sobre isto.

O caso da invasão da UFSC pela Polícia Federal e a discussão que se gerou a partir disto com ódios e horrores e também o caso da violência policial contra jovens e, na mesma direção, a violência de “jovens” contra policiais ou jornalistas, também, é parte desta encenação abstrata que na cabeça de alguns encobre suas responsabilidades e na de outros autoriza o fim das instituições ou a responsabilização delas pelos atos de seus membros. Mas o nosso problema aqui não é mesmo de mentalidades é de violência e de certa violência simbólica.

A universidade e a polícia são claramente instituições, mas alguns jovens andam também atuando como se assim o fossem, como se seu status etário lhes desse tal escudo....e a questão é que não há um escudo sob uma instituição...    

Creio que o Brasil está mudando, as instituições também e as pessoas também. Penso que os jovens tem um papel decisivo nisto  e tenho me dado conta de que a cada dia que passa os jovens se tronam mais e mais responsáveis pelas formas das instituições. E me é algo incrível dizer isto, isto é, que esta geração mais do que todas as outras anteriores tem determinado a lógica institucional brasileira.  

Penso que o Brasil vai mudar muito ainda no sentido de uma superação destes processos todos. Mas isso haverá de ser feito de forma consciente e refletida e não apenas por impulsos, agressões ou digressões. A mera negação de uma proposição não a torna falsa, e nem a mera negação de uma instituição  a torna obsoleta por si só. A questão é então saber como somos e como queremos ser e como queremos que a sociedade e suas instituições sejam. E isso deveria valer tanto para quem está dentro como para quem está fora destas instituições.

Não tenho nenhuma razão, entretanto, apesar dos pesares para ser contra as instituições. As instituições acabam sendo produto das concepções e das ações dos homens e mulheres que nelas atuam. Seus estatutos e regras, métodos, prioridades e finalidades – em organizações democráticas, mais ou menos hierárquicas  – são definidos por coletivos.   Imagino que este tipo de debate deve ser mais promovido e incentivado, porque também ai trata-se da democracia, da qualidade da nossa democracia e da qualidade dos serviços públicos e da dignidade do trabalho intelectual ou científico e, também, do tema da produção da importância e do valores e da produção cultural em geral.

Eu concordo com o Eduardo Sterzi que há, na forma como alguns criticam certas instituições como as Universidades, também uma espécie de ódio à liberdade ai e também uma inveja à liberdade do outro. Isso vale também em parte à crítica aos jovens e também a crítica aos processos inovadores e aos processos, por exemplo, para pegar um outro lugar onde o trabalho e a liberdade não são antitéticos, do pessoal do Fora do Eixo ou da Mídia Ninja.

E isso ocorre nitidamente em discursos que desprezam de um lado ou de outro os trabalhos de outros. Numa sociedade competitiva isso ocorre com mais freqüência ainda e, voltando ao tema da universidade, como o ingresso nessas instituições públicas – seja por vestibular ou concurso, como o progresso na carreira e a disputa por recursos se dá nem sempre de forma transparente ou justificável publicamente, fica esta sombra sobre as instituições.

É algo interessante isto que nos picos dos montes da racionalidade filosófica, científica e cultural o “dar razões” ou “justificar ações” e “explicitar os critérios” sejam ainda encobertos por uma espécie de superestrutura auto-referida e estabilizada inter-pares, sem transparência alguma, cuja aparente justiça se mantém indevassável. Quem fica dentro e quem fica fora estão, assim, por força desta forma e deste padrão sempre num certo desacordo, desacerto e desentendimento.

Cada um destes dois lados, entretanto, tem seus sacrifícios (o fora e o dentro), mas penso que precisamos repensar mais as fronteiras entre ambos e os acessos e a qualidade disto como um processo social e, portanto, público.

Não queria usar o termo SOCIEDADE ABERTA, mas creio que ele traz para além de Popper a questão crucial ai da transparência  e do debate público e creio que qualquer passo na afirmação disso vai nos trazer mais progressos e menos ranço, mesquinharia, proselitismo e exclusão.

A sociedade aberta que me interessa mesmo aqui é aquela que foi originalmente concebida pelo filósofo Henri Bergson. Em sociedades abertas, segundo ele, o governo é responsável e tolerante, e os mecanismos políticos são transparentes e flexíveis. O Estado não mantém segredos para si mesmo; é uma sociedade não-autoritária, uma sociedade em que todos são respeitados, com o conhecimento de todos. Liberdade política e direitos humanos são os princípios fundamentais que regem a sociedade aberta...e é um princípio bem liberal, mas contra o autoritarismo e o elitismo o liberal e o democrata são sempre grandes avanços. (veja também Sociedade Aberta nos verbetes da Wikipedia em diversas línguas, recomendo em Inglês, Francês e Alemão. Usei aqui parte do texto transcrita do verbete português.)

quinta-feira, 27 de março de 2014

MÁGICA, EDUCAÇÃO E REVELAÇÃO

Hoje pensando sobre minha atividade profissional cotidiana, seus requisitos e, também, seus desafios, me dei por conta de um paralelo ou analogia que eu creio ser importante e reveladora de nossa condição. Me perguntei, pensando em simultâneo na educação,  qual a principal condição exigida para uma mágica ser feita, para um mágico conseguir produzir o efeito que deseja? E ao perguntar isso poderia pensar no engodo, na capacidade de ludibriar, nas técnicas de ilusionismo, mas me dei conta de outra coisa mais simples e básica. Me dei conta que precisa primeiro de um público para ter seu efeito, mas que precisava ter algo mais, antes da técnica e do treino. Uma certa capacidade e exercício que o professor também precisa adquirir para obter e que lhe é essencial. E conclui que além do público é preciso atenção, muita atenção do público para que ele possa manter a sua performance e obter o efeito que deseja e que faz juz ao seu ofício. Na educação há uma semelhança nisto e também no fato de que educar envolve revelar e ocultar, para educar ao mesmo tempo, com precisão e fazendo as escolhas de conteúdo e método do que se quer enfatizar e que para que isso ocorra também é necessária esta atenção. Poderia ser criticado aqui por usar um método de educação expositivo e um modelo de educação conservadora e hierarquizado, mas não tenho muita dúvida sobre esta analogia e o que ela nos ensina e revela.    

terça-feira, 25 de março de 2014

CERTA INDIGÊNCIA HISTÓRICA E POLÍTICA

Fui dirigente do DCE da UFRGS, e olho pensando em que pena isso chegar a este ponto. Vejo nisso a miséria política destes tempos. De um lado um esquerdismo faccioso e que não constitui maioria, de outro lado um anarquismo de contos de fadas e a ultra direita ressuscitando. Quando eu vi esta foto do DCE livre homenageando o Bolsonaro com a maior cara de pau e desfaçatez...me doeu a alma....e deve ter revirado muitas cabeças por ai....é lamentável isso...nossa.... que decadência e atraso político....

segunda-feira, 24 de março de 2014

ENTÃO QUERES O PODER SEM VOTOS? SEI......

Muitos querem o poder. Alguns por boas ou excelentes razões, com propósitos e projetos claros e com uma grande dose de convicção e também de abnegação - de tal modo que não aceitam o poder a qualquer preço ou de qualquer forma. Mas dentre todos que almejam o poder - para mim não resta dúvida - os piores são aqueles que o desejam sem votos, sem passar pelo sufrágio. Querem o poder como que por um ato de desespero do povo, como que por resultado de uma maldição ou um pesadelo. Estes são os piores dentre todos, pois são os usurpadores e querem o poder desta forma para justamente não ter que prestar contas de seus atos se foram mais justos, mais honestos e mais corretos. E nada nos deixa mais afastado de um juízo claro sobre isto do que uma ditadura. Por isto defendo sempre a democracia porque somente nela as boas razões ou as melhores razões serão possíveis. Assim, qualquer outra promessa é uma forma de ludibriar o leigo, o crédulo e o néscio. Salve a democracia para que todos sejam responsáveis!!!!   E tenham contas a prestar sobre suas escolhas, atos, decisões e votos. Isso inclui - evidentemente - todos os políticos, mas principalmente todos os cidadãos e cidadãs.

domingo, 23 de março de 2014

O EU OCULTO OU O EU INTERIOR E A SUA DESCOBERTA: UMA PISTA

Andei ás voltas com o tema da dupla personalidade ou desta questão de um eu interior que é diverso do eu externo ou social. E algumas pessoas observam isto de que parece mesmo haver um eu oculto que não se resume por características externas ou visíveis, nem pro padrões de conduta regulares, mas que de vez em quando aparece por assim dizer. 

Encontrei, no tema de esclarecer a Angústia da Influência de Harold Bloom, uma referência mais filosófica digamos assim, mas clássica e que faz a gente pensar não somente em poesia ou literatura como ele está a fazer, mas em pensar em dispositivos, chaves ou condições que despertam ou acionam este eu interior e que o provocam a se expor em plenitude   
   
"A psique é o eu empírico (concreto) ou alma racional, enquanto o daimon divino é um eu oculto ou a alma não racional." 

é de um livro OS GREGOS E O IRRACIONAL, E. R. Dodds, citado ou paráfrase em outro que leio agora de Harold Bloom A Anatomia da Influência, p 25. 

sexta-feira, 21 de março de 2014

A ODISSÉIA CONTÍNUA

Coisas  de professor...hoje dando umas aulas com sérias dificuldades devido a uma espécie de ansiedade e canseira desta semana...do que não dou detalhes...mas que foi boa ao fim e ao cabo...e levo meus livros de leituras semanais para a escola...dou umas lidas em sala de aula entre intervalos e outras coisas....enquanto colega Luci Mara entregou os didáticos para os segundos anos - de Sociologia e Filosofia - e eu com o Primeiro Volume do Theodor Gomperz, Os Pensadores da Grécia: História da Filosofia Antiga - Tomo I - Filosofia Pré-Socrática, entre as mãos e uma querida aluna mostra interesse e deixo ela lendo uma scinco páginas em sua mesa ...pergunto qual pré-socrático ela estudou no ano passado e ela num lembrava dai me lembrei: foi Pitágoras e lá foi ela para as páginas do Gomperz....depois comentei com ela: tu viste como é bem escrito, bem detalhado e interessante? e Ela: Sim! e então eu digo: é impressionante isso um livro com mais de cem anos tem este frescor e é tão agradável a leitura! e ela entendeu e concordou dizendo: Tava pensando nisto também! Depois fiz uma pequena referência à Freud e sua amizade e admiração pelos textos de Gomperz também. 

Em momentos assim a gente se dá conta de que esta espécie de odisséia de construção pela leitura de esclarecimento e discernimento, da palavra e da racionalidade, do gosto e da sensibilidade vai prosseguir e que não é tempo perdido....bem assim....e eu parei no capítulo sete da Iniciação a Filosofia: Sobre os Sentidos da Razão, da Marilena Chauí, que eu estou usando para mostrar o paralelo entre o Logos Grego e a Razão Moderna antes de ingressarmos em René Descartes - outro príncipe da clareza, do frescor no texto e que nos dá a mesma impressão de estar escrevendo ou falando à nossa frente sob nossos olhos...obs. a tradução é ótima do Gomperz, por José Ignácio Coelho Mendes Neto, pela editora Ícone...

terça-feira, 18 de março de 2014

ATITUDE FILOSÓFICA, CUIDADO E ALIMENTO DA ALMA

Em minhas aulas inicio com um tema que creio que é fundamental, à saber: o que é uma atitude filosófica?  Abono esta dica à professora Marilena Chaui que bem a posta no inicio, em seu primeiro capítulo, de sua obra didática Iniciação à Filosofia.

Interrogo isso e, de certa forma, me posiciono dizendo também que nem toda atitude filosófica leva à uma filosofia, ou se realiza em uma obra filosófica, pois pode apenas envolver uma postura, uma conduta uma propriamente atitude mais interrogativa, crítica e que submeta velhas questões ou discursos a novas perguntas, mas que esta atitude também pode levar a um pensamento melhor sobre algo. Que esta atitude através de suas interrogações, traga novas formas de interrogações, e que da construção de novas alternativas de respostas venham novos pensamentos ou pensamentos diferentes, que respondam às provocações da realidade ou às influencias culturais.

E avanço, também, no questionamento sobre como é possível que se produza um pensamento diferente de sua época, de tal modo que surja a filosofia lá na origem e hoje uma nova filosofia possa ser possível? Como sabes a base disto e uma espécie de confronto ou mudança de estilo e forma em relação à tradição. Resumo o desafio do professor em tentar contribuir para que o pensamento seja mais bem elaborado – na perspectiva kantiana do ensinar a filosofar, não no ensinar filosofia -  e usei claramente a metáfora da comida nesta introdução em que construir um pensamento é como cozinhar e que não nada melhor do que um bom ou excelente pensamento para alimentar a nossa alma.

Sobre a revisão da filosofia antiga, na retomada da filosofia moderna começamos também com a definição de conhecimento de Platão como crença verdadeira justificada e somamos a isto as nuances da Aristóteles na relação com os sentidos. E este tema avançou, também, no seminário integrado, por uma questão de retomada das aulas do ano passado nos segundos anos, por uma questão de iniciação ao método e também de certa análise do discurso, para promover tanto a percepção de diferenças como contribuir para ajuizar as escolhas – no sentido de operações do nosso pensamento, tenho usado uma distinção praticamente canônica de Platão entre doxa e episteme, tenho agregado o termo endoxa de Aristóteles, para ilustrar que nem toda opinião é ruim, prisioneira ou cativa dos erros dos sentidos ou é exclusivamente inútil ao nosso conhecimento.

Para o pessoal do seminário temos usado textos sobre a diferença entre opinião e conhecimento do professor Fabio Ribeiro Mendes, inseridos no seu Livro Iniciação Científica: Para Jovens Pesquisadores, cujo texto á pagina 17, Ciência  e opinião, praticamente reproduz a posição de Platão de modo a gerar co preensão e distinção  básica entre discursos de ciência e discursos de opinião.

E, além disso, se perderes o fôlego, faça uma pausa, também tenha apresentado adicionalmente certa distinção entre três tipos de discurso: o discurso de opinião, o discurso informativo e o discurso de conhecimento e tenho dito que há dentro destes, também, distinções de grau quanto à qualidade do conteúdo apresentado, sua forma e, ainda, quanto a sua relevância para compreender a realidade, os pensamentos ou as idéias das pessoas que são apresentadas em discursos diferenciados, sobre diversos assuntos. Compreendo também que isso é importante – e introduzo exemplos de diversos tipos de fontes de opinião, informação e conhecimento, por óbvio à nossa observação é preciso se compreender que não se trata mais de um contexto em que temos exclusivamente os discursos dos sofistas e dos filósofos, do populacho na ágora e dos sábios. Que no mundo de hoje multiplicadas as mídias passados já 500 anos da invenção da prensa de Gutenberg, da impressão de livros, jornais, revistas, folhetos, panfletos, do rádio, da internet, televisão e cinema, telefone e celular há uma multiplicidade de discursos que permitem que se exercite o discernimento tanto de seu caráter como dos seus graus de aprofundamento, precisão e rigor.

E, por fim, me parece ainda importante dizer que todos estes discursos alimentam nossas almas e que talvez seja melhor pensarmos mais do que os gregos sobre nossas dietas e onde obtemos nossas instruções e na qualidade das instruções que obtemos sobre as coisas. Assim, não podemos perder de vista não por capricho as distinções clássicas, mas o cuidado com aquilo que recebemos para alimentar nossa alma, respeitadas as distinções, compreendidas as diferenças e percebendo-se que trata-se ai também de nossas escolhas para a ação e para o pensamento.    

“Para concluir  vamos recordar uma idéia que já nos havia legado Platão: Platão chama as ciências, que consistem nos logoi, nos discursos, de alimento da alma, da mesma forma que a comida e a bebida são os alimentos do corpo. “Por isso na sua aquisição, deveríamos ter o mesmo cuidado para não sermos aliciados a comprar mercadorias ruins. Há muito mais perigo na aquisição do saber do que na aquisição dos alimentos. Isto porque os alimentos e a bebida que alguém compra de um comerciante podem ser depositados numa vasilha em casa, antes de serem ingeridos e ali permanecem até que venha um especialista capaz de aconselhar sobre o que se deve comer ou beber e o que não, sobre a quantidade e o tempo de ingeri-los. Nessa aquisição o perigo não é tão grande. O saber, porém, não pode ser separado e guardado numa  vasilha especifica sendo inevitável que, tendo pago o seu preço, ele seja imediatamente digerido pela própria alma, e assim sejamos instruídos, seja para o mal, seja para o bem.”


(vide Protágoras 314ab) citado em GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método II: complementos e índices. Cito texto a página 43 do ensaio de 1953, Sobre a verdade nas ciências do espírito. Tradução de Enio Paulo Giachini, Supervisão da Tradução de Márcia Sá  Cavalcante-Schuback. 6ª Edição. Petrópolis: Editora Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2011.                   

NÃO À COMEMORAÇÃO DO GOLPE DE 1964

Sobre a orientação aos militares para não comemorarem a Redentora de 31 de março de 1964, posso dizer que se eu fosse a presidente faria a mesma coisa e provavelmente pelas mesmas razões, que não tem nada de pessoal e que por mais que alguém queira atribuir estas razões como centradas na vida pregressa dela deveriam ser bem consideradas como razões de estado, e, razões de estado no sentido mais clássico e canônico possível.  
Nenhum general ou oficial militar suporta, tolera ou permite qualquer tipo de quebra de  hierarquia sob o seu comando.

E é isso para mim o principal motivo da orientação da presidenta: alinhar o comando e impedir o elogio àquela triste aventura.

Ditadura não é fazer isto ou impor esta orientação, ditadura é, no fundo, o risco que corremos se virar moda de novo quebrar a hierarquia ou se assanhar com isso, como alguns oficiais da reserva por irresponsabilidade e também por déficit de formação, estão a fazer ao promover, estimular e fomentar qualquer forma de sedição ou afronta a presidenta legitimamente eleita e no comando deste pais.

E foi justamente o que eles fizeram em 31 de março de 1964 contra João Goulart.
Estou falando como um brasileiro.

Isso aqui não é um chiqueiro, nem uma república de bananas e o respeito à constituição e a ordem civil deve ser defendido, inclusive, pelos militares

O comandante em chefe do exército, o comandante supremo do nosso exército é o presidente, cabe a ele deliberar sobre guerra, sobre paz e não a meia dúzia de militares ou ideólogos obscuros.

Dá para imaginar e perceber facilmente o quanto este tipo de conduta, elogio e atitude é uma ameaça à democracia do nosso país e às liberdades dos cidadãos e direitos dos homens e mulheres deste país. Quanto à deixar isso solto é perigoso para nós todos? Não é perigoso para a presidenta, mas para o próprio povo e é um elogio á violação das normas constitucionais que ocorreu em 1964 tentar comemorar aquele evento. Eu penso que isso é inadmissível e digo mais penso também que o fato dela orientar contra isto é um sinal de que estamos superando também esta política de amedrontamento e ameaças da caserna sobre a vida política brasileira. E é uma resposta que com caráter de orientação tem papel educativo inclusive e cabe somente a presidenta fazê-lo. E aguardaria, por exemplo, que os deputados federais e os senadores deste país subscrevessem esta atitude dela e mais que isso que o próprio Supremo Tribunal Federal endosse isto, posto que de fato é a rigor uma atitude de defesa máxima da ordem constitucional.  Eu prefiro a ordem das leis do que a ordem da força e isto é justamente o que está se impondo aqui. O respeito às leis e o fim do elogio irresponsável e inconseqüente às aventuras.

E é bem importante perguntar não o que isso significa para os militares, mas sim para o Brasil?

E penso que é recomendável que se leia a constituição: que todo poder emana do povo e que em seu nome deve ser exercido é o fundamento principal desta orientação. E a presidenta é autorizada pelo povo e exerce legitimamente este poder que deve ser acatado.

Com poder não se brinca e com autoridade também não e quem tem o poder e a sua autoridade emanada do povo é a presidenta, não meia dúzia ou uma centena de militares saudosos ou inspirados em elogio ao golpe constitucional.

E nos dias de hoje em que saem das sombras  cada vez mais crimes e cometidos pelos militares e pelos civis  que os apoiaram e cada vez menos admissível que tal elogio ou comemoração seja feita e realizada em afronta também às vítimas dos atos bárbaros e vis cometidos por eles. Hoje que sabemos cada vez mais coisa piores da ditadura, deve haver cada dia menos espaço para o elogio a isso.

O testemunho de Almino Afonso sobre os antecedentes "ideológicos" do Golpe Militar e sobre o pregresso conflito entre os EUA e os militares do Brasil em relação à posição de não-alinhamento de Jango é muito esclarecedor a este respeito. Sobre a atitude dos militares valeria um raciocínio adicional sobre porque e em que condições estão autorizados a suplantar os poderes constituídos. E não é muito difícil compreender isto, pois na minha opinião o problema não é só as razões, mas as conseqüências desta razões. E creio mesmo que sempre a finalidade deveria ser considerada a causa maior. E a finalidade da ação dos militares  no golpe não era neste caso a PAZ ou a Democracia, muito menos a questão de que o governo Jango era comunista. Isso me leva a crer que faltou juízo e discernimento aos mesmos. Mas enfim não seria a primeira vez na história que um governo e tratado como inimigo, porque não quer a guerra. Mas é e foi uma entre tantas vezes que um pais e jogado na polarização da guerra fria justamente por discordar dela. E a forma como isso foi feito, promovido é vergonhosa. Jango viu este seu governo constitucional, eleito democraticamente ser derrubado em uma conspiração com origem externa e simpatia ideológica e materialmente interessada internamente. E isto por si só bastaria para justificar que a atual comandante em chefe da forças armadas ORIENTE A NÃO COMEMORAÇÃO DO GOLPE.
Porque bem claramente dito: ocorreu um crime de LESA PÁTRIA...

A seguir uso aqui de novo o recorte de Renato Janine Ribeiro da entrevista de Almino Afonso, no Valor, evocando o golpe, para concluir:


"- A política externa não agradava aos americanos. O Brasil reatou relações com a União Soviética, foi contra a expulsão de Cuba da OEA. Na crise dos mísseis, Kennedy mandou uma carta que era verdadeira convocação para o Brasil acompanhar os Estados Unidos num ataque a Cuba. Lembro a data: 22 de outubro de 1962. Jango reuniu, no Palácio, Francisco Clementino de San Tiago Dantas, chanceler; Evandro Lins e Silva, procurador-geral da República; Antônio Balbino, ex-consultor geral da República; general Albino Silva, então chefe da Casa Militar, e este jovem. Jango mostra a carta e já traz sua opinião, com anotações à mão, uns garranchos. A opinião dele era o respeito ao princípio de não intervenção. San Tiago escreveu o texto da recusa. Em Genebra, numa conferência sobre desarmamento, o Brasil anuncia que é não alinhado, não se subordina a nenhum bloco militar. Tudo isso contrariava a estratégia dos Estados Unidos, que tinham a América Latina como território seu. Daí o apoio aos golpes em todo o continente. No caso do Brasil, está provado, tropas americanas desembarcariam em Pernambuco se houvesse resistência. Jango já sabia disso, avisado pelo ex-chanceler Afonso Arinos. Não precisaram intervir, pois o financiamento a entidades como Ibad e Ipes, a campanha massiva anti-Jango na imprensa, acabaram por convencer os militares de que o governo ia comunizar o país." 

GOLPE MILITAR E CRIME DE LESA PÁTRIA

Bom Dia...testemunho de Almino Afonso sobre os antecedentes "ideológicos" do Golpe Militar e o conflito entre os EUA e os militares em relação à posição de não-alinhamento de Jango...Sobre os militares valeria um raciocínio adicional sobre porque e em que condições estão autorizados a suplantar os poderes constituídos...na minha opinião o problema não é só as razões, mas as consequências...sempre a finalidade deverias ser considerada a causa maior....e a finalidade não era neste caso a PAZ ou a Democracia...Isso me leva a crer que faltou juízo e discernimento aos mesmos...mas enfim não seria a primeira vez na história que um governo e tratado como inimigo porque não quer a guerra...mas é uma entre tantas vezes que um pais e jogado na polarização da guerra fria justamente por discordar dela...e seu governo constitucional e eleito democraticamente é derrubado em uma conspiração com origem externa e simpatia ideológica e materialmente interessada interna....e isto por si só bastaria para justificar que a atual comandante em chefe da forças armadas ORIENTE A NÃO COMEMORAÇÃO DO GOLPE....porque bem claramente dito: ocorreu um crime de LESA PÁTRIA....estou usando aqui o recorte de Renato Janine Ribeiro da entrevista de Almino Afonso, no Valor, evocando o golpe:

"- A política externa não agradava aos americanos. O Brasil reatou relações com a União Soviética, foi contra a expulsão de Cuba da OEA. Na crise dos mísseis, Kennedy mandou uma carta que era verdadeira convocação para o Brasil acompanhar os Estados Unidos num ataque a Cuba. Lembro a data: 22 de outubro de 1962. Jango reuniu, no Palácio, Francisco Clementino de San Tiago Dantas, chanceler; Evandro Lins e Silva, procurador-geral da República; Antônio Balbino, ex-consultor geral da República; general Albino Silva, então chefe da Casa Militar, e este jovem. Jango mostra a carta e já traz sua opinião, com anotações à mão, uns garranchos. A opinião dele era o respeito ao princípio de não intervenção. San Tiago escreveu o texto da recusa. Em Genebra, numa conferência sobre desarmamento, o Brasil anuncia que é não alinhado, não se subordina a nenhum bloco militar. Tudo isso contrariava a estratégia dos Estados Unidos, que tinham a América Latina como território seu. Daí o apoio aos golpes em todo o continente. No caso do Brasil, está provado, tropas americanas desembarcariam em Pernambuco se houvesse resistência. Jango já sabia disso, avisado pelo ex-chanceler Afonso Arinos. Não precisaram intervir, pois o financiamento a entidades como Ibad e Ipes, a campanha massiva anti-Jango na imprensa, acabaram por convencer os militares de que o governo ia comunizar o país."

Hoje, felizmente, a América Latina não é mais o quintal dos EUA.

domingo, 16 de março de 2014

TRUE DETECTIVE: O BEM CONTRA O MAL

Bom Dia...a melhor citação da série True Detective: "Você está enganado, a luz está aumentando e estamos vencendo as trevas..." de um aparente ex-pessimista, ex-nihilista convalescente para um renegado sobrevivente...Rusty (Mathew MacConaughey) e Marty (Woody Harrelson) conversam no final da série sobre o céu estrelado noturno, que Rusty observava quando era menino nas noites do Alasca e sobre a única questão fundamental que é a “briga” entre as trevas e a luz… Rusty, na minha opinião, dá uma reviravolta com o seu daimon após todo o sofrimento e a batalha final contra o assassino de mulheres e crianças...e me lembrou em muito o velho Kant: “O céu estrelado sobre mim e a regra moral em mim.” É, podem criticar o maniqueísmo, mas ao fim e ao cabo tudo se resumiu ali à luta do bem contra o mal... 

quinta-feira, 13 de março de 2014

ESCREVENDO AS AULAS: ORALIDADE E ESCRITA E O ANTES E O DEPOIS

Não sei onde eu estava com a cabeça quando comecei a tentar escrever sobre o que eu tratava em minhas aulas..Pois eu sei, mas combina certo perfeccionismo e a necessidade de fazer registros das aulas também para relatórios e para poder reflexionar com os colegas de escola de alguma forma. O que regularmente tem ocorrido é que o discurso oral e um punhado de notas me obrigam a triplicar em texto o que é dito em aula. 

Esta é a forma mais objetiva de se perceber a gigantesca vantagem da oralidade em relação à forma escrita, porque na aula expositiva de caráter mais dialogado  em relação à aula expositiva e dissertativa sem interrupções em, que são lidos textos prontos, a riqueza no detalhe argumentativo e nas referências rigorosas perde para a fluência de uma interação olho no olho e com empatia, interrupções e a nítida percepção dos reflexos dos alunos ao longo do questionamento e da exposição. 

Por outro lado, ao escrever se percebe sempre que falta algo mais e que pode ser sempre melhorado no detalhe, na forma na distribuição das questões e na ordem de exposição dos elementos propostos.E além disso, ao dar uma mesma aula para turmas diferentes se recebem perguntas e contribuições diferentes sobre a mesma lição e a forma vai se aperfeiçoando. Um plano acaba evoluindo na semana e às vezes ao longo do mesmo dia.

Mas que dá um trabalhão doido e que quase chega a soltar alguns parafusos da cabeça. Mas é bom...é muito bom porque as todas as pontas melhoram. Melhora como se escreve, melhor como se lê e pesquisa e creio que melhora como se leciona também. 

Mais uma vez, à título de incentivo, vou usar Harold  Bloom para fechar este breve relato aqui: "Aos 80 anos, é difícil separar o aprendizado do ensino,a  escrita da leitura." Praeludium de Anatomia da Influência, p.12.   

SOBRE A METÁFORA DO PARAFUSO SOLTO OU DA FALTA DE PARAFUSOS NA CABEÇA

As vezes alguns caras estão sincronizados ou desincronizados sobre o mesmo tema, metáfora ou problema, entre uns e outros em filosofia no Brasil e esta rede social nos ajuda a sacar o lance na hora. Lá em São Paulo o professor Renato Janine Ribeiro (USP) pergunta sobre a metáfora do parafuso solto ou quando surgiu a expressão “Falta um parafuso na cabeça do fulano” ou “de vez em quando solta um parafuso na cabeça da fulana” com a impressão de que a expressão caiu em desuso e eu aqui em São Leopoldo usando ela.

E eu usei ela ontem mesmo para explicar, após ser questionado se dava aulas particulares, respondi que podia dar e que tinha certa eficiência nisto porque eu dei uma única aula particular ao meu enteado que tinha um probleminha com filosofia....em 30 minutos acabou o problema...e nunca mais ele precisou de aulas sobre isto...os alunos em aula me olharam incrédulos e eu disse que somente abri a caixa de ferramentas e apertei dois ou três parafusinhos...kkkk...o lance era o parafuso solto na cabeça do guri... 

O meu pai - um eletricista - usava isso e vi outros professores e professoras usarem também...rsss...creio que a origem está por óbvio nas artes mecânicas, elétricas e nas disciplinas técnicas e que eu fiz e outros devem ter feito certa transposição...acho que deve vir das primeiras oficinas industriais e técnicas...e dá para usar ainda...mas informo que o maior uso tem sido para referir à malucos “falta um parafuso” ou destrambelhados “parafuso solto”...me puxei agora...kkkk....mas que tudo tem solução...ou quase tudo....mas anoto que dá para usar muito em filosofia....

quarta-feira, 12 de março de 2014

SOBRE O AMOR

"É mais fácil evitar as armadilhas do amor do que fugir quando você já está na teia." 
Tito Lucrécio

...e eu rindo um pouco deste belo e intrigante problema ou tema da vida que os filósofos ousam interpretar ao ler Os Grandes Filósofos que Fracassaram no Amor, de Andrew Shaffer...

...um tema que eu considero de extrema importância e relevância para a reflexão e uma vida que vale a pena ser vivida... 

LITERATURA, INFLUENCIA, IMAGEM E DOMÍNIO

Em minhas leituras literárias tenho me convencido de que de fato a "literatura é uma forma de vida" e esta impressão fica a cada dia mais nítida e marcada...quando penso na "montanha na vida" ou "no grande oceano em que navegamos" ou "na impressionante arquitetura de estalagtites que nos cativa ao fundo de uma caverna" ou " nas maravilhosas grades de nossas crenças que nos mantém prisioneiros e bem nutridos em uma gaiola" ou " na venturosa estrada que nos levará a algum lugar" penso em milhares de personagens e autores....personagens venturosas, trágicas, apaixonadas, perdidas, iluminadas, corajosas, com medo e inseguranças, angustias e ansiedades que qualquer um de nós que encontra-se vivendo e aprendendo, lendo e escrevendo, possui....minha relação com este  vasto universo começou meio que por acidente a partir de Dom Quixote, a partir de Homero e também de algumas biografias...e ainda tive que sofrer de Shakespeare o impacto arrasador não de suas peças teatrais, mas dos Sonetos...os quais conheci e me tocaram bem antes de Hamlet e outros...cosia que me aconteceram na vida entre 1980 e 1990. 

Mas a coisa realmente começou a esquentar em meus miolos a partir do momento que encontrei um livrinho intitulado o Castelo de Axel de Edmund Wilson - vão lá já 25 anos - sobre o simbolismo...Já havia lido William Blake e diversos outros ficcionistas como Borges, Eco, Garcia Maqruez....e assimilado digamos assim a opção pela literatura fantástica sendo compartiulhada pelo realismo cru e chão de um BUkowski ou sonhador e romântoco de um Kerouac e um Salinger...foi então que entendi parte de um esquema que parece se repetir par além da imagem que construímos, ou das projeções que produzimos...matematicamente percebi que a relação entre um Domínio e sua Imagem se torna uma constante na literatura e que da mais arrazoada ficção ao conto mais realista trata-se de também ligar os pontos e compreender a transposição ou tradução de uma obra à outra e a multiplicação quase ao infinito disto...

Mais recentemente - vai lá 15 anos - comecei por intensa curiosidade a me atirar sobre o tema da Angústia da Influência de Harold Bloom - a qual para mim hoje dependerá de uma leitura quase borgiana de toda a literatura universal, regional e local....mas aceito a imagem que ele produz a partir do seu domínio, a saber: "Quando alguém internaliza em si os maiores poetas britânicos e americanos, após alguns anos suas complexas relações uns com os outros começam a formar padrões enigmáticos." Harold Blomm, em Anatomia da Influência, p.16.

Penso e imagino aqui este "jogo de relações" com milhares de vasos comunicantes entre obras,mas também hoje entre notícias, artigos científicos, conceitos emprestados e impressões do homem comum compartilhadas e lembro do Saramago também porque a história daquele homem de verdade pode mesmo nos ter sido contada com excessos e demasias por conta da tentativa de produzir e cativar nossa atenção...

Mas imagine você meu leitor generoso e impaciente que façam-se espelhos no salão da literatura e que nenhuma imagem de um de outro possa ser nítida e que a presença de luz, traços, perfis e linguagens próprias de cada época seja somente uma mera versão de uma equação ou forma lógica fundamental e suas diversas variações em seus niveis de complexidade e singularidade próprias e então veríamos o todo e a parte num só arranjo....mas podemos pensar em tudo isto? Eu creio que sim....

Agradeci ontem mesmo ao espírito dadivoso o fato de que José Saramago tenha escrito na nossa língua e recomendo muito a usa leitura....porque é uma privilégio poder ler suas obras....e além disso - creio que - após Borges é o maior gigante literário do século XX e que nos abre o século XXI...e deva constar que não estou jogando no lixo todos os demais, apenas chamando atenção para um grande espelho que parece espelhar bem mais dos outros do que os outros...

Ao ler Bloom - e confirmei por outro comentário hoje pela manhã - fiquei pensando porque Edmund Wilson não é citado afinal?

Os mistérios da influência envolvem enfim também negações, distorções e tentativas de superação do passado...Bloom ao meu ver tem dado ali ênfase demasiada ao Agon...mas creio que há outras formas de prazer também e de sabor na literatura e no pensamento...e esta é aqui uma questão de gosto e de imaginação apenas.....

terça-feira, 11 de março de 2014

TESTE PARA LEOPOLDENSE: JOGO DO AIMORÉ CONTRA GRÊMIO OU INTER

Diz a lenda que o hino do Internacional surgiu em um jogo renhido com o Aimoré e que quando o Aimoré estava vencendo Nelson Silva pegou a caneta e espicaçou em grande sofrimento e intensa oração do coração ao papel a letra do Papai é o Maior e que depois disto o resultado máximo obtido foi um empate bem honroso para a agremiação colorada (tsk, tsk.).

Em 1959 o Aimoré foi Vice-Campeão Gaúcho em jogo altamente controvertido por conta de vários incidentes que puseram a prova a indiada, os capilés e os leopoldenses. Conta, aquilo que vou chamar de lenda, ou de narrativa fantasiosa que houve alta traição naquele jogo, e que a partir dali o Aimoré sempre sofreu,  mas devo dizer que considero aquele episódio o maior indício do que considero um grande teste e uma grande prova de fogo do seu, do meu e do nosso caráter de leopoldense ter efetiva existência nesta cidade.  

Também reza uma certa lenda – e não sou eu quem vou confirmar, desmentir ou negacear sobre isso aqui, muito menos tripudiar com quem é reprovado definitivamente neste teste, para o qual não há nenhuma recuperação possível, pois é cousa do coração e da alma e não da razão, que o teste mais importante e decisivo para saber se alguém é leopoldense de coração não é exatamente beber a água do Rio dos Sinos e sempre voltar ou falar grosso com o ronco forte de peito estufado como um certo cara dizia, que também não é ser devoto do Padre Reus, ainda que isto seja um quesito de muito respeito, mas sim sobreviver com opção pró Aimoré a um jogo contra o Inter ou contra o Grêmio. E que se o cidadão – votando ou não aqui, morando ou não aqui, nascendo ou não aqui, na hora decisiva conseguir torcer para o Aimoré contra um destes dois times da capital, então, está vocacionado a trazer grandes contribuições a esta cidade. 

Vá ao jogo domingo...se você é caxiense e torce para o Juventude é a sua chance....de enfrentar a mística e a mágica do Aimoré e do Cristo Rei...e talvez saber algo sobre o seu próprio coração que não sabia...      

  

A MÍSTICA DO CRISTO REI E O PASTEL DOS AIMORÉS

Eu sou muito suspeito ao falar disto porque para mim aquele estádio Cristo Rei é sagrado, é um lugar carregado de sentido e de significado por conta da minha relação com a minha cidade, meu pai, o futebol, as tardes de domingo, o bar e a prosa do pós-jogo e as galhofas clássicas de vestiário, os comentários com um toque de ironia, fina provocação e também a admiração pelo lance surpreendente que pode acontecer em campo. E é um tipo de lance que a televisão não mostra e que só quem está em campo ou no estádio consegue ver em sua plena  perfeição.

Aquilo que o Nelson Rodrigues chamava de sobrenatural de Almeida acontece não somente nas Laranjeiras, mas também no Cristo Rei. Eu estive lá muitas vezes para verificar isso com meu pai e sempre sentia uma certa mística naquele estádio. E a mística está dentro de campo, fora de campo nas arquibancadas no velho barranco com eucaliptos na grande geral e no entorno do estádio abrangendo o Cristo Rei que nos contempla com seus braços abertos nos acolhendo ao lugar e nos protegendo também. 

E, assim,  também ocorre lá uma espécie de encontro com a alegria, o sambão da torcida, a cerveja gelada e, no meu caso, quando menino o pastel com guaraná. Se você não sabe o que é isso eu preciso te dizer. Em São Leopoldo existem dois tipos de pasteis. O Pastel da Rodoviária e o Pastel do Aimoré. Sendo que o pastel do Aimoré tem brisa do Cristo Rei dentro e o da Rodoviária o ar do Rio dos Sinos. E a cosia mais legal é que um dos pasteleiros que anda por lá é justamente o Sidi que vende pastel de rodoviária e do aimoré. E eu aprendi isso, este detalhezinho importante dando uns passeios com meu pai pela cidade e aprendendo a observar certas coisas e personagens. O Bauru do Rio Bar é outro personagem importante desta época e que para voltar vai precisar ser ressuscitado por um espírito tão jocoso e galhofeiro, irônico e de bigodes negros quanto o daquele velho garçom do Rio Bar. 

A notícia que te trago é que o Pastel do Cristo Rei voltou meu amigo tem o mesmo gostinho bento de sempre e  além disso traz gols dentro e junto. E, ainda, devo dizer que tem um monte de índios em baixo dos eucaliptos comendo pastel e bebendo cerveja, cujos tambores e apitos não se silenciam assim não. 

DOMINGO tem jogo contra o Juventude no Cristo Rei, vai ter Pastel, Cerveja e Guaraná, gols e lances desta mística e você num vai? 

MEU QUERIDO AIMORÉ - EU FUI NO JOGO DE DOMINGO E SAÍ MUITO FELIZ E ORGULHOSO

Fui no jogo do Aimoré em pleno Monumental do Cristo Rei neste domingo. Andava me enrolando com isso e me purgando com isso há tempos. Um dia dava e eu não tava muito bem, em outro dia fiquei muito afim, mas daí tinha uma situação que me impedia, mas pensei em muitas vezes ir ao jogo do Aimoré. E isso se desenvolvia por 13 rodadas. Sabia e tenho convicção da necessidade de apoiar o time e a direção e somar com a torcida. Sei e reconheço que muitos amigos e amigas estão investindo no Aimoré tempo, dinheiro, trabalho e que compareceram a jogos com às vezes dez pessoas na torcida ou na arquibancada e fiquei pensando em como dar o pé quente o tempo todo. Reconheço e testemunho o apoio de muitos. Além de todos que encontrei no estádio.

Destaco, em primeiro lugar, o apoio do ex-prefeito Ary Vanazzi ao Aimoré em 8 anos de governo, porque sou testemunha disto e testemunha não somente de um apoio, nem de uma ajuda arrancada com muita pressão ou porta de gabinete, mas sim da convicção e da visão dele de que isto é importante para a cidade, tanto para projetar a cidade, quanto para estimular a prática de esportes e promover o lazer saudável e a convivência pacífica e amistosa de homens  e mulheres em São Leopoldo. O Vanazzi tinha e tem convicção disso.    

Destaco o Zambrano (Advogado) e o Elias que colocou nos jogos o nosso Índio com oca e tudo, que é uma bela criação dos amigos para apoiar o time e que dá uma marca simpática ao nosso time em todos os jogos, além de entusiasmar a torcida. E muito destaco também meus demais amigos que durante os últimos anos tem apoiado a Aimoré em muitos momentos.

Eu assisti uma grande família de amigos investir tempo e muito amor no time. Falo aqui da Suzi, do Darci, da Mel e do Sandro Cardoso, com o Frederix junto, e homenageio eles aqui com isto também.
Mas também reconheço e apoio a luta e a firmeza do Felipe Floriani Becker, cujo pai conheci com o meu pai e imagino ambos torcendo lá de cima. E respondo a pergunta dele: vale a pena investir em futebol no interior? Assim:

Vale sim Felipe!!! Em frente vamos seguindo...não tenho mesmo conhecimento de todas as mazelas que você enfrenta..mas quero te dizer que levei minha família ontem ao estádio e todos saíram muito felizes e orgulhosos com o time e o resultado...e nossos pais estariam muito exultantes ao verem o sufoco e o esforço do Aimoré e da Torcida em campo ontem...Te parabenizo e conta com meu apoio e de muitos amigos nossos que já estão lá....em frente...lançando flechas para o futuro...

E VALEU PORQUE O AIMORÉ FICA NA PRIMEIRA DIVISÃO MEUS AMIGOS E AMIGAS!!!

O AIMORÉ se mantém na Primeira Divisão do Futebol Gaúcho, por mérito e esforço da equipe, da direção e da torcida que resistiu bravamente e o apoiou em tudo que pôde. Mesmo recebendo MEIA COTA de arrecadação por televisionamento o time encontra-se hoje no grupo intermediário e longe do rebaixamento. Mas no ano que vem o Aimoré vai voltar mais forte, com a tribo maior e mais unida ainda, mais apoios dos Capilés e simpatizantes e com muitos jovens na arquibancada. Parabéns a todos que construíram este belo resultado e vou elogiar de novo o Felipe e o Schu, o presidente e o vice, que prometeram e cumpriram, e toda a direção, a torcida e ao time e o treinador que teve muita garra, mesmo quando tudo parecia estar perdido.

Sobre a imprensa só posso dizer que durante um bom tempo de toda a sua história o Aimoré sempre foi muito respeitado e teve a simpatia da imprensa da capital e do interior e isso será devidamente reconquistado com resultados e também com melhor jornalismo esportivo em relação aos times do interior. E é somente lamentável que um jornalismo desleixado, mal informado e preguiçoso tenha tentado rebaixar o Aimoré a priori e desmoralizar todo o esforço feito na cidade, pelos muitos apoiadores e patrocinadores e pelo poder público municipal, para reerguer este time com a sua direção.

O investimento no clube para reerguer o time e investir em melhorias do estádio vai, na minha opinião, se mostrar a cada dia que passa mais acertado, estimulando o esporte na cidade e resgatando este hábito e história e assim como a canoagem no Rio dos Sinos foi resgatada e deve ser valorizada a base do futebol amador e a sua relação com o futebol deve ser valorizada também.

Em ano de copa do mundo deveríamos olhar para o potencial econômico disto e perceber o quanto isto pode trazer resultados sociais e esportivos, de inclusão e de sociabilidade, compartilhamento e civilidade. Em 2013 o Aimoré voltou para a primeira divisão, em 2014 se manteve e em 2015 os resultados com mais apoio, mais recursos e mais esforços virão e um exemplo cabal disto foi o que eu vi.

Neste domingo, no jogo Aimoré e Inter eu fui e consegui levar uma comitiva junto. Minha mãe de 79 anos – que o Moisés chamou de a Caciqua – meus cunhados e cunhadas, uma menina de 3 anos, a carioquinha Lulú, filha do Augusto Werckmesiter que veio do RJ visitar a mãe e a família, um cara que já foi da direção nos anos 80, O Pedro Winckler, um menino de 12 anos que ficou torcendo o tempo todo para o Aimoré, apesar de como eu ser colorado, o pai dele o Mauro e a mãe, a Irene, a tia Lena, minha irmã Rachel e, assim, chegamos de comitiva, ficamos de torcida e saímos muito felizes do estádio. A foto deles no meu mural diz tudo.  Lá também encontrei meus dois primos queridos o Marquinhos e o Moita. E minha mãe, com esta, resolveu adotar um certo hábito...e provavelmente nós voltaremos no último jogo contra o Juventude no próximo domingo e creio que a cidade toda deveria fazer o mesmo, porque aquele estádio e aquele time tem mágica...sempre teve  e vai continuar tendo por muitos anos....  

O jogo para mim foi muito bom e aconteceu aquele lance maravilhoso do gol do Aimoré em que eu e um outro torcedor tivemos aquela visão que só quem gosta de futebol sabe que existe: a antecipação do lance e vibramos muito vendo toda a galera vibrar depois do gol. Foi um gol daqueles inesquecíveis porque tinha nele a expressão completa do pé em que este time está e do pé em que ele ainda vai estar no futuro. O jogo foi muito bom porque o Aimoré fez um jogo de gente grande, mas apesar disto o Inter virou o jogo e arrancou uma vitória de 2x1, mas o Aimoré criou cinco lances de gol e o goleiro Muriel do Inter foi considerado o melhor jogador em campo, simplesmente porque fez três defesas de copa do mundo.
Eu gostei muito do posicionamento e da conduta do Aimoré. E vou comentar aqui um pouco isto e a evolução do time. Nos jornais pós-jogo alguns falam em time disciplinado e apontam ao técnico por conta disto, outros falaram de certo esmorecimento físico no segundo tempo, mas eu creio que é a reapresentação de algo que já andei falando no inicio do campeonato em que o Aimoré começava vencendo e depois cedia o empate e a virada para diversos adversários, alguns piores em campo que o próprio Aimoré. Mas é bom que se diga que isto só permitiu uma virada de jogo no detalhe, porque observando o desenrolar da partida, afora os dois lances e oportunidades dos dois gols convertidos o inter praticamente não impôs pressão ao Aimoré. Eu, para comentar com um amigo do Aimoré, já na praia na segunda rodada  lembrava do jogo do Felipão e da tática do Felipão do Grêmio (1995), que é um estilo de jogo mais disciplinado e mais defensivo que o estilo do Parreira (da Copa de 1994), mas que tem muita eficácia quando o adversário não tem mais força física ou um grande talento criativo, como é o caso da média dos times do futebol gaúcho excetuando-se aqui a dupla grenal. Porque ganhar por um a zero tá ótimo e só é possível se você for capaz de segurar o resultado, ou marcar seu gol após os segundo tempo, mas para isso precisa muita retranca e boa ocupação dos espaços e movimentação com uma marcação precisa na intermediária adversária e parece que com a mudança de técnico se conseguiu em parte isto. E não quero dizer que o outro técnico era ruim não, mas às vezes a gente sabe que para um time evoluir ou uma equipe evoluir para um outro patamar de desempenho é preciso mudar o líder – e aí pode ser o técnico e pode ser o capitão do time também - e mudar a forma de orientação e muitas vezes fica difícil para quem criou a turma e montou o time mudar esta orientação ou subir este degrau técnico. Bem, mas falar é fácil...     

Pois neste domingo teve tudo isso e eu senti por mais de uma vez a força e a mágica de uma gigantesca torcida em volta daquele estádio. Quando olhei para aquele gramado maravilhoso pensei em quantos esperaram um dia ver aquilo que aconteceu domingo acontecer e daquele jeito.  E eu vou voltar ao Estádio Cristo Rei no próximo domingo dia 16 de março, para ver o Aimoré e torcer. O jogo é contra o Juventude e por isto mesmo queria ver o estádio mais cheio ainda, para fechar a participação do Aimoré em casa com uma vitória em franca homenagem à nossa cidade, à direção e ao time que tanto lutaram para chegar lá e que precisam cada vez mais do apoio da torcida e de uma torcida maior para ir adiante.


Considerando que é praticamente o último jogo do Aimoré neste pequeno torneio da primeira divisão do futebol gaúcho, com certeza valerá a pena comparecer...    

segunda-feira, 10 de março de 2014

A INSTITUIÇÃO

Creio que ainda vou escrever um par local ao livro O PROCESSO do Kafka, vou dar o nome de A Instituição, para fazer juz à entidades abstratas que às vezes me deixam intrigado não com o que elas fazem, mas com o que certos sujeitos pensam que estão fazendo nelas...mas num é nada demais não....

KIERKEGAARD E O TEMPO DAS DISTINÇÕES

"O tempo das distinções passou, o Sistema o superou. Quem ainda em nossos dias o ama é um tipo raro, cuja alma se prende a algo há muito tempo já desaparecido. Pode ser que seja assim, todavia Sócrates continua a ser quem ele foi, o sábio simples, graças à sua singular distinção, que ele próprio enunciava e realizava perfeitamente, e que somente o excêntrico Hammann, dois milênios depois, retomou com admiração: "pois Sócrates foi grande porque distinguia entre aquilo que ele compreendia e aquilo que ele não compreendia."

In: KIERKEGAARD, SOREN A. O Conceito de Angústia. Trad. Alvaro Valls. São Paulo: Vozes, 2011, p.5.

Após ler isto na página de abertura da obra que precede a dedicatória, me sinto tocado e provocado, estimulado e satisfeito em  prosseguir com certa valorização de distinções, promovendo a percepção e a compreensão de diferenças, e pedindo com meu trabalho que a cada dia tenhamos mais discernimento neste mundo, porque tanto a instituição em sua superioridade, quanto o sistema abstrato não podem se erguer, se sustentar e se perpetuar sem sofrer o inquérito minucioso e judicioso dos homens, e sofrer com mais rigor com as escolhas refletidas dos homens e mulheres deste mundo. 

E a base mais fundamental disto é o reconhecimento da diferença entre o que não se compreende e o que se compreende e o devido respeito a isto e esta condição. 

E eu me encontro refletindo e tentando fazer deste tempo o tempo da distinção, da diferença, do discernimento e das escolhas verdadeiras....

E seguir vigiando a verdade que não se perca a fronteira entre ela e o engano, o engodo, a fraude deliberada e a farsa entre os homens.

E é claro que o Sistema tem boas soluções para este homem, assim como teve para outros...

domingo, 9 de março de 2014

SOBRE O GRANDE LEBOWSKI: PARA O AMIGO CESAR DOS SANTOS

Estava assistindo em conta-gotas e com muita parcimônia O Grande Lebowski, por conta das minhas agendas de aulas, afazeres domésticos e compromissos familiares e externos nesta curta semana de enterro dos ossos, quarta feira de cinzas e carnaval, não necessariamente nesta ordem.

Me coloquei de fazer esta venturosa revisita a este filme depois de uma dica do Cesar Schirmer (o filósofo e amigo) que comemorou o aniversário de 16 anos do filme estes dias. E sou daqueles que sigo certas intuições e vou lá ver qualé. Pois foi bem legal porque deu para pensar e rir bastante e olhar de uma perspectiva diferente para certas coisas desta vida.

Se eu me desse ao trabalho de comentá-lo com mais vagar, ligando certas pontas soltas do filme, fazendo digressões e conexões com outros filmes, creio que daria um bom ensaio sobre temas que me parecem incidentais nele e outros temas que parecem essenciais e bem originais nele. Na lista de temas do verbete da Wikipedia  e dos que fiz aqui rapidinho você já pode ter uma idéia fácil disto: 1. O SLACKER,  o homem relaxado e desleixado; 2. O Dudeísmo, ou o CARA, como religião e como forma de ser do homem comum e prosaico; 3. O engano de identidades e a homonímia que gera as vezes algumas belas confusões que na vida real parecem peças de ficção; 4. O confronto entre o miserável e o milionário, lembra o primo rico e o primo pobre figura clássica da comédia de costumes brasileira e universal em que o desprezo e a indiferença mudam os papéis e posições de ambos; 5. O seqüestro de mentira em busca do dinheiro para saldar dívidas absurdas; 6. A grande missão de libertar ou resgatar alguém que não vale a metade do esforço; 7. Os desvios de rota, roteiro e a falibilidade dos planos; 8. a competição do boliche com adversários caracterizados e as manhas e estratégias de amedrontamento, bem como, os desarmes disso; 9. O neurótico agressivo e suas crises de raiva que botam tudo a perder; 10. o shabbat de mentira da personagem de Goodmann; 11. O alienado da paz; 12. a cobrança temerária e insegura de um aluguel do inquilino; 13. A apresentação de dança do locatário e a cena sem sentido e anacrônica; 14. A competição entre desiguais; 15. As técnicas de pintura e a personagem libertária de Julianne Moore; 16. O riso cínico e non sense; 17. A busca do dinheiro e a ganância; 18 a voz e a percepção da diferença; 19. O saudosismo de um tempo que não existe mais; 20. assinar a primeira versão de um manifesto desconhecido; 21. As idiossincrasias de muitas ou todas as personagens, nenhum deles parece ser real ou compreender o mundo, me veio a imagem de ratos andando em um labirinto quando dei uma visada no todo do filme, com encontros e desencontros; 22. As sequências de fantasias e sonhos de Dude; 23. A fusão de um desempregado convicto num hippie anacrônico que só busca seu próprio ócio e prazer; 24. A metáfora do boliche e do último pino; 25. A despedida dos que morrem, suas cinzas e os discursos e associações sem sentido perante a morte e o desaparecimento; 26. A tremenda e maravilhosa importância de um tapete para um homem, para uma casa e para cada um de nós; 27. O rapto da esposa caloteira, Helena de Tróia e toda a guerra que se segue disto; 28. A banda Autobahn,  que me fez ouvir e rever Kraftwerck, com o que andávamos de skate nos anos 80; 29. A guerra do Iraque e os bonbardeios cirúrgicos e todo aquele papo de Saddan Hussein, o malvado – aquela estupidez tem relação direta com o que a Al Qaeda faz depois; 30. E o tema mais interessante – cômica e filosoficamente falando - que são os Niilistas desolados e coitados, que parecem terem contraído uma doença da alienação no mundo e serem destinados a infelicidade; 31. O espelho do homem do ano da Time é maravilhoso em diversos sentidos, porque mostra que qualquer um visto sob certa perspectiva pode ser o homem do ano, e este é apenas um dos detalhes e souvenirs digamos assim que se destacam; 32. E enfim a casa e o produtor de pornôs e a arquitetura modernista da casa do produtor de pornôs, bem como, a miséria dos roteiros dos filmes pornôs que mostra um debate sem sentido sobre sexualidade, liberdade sexual e outros fetiches e xistes bem típicos daquela época dos anos 90; 33. A procura do carro e a quebra do carro zero por um impulso furioso; 34. A prova de sociologia do menino com as correções à caneta vermelha; 35. O escritor de série Cult que está vivendo por aparelhos e  recebe ainda devoção do amigo de Dude; 37. O investigador e admirador de Dude naquele fuça e que constata que Dude “enganou todo mundo”. Poderia desfiar aqui mais uns 20 itens de discussão semiótica, simbólica e irônica.  E enfim a questão do tempo, que nos aparece com o cowboy narrador...o que sugere que estamos em um faroeste dos tempos modernos e que nosso herói é somente mais dos Imperdoáveis homens do nosso tempo miserável e danado. Para não falar nada de Bukowski ao fundo e no bastidor fundamental deste filme. Eu fico imaginando as cenas cortadas deste filme pelo universo no entorno da grande personagem de Jeff Bridges.                   

Me parece, então, um filme panorâmico e provocativo para se pensar a condição cultural do anos 90, não somente nos Estados Unidos, Califórnia, Venice ou Los Angeles de então, ou seja, ele transcende a questão regional americana e joga no espaço daquilo que alguns chamava de espaço imaginário da pós modernidade.  Ele me parece também mostrar – e atentar aqui para a eclética trilha sonora para isto - a grande dissonância entre o velho e o novo naqueles meados dos anos 90 e mais ainda sobre certas temáticas non sense que o irmãos Ethan e Joel Coen  apresentam. Isso também me parece acompanhar e comparecer também em filmes de Jim Jarmusch, Quentin Tarantino, Almodóvar e outros naquele mesmo período.

O dudeismo é algo tributário também disto: na falta de uma teoria, então deixa prá lá Dude...Que é meio que a doutrina dominante nos dias de hoje.


 A cada cena me dou conta o quanto sou feliz e como vejo graça em coisas banais e simplórias e como podemos rir das pessoas da sala de jantar e das pessoas que se levam a sério demais, sem serem sérias...o filme me parece permitir a construção de narrativas diferentes sobre a personagem principal e mostra como um sujeito cuja condição singular é mínima pode ser interpretado com graça e leveza. A maior parte das situações são inacreditáveis e absurdas, mas o filme mostra um pouco isso também como o inacreditável e o absurdo ronda de fato nossas vidas. 

Além disso, o quanto a realidade é falseada por clichês e estereótipos vazios de tal modo que algumas pessoas realmente parecem habitar personagens irreais e devem se sentir impotentes a aprisionadas à eles. Não precisa ser um velho hippie ou junkie viciado em boliche para entender isso.    

FESTIVAL DE CCs E FALSIDADE IDEOLÓGICA: EM SÃO LEOPOLDO

Sobre o Festival de CCs de São Leopoldo que está consolidado, postarei outro artigo mais especifico sobre isto depois...parabéns ao cinismo cordial...nada como um dia depois do outro para saber quem é de verdade e quem é de mentira...e também é uma forma amarga de se saber quantas pessoas realmente dão bola para isso...e eu gosto das pessoas que dão bola para isso...das pessoas que se importam com isso...gosto muito das pessoas que sabem que isto está errado...que isso é o tipo de coisa que não vale...e penso que as pessoas que produzem isso poderiam ser punidas por falsidade ideológica...

TOMEI UM ANTIÁCIDO

Tomei um anti-ácido estes dias...quer dizer: batizei um mantra da humildade de anti-ácido estes dias e fiquei pensando em tudo que vejo, leio e escuto nesta vida...com uma ênfase especial nos últimos anos em que tenho - digamos assim ou assado - andado por aqui – na internet, encontrado e reencontrado muitos amigos, muitos conhecidos e velhos conhecidos e outras coisas parecidas ou semelhantes e dessemelhantes...e tenho uma firme impressão que nunca tinha imaginado que tudo isso seria possível...ou seja, jamais imaginei em minhas diversas especulações de jovem que seria possível esta forma de contato....sou do tempo das cartas, das visitas, dos recados enviados por amigos comuns e em que a gente só sabia o que estava acontecendo com as outras pessoas em suas vidas ou pelo telefone, ou por jornais ou por comentários de terceiros...e vejam só...nossas relações são hoje instantâneas, simultâneas e também, mais momentâneas que antes, mas me parece e tenho a firme impressão que hoje conhecemos muito mais uns aos outros de um ponto de vista cultural, político e ideológico e existencial hoje do que antes....digo isso porque milhões de diálogos e perguntas e informações foram substituídas por postagens recíprocas...as afinidades e as diferenças são bem mais nítidas....e apesar dos desentendimentos e bloqueios e afastamentos,  está sendo e é até legal...Uma coisa me parece absolutamente certa: FALTA AMOR MESMO NESTA JOGADA e falta também DISCERNIMENTO...(morri de rir porque o Sakamoto em pleno coincidência espiritual postou um MEME neste sábado com os seguintes dizeres: FALTA AMOR NESTE MUNDO, MAS FALTA TAMBÉM INTERPRETAÇÃO DE TEXTO...e este meu texto é de sexta-feira, o Meme agora sumiu do Facebook, nem entendi bem porque...mas tá bom) porque sem estas duas coisas não há mesmo motivo algum para dizer que isso ou aquilo é melhor ou pior...e a partir disso Cara, vou começar a olhar para o outro lado, vou começar a dar uma priorizada nesta minha lista das pessoas legais....e na minha lista das coisas mais legais....como nada disso pode acontecer com o lixo da cidade, a mentira campeando e a baixaria rolando...vou continuar brigando um pouquinho por coisas melhores...se andei me levando a sério demais ou não...bem...esta é uma questão de perspectiva somente e a minha é a que me interessa...além daquela das pessoas que eu amo e que me amam...

quinta-feira, 6 de março de 2014

SOBRE A USSA E A GIANE - PARA QUEM GOSTA DE ANIMAIS E DE GENTE

Eu sinto muito por ti e pela Ussa que partiu, e quero te dizer mais alguma coisa de novo sobre isto e esta tua relação e a nossa com estes bichinhos. Se não me engano tentei te consolar também quando a Manchinha foi ao céu dos gatos e espero acalentar teu coração e do Drégus com isto também.

Minha querida e estimada amiga Giane, desde que te conheço você é assim: apaixonada por gatos e gatas. E por conta disto tens teus gatos e gatas e trabalha muito bem, inclusive, fazendo retratos destes bichanos, dos seus e dos outros donos e dos sem donos, também, que são admiráveis, expressivos, que nos emocionam e passam um sentido da graça, da beleza e da liberdade de espírito destes seres. Vejo também que consegues pegar e mostrar, nestas fotos, uma bela pitada das características que estes seres no mostram no cotidiano, em situações informais e em situações de até sedução do homem ao bicho e do bicho ao homem.

Eu sou um cara que já sofreu muito por causa de bichinhos e olha que digo isso sem sentir nenhuma ameaça e nenhum tipo vergonha, ao contrário, tenho orgulho disto porque há nisto algo de demasiado humano e de demasiado animal e penso até que através deles e do contato com eles eu me compreendo melhor em minha dimensão instintiva e em alguns impulsos e atitudes aparentemente meio despropositadas e não muito racionais. Penso que a gente sabe bem que as crianças e as pessoas em geral podem aprender muito com estes animais sobre emoções, sentimentos, a importância do carinho e do afeto, sobre cuidado, sobre interesse em primeiras intenções (que me é algo bem admirável neles) e também sobre a convivência e a liberdade dos outros seres serem exatamente como são e do modo que são.

Queria te dizer que muita gente deve à ti à Ussa, à Manchinha, aos teus demais gatos (penso muito no Goku Tb. Quando lembro destes teus e nossos queridos ), e à muitos animais uma série de coisas. Eu tive muitas gatas e gatos também. Gosto de animais, mas também gosto muito de gente. E tenho o maior respeito por pessoas que gostam muito de animais. Herdo em meu coração e da minha avó algumas palavras simples e singelas sobre este gosto por animais e praticamente toda a minha família de ponta a ponta tem animais de estimação e alguns são inclusive veterinários e outros querem ser. É até um negócio engraçado isso porque a medida que minha vida avança a cada dia se intensifica mais a minha relação com os seres humanos como professor e com os animais como pessoa. E não é por capricho, de certa forma uma coisa vem trazendo a outra e me vejo hoje num mundo cujos habitantes e minhas relações não são mais mesmo somente os seres humanos. Isso inclui os pássaros e se eu não me cuidar toda a fauna e toda flora. E eu vejo a mesma coisa em você e em muitos outros amigos e amigas. E isto é uma coisa que me dá certa confiança no futuro da humanidade, inclusive, porque ocorre aí uma espécie de educação de nossa sensibilidade, tão necessária para se reduzir as guerras, as soluções violentas e melhorar a vida de todos nós     

Eu penso que o mundo é dividido espacialmente e afetivamente e penso que se houver algum tipo de outro mundo também deve ser assim, mas eu não tenho a menor dúvida que o melhor espaço deste mundo, do nosso mundo, do mundo deste seres todos, deve ser mesmo o nosso coração e que o melhor sentimento é mesmo o afeto, a estima, a graça e a beleza de poder amar. Assim, minha amiga e meu amigo Dregus guardem nestes espaço todo amor e todo carinho pela Ussa e saibam que se houver um outro mundo este sentimento vai se realizar lá também.

Nunca se arrependam de amar, nunca fiquem tristes por serem amados e continuem amando porque é esta mesmo a melhor experiência  e o maior privilégio que temos nesta nossa vida.

Um grande abraço amigo!