Este é apenas um esquema
explicativo, inacabado e imperfeito das ciências e que em parte vale também
para as disciplinas escolares, ressalvadas certas diferenças que me parecem
fundamentais entre elas. Coloquei no quadro para algumas turmas tentarem
entender as relações entre as ciências humanas e as demais e valorizar mais as ciências
em geral.
Com este esquema, cuja explicação
textual dou um pouco a seguir, pretendo apenas diferenciar Ciências Humanas,
Ciências Naturais e Ciências formais, sem abolir as relações de colaboração e
compartilhamento de conceitos, métodos e teorias entre elas. Tenho trabalhado
com um a diferença fundamental entre Discurso/Narrativa e Formas/Fórmulas.
Assim, algumas ciências são mais formais e outras mais discursivas. Na educação
isso explica dois tipos de desafios: de um lado, as ciências formais
trabalharem mais numa forma discursiva transformando as fórmulas em proposições
descritivas, narrativas ou discursivas e, de outro lado, as ciências humanas
trabalharem mais formalizando e esquematizando seus conteúdos e, na medida do
possível, fazer uso de fórmulas e de formas de representação ou figuração não
meramente discursivas, como esquemas e etc.
Quando a minha querida professora
(Luciana Giacomelli) e colega de artes ao ver este esquema me aponta a falta
das artes ali tem razão, no sentido que falta o nome, mas eu entendo que ela
está presente em tudo porque tanto a criação de uma narrativa não pictórica,
quanto a representação pictórica ou simbólica envolve justamente uma dimensão
estética e o uso de arte para fazer símbolos, sinais e construir imagens e
esquemas.
Dou aqui, como exemplos, os
maravilhosos cadernos de esboços, esquemas e desenhos - até caricaturas - de
Érico Verissimo para suas obras, cuja narrativa é, entretanto, discursiva o que
mostra também que certa forma de literatura requer um parafuso a mais sim ( meu
querido sobrinho Bruno Boeira). E destaco também que a educação física, para
voltar ao panorama de disciplinas escolares, cumpre um papel muito importante
também como forma de expressão física e social dos sujeitos de conhecimento
sobre seu mundo, o que envolve a dimensão lúdica, mas também política do
domínio do seu corpo e da construção de sua performance física no mundo, algo que
nos esportes competitivos e no teatro parece ter certo paralelo.
Também é importante dizer que das
relações entre ciências humanas e ciências naturais brota todo conteúdo de uma
Geografia que, por exemplo, pode ainda ser dividida em geografia física e
humana – gosto sempre de lembrar minha fórmula geográfica (N + R + C + P + E
(H) = D, cada letra com valores variáveis de + ou – como nas tabelas do IDH,
para Saúde, Educação e Renda que aqui na formula geográfica aparecem só em D – demográfica,
e são resultantes da soma N= condições naturais, R = condições religiosas, C =
condições culturais, P = condições politicas, E = condições econômicas, e (H)
condições históricas, aperfeiçoando aqui).
E, por fim, dizer que esta
narrativa e forma de esquematização nos exige complementar também com a
história das ciências e com certos estudos das dimensões formais nas humanas e
das dimensões históricas e sociais nas ciências formais e naturais (meus
colegas de área, os professores Márcio Wackslavowski, Marcelo Binot, Paulo
Prestes, Ricardo da Luz, Márcia Mittmann, Dorami Galeazzi tem debatido isto com
a gente e também entendem assim). Gostaria de agregar apenas na faixa das
formais – que já incluem Linguagens e Matemática, como também disciplinas ou
conhecimentos singulares a Lógica e a Geometria, cuja contribuição singular aos
regimes de prova, modelos de prova e teorias de prova de todas as ciências
devem ser sempre mais destacadas e compreendidas. Assim, todas as linguagens
que permitem algum uso demonstrativo ou argumentativo pertencem em suas
diversas traduções as ciências formais ainda que não tenham sido formalizadas e
mantenham como essencial uma relação representativa. Entendo semanticamente que
o sentido é derivado do representado e que a representação lhe é secundária, mas
que os modelos sintáticos e demonstrativos que podem ser formalizados ampliam o
âmbito de sua aplicação. Neste sentido podem os fazer tradução de um modelo
discursivo para um formalizado e de um formalizado para um discursivo e este é um
dos exercícios, eu creio que ajuda muito na aprendizagem do concreto ao
abstrato e que deveríamos fazer mais na escola. E ainda dizer que a Matemática
aqui é vista como uma linguagem - ainda que sua relação mais produtiva seja
formal para a física e outras ciências naturais.
E não poderia deixar de citar a
Química aqui cujo regime próprio representado por uma tabela periódica e suas
regras e fórmulas próprias, esquemas de representação e de explicação dos
fenômenos e de seus próprios objetos me é assombroso porque passa com facilidade
para um discurso narrativo sobre o mundo, o ser das coisas e seus elementos
constitutivos, bem como suas relações físicas e químicas e suas pertinências
para a biologia e as demais ciências.
Penso sim, que deveríamos gastar
um bom tempo reorganizando os nossos conhecimentos, nossas ciências, relações
comuns e também compartilhando mais num todo isto para os alunos. Imagino que
deva ser mais ou menos isso que esta ocorrendo com os debates sobre áreas hoje
na educação brasileira, mas vejo mesmo como essencial organizar isto sob o viés
da história da ciência e da filosofia da ciência. Porém é um debate que vamos
construído na prática cotidiana e através de muito diálogo. Isso pode continuar
é claro...com mais opiniões e se alimentando mais dos debates nas disciplinas e
entre elas e para além delas...
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