Sócrates era mesmo um cara muito
marrento. Provavelmente se você designasse ele de professor, ele te recusaria
dando de ombros. Ele, segundo Platão, se considerava um maieuta, um parteiro de
almas e idéias. Dizia que tinha herdado esta profissão de sua mãe que também
era parteira. Pois, então dele nasciam seres ou os seres conheciam mais sobre
si mesmo. Bem, ele recusava qualquer
remuneração dos seus discípulos, menos um convite para um banquete, uma janta
ou um passeio à volta da cidade ou sentar nas praças e conversar. Para muitos
jovens atenienses ele era um mestre e me parece que para alguns ele era o único
mestre, em especial, para aquele menino chamado de Platão por todos da cidade.
No dia de sua morte quase todos os discípulos estavam se lamentando à sua volta
e era ele quem os consolava com palavras e amparo, antes de tomar aquela porção
de cicuta macerada e diluída em vinho. Chamam seus discípulos de alunos, mas
parecem esquecer também que ele dizia que tudo que sabia é que não sabia de
nada, para escapar ou se enquadrar no vaticínio do Oráculo de Delfos como o
homem mais sábio da magna Grécia. Como poderia ensinar algo a alguém, sem saber
de nada. Mas o que afinal aqueles discípulos todos viam e buscavam nele? Talvez
ele seja uma prova da existência e da força de atração da sabedoria sobre os
jovens, da inteligência sobre os jovens. E deveria haver algo mais que a
promessa por traz daqueles encontros, Uma prova de que a filosofia nele e em
muitos outros é, justamente, o amor a sabedoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário