Minha tese de que a Copa do Mundo
de 2014 é Latino-americana, vai se confirmando com bons resultados e
prognósticos mais e mais a cada dia que passa.
Nesse quadro, é bom que se diga,
contra certo terrorismo e o emotivismo clássico da imprensa e dos comentaristas
brasileiros que querem sempre transformar a seleção em saco de pancadas, porque
afinal foi o que restou para falar mal desta copa, o empate entre Brasil e
México é um ótimo resultado. E até
segunda-feira quando a seleção brasileira joga contra Camarões, podendo tirar o
resultado que quiser, a confirmação de um time dos sonhos não será feita. E nem
depois. O Brasil não vai ser campeão por goleadas, mas com vitórias e eventuais
empates e pênaltis meu amigo. E é isso que a casa oferece e se ocorrer podes
crer que foi por mérito e não porque comprou resultados ou porque a copa foi
aqui. É uma copa dificílima para todos exceptuando-se duas seleções que tem
caminho livre até as quartas. Isso que
alguns querem que o Brasil seja, não existe mais no horizonte de possibilidades,
a última vez que isso aconteceu fomos derrotados para a França, porque o herói da
vez caiu de joelhos dada a pressão psicológica sobre ele e o mundo da fantasia
que construíram ao redor dele. Tivemos que ter o Felipão como treinador para em
2002 desfazer este mundo da fantasia que a Globo e outros mágicos adoram fazer
do futebol. E mantenho minhas fichas na
,mesa a favor do Brasil e da psicologia de Felipão que sabe o que faz e tem
ótimo material humano em suas mãos. Assim, o empate do Brasil com o México só confirma
a supremacia do futebol latino-americano e teremos ainda muitos jogos de placar
estreito entre nós latinos até a final.
Vejamos nos grupos como andam as
coisas. No Grupo A os dois citados acima. No B entra Chile e Holanda, no C
Colômbia garantida, no D Costa Rica Confirmou e estou apostando no Uruguai
contra Itália, no E mantenho minha aposta no Equador, no F Argentina segue, no
G para sorte dos EUA e da Alemanha não temos latinos, mas poderíamos fazer uma
concessão generosa aos EUA e considerá-los - só desta vez - um pouco mais
latinos pelo seus plantel, já no grupo H não há nenhuma seleção
latino-americano. As simulações de oitavas terão 8 times latino-americanos -
tira los EUA ahora - ou seja 50% dos times serão nossos e a coisa pode piorar
muito para los otros ou no mínimo se manter nos 50% nas quartas de final.
Mas isso é só estatística, o que
interessa mesmo é que de fato os latinos estão puxando a Copa do Mundo como
espetáculo, não de goleadas, como Holanda e França, mas de aplicação técnica,
raça e conjunto, com aquela pitadinha saborosa de craques e grandes desempenhos
individuais. E o estilo de jogo faz um misto de marcação sob pressão, seja
individual quando é necessário ou por zona no ataque e todo mundo trabalhando
pesado em campo.
Hoje, por exemplo, tem Argentina e será preciso ter a paciência
com a sensação de frustração com Messi, porque parte da adaptação dele me
parece mais forçada do que acidental. Muitos falam da sua posição que é
diferente de como ele joga na Espanha mas vejo aqui a mesma máscara do Neymar -
aqui vai um fica quieto Neto -, essa situação é temporária, passageira e que
pode surpreender. Na minha opinião ela é
uma situação de preservação dos jogadores e nem eu nem ninguém a de duvidar que
tanto Neymar quanto Messi tem um arsenal de surpresas para nos apresentar. Duvido
muito que Messi vai ficar prisioneiro de um esquema tático simplesmente porque
ele é um craque. Assim como não há nenhum motivo para imaginar que Neymar vá
render menos do que rendeu na Copa da Confederações.
Sobre os que podem ser chamados
de os bichos papões da copa, tanto Alemanha, como França e Holanda, é preciso
dizer que França e Alemanha começaram em grupos privilegiados e que tem um
caminho pavimentado (Irã e Coréia ou Nigéria e Rússia nas oitavas meu chapa?)
até as quartas e que provavelmente vão fazer mais gols ainda, mas que vão
enfrentar logo ali adiante os latinos e a coisa não vai ser tão fácil não pelo
que já falei acima sobre conjunto, craques e raça dos latinos nesta copa
(Itália, Espanha e Inglaterra que o digam).
Não sou mesmo especialista em
futebol e esboço aqui algumas observações pautadas nas minhas primeiras
intuições pelo que vi em campo e por certa lógica que observa uma tendência,
mas deve haver alguém que seja capaz de explicar melhor este "fenômeno
latino" na Copa, cuja entrega e dedicação ao jogo tem sido a marca somada
ao talento e a disciplina tática extraordinária que alguns jogadores latinos pelo
visto conquistaram no futebol europeu. Me parece que isso é a soma do talento
com a disciplina e que isto está trazendo estes resultados, ao mesmo tempo
creio que tem uma nova geração inteira de jogadores que são frutos das mudanças
sociais ocorridas na América Latina nos últimos 20 anos. O fato de Venezuela ou
Paraguai não estarem nesta copa, não diminui a importância deste grande
laboratório de democracia, direitos sociais e justiça social que tem ocorrido
na América. Então para não me furtar ao raciocínio creio que o panorama atual
desta copa é também um síntoma da saída do sub-desenvolvimento de todo nosso
continente o que inclui aqui as ilhas do Caribe e as seleções latinas ligadas a
Concacaf.
Para coroar esta década eu diria
que teremos no mínimo mais dez anos de supremacia latina no futebol mundial se
não tivermos aqui uma guinada para direita e para o conservadorismo.
Quem diria que este povo seria capaz
de provar rigorosamente aos europeus que a supremacia branca, o eurocentrismo,
a colonização e o imperialismo estão com seus dias contados. E há que se fazer
justiça que a África vem vindo junto...
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