Desculpe a TESE, mas eu creio meu
querido professor Renato Janine Ribeiro que isso – a inserção de falas
ultrapassadas de Ferreira Gullar e Julio Medaglia na radio cultura de SP, é um
sintoma paulista típico, da conjuntura e do passo ou descompasso histórico em
que São Paulo se encontra. Há ai claramente uma falta de conselho de
administração nestas mídias e de uma decadência passadista e falta de renovação
e atualização cultural na linha editorial destas mídias.
Elas são midias estatais são e
estão relacionadas à políticas e a concepções políticas também ultrapassadas.
Creio que é preciso discutir isto profundamente porque também envolve certos
senso de limites para certas pessoas que se julgam eternizadas por suas grandes
obras e importantes contribuições. Agora me diga como aposentar ou dirigir
"personas" como estas e outras? No domínio político temos eleições
que deveriam nos ajudar a substituí-las e a aposentá-las com dignidade. Mas me
parece que ninguém é muito dado a sabedoria de saber a hora de sair ou de
passar o bastão. Parece que não criam discípulos melhores que os mestres por ai
ou com estes homens que temos aos milhares e que aparecem com mais vigor hoje
tendo em vista a ampliação da longevidade. Mas penso também que esta midia que
tem se desenvolvido desde os anos 50 sofreu pouca renovação no resto do Brasil
o que só foi agravado pela posição de monopólios nela herdadas da ditadura.
E em São Paulo o caso parece ser
mais grave. No Brasil ainda tem os monopólios políticos da grande globo e suas
afiliadas, das concessões ad ditadura e do sistema político monopolista
brasileiro, e ma TV Cultura que permanecem os mesmos dada toda esta
inalternância no Poder em SP desde Montoro, Covas, Serra, Alckmin e os
"gênios de gabinete" que estão a 32 anos governando SP (Safatle
pontuou isso ao sair, com muita precisão crítica) e levando o maior estado do
país a um estado de decadência ideológica e cultural, econômica e
administrativa inimaginável. O atraso é tão grande que eles estão discutindo a
dívida da USP olhando somente para a conta DÉBITOS e não para os CRÉDITOS
CULTURAIS E TECNOLÓGICOS desta universidade. Sendo que todos os reitores da USP
foram indicados por membros desta mesma escola de Montoro, Quércia, Covas,
Serra, Alckmin. Não consigo destrinchar em SP o PMDB do PSDB, por mais que eles
queiram fazê-lo. Por mais que se deva respeitar as contribuições destes
paulistas e seus limites, compreender seus projetos no quadro histórico
adequado é preciso dizer que São Paulo parou no tempo e aquela elite que vaiou
a Dilma, a proliferação dos "coxinhas" e de outras versões de néscios
paulistas é só um dos muitos síntomas disto meu grande professor e filósofo.
São Paulo precisa ser repensada e
se abrir de forma correta para o resto do Brasil para sair desta crise. Eu olho
para o RS - meu estado - e vejo Tarso Genro e seu governo com todos os limites
e objetivos ainda a atingir. O que envolve desde o cumprimento da lei do PISO
NACIONAL DOS PROFESSORES - preservando o atual Plano de Carreira dos mesmos,
fazer o estado crescer em índices superiores ao resto do Brasil, tendo as
menores taxas de desemprego e implementando políticas públicas e vejo que deve
haver algo sendo feito certo aqui e algos endo feito muito errado ai em SP e
não dá para usar mais o argumento recorrente de que SP é uma MEGALÓPOLE para
não fazer nada.
É preciso mudar a política ai de
verdade e tratar o Estado de São Paulo com a grandeza e a coragem que ele
merece. E meu caro filósofo deve se construir ou reconstruir um estado com
gestão e com objetivos mais generosos e ambiciosos do que estes que ai se
cumprem. SP não pode ser mais governada por ZELADORES de CONDOMÍNIO decadente coimo
tem sido. E no ano passado quando a polícia baixou o pau nos Manifestantes pelo
Passe Livre detonando e gerando toda a reação que ouve é preciso que se diga
claramente que o ZELADOR deu sinal claro de não compreender o processo que
enfrentava e de não ter juízo atualizado para exercer o Poder. Assim, as falas
decadentes de Julio Medaglia e de Ferreira Gullar são a ponta da decadência
cultural e política de São Paulo dando as suas caras mais uma vez. E
desrespeitar a memória de Vladimir Herzog é o cúmulo da perversão que esta
decadência torna possível.
Bem, talvez olhar melhor para o
quadro brasileiro seja uma tarefa necessária mesmo para os paulistas. Sobre o
RS e o RJ creio que deve valer aqui a análise rigorosa também. A minha
percepção de SP é desagradável também para mim mesmo. Eu percebo – a partir do
olhar Ed um estudante de filosofia - que claramente a tradição cultural
paulista contribui com um grande crescimento e auge nos anos 80 – na redemocratização
- indo das publicações das editoras Brasiliense, Cia das Letras, a Folha de SP,
caderno Leia, as produções da USP, e da Unicamp, o CEBRAP, TV Cultura e muitas outras
instituições e depois uma queda vertiginosa. Neste tempo estudava na UFRGS e
tinha muita admiração pela Escola Paulista. Aliás, foi neste tempo que conheci
teus trabalhos sobre Hobbes e que me fascinava com a filosofia moderna por
força e arte, engenho e precisão do Brum Torres e do Balthazar. Eu lia Rouanet,
Barbára Freitag, Gianotti e Chauí, Schwartz, Antônio Cândido, Florestam Fernandes,
Sérgio Buarque de Hollanda e muitos outros. E isso se somava ao meu cardápio
prévio de Oswald de Andrade e Mário de Andrade. E percebia a produção cultural
paulista engatada na brasileira e fazendo a recepção e crítica palmo a palmo
dos debates internacionais. Mas a decadência tem este efeito é dolorosa para
quem assiste e para quem a vive.
Escrevo aqui de um impulso
pensando mais na Crise da USP que é algo que me perturba e me deixa muito
indignado, porque ela mostra os limites terríveis daquilo que o Nassif e outro
grande paulista chama de a política dos cabeças de planilha. Creio que a
política em São Paulo - e isso significa a política do PSDB de SP - fez uma
seleção selvagem - alguns culpam o Serra disso (mas ?)...e confesso que sou um
grande fã de outros paulistas que são pouco ouvidos ai e que curiosamente pertenceram, ao PSDB ou
foram aliados do PSDB também. Bresser Pereira é um deles entre outros. Então
debater SP me parece também uma tarefa para os brasileiros porque é uma peça
chave para o desenvolvimento do Brasil. E é exatamente nisto que o nosso Lula
está de olho. Qualquer um de nós sabe que se colocarmos os vagões de SP na
locomotiva Brasil a andar na mesma direção, mas contribuindo e afinado,
diferenciado e respeitado, este país pode crescer muito mais. Por isto vejo a
decadência, mas ainda sou otimista, SP vai passar e vai sair desta fase.
Nenhum comentário:
Postar um comentário