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domingo, 8 de março de 2015

QUADRO, CADERNO E MEMÓRIA: MINHA BREVE CONTRIBUIÇÃO PARA O INÍCIO DO ANO LETIVO

Os alunos e alunas de hoje em dia ainda precisam copiar a matéria e as notas e apontamentos do quadro por uma única razão: para terem seus registros organizados nos cadernos e como forma de viabilizar os estudos de modo a lembrar detalhes, esquemas e indicações que os professores colocam no quadro e também seguir criticamente para além deles.

Por melhor que seja a memória dos alunos – e existem alunos com boa memória, mas que são uma exceção e não a regra geral,  o caderno continua sendo a melhor forma de ter os lembretes, notas e apontamentos registrados. Para o aluno, quando for revisar a matéria, rever a matéria ou ampliar o seu conhecimento sobre o que foi apresentado ter onde adicionar, anotar e registrar mais informações. Ao mesmo tempo, os alunos com boa memória só tem a ganhar copiando o quadro e ampliando ainda mais seu domínio e compreensão da matéria e aqueles com dificuldade de memorização e mesmo de jogo com os elementos desenvolvidos e apresentados por seus professores também tem vantagens na aprendizagem, poupando-se de excessivo esforço para relembrar ou rememorar as lições.
       
Então copiar o quadro é uma recomendação bem razoável para quem trabalha na sala de aula – e os alunos e educadores fazem justamente isto sem ala de aula: um trabalho. Isso favorece também o desenvolvimento do domínio da linguagem e da escrita e a aquisição de um vocabulário mais amplo, de um acervo mais amplo de palavras, suas grafias e também para nomes próprios, conceitos e, além disso,  porque o quadro permite a construção de esquemas explicativos e ilustrativos, linhas do tempo, esboços de mapa e muitas outras figuras, desenhos e imagens que podem auxiliar na aprendizagem, imaginação e na construção individual e física do conhecimento. Sair da subjetividade de recepção de mensagem e ganhar um objeto externo em que são postos registros é mais vantajoso do que se imagina. Esta é uma tecnologia tradicional, mas que não tem nenhuma necessidade de ser abandonada, mesmo na era destas muitas Tecnologias e facilidades.

Para mim, o quadro e o caderno do aluno são uma espécie de memória remota e mais segura que é auxiliar da nossa mente e de nossas lembranças. Assim, usando uma terminologia mais técnica, a memória de trabalho imediata do aluno vai sendo construída e aperfeiçoada conversando com a memória de curta duração e longa duração, o  que como diz o grande Dr. Ivan Isquierdo, nos ajuda a lidar com nosso limite de armazenamento de informações, ou com a nossa própria economia de memória, pois fica claro que a memória de cada um é seletiva e muitas vezes ela nos esconde coisas quando precisamos lembrar, simplesmente porque atinge um limite determinado. Hoje em dia, pelo menos na minha escola e em outras temos aproximadamente 30 aulas semanais de diversas disciplinas, matérias e conteúdos e quanto melhores forem os professores maior a diversidade de informações e mais criativas as aulas, então deveria ser de prudência anotar ao máximo para em momentos de revisão e discussão dos conteúdos e temas ter como visualizar e articular os mesmos. E mesmo em situações em que disciplinas de uma mesma área tratam de temas conectados lingüística, histórica ou formalmente, seja por temática seja por habilidade comum a ser desenvolvida, vale a pena ter as notas no caderno e mesmo revisar os cadernos para desenvolver questões novas e também resgatar as dúvidas seja elas menores ou maiores.

O caderno e o quadro são, então, junto com os livros os melhores amigos dos alunos e aprender a usar isso como auxílio é praticamente a garantia de êxito nos estudos. E o aluno não tem mesmo mais que receber uma ordem de copiar o quadro para cansar o bracinho, mas sim para facilitar as suas operações intelectuais com a cabecinha que a natureza lhe deu. Às vezes um caderno bem organizado nem precisa ser aberto porque o mero exercício de fazer bons registros facilita a memorização, a visualização e a imaginação tão necessárias ao conhecimento e ao avanço do conhecimento, porém a ciência ensina que os melhores resultados são atingidos com um esforço adequado e  à altura do objetivo de aprender criticamente e não somente por decoreba. Então,a  memorização só será superada pela problematização – como a maioria já informa, mas não haverá problematização sem apreensão dos conteúdos e das lições e o caderno ainda é o nosso principal auxiliar por excelência neste processo.


Obs.: Este escrito foi inicialmente publicado um pouco mais reduzido por mim em 6 de março pela manhã, comentando  sobre um meme – curtido em minha timeline por 73 colegas, amigos alunos e ex-alunos, relativo à pergunta “Isso é para copiar professor?”. Este texto foi aqui expandido e um pouco mais aprofundado com algumas informações trabalhadas e discutidas com o Doutorando em Bioquímica Cássio Morais Loss da UFRGS, que ministrou aos professores da Escola Estadual de Ensino Médio Olindo Flores da Silva, no último sábado o curso Processos Relacionados a Memória e a Aprendizagem, na Unilasalle, no último sábado dia 7 de março. Também aduzo à ele uma contribuição científica do Dr. Ivan Isquierdo sobre os limites de armazenamento da memória, ou sobre o que chamo de economia da memória. Creio que isso me ajuda e a outros colegas de ofício na compreensão de diversos outros temas também, por exemplo, em especial, numa compreensão prática ou intuição prática de que os alunos possuíam uma espécie de limite de saturação de informações e de conhecimento também no uso de novas tecnologias. Isso também explica em parte a forma de uso ZOEIRA’S, tão comum e dominante ao meu ver por certo esgotamento informacional entre os jovens na internet e no uso das novas tecnologias. Espero que suscite discussões e sugestões não somente de linha de ação, mas de compreensão do fenômeno de abandono dos cadernos que pode agravar a desorganização do conhecimento e da aprendizagem dos alunos e a redução dos resultados na qualidade na aprendizagem, apesar do esforço de muitos educadores em produzirem, construírem e prepararem aulas mais criativas, conectadas com a realidade e de acordo com certo conhecimento dos alunos que passa a ser buscado pro todos que estão ocupados com o desafio de educar de fato, estimular a aprendizagem e o pensamento crítico e não somente de expor ou transmitir algum conhecimento.        

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