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quinta-feira, 26 de março de 2015

DESFILIAÇÃO DO CPERS DA CUT: A SERVIÇO DO SARTORI?

DESFILIAÇÃO DO CPERS DA CUT: A SERVIÇO DO SARTORI?

Hoje, quem mais ganha com a DESFILIAÇÃO DO CPERS DA CUT e quem mais vai comemorar é o Sartori. A vitória de algumas correntes neste tema é somente aparente e temporária  Penso que é um equívoco completo julgar que tal proposta representa um avanço na luta e na defesa dos direitos da classe trabalhadora e dos educadores gaúchos. Penso que tanto para nossa luta no Rio Grande do Sul quanto no Brasil é um prejuízo e o enfraquecimento de um importante instrumento de luta dos trabalhadores.

E na atual conjuntura de forte reação ad direita contra a democracia, co  o surgimento de movimentos facistas e golpistas oprganizados seria de prudência preservarmos todas as entidades e ferramentas de luta da classe trabalhadora. Eu disse não por retórica ou exagero na Assembléia Regional do 14º Núcleo, que a CUT não é só a sua direção e a sua burocracia, assim como o CPERS não são só seus dirigentes não e que a base da CUT é trabalhadora e precisa ser defendida e que a CUT faz essa luta sim. E quie eu sei que a CUT vai continuar a lutar com nós em nossa defesa com os demais movimentos sociais.

Mesmo assim alguns voltaram a nos atacar por defender isso. Eu fiz paralisação, greve e mantive minha escola integralmente mobilizada com meus colegas em cada uma das convocações do sindicato e não aceito mesmo que por arrogância, ignorância ou despeito se tente impugnar ou simplesmente desprezar  nossa avaliação só porque ela não concorda com a sua neste tema ou em outros.

Não creio mesmo que a oposição ou a situação atual da direção central dos trabalhadores em educação vão conseguir fazer frente às ameaças do Sartori andando andando separadas como foi mostrado a alguns dias e fazendo política sindical sectarizada e em isolamento. O Governador Sartori  – aquele que antes de ser eleito já nos mandou buscar o Piso na Tumelero - e o seu secretário  Feltes – aquele que já jogou moedinha em nossos companheiros na Assembléia Legislativa - ficam mais fortes para nos enfrentar sem o apoio recíproco da Central Sindical e do CPERS. E se fosse só esse o problema poderia ser uma questão conjuntural que justificasse a desfiliação, mas não, é o mais puro e velho revanchismo orientado pela velha lógica de quem ganha e quem perde nas disputas sindicais. No cenário pós-eleitoral a Direção Central anterior que ajudei a eleger, sustentar  e construir durante meus últimos 17 anos de luta foi derrotada e o troco não pode ser a desfiliação da CUT, da mesma forma os companheiros que fizeram apoio ao Governo Tarso não podem reagir com revanchismo e ou triunfalismo porque ganharam a direção central ou porque perderam o governo estadual.

Para quem acha ainda - na atual conjuntura -  que a verdadeira  ameaça aos nossos direitos vem dos governos é porque ainda não entendeu o processo que o Brasil vive hoje de forte reação reacionária e que a nossa decisão de desfiliação do CPERS da CUT não ajuda a fazer frente à isso. A CUT não é mesmo dispensável nesta conjuntura...lembro que a CUT PODE MAIS todo mundo sabe, agora lembro também que sem a  CUT, ou com menos CUT a situação é pior ainda o que é preciso admitir também. Entendo que o esquerdismo somado agora ao revanchismo e com uma dose maior de sectarismo e passionalismo estão fazendo a conta errada desta história. Adiciono aqui a  lembrança do grave enfrentamento realizado no Governo YEDA para ressuscitar alguns fantasmas na consciência de meus companheiros e companheiras de militância sindical

E eu sou daqueles que sabe exatamente onde o Tarso e o Zé Clóvis erraram e sou daqueles que falou disso claramente em muitas instâncias e lugares também A  defasagem no PISO Salarial que para alguns parece a principal bandeira não é e não foi mesmo o único elemento de conflito com o governo Tarso. E vou lembrar que mantivemos até agora nosso Plano de Carreira que será alvo imediato daqui por diante, no que vejo as ameaças de atraso de salário como justificativas disto. É preciso fazer um debate também sobre isso. Mas se formos tratar de culpas e responsabilidades seriamente ganharíamos mais se as pessoas que indicaram o Zé Clóvis com ardor, convicção e crença na sua superioridade e currículo fizessem aqui a auto-crítica e reconhecessem os avisos que não faltaram de que ele não iria dialogar e sequer  mediar a relação com o CPERS, o queixo duro dele e a crença no poder a qualquer preço de certa fração política nos levaram a isso. Faltou democracia na gestão e isso colocou a perder desde a discussão de um novo projeto de ensino médio até as negociações salariais e a cponquista de avanços na integralização do nosso piso.

Agora, precisamos fazer as avaliações sim, mas elas incluem a conta inteira e se tem algo que não ajuda nada aqui é fazer de conta que a culpa está só de um lado do movimento sindical e político ou que o problema só se resolve com rupturas que só representam o enfraquecimento dos nossos instrumentos de luta, o que a CUT ainda é e vai continuar sendo para nós e diversas outras categorias.

 A única saída é acabar com essas rivalidades e fazer mais política com respeito as diferenças e com unidade. Vamos se respeitá! O outro caminho levará à nossa derrota que não é mesmo o que nós merecemos depois de todos os nossos anos de dedicação a esta causa, depois de todos os companheiros que perdemos e também levando em consideração o exemplo político que temos que dar aos mais jovens que estão chegando agora e tateando neste mundo onde a esquerda desunida será vencida e a falta de clareza e o revanchismo não resolvem, os nossos inimigos sentados nas cadeiras  do governo estadual e no parlamento estão adorando ver este processo e vão gostar mais ainda quando este processo tiver seu desfecho. 

Tenho certa consideração ainda por todos os meus camaradas de sindicato, e isso independe de facções e correntes e questões doutrinárias, mas creio que precisamos parar de fazer a conta errada, parar de fazer a disputa burocrática e parar de fazer um jogo que só nos reduz e despolitiza nossa categoria, porque eu acho que a educação não pode mais passar o que passou por conta seja de disputas internalizadas em partidos de esquerda, seja entre partidos de esquerda.. 

Lembro até hoje do erro de se atrelar a participação na Constituinte Escolar às questões salariais, das consequências disto e que o governo na época apostou errado que a categoria teria razoável acumulo e hegemonia progressista para fazer o debate. Assim de 2003 até 2010 vivemos dois governos sem avanços e sem concursos. Um primeiro que praticamente deixou inalteradas nossas condições de trabalho - sem melhoria alguma - e um segundo que ameaçou diversos direitos nossos sistematicamente sendo enfrentado por nós de forma muito dura. Já o último governo errou no método e apostou que a categoria não faria progredir  o processo e mandou ver goela abaixo e deu no que deu. Com  o piso engasgado e coroando o debate economicista e moralista mais rasteiro da história do CPERS perdemos dos dois lados. O governo, neste sentido, errou mais e é bom que cada um assuma os seus erros. Mas no movimento sindical também perdemos, desacumulando forças e nos fragmentando mais ainda. Não há nada mais primário ou infantil em luta sindical do que fazer parte da turma do tudo ou nada.  Nem em educação, as coisas acontecem na marra ou trata-se de um tudo ou nada... 

Quando comecei a pensar nisto tudo a partir da radicalização do confronto lá por volta de 2012 me dei por conta e alertei que nenhuma das duas posições estava correta e que uma tragédia se avizinhava mais uma vez. Eu defendia uma terceira via e a reparação de algumas posições, mas não houveram nem sensibilidade e nem humildade para reconhecer que o método e o processo mais uma vez estava colocando a perder a possibilidade de avançar e manter avanços para os trabalhadores em educação.Mas todos apostaram na sustentação da linha de radicalidade e não negociação. Agora falei aqui da redução dos danos e da possibilidade de admissão que não podemos recuar mais na sustentação de nossas organizações de luta.

Mas eu ainda creio que cada um vai pesar no seu coração e na sua história de luta como precisamos caminhar ou marchar daqui para a frente..

P.S. Revisado por solicitação e sugestões de outros colegas.

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