Deve haver uma extraordinária
relação entre amor, amizade e educação. Ou, para pontuar mais exatamente a
questão: entre amor e sabedoria. E eu já não tenho mais nenhuma dúvida de que
ambos estão presentes na relação entre mestres e discípulos e em outros casos
aparece também a mesma questão. E deve ser do tipo que mostra que a original
assimetria entre um e outro é superada por algo do tipo cada um ao seu lado e a
partir do seu lugar tira e dá o melhor de si para o outro. Chamava isto de
transitividade. Tinha uma ideia de que compreender algo envolve estar ou se
encontrar em simetria em algum momento ou posição em relação a este algo. Toda
vez que mergulho mais profundamente em biografias de grandes mestres e seus
grandes discípulos - o que vale aqui também para excelentes editores e
excelentes conselheiros em relação a grandes autores e à grandes líderes -
percebo que um aprende com o outro e que o nível de arranjo envolve certa
reciprocidade e nivelamento quase imperceptível externamente, mas que visto
mais de perto revela que o discípulo faz o mestre ser mestre e que o mestre faz
o discípulo ser mestre. O único problema mais originário é o tempo e o critério
a partir do qual um mestre escolhe ou aceita um discípulo e um discípulo
escolhe ou aceita um mestre. Os acidentes da vida tornam a mesma dificuldade
também comum ao amor e à amizade e só a sorte e algo que poderia ser chamado de
uma visão pode levar um estranho confiar na mão de outro ou dar à mão para
outro. A sorte, o acaso, o encontrão e a matrícula acidental numa escola, a
entrada em um partido, o ingresso para um show, a aquisição de um livro e mesmo
uma\ canção qualquer intervém ai...
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