Pois eu me lembrei nesta semana esta passagem da letra do Bebeto Alves por diversas razões. Uma delas era ao me dar conta o que, afinal, diabos nós estávamos fazendo a mais de 20 quilômetros das nossas escolas, eu e mais 13 professores estaduais em greve em um município conversando com mais sete alunos e oito professores que ainda não tinham aderido ao movimento e me veio o insight: nós devemos ser loucos.
E lembrei também da loucura que representa entrar em escolas onde ninguém quer saber nada de você nem do que você ou quem está com você diz sobre a greve e você está ali tentando argumentar, dialogar, trocar experiência e gerar alguma empatia ou identidade sobre a luta, ganhar alguma solidariedade, generosidade, compreensão ou adesão por algum tempo.
Lembrei meu pai - Tu estais malhando em ferro frio, dizia - me olhando em meio a um debate
sobre política com pessoas que simplesmente não querem entender o que você diz, não aceitam tuas consequências, não aceitam tua arguição e de quem está contigo por mais que você se esforce, por mais que tua argumentação seja perfeita, por mais que eles aceitem tuas premissas, não querem aceitar a necessidade de lutar. Se sustentam na vontade, num temor recôndito ou no conforto da forma como estão habituados a ir levando a vida.
Mas eu lembrei também de SOMOS UM BANDO DE MUITOS LOUCOS, quando me perguntaram: se os professores que lutam pelos direitos de toda a sua categoria são loucos ou se são loucos aqueles que vivem anestesiados no sistema de submissão?
Ou seja, aqueles que vivem sofrendo e aguardando alguma melhoria sem lutar por ela ou desejando apenas um bafo da sorte, ou um privilégio ou regalia no jogo de atenção e obediência do sistema de exploração e massacre em que os educadores estão inseridos...loucos somos nós sim que lutamos por vocês que se calam e resmungam pelos cantos da escola e recantos desta vida. Precisamos dos loucos ou os loucos precisam de nós.
E ontem ao ler uma matéria sobre greve e ocupação ao ver que alguém completamente importante, relevante e sensata no curso desta história dizia que esperava a volta à normalidade nas escolas e daí resolvi escrever isto aqui.
Assim, quando a normalidade voltar não estranhe se ela te levar à loucura.
DESOBEDEÇA! Vale aqui Thoreau tb.
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