Mudar o ponto de vista sobre uma
questão pode ser muito bom para a sua resolução e compreender a causa de sua
origem. O tema das inversões de abordagens me parece nítido em diversos casos.
Mas é - ao meu ver - mais um recurso de método que mistura algo como uma
katarsis, uma epoqué, uma busca do arche e etc como o ir à raiz das coisas, ver
mais de perto ou ultrapassar as aparências do que é imediato ou nos é posto a
pensar no início. Estive, por exemplo, num debate com alunos e educadores de
uma ocupação e foi interessante porque usamos - eu e outro educador - a
inversão como recurso não diversionista, mas de aprofundamento e para focar em
algo oposto à abordagem tradicional: eles perguntavam e buscavam respostas por
qual escolas queriam e nós - eu e mais um - perguntamos porque eles estavam
ali. O que tinha trazido eles a vivenciarem aquela experiência. No caso, o tema
da mudança social ou da mudança da escola era invertido pelo tema da
transformação também pessoal que ocorre em processos coletivos e individuais
intensos como estes. Ninguém sai igual de uma experiência intensiva como esta
das ocupações. Isso muda a pessoa como nossas aventuras militantes de jovens
também nos mudaram e nos deram valores de saída diferentes do que possuíamos na
entrada.
P.S.: O lance mais interessante
neste bate papo nosso é que após ele terminar me dei por conta que o que era
comum entre nós todos ali era ter feito, fazer ou ingressar no movimento estudantil
mas sempre de um ponto de vista prático que envolve fazer algo. Eu comecei
assim na minha história e biografia e provavelmente todos tinham ali naquela
sala esta dimensão em sua virtualidade. E um movimento estudantil que funciona
como iniciação política e bem conseqüente como experiência significativa e
vivenciada que dá sentido às nossas vidas.
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