A Educação dos sentidos é um
velho adágio que seguimos. Temos que educar a sensibilidade dos jovens e de nós
mesmos. Isto é uma provocação sensível, cognitiva e intelectual também. É
preciso desenvolver, desafiar e provocar o senso estético dos jovens e adultos
não somente para jogar eles em uma aventura no entretenimento, no gozo
egocêntrico ou na fruição estética desinteressada e generosa, ainda que isto vá
acabar ocorrendo também, mas sim é a tarefa de educar um ser humano para
ultrapassar se, ir além de si, superar sua perspectiva original e abrir um
horizonte mais amplo, confrontar o jovem e provocar no jovem a percepção de que
ele não é limitado a sentir somente a si mesmo. A tal coisa chamada educação
estética do homem é um trabalho civilizatório e humanizador, porque coloca o
homem e a mulher em sociedade, em carne e ossos, e tal lhe gera empatia com o
próximo, o faz compartilhar e ter simpatia com o próximo e traz para ele um
tipo de sentido que só é possível em comunidade, na coletividade, que não é nem
subjetivo ou objetivo. Usando aqui outra terminologia, trata-se também de
familiarizar o jovem e os adultos que ainda não o fizeram com um outro regime
de crenças. Expor outros sentidos e idéias das coisas, das gentes e das
relações entre elas e entre nós e o mundo, nós e também nossa transcendência.
Isso parece bem difícil, porque muitos olham somente para os seus sentimentos,
olham somente para suas crenças fixadas e às quais aderiram sem nem saber
exatamente como. Mas trata-se de colocar para eles também o desafio de
encontrar o sentido que construíram sobre o que lhes é humano, comum e próprio.
Assim, a educação dos sentidos, a educação estética, é bem mais que um mero
humano ensimesmado e blasé que vai ostentar alguma ilustração, prerrogativa ou
excepcionalidade de acesso à alta cultura, ou à cultura estética superior. Não
se trata de construir uma performance por excelência ou superioridade. Não se
trata disto.
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