Nome completo: Daniel Adams
Boeira
Idade: 51 anos
Formação: Licenciatura Plena e
Bacharelado em Filosofia pela UFRGS (1989-1993)
Professor estadual concursado em
Filosofia e História
Leciono na Escola Estadual de
Ensino Médio Olindo Flores da Silva
Enquanto professor de escola
pública, como você percebe o papel do professor na formação do pensamento
político dos alunos?
Na condição de professor da área
de ciências humanas, vejo como fundamental que os educadores de minha área
coordenem e estimulem debates políticos, em colaboração e diálogo com os demais
educadores, e tratem de forma bem franca, científica e democrática o tema da
política e da realidade política nacional em todos os seus aspectos, pois podem
promover o amadurecimento, engajamento ou não e também fornecer elementos para
os jovens ou adultos, alunos e alunas avaliarem e interpretarem ao seu modo e
com liberdade as questões políticas com seriedade, responsabilidade e clareza.
Tratar temas da política e do pensamento político em sala de aula com clareza,
baseado nos livros didáticos e fazendo referência às concepções em disputa, às
informações disponíveis e acessíveis e as demais e às diversas posições em
debate me parece ser o papel dos professores na formação do pensamento político
autônomo dos alunos.
Qual a importância que você
atribui as discussões sobre política em sala de aula, suas atividades em sala
permitem essa interação?
Elevada importância. Os conteúdos
e objetivos curriculares das disciplinas da nossa área (história, geografia,
filosofia, sociologia e ensino religioso), incluem em todos os casos relações
com acontecimentos do tempo atual, da vida cotidiana dos alunos e da realidade
política, econômica, cultural e religiosa que a nossa sociedade vive. Neste
sentido, em situações de agitação política, movimento político e ou processos
políticos nossas aulas adquirem papel importante em abrir o debate, orientar
para as pesquisas de fontes de conhecimento e informações e em procurar quando
não é possível consenso promover alguma forma de dissenso respeitoso e
racional, argumentado e civilizado.
Você representa Cpers/Ceprol?
Como avalia a importância da articulação do movimento pró-democracia nas demais
entidades civis?
Sou associado ao Cpers e na
última reunião do conselho regional de representantes formamos o Comitê do 14º
Núcleo do Cpers em Defesa da Democracia, neste compomos o comitê e fui
autorizado a representar o nosso núcleo no comitê municipal de São Leopoldo –
no qual havia me engajado primeiramente como cidadão e militante social - e se
necessário regional para tratar deste tema. Trataremos de fortalecer mais ainda
esta representação e a atuação do comitê na próxima assembléia regional e vamos
estimular a formação de comitês em todas as cidades de abrangência do núcleo e
se possível em muitas escolas. Indicamos também nossa representante no comitê
de Novo Hamburgo. Vejo como muito importante porque percebo também que este
momento de crise da democracia brasileira, de confronto político e também de
acirramento de rivalidades pode ser superado por mais organização na sociedade,
pela construção de mais diálogo e de propostas para a superação da crise e por
mais debates na sociedade de tal modo a se encarar os problemas e buscar soluções
coletivas e democráticas para eles, com respeito às diferenças e um tratamento
orientado por princípios de justiça, respeito à lei e defesa das prerrogativas
constitucionais dos cidadãos e de seus direitos. Vejo como importante também
porque será possível se conformar um novo pacto nacional a partir de uma grande
rede de comitês, bons debates e da construção de uma agenda para a superação da
crise política e econômica. Portanto, identifico que todas as entidades civis
que estimularem estes debates e a formulação de posições bem como tomada de
posição em defesa da democracia vão contribuir para a superação dos atuais
impasses e da atual crise institucional.
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