Esta semana ao expor a relação
entre certas personagens e alguns ciclos ou processos históricos brasileiros, em
especial Getúlio Vargas e o Modernismo e o Tenentismo, apontei a necessidade de
observarmos melhor a relação entre tempo histórico e tempo biográfico. A gente
olha para o período da Primeira República que vai de 1889 a 1930 e encontra um
tempo histórico de 41 anos. Da Coluna Prestes até o Golpe de 1964 39 anos e
assim sucessivamente, do Golpe Militar até a Posse de Lula 38 anos. Da morte de
Getúlio até a Posse de FHC 40 anos. Trata-se da relação entre a vida e a
biografia de uma pessoa ou pessoas, e muitas vezes de uma geração inteira e a
vida ou história de um país. Me parece importante atentar para isso, porque
isso faz toda a diferença em muitos fatos e processos entre saber, estar
preparado, acreditar e dispor de alguma forma de intuição superior em que de
repente de surpresa chegamos como outros um dia chegaram no tempo certo, no
lugar certo e na hora certa para fazer com efeito aquilo que muitos tentaram,
almejaram e não conseguiram, porque suas ótimas biografias ainda não eram
maduras ou já eram passadas para poder intervir no mundo objetivo com alguma
precisão - adoro esta palavra. Não se trata só de sorte não, nem somente de
acaso ou destino. Vejo algo como uma espécie de tempo singular de cada um que
se encaixa com está história do mundo. E tanto os indivíduos, suas relações e
consciências delas, quanto os coletivos e suas situações e desafios, se
encontram assim. A vida útil de um ser humano é indefinível e o tempo do seu
êxito também, mas deve haver algum sinal deste tempo que se repete e algumas
biografias tem certos paralelos que ressalvadas as diferenças pertinentes
ajudam nesta minha intuição. Pensei numa vida útil de em média 40 anos, em
alguns casos mais e em outros menos e em ciclos de aproximadamente 40 anos na
história. Não posso aqui comparar isso com outros ciclos já propostos, sei que
a ideia de continuidade ou descontinuidade tem sido um sinal de que as tais
rupturas e uma certa lógica da história
são imprevisíveis, mas fiquei pensando em um paralelo ou paralelismo entre
certas gerações e certos processos históricos. Com Getúlio a gente sempre pode lembrar
que ele pertence aquela famosa geração de 1907 da Faculdade de Direito de Porto
Alegre que melada no PRR e no positivismo acaba por fazer a Revolução de 30 e modernizando este país. Talvez isso
que eu diga seja só uma viagem, mas eu poderia ajudar mostrando algumas outras fotografias
e figuras disto de tal modo que aquilo que parece ocasional ou circunstancial,
fortuito ou eventual nos surpreenda, não com regularidades lineares, mas
paralelos e dinâmicas semelhantes em que certas pessoas, suas gerações e
processos históricos caminham pari passo com desdobramentos e desenvolvimentos
combinados. Olhe mais de perto e verás...
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