Hoje pela manhã, bem cedo, na sala dos professores estávamos
conversando sobre alguns livros que andamos lendo. O nosso Diretor Geraldo leu
Videiras de Cristal do Assis Brasil e eu lembrei do livro que li do Erico Verissimo no começo
do ano, Incidente em Antares por conta da relação ficção e história presente
nestas obras de Romance Histórico e, outros colegas presentes lembraram de
outras obras. Então, eu falei um pouco de romance histórico, em especial a
primeira parte da obra de Erico Veríssimo sobre a história política do RS, pois
a mistura entre ficção e história serve neste caso não para distorcer a
história, mas para poder, com pinceladas de artista, narrar uma história real e
também interpretá-la.
Acabei, em moto continuo, falando de Rousseau, porque tinha
alguns livros em mãos (Origem da Desigualdade entre os Homens, Do Contrato
Social e Devaneios de um Caminhante Solitário) e porque este foi o conteúdo
trabalhado nesta semana com os segundos anos, com uma abordagem a partir da leitura do livro
didático (COTRIM, Gilberto. FENANDES, Mirna. Fundamentos da Filosofia. p. 278 e
p. 356) e de alguns comentários meus que estendem este tema para problemas
cognitivos ou epistêmicos, morais e também afetivos.
Olhei para o nosso querido diretor Geraldo e comentei que
muitas vezes a gente fica imaginando que os problemas que temos são porque as
teorias que organizam nossos sistemas são velhas ou antigas ou que, como pode
parecer para alguns e talvez muitos, o problema é que as teorias modernas
Contratualistas, Liberais e Democráticas não funcionam ou não dão mais certo hoje. Pois, comentei,
então, com meus colegas professores de
história, Adriano e Carlos Felix (nosso acadêmico de história e ex-aluno, que
está fazendo seu estagio aqui no Olindo) que talvez não seja exatamente este o
caso.
Fiz, em seguida, um elogio a Rousseau, a sua inteligência e
perspicácia tanto no Contrato Social como em outras obras e, um pouco depois,
estendi o elogio, na verdade, a muitos filósofos políticos modernos à respeito
da importância das suas obras e ideias que apesar de terem em sua maioria quase
300 anos ou mais de 300 anos ainda são importantes e seu estudo ainda deveria
ser mais estimulado, pois a falta de teoria, leitura e compreensão da política
com certeza está por trás de muitos problemas políticos atuais.
Então, estávamos ali pensando e dialogando e eu encontrei de
súbito em minha mente para diferenciar esta questão uma metáfora sobre os
alicerces, a casa e os moradores dos nossos sistemas políticos, que talvez nos
ajude a repensar isto. Acabei dizendo que tentamos construir alicerces novos e
às vezes reformar a casa quando o verdadeiro problema continua sendo quem mora
dentro dela e como as pessoas que vivem dentro dela se comportam e atuam e da
própria compreensão destas pessoas a respeito disso. As vezes tentamos reformar
a casa, construir novas teorias, mas o problema continua sendo os moradores da
casa e sua compreensão sobre suas relações, obrigações e
responsabilidades.
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