A única explicação que eu tenho
para o sacrifício dos salários dos servidores do Executivo não é a burrice ou a
covardia do governador, ainda que a gente preferisse isso, mas sim o fato de
que tanto o legislativo quanto o judiciário e os partidos e frações econômicas
da sociedade que os dominam tem de fato o controle dos cordões da criatura. A
gente pode chamar isso de poder, mas é um tipo de poder e submissão que não se
resolve somente encarando o governador mesmo. E não existem aliados dos
servidores em número e com influência suficiente que façam inverter a seta de
força. Alguém pode considerar isto um simplismo, mas o fato é que as luta dos
servidores só terá efeito reparador se for capaz de transferir o ônus do estado
sobre aquela lista de beneficiários da ponta de cima da cadeia alimentar do
estado e da sociedade. Inclui-se aí também os empresários, os sonegadores e
aquilo que um dia foi chamado de marajás pelo Collor e que hoje são apenas os
bem-sucedidos, expertos, peritos em marketing eleitoral, financiamento de
campanha e manipulação da opinião pública. Não restando uma linha sequer aqui
para uma consideração moral, só me resta ficar assim, lutando e reagindo, mas
em meu íntimo de uma forma desagradável e desapontada.
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