Segunda-feira tive aulas em períodos reduzidos manhã e
noite, e a tarde uma função pessoal;
Terça-feira pela manhã COMPARECI
na ASSEMBLÉIA GERAL DO CPERS. Cheguei na Assembléia com uma espécie de diretriz
interpretativa geral que envolve a minha percepção de qual é a maior qualidade
desta parcela da categoria dos educadores estaduais que comparece nas
Assembléias e que se engaja na luta sindical e que eu tenho visto e percebido
desde meus primeiros tempos: a extrema sabedoria e inteligência dos educadores
gaúchos que não os torna infalíveis, mas que quando é considerada e quando
orienta seus juízos produz grandes resultados e avanços na educação. Então eu
fiz questão de assistir na primeira fila todas as avaliações, falas e defesas
para ver onde isto se apresenta. Alguns podem imaginar que só admirei falas que
concordam com minha posição sobre a greve por tempo determinado mas não foi
exatamente assim. Muitas falas que tratavam de defender greve por tempo
indeterminado tinham bom conteúdo e elementos que, apesar de não justificarem
tal encaminhamento, sustentam posições de muito rigor e clareza sobre a luta
que vamos enfrentar. Mas também percebi na maior parte das falas uma espécie de
sensatez e ponderação que eu creio que vão contribuir para dar um tom melhor a
nossa luta e unificar mais a nossa categoria para se superar certo divisionismo
recalcitrante e persistente entre nós. Tenho convicção de que estamos a
enfrentar o maior ataque aos nossos direitos, aos servidores públicos e aos
serviços públicos e ao patrimônio público da história. Sei que isso precisa ser
traduzido para os cidadãos e fazer eles entenderem que não é só a vida dos
funcionários públicos que está em jogo não, mas que também as políticas de
educação, saúde e segurança e diversas outras áreas e que atendem diretamente
ao povo gaúcho está em jogo nesta jornada. Em virtude destes dois elementos,
então, não gostei muito do tom emocional que alguns poucos companheiros
continuam usando em suas argumentações e falas, como se os educadores devessem
ser seduzidos ou enfeitiçados por uma grande paixão para decidir o que devem
decidir - isso não quer dizer que não me emociono quando falo nem que não me
emociono quando vejo outros falarem da vida e da nossa luta - e também não
gostei da agressividade excessiva de outros em relação a quem pensa diferente
ou propõe algo diferente - lembro sempre de algumas decisões ruins da nossa
categoria orientadas por este espírito raivoso, porque estas duas
características são absolutamente equivocadas em nossas relações e em relação
aos demais trabalhadores e cidadãos. Não
será nem a raiva e nem a paixão que nos fará vencer o que estamos a
enfrentar hoje. Somente nossa inteligência e criatividade, generosidade e
compreensão nos unirão e nos permitirão vencer. Então apreciei e muito a
atitude atenta e silenciosa, reflexiva e ponderada da grande maioria dos
educadores que - mesmo com posições diferentes - sabem que a jornada que se
abre nesta semana talvez seja a maior luta de nossa história e mais dura
batalha dos educadores gaúchos. E eu vi nos olhos de meus colegas e muitos com
quem caminho desde antes mesmo de ser professor, uma atenção extrema e muito
cuidadosa com certos detalhes e votei e
caminhei até o centro da cidade, encontrando muitos colegas e muitas pessoas da
nossa luta e jornada que se inicia Todo
mundo sabe que a caminhada dura três anos e que o principal desafio envolve de
um lado brecar e impedir que se executem as maldades contra nossos direitos e
dos cidadãos e, ao mesmo tempo, exigir o cumprimento da lei e amparar nossas
ações na mais rigorosa e límpida unidade de propósitos, apesar das diferenças
que nos precedem nesta luta, das diversas vozes que habitam e que se reproduzem
na nossa categoria - inclusive as apaixonadas e raivosas. Sei que temos a
responsabilidade de cuidar de cada um e de cada uma nesta luta e amparar uns
aos outros nessa jornada.
Na terça de tarde assisti o maior
ato sindical e político de que tenho lembrança desde a campanha das diretas já.
Digo isto não pelo número de participantes, mas sim pelos diversos ramos de servidores
representados e identificados em seus 43 sindicatos e cujas lideranças - apesar
também de diferenças e dificuldades - conseguiram fechar e construir uma grande
frente para encarar as ações e maldades do governo Sartori. Após a Assembléia
Unificada todos seguiram em caminhada até o Palácio Piratini e houve um
episódio que marca o quão impopulares são as medidas de governo Sartori e quão
impopulares e quão forte poderá ser a resistência dos trabalhadores unificados ao
seu governo e aos seus deputados. Ninguém comentou este episódio em detalhes ainda
porque deve calar fundo de um lado na Assembléia Legislativa sua semelhança e
extraordinária superioridade em relação a última vez que tal coisa ocorreu. Mas
houve sim certa invasão ou comparecimento massivo de muitos nas galerias e que
os servidores públicos que ingressaram para dar uma pressão no Plenário da
Assembléia Legislativa o fizeram de forma impressionante e assustadora para os
Deputados e para o Governo que achava que iria votar seu Pacote de Maldades
impunemente e sem nenhuma pressão contrária. Em 1997 o Governo Antonio Britto
sofreu resistência de trabalhadores e servidores públicos também quando enviou seu pacote de privatizações
para a Assembléia e na Sessão de Votação um incidente ficou marcado na lembrança.
Eu creio que desta vez – devido a envergadura maior do ataque aos serviços,
servidores, patrimônio e direitos dos trabalhadores e cidadãos, Sartori irá
sofrer maior oposição ainda e a grande frente unificada de sindicatos tende a
ser engrossada pela adesão ainda esperada de mais movimentos sociais e mais
setores representativos e outras instituições da sociedade gaúcha. Com a
inclusão da proposta de aumento de impostos Sartori irá agravar mais ainda as condições
de vida dos servidores públicos e promover indiretamente mais recessão e
redução do consumo e da circulação de moeda em nosso estado. Isso vai gerar
mais desemprego e provavelmente não vai recuperar a arrecadação. Sartori tem
pela frente outras escolhas que não ousa fazer desde que concedeu reajustes aos
altos salários e que continua contratando novos CCs.
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