Para os netos da Mãe Geca, os
jovens lutadores e cidadãos Murilo Tamujo Merlotti e Amanda Tamujo Meyrer.
Vou fazer uma narrativa bem
pessoal, não por vaidade, mas para dar testemunho e veracidade máxima ao que
relatarei e dar também uma perspectiva e razoabilidade às minhas opiniões. Agradeço,
primeiro, a tua deferência Murilo, e sei que minha honestidade ou o valor do
meu trabalho só pôde ser mostrada se alguém me der confiança, como o Vanazzi principalmente
e outros na administração municipal deram em uma longa oportunidade e
importante experiência. Estive trabalhando na educação, na saúde, nos gabinetes
do vice-prefeito e do prefeito e terminei a administração na cultura. Em todos
estes lugares vi muito trabalho e sei que a cidade conquistou algo com isso
entre colegas, amigos e colaboradores inesquecíveis.
Digo isso com muita alegria
porque sei que não foi bom somente para mim, nem para os meus colegas, mas foi
bom para o povo e para a cidade ainda que alguns desconheçam e que a
maledicência, boataria e o denuncismo tenham contribuído para desgastar a nossa
administração e enganar o povo sobre isto tudo. Participei de tarefas que
envolviam mais de uma secretaria, em comissões, em projetos, na captação de
recursos e aprendi muito neste tempo com os servidores e também com os
políticos. Não me arrependo nem me envergonho de nada – ainda que possa ter
cometido alguns erros sei que foi no intuito de acertar, assim estou bem
tranqüilo em relação a tudo isso para falar aqui da forma como vou falar. Tenho
uma memória muito nítida e adotei o hábito de anotar, avaliar e registrar ações,
pois estas envolviam concepção, planejamento, debates, desafios e execução com
mais de um colaborador e interlocutores.
Assim, tenho mesmo muito orgulho
de ter feito parte e te garanto que é orgulho mais sincero e honesto que posso
ter e por isto defendo a administração da qual fiz parte, caso não houvesse
razão, me calaria. As minhas diferenças de opinião aqui, então, são relativas a
pontos específicos e à visão geral que julgo ter tido o privilégio de atingir,
não fortuitamente, circunstancialmente, mas por longa observação, atuação e
exame desta realidade. E me desculpa se a resposta for longa, mas creio que
contribui muito para solução, ter sempre mais clareza no geral e nos detalhes.
É correto que de certa forma o
povo imaginou que a saúde seria prioridade em sua gestão, mas o cavalo de
batalha foi basicamente o hospital velho contra a prefeitura nova. Do que,
provavelmente, e sem modéstia eu sou uma das pessoas que mais escreveu sobre
isto e recomendo meu blog, para quem interessar possa.
São Leopoldo não estava mesmo mal
das pernas. De fato o que ocorria é que havia uma grande campanha para fazer as
pessoas pensarem que São Leopoldo estava mal das pernas e que envolvia as
denuncias contra o Paulo Borba, o Vanazzi e outros membros da administração,
das quais nenhuma chegou a efeito ou a prova comprobatória ainda e havia uma
situação de forte disputa na área da saúde por conta de interesses da
corporação, disputa esta que dividia a área em três blocos corporativos nos
últimos 4 anos, de um lado Alexandre Roso, de, outro lado, Carlos Arpini e, de
outro lado ainda, Anibal Moacir, e eu não preciso dizer quem venceu esta
disputa política do ponto de vista local.
E sobre o tema da São Leopoldo
mal das pernas recomendo ainda uma análise econômica, de emprego, renda, e etc,
para não se fazer uma análise turva e de senso comum de uma das cidades que
teve mais avanços nos primeiros anos do século XXI em toda a região
metropolitana. E eu incluo ai – apesar de não ser uma iniciativa nossa – a
instalação do Pólo Tecnológico da Unisinos que nós apoiamos intensamente e, na
minha opinião, o próprio ressurgir da Universidade, através das políticas
nacionais de acesso a educação superior e outras. Mas se olhares para o nível
de emprego na cidade, eu só vejo uma única possibilidade de crise no horizonte
se a administração municipal continuar nesta linha de terra arrasada e recessão
que ela adotou para se livrar do passado e se imunizar para a próxima eleição,
porque isso terá forte e pesado impacto negativo, não somente nos serviços
públicos, horários de atendimento e etc, mas também na circulação econômica no
consumo e na geração de renda na cidade.
Do meu ponto de vista pessoal, na
ponta deste iceberg de debates, eu entrei no Hospital Centenário em todos os
anos da administração do Vanazzi de 2005 a 2012. Nos primeiros anos vi a
transformação do hospital que não foi só na aparência externa, ainda que tenha
notícias das difíceis e árduas lutas com a corporação e as culturas
internalizadas no hospital. Sendo que nos últimos quatro anos entrei naquele
prédio, o freqüentei e dormi lá dentro não como paciente, mas como acompanhante,
também por doenças familiares, primeiro porque minha mãe teve uma embolia e foi
salva, em segundo com a doença do meu irmão que foi transferido da rede privada
para o hospital público e que possuía uma doença que era gravíssima e ele
acabou por falecer – o que não culpo o hospital que fez a última e dura parte
daquilo que a rede privada não remediou ou curou que foi tentar segurar um
situação que chegou ao limite e, por fim, o meu pai que também sofreu um AVC em
uma cirurgia aparentemente segura na rede privada e que acabou levando a
diversas complicações e duas internações no Centenário. E neste último ano a
última internação no Hospital Centenário do meu pai coincidiu com os últimos
quinze dias de campanha e você não imagina o clima de terror que andava o
hospital neste período, para veres como a disputa entre aqueles três blocos é
pesada e foi perturbadora na rede
pública. Apesar disto, devo dizer que não posso falar mal do hospital e dos
médicos, mas eu sabia do zum zum e percebia que muitas coisas eram parte de uma
espécie de terrorismo branco na saúde o que para mim era muito
perceptível.
Discordo profundamente que as
gestões passadas não deixaram uma boa herança para a cidade. Isso som pode ser
dito por quem desconhece o que foi feito, quem fez e quando foi feito, o que
envolve uma história das administrações municipais.
Vou listar, resumidamente, aqui
as coisas que foram feitas na saúde com a nossa participação direta ou indireta
para dar exemplos bem objetivos de melhorias. Foram implantados diversos
programas de melhorias na saúde e todos eles eu creio que tem continuidade
hoje. Dentre os quais os 13 PSFs (havia um somente em 2005). Foi implantado o
Samu/Salvar na cidade em 2007 em convênio com o estado e a união, com
instalação própria junto ao Centenário. Foi implantada a Farmácia Popular do
Brasil em 2007. E foram construídas Unidades Básica de Saúde em locais onde as
estruturas eram precaríssimas, não existiam e onde eram necessárias e a maioria
destas instalações foram votadas no Orçamento Participativo.
Discordo, assim, que a nossa
administração empregou dinheiro público de forma ineficiente.
E discordo, portanto, que a
última gestão não priorizou as necessidades do povo.
O Dr. Moacir foi candidato a
Prefeito em 2008 e em 2012 e foi apoiado em especial por aqueles que foram
derrotados por nós em 2004 e em 2012 obteve a adesão de um aliado importante
nosso durante todos estes anos que foi o PP o qual pelos números com certeza
fez abalança pender para a vitória do MOA e esta é uma análise bem objetiva,
calcada em números. Mas
venceu e, na minha opinião, não sabe mesmo fazer uma gestão eficiente.
A atual gestão utiliza sim os
“cofres públicos”, como eterna desculpa para justificar a sua ineficiência em
gerir esta cidade e nisto eu concordo com a Amanda e o pior disto é que não é
fato isto, pois a dívida municipal, não é maior que 170 milhões, boa parte da
dívida municipal está programada para 25 anos. Mais do que isso de 2004 a 2014 o orçamento
municipal se ampliou, os repasses de recursos federais e estaduais,
constitucionais ou por programas aumentaram. Além disso, hoje a estrutura
física e tecnológica da administração é muito melhor. Isto inclui todos os
postos de saúde UBS novos para realizar a saúde preventiva que é muito melhor e
mais eficaz que esta saúde centrada em uma abordagem hospitalar. E, assim, ainda
que estas unidades tenham que ser ocupadas por médicos cubanos que vieram para
cá e já estão mostrando serviço, temos que considerar que esta estrutura está
construída aguardando que as novas gerações de médicos mais focados na saúde
comunitária como a UNISINOS muito sabiamente quer formar ingressem na rede e
gerem uma saúde melhor para o povo da cidade e da região. Assim a situação
estratégica, logística e financeira da Prefeitura Municipal de São Leopoldo é
extraordinariamente superior à que encontramos em 2005 e isto é produto do
trabalho, do planejamento e das relações que a gestão Vanazzi foi capaz de
constituir em 8 anos. Eu não vou discutir aqui o tema do Hospital novo, porque
creio que precisamos sim é de melhores médicos, mas não desprezarei se este
governo construir isso. Mas não tenho dúvida de que o problema de gestão irá
continuar se continuarem seguindo está lógica da culpa do passado e da dívida,
porque quem faz isso não veio para construir, resolver e fazer gestão. E vou
lembrar que ninguém viu o governo Vanazzi falando do passado porque era uma
proposta clara nossa construir uma NOVA CIDADE. Bem ela foi feita, ainda que
muitos ainda não tenham compreendido e que outros prefiram esta CIDADE FEIA,
suja e mal cuidada.
O caso escandaloso do RBS
notícias ocorre em São
Leopoldo na lógica e dentro de uma cultura corporativa que, se
diga de passagem, não é de todos os médicos mesmo, mas ocorre aqui em São Leopoldo , à
revelia da administração, do partido da administração e também só se sustenta pelo
temor do povo de sofrer algum ônus em denunciar estes médicos.
A pergunta então: se afinal de
contas, o Hospital Centenário é público ou privado?
Merece uma resposta bem mais
detalhada que envolve sim a atitude e a política da gestão, mas que também
envolve a conduta dos médicos e a atitude dos cidadãos em relação a eles e ao
sistema de saúde. Vou fazer uma pergunta importante e ilustrativa aqui. Quantos
cidadãos vocês acreditam que trocam seus votos por atenções, consultas, fichas,
receitas e procedimentos na saúde? E antigamente isso ocorria muito por
remédios, havendo nossa administração encerrado este procedimento que eu
gostaria de saber se não voltou na farmácia municipal. Ou seja, qual o alcance ainda
do clientelismo em São
Leopoldo ? E com isso perguntar quem faz e como faz isso
impunemente? E como isso se sustenta politicamente nesta cidade. Porque é o
clientelismo e esta forma clássica de atenção especial que propicia esta
manobra para a cobrança por fora e etc. Tudo se passa, como certa vez tentou
aplicar um neurologista na minha mãe com o meu testemunho indignado de promover
um atendimento melhor ou mais rápido via consulta particular ou tratamento ou
cirurgia particular. E saliento que o mesmo neurologista já foi denunciado. E
isto ocorre, infelizmente e tristemente,
dos partos até as cirurgias de idosos e as doenças crônicas e em
diversas especialidades é feita esta oferta.
A causa deste evento não é mesmo dos
problemas com os “cofres públicos” ou somnete da “gestão” e nisto eu concordo
com a direção da pergunta da Amanda porque ela precisa sim ser feita. Perguntar
se o hospital é publico ou privado leva a nos perguntar quem quer privatizar ele?
E também se a atual gestão defende interesses públicos ou provados.
Apesar de ser de oposição, por
filiação política, divergência política e pela rivalidade que tanto mal fez
para a cidade já e o banho de boatos e outras perversidades que sofremos em 2012
e que tanto acirrou a disputa eleitoral e azedou muitas relações, eu garanto
que não quero mesmo que a administração do PSDB/PMDB/PP vá mal. A minha
preocupação nem mesmo é pessoal com este ou aquele, me preocupo mesmo é com a
política e à serviço do que esta política é realizada. Quero que ela seja uma
administração ótima para que nós possamos discutir na próxima eleição não os
retrocessos, mas os próximos passos, mas isso tem sido difícil e resumo este ponto dizendo que quem gasta
mais, como eles estão gastando, quem arrecada mais, como eles estão
arrecadando, não tem desculpa alguma para trabalhar menos, pior e causar tantos
danos. Eu nunca vi São Leopoldo tão suja e nunca vi tantos problemas na saúde
pública, como eu vejo hoje e olha que observo isso a mais de 30 anos meus
queridos meninos e meninas.
E esta é a minha mais sincera opinião
pessoal, que não é livre da minha ligação com o PT e que é tributária do meu
amor pela minha cidade, pelo trabalho que aqui realizei e ainda vou realizar e
pela vida de meus amigos, colegas, parentes e concidadãos para os quais sirvo
como professor público e cidadão.
Assim, eu discordo também porque
não me julgo um dos poucos honestos engajados não. Poderia citar um monte de
gente engajada que é muito honesta e séria também. Que apenas você desconhece
Murilo. E o fato de fazer parte da administração anterior não é uma razão
suficiente para impugnar minha opinião. Com certeza uma só andorinha não teria
feito o que foi feito em
São Leopoldo nestes 8 anos, e citei aqui apenas na saúde.
É verdade que ideologia política
não cura ninguém, mas também é bem verdadeiro que algumas ideologias sabem como
deixar a vida do povo bem pior. E é um erro político e uma injustiça fazer o
juízo simplório de que é tudo igual, não é não. O que qualquer comparação mais
rigorosa da Gestão Vanazzi com a Gestão Moa deveria te fazer perceber a
diferença sim o que você tem a opção de
não aceitar, mas não se torna falso por isto.
Eu fico feliz que você tenha
reconhecido que a gestão passada fez bastante coisa pela cidade.
Mas quando diz que também deixou
muito a desejar em muitas áreas seria bem bom para o debate que apontasse quais
áreas, porque aqui nesta resposta tratei da saúde e das finanças municipais,
onde a gestão anterior deixou mais avanços do que retrocessos. O que eu lamento
apenas é que o Ronaldo Zulke não tenha obtido a aprovação do eleitorado para
ser o gestor máximo do município porque eu não tenho a menor dúvida de que ele
estava muito preparado para isto, de que ele iria levar a cidade para um outro
patamar a partir das bases e das estruturas que o Vanazzi criou e não ia voltar
as costas para o Brasil – o governo federal, e o estado como tem ocorrido
agora. E devo anotar enfim aqui que tanto o Vanazzi, quanto o Zulke, quanto a
Ana Affonso, quanto o Alexandre Roso não viraram as costas para a cidade ou
saíram reclamando do povo.
Todos nós assumimos a derrota plenamente e hoje
tentamos ainda trazer benefícios para São Leopoldo, ainda que os atuais
gestores tenham muita dificuldade para entender isto, estabelecer uma relação
republicana e aproveitar isto e tenham, inclusive, devolvido muitos recursos e
jogado fora a realização de projetos bem avançados para a cidade e cito, como
exemplos, a quinta ponte na Avenida Thomas Edson a UPA da Zona Norte e diversas
obras do PAC Habitação e Mobilidade Urbana que estão paradas.
Obrigado pelo espaço e agradeço o
respeito, desejando que este debate continue em alto nível e com cada vez mais
informação e melhores análises.
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