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terça-feira, 7 de maio de 2013

INTELECTUAIS SOLITÁRIOS: SOBRE EXTRATERRESTRES, ALIENS E OUTROS ETs DESTA VIDA

Ando lendo sobre Sócrates e escutando Jean Luc Ponty - e toda vez que leio sobre Sócrates - e já vão lá mais de 40 anos que isto tem acontecido me ocorre uma viagem para o interior, para a solidão também, tenho um sentimento de que aquele homem era, apesar da plêiade de discípulos, filhos, conterrâneos e amigos e amigas, inimigos, adversários, ofendidos e juízes, um homem muito solitário. Sócrates era extremamente solitário. 

Sei também e tenho coleções de exemplos bons e muitas passagens boas sobre isto que a sabedoria as vezes te faz ser muito normal, humano demasiado humano como o título de Nietzsche, em alguns sentidos até um home trivial, um campônio com algumas poucas ideias sobre certas coisas que te diferenciam em parte dos demais. seio que você pode até mudar tuas necessidades e hábitos, juízos, de tal modo a ser diferente dos teus iguais, mas mesmo assim você continua só sendo mais um na multidão.

Mas sei, por experiência própria e uma batelada de outras vezes por observação de meus colegas, inclua-se ai muitos professores e professoras de outras disciplinas também, autodidatas, livre-pensadores, artistas e intelectuais em geral, que podemos nos ver solitários também em pensamento e em ideias, seja porque não nos fazemos entender, seja porque não nos compreendem, seja porque não querem tentar nos compreender. É um risco que se corre na senda do pensamento, neste caminho do campo, de estarmos ingressando em uma floresta sozinhos e que quando voltarmos desta viagem ou aventura do pensamento voltamos mais distantes e mais afastados dos demais passageiros desta viagem na terra.

Estou agora mesmo fazendo um esforço danado e, assim, espremendo este pensamento contra a parede para lhe tomar uma espécie de corpo real, para tentar sair dos devaneios e encontrar além da imaginação o que está ai a nos interrogar, com aquela imagem de Sócrates explicando aos seus discípulos e acusadores suas ideias e vendo-se até o seu fim - feliz e sereno - mas muito solitário ao meu ver.

Ele sofre de um risco ai nesta viagem reflexiva, o de permanecer para sempre na nossa memória cultural, mas também de nunca mais voltar para o convívio com os homens. Fico imaginado isso também. Só se dá um Sócrates uma vez. Então, fica esta espécie de mensagem cósmica indecifrável - que tanto aborrecia Nietzsche com a sua impaciência de finalidades e definições. Mas isto já é uma outra história. Também tenho a nítida impressão que Nietzsche só se arremete contra Sócrates por sentir no fundo em si mesmo a mesma tragédia da existência e da solidão provocada pelo caminho da reflexão. Toda fama atingida por Sócrates, todo o êxito do seu sacrifício, deve aborrecer muitos de nós. Me parece que Sócrates é o primeiro culpado disto, haja visto não podermos culpar nem Tales, nem Heráclito, nem Parmênides ou Pitágoras, sobrou para Sócrates este homem tão longe e tão perto de nós e, ao mesmo tempo, tão afastado do homem comum.

P.S.: Chamo de Extraterrestres aqui aqueles seres indefiníveis - sem valor moral positivo ou negativo, que não são bonzinhos, nem mauzinhos...Aliens, aqueles que nos parecem monstruosos e que nos geram aversão moral e ETs aqueles que despertam em nós simpatia moral.

 Trilha Sonora: JEAN LUC PONTY - COSMIC MESSENGER  

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