“- Não sei bem o que o o senhor entende por ‘glória’ – disse Alice.
- Humpty Dumpty sorriu com desdém. – Claro que você não sabe, até eu lhe dizer. O que quero dizer é: “eis aí um argumento arrasador para você.”
- Mas “glória” não significa “um argumento arrasador” objetou Alice.
- Quando uso uma palavra – disse Humpty Dumpty em tom escarninho – ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique… nem mais, nem menos.
- A questão – ponderou Alice – é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.
- A questão, replicou Humpty Dumpty – é saber quem é que manda. É só isso.
Alice ficou desconcertada demais para poder dizer qualquer coisa, e assim, depois de um minuto, Humpty Dumpty recomeçou: – Algumas palavras tem mau gênio, especialmente os verbos, que são os mais orgulhosos. Os adjetivos, você pode fazer o que quiser com eles, mas não com os verbos… Contudo, posso dominar todos! Impenetrabilidade! É o que eu digo.
- O senhor poderia me dizer, por favor – perguntou Alice – o que isso significa?
- Ah, agora você fala como uma criança sensata – disse Humpty Dumpty, parecendo muito satisfeito. Por “impenetrabilidade” eu quis dizer que já falamos demais desse assunto e não seria mau se você dissesse o que tem a intenção de fazer logo depois, supondo-se que não pretende ficar aqui o resto da vida.
- É muita coisa para uma palavra só dizer – disse Alice com uma inflexão pensativa.
- Quando faço uma palavra trabalhar tanto assim – explicou Humpty Dumpty – pago sempre extra.
- Oh – exclamou Alice. Estava desorientada demais para fazer qualquer outro comentário.”
Lewis Carroll - Alice Através do Espelho
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