A HISTÓRIA DA HUMANIDADE CONTRA A
HISTÓRIA DAS MÁQUINAS
Na pior hipótese, tudo que é humano,
demasiado humano, há de desaparecer. Daqui há uns duzentos anos, talvez, quando
as máquinas se derem ao trabalho de reconstruir a história da humanidade e
civilização perdida no início do Século XXI, a partir de registros digitais
cruzados e de pistas e informações várias, terão um panorama sistêmico do que
ocorreu de fato e nas mentes dos seres humanos.
É possível que percebam que o
surto de mentiras e covardias foi cevado pelo formalismo mais tacanho, por uma
casta de pseudo moralistas, por um tecnicismo desumano, pela estupidez e pelo
economicismo mais covarde. Descobrirão, pelas omissões e covardias, quem e
quais seres humanos tentaram fazer frente a esta desumanidade que se aproxima
de nós todos e descobrirão todos os ases, valetes e Reis desse baralho da
tragédia.
Nós que estamos a resistir e a
lutar todos os dias e noites desses últimos tempos, podemos perder sim, saibam
todos e todas disto, mas a culpa não será daqueles que lutaram e nem dos que
tentaram lutar, mas sim de um bando de idiotas, néscios e estúpidos que
acreditam sempre que a responsabilidade é dos outros e não deles mesmos.
Não basta votar, ser esclarecido
e honesto, pagar impostos e ficar cobrando ou criticando partidos e políticos
sem fazer partidos e políticos melhores. E fazer partidos e políticos, bem
como, políticas melhores não é apenas descartar ou destruir os valores do
outro. As ruínas da nossa civilização e sociedades que começam a aparecer em
todos os lados com o fim dos direitos, com o fim da proteção social, com o desaparecimento
da tolerância e da empatia, com o fim da generosidade e mesmo com o fim da
caridade ao próximo e aos desvalidos, há de fazer sucumbir a pirâmide social
inteira. Se enganam muito aqueles que se encontram nós andares superiores
esfregando suas mãos sem calos, sorrindo com todos os seus dentes nas bocas,
triunfando sobre a miséria e a fome do próximo, desdenhando dos nossos
esforços, se pensam que sobreviverão.
A posição covarde ou limpinha é
muito boa para quem quer ficar sentadinho na cadeirinha sem errar, sem se
arriscar e sem ousar compreender mais os limites daqueles que tentam e que
conseguem alguma coisa e que ainda não é tudo, mas é alguma coisa, pois tentam
ainda não retroceder, tentam ainda não sucumbir a essa lógica perversa.
Os covardes venceram muitas vezes
ao longo da História, muito mais do que aqueles que lutam, porém, o sinal da
sobrevivência está fechado para muitos hoje e eu espero que todos entendam que
só haverá avanço e reconquista com muita disposição e que sem se arriscar
coletivamente nada será possível.
O que perdemos pode ser
recuperado sim, mas não resistirá e nem será reconstruído sem essa consciência,
porque não são apenas leis, nem apenas instituições e nem apenas direitos, mas um espírito humano sem o
qual a humanidade não vai sobreviver.
Eu prefiro que essa história seja
contada e escrita por homens e mulheres dignos da humanidade.
Obs.: Se esse Apocalipse ocorrer
não será por obra de algum agente externo a humanidade, mas sim por seres
humanos desumanizados e despidos de humanidade. E é elevada a probabilidade de
que, ao contrário dos pesadelos das carolas e dos crentes, nada disso será
produto de uma ideologia comunista, mas sim da consagração do capitalismo mais
selvagem e daqueles que defendem ardentemente a manutenção da desigualdade
social a qualquer preço.
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