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sábado, 23 de novembro de 2019

GREVE NO OLINDO FLORES 2019: A EDUCAÇÃO MERECE RESPEITO


GREVE NO OLINDO FLORES 2019: A EDUCAÇÃO MERECE RESPEITO

A nossa escola e o grupo de professores e alunos merecem muito respeito. Esse respeito foi construído por muitos educadores que já lecionaram aqui, muitos alunos e alunas que por aqui passaram e pelas nossas relações com toda a comunidade escolar. Nossas relações com o Cpers Sindicato são históricas e muito consistentes – muitas lideranças sindicais se constituíram a partir da nossa escola e muitas decisões sindicais de caráter regional e estadual forma discutidas e apreciadas na nossa sala dos professores. A escola tem também uma relação com diversas outras escolas da rede estadual e municipal com as quais também travamos diálogos e projetos em comum.

Esse respeito também é construído nas relações com entidades sociais e com as Universidades de São Leopoldo. Tanto a Unisinos, quanto a EST tem nossa escola como uma escola de referência na educação e na gestão. Desenvolvemos ao longo da nossa história muitos projetos e intercâmbios. Recebemos estagiários em todas as áreas de educação superior com atenção e muita dedicação do nosso quadro de professores, da supervisão e da direção. E também somos reconhecidos pelos grandes contingentes de ex-alunos e ex-alunas que saem da escola para construírem carreiras profissionais importantes.

É uma escola com muita história de educação com democracia e com muitas lutas sindicais. É uma escola que contribuiu decisivamente para a implantação da Gestão Democrática lá na primeira eleição de diretores nos anos 80. Isso construiu uma cultura de debates, de respeito às diferenças e de muita consistência na reflexão e na ação coletiva. Numa escola assim ou você veste a camiseta e se integra e se entrega completamente ou não consegue ficar.

O impacto cultural disso nos alunos e alunas é notável também. Pois podemos encontrar diversos ex-alunos e ex-alunas egressos da nossa escola praticando a democracia em seus locais de trabalho e de convivência. E também encontramos ex-alunos e ex-alunas, bem como, professores e professoras atuando com vigor e determinação na esferas públicas e no serviço público. É um patrimônio cultural e social inestimável.

Nós professores e professoras e demais servidores disseminamos essa dinâmica e cultura democrática para muito além das salas de aula ou reuniões da escola. Somos todos Olindo para as horas boas e as horas ruins.

E eu poderia ser apenas mais um indiferente a isso, mas não consigo deixar de fazer esta homenagem e registro no momento mais duro enfrentado pela educação gaúcha, por nossa escola e nossos colegas.

Tenho a mais absoluta certeza de que estou honrando muitos colegas que já se foram e que fariam ou diriam algo semelhante ao que faço e digo aqui. Muitos alunos e alunas que já passaram e muitos que estão com a gente hoje tem esse entendimento muito claro. Nós todos merecemos muito respeito. É exatamente por isso que estamos em greve. Por causa desse compromisso histórico e inalienável. Por causa da democracia e da educação que merece respeito.

O Governador Eduardo Leite – seguindo a onda do Bolsonaro em destruir a educação pública e essa perversidade global contra a concepção de educação libertadora e de valorização dos educadores - apresentou um Pacote de Maldades – veja as características e elementos do pacote em minha postagem anterior, que destrói completamente as carreiras dos educadores e servidores do nosso estado e que, por consequência, destrói a educação estadual da qual fazemos parte com muito orgulho. Repete o modelo ultra neoliberal que não deu certo em lugar nenhum com algumas pitadas de sadismo dos fascistas que perseguem educadores e desvalorizam o conhecimento. Não há, por isso, o que negociar nesse projeto. Todos os seus componentes são destrutivos.

Agora, estamos em greve, numa queda de braço cujos resultados podem ser ou a extinção de nossas carreiras e o caos na educação estadual que irá ocorrer tão logo o pacote seja aprovado ou a afirmação altiva de um projeto de educação com respeito aos educadores e às carreiras de estado dos professores e funcionários. Por isso precisamos derrotar Leite, entrar em greve contra isso não é uma opção ou alternativa, nem uma possibilidade, é uma necessidade, é a última batalha e a última defesa que temos.

Muito orgulho, portanto, do lado que eu escolhi. Por estar nessa lista de educadores tão bem acompanhado e também por ter vivido e viver muitos momentos de reflexão, solidariedade, debates e luta contra aqueles que sempre tentam nos oprimir, que são indiferentes ao sofrimento do próximo e que não conseguem ir para além dos seus umbigos.

Mais orgulho ainda de ser professor estadual, lecionar e lutar a partir e no Olindo Flores. Aprender e ensinar com meus colegas de todas as redes sempre. A gente merece muito mais respeito e se não recebemos de bom grado ou com boa vontade, vamos conquistar respeito com luta, coragem e muita determinação.

Grande abraço em todos e todas!

Boa Luta!



Dedico esse texto a todos os meus colegas de escola, aos ex-professores e ex-alunos, aos professores do futuro e aos alunos do futuro de todas as escolas.

E aproveito para homenagear o nosso grande decano da educação de São Leopoldo, ao Professor João, Joao Carlos Alves Rodrigues que me confessou que sente uma grande emoção quando é chamado ou convocado pelo sindicato para contribuir e que persiste com fé na nossa luta em defesa da educação. Ele me disse instantes atrás que precisamos apontar nessa luta que estamos resistindo a uma grande onda global - que contagia Leite e Bolsonaro no RS e Brasil que querem nos exterminar e descartar, mas que podemos vencer, se apontarmos contra ela todos os nossos esforços.

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