GREVE NO OLINDO FLORES 2019: A
EDUCAÇÃO MERECE RESPEITO
A nossa escola e o grupo de
professores e alunos merecem muito respeito. Esse respeito foi construído por
muitos educadores que já lecionaram aqui, muitos alunos e alunas que por aqui
passaram e pelas nossas relações com toda a comunidade escolar. Nossas relações
com o Cpers Sindicato são históricas e muito consistentes – muitas lideranças
sindicais se constituíram a partir da nossa escola e muitas decisões sindicais
de caráter regional e estadual forma discutidas e apreciadas na nossa sala dos
professores. A escola tem também uma relação com diversas outras escolas da
rede estadual e municipal com as quais também travamos diálogos e projetos em
comum.
Esse respeito também é construído
nas relações com entidades sociais e com as Universidades de São Leopoldo.
Tanto a Unisinos, quanto a EST tem nossa escola como uma escola de referência
na educação e na gestão. Desenvolvemos ao longo da nossa história muitos
projetos e intercâmbios. Recebemos estagiários em todas as áreas de educação
superior com atenção e muita dedicação do nosso quadro de professores, da
supervisão e da direção. E também somos reconhecidos pelos grandes contingentes
de ex-alunos e ex-alunas que saem da escola para construírem carreiras
profissionais importantes.
É uma escola com muita história
de educação com democracia e com muitas lutas sindicais. É uma escola que
contribuiu decisivamente para a implantação da Gestão Democrática lá na
primeira eleição de diretores nos anos 80. Isso construiu uma cultura de
debates, de respeito às diferenças e de muita consistência na reflexão e na
ação coletiva. Numa escola assim ou você veste a camiseta e se integra e se
entrega completamente ou não consegue ficar.
O impacto cultural disso nos
alunos e alunas é notável também. Pois podemos encontrar diversos ex-alunos e
ex-alunas egressos da nossa escola praticando a democracia em seus locais de trabalho
e de convivência. E também encontramos ex-alunos e ex-alunas, bem como,
professores e professoras atuando com vigor e determinação na esferas públicas
e no serviço público. É um patrimônio cultural e social inestimável.
Nós professores e professoras e
demais servidores disseminamos essa dinâmica e cultura democrática para muito
além das salas de aula ou reuniões da escola. Somos todos Olindo para as horas
boas e as horas ruins.
E eu poderia ser apenas mais um
indiferente a isso, mas não consigo deixar de fazer esta homenagem e registro
no momento mais duro enfrentado pela educação gaúcha, por nossa escola e nossos
colegas.
Tenho a mais absoluta certeza de
que estou honrando muitos colegas que já se foram e que fariam ou diriam algo
semelhante ao que faço e digo aqui. Muitos alunos e alunas que já passaram e
muitos que estão com a gente hoje tem esse entendimento muito claro. Nós todos
merecemos muito respeito. É exatamente por isso que estamos em greve. Por causa
desse compromisso histórico e inalienável. Por causa da democracia e da
educação que merece respeito.
O Governador Eduardo Leite –
seguindo a onda do Bolsonaro em destruir a educação pública e essa perversidade
global contra a concepção de educação libertadora e de valorização dos
educadores - apresentou um Pacote de Maldades – veja as características e
elementos do pacote em minha postagem anterior, que destrói completamente as
carreiras dos educadores e servidores do nosso estado e que, por consequência,
destrói a educação estadual da qual fazemos parte com muito orgulho. Repete o
modelo ultra neoliberal que não deu certo em lugar nenhum com algumas pitadas
de sadismo dos fascistas que perseguem educadores e desvalorizam o
conhecimento. Não há, por isso, o que negociar nesse projeto. Todos os seus
componentes são destrutivos.
Agora, estamos em greve, numa
queda de braço cujos resultados podem ser ou a extinção de nossas carreiras e o
caos na educação estadual que irá ocorrer tão logo o pacote seja aprovado ou a
afirmação altiva de um projeto de educação com respeito aos educadores e às
carreiras de estado dos professores e funcionários. Por isso precisamos
derrotar Leite, entrar em greve contra isso não é uma opção ou alternativa, nem
uma possibilidade, é uma necessidade, é a última batalha e a última defesa que
temos.
Muito orgulho, portanto, do lado
que eu escolhi. Por estar nessa lista de educadores tão bem acompanhado e
também por ter vivido e viver muitos momentos de reflexão, solidariedade,
debates e luta contra aqueles que sempre tentam nos oprimir, que são indiferentes
ao sofrimento do próximo e que não conseguem ir para além dos seus umbigos.
Mais orgulho ainda de ser
professor estadual, lecionar e lutar a partir e no Olindo Flores. Aprender e
ensinar com meus colegas de todas as redes sempre. A gente merece muito mais
respeito e se não recebemos de bom grado ou com boa vontade, vamos conquistar
respeito com luta, coragem e muita determinação.
Grande abraço em todos e todas!
Boa Luta!
Dedico esse texto a todos os meus
colegas de escola, aos ex-professores e ex-alunos, aos professores do futuro e
aos alunos do futuro de todas as escolas.
E aproveito para homenagear o
nosso grande decano da educação de São Leopoldo, ao Professor João, Joao Carlos
Alves Rodrigues que me confessou que sente uma grande emoção quando é chamado
ou convocado pelo sindicato para contribuir e que persiste com fé na nossa luta
em defesa da educação. Ele me disse instantes atrás que precisamos apontar
nessa luta que estamos resistindo a uma grande onda global - que contagia Leite
e Bolsonaro no RS e Brasil que querem nos exterminar e descartar, mas que
podemos vencer, se apontarmos contra ela todos os nossos esforços.
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