Eu discordo da análise do jornalista Kennedy
Alencar. Tem algo que a carta mostra de mais grave: como é que um vice
presidente que não tem relações pessoais manda uma carta em tom pessoal para a
presidente? Isso é um erro. A divisão entre o público e o privado deveria ser
exemplar neste caso.O que mostra de onde vem o cruzamento desta divisa. Tomava
Temer por um republicano e especialista em constitucionalidade. E o tratamento
dado ao vice, a lista de episódios poderia ser acompanhada uma lista dos
episódios em que em idas e vindas o PMDB, o Temer e muitos outros destrataram e
promoveram destratos com a presidenta. Basta olhar para aquele congresso, basta
olhar para aquela bancada e basta olhar para o comportamento indigno do
presidente do Congresso. Nem Temer e nem o PMDB podem se fazer de vitimas neste
processo todo. Dilma não deve responder mesmo. Mas a carta coloca a justa
posição conquistada por Temer. E é bem bom lembrar que a reunião com o Biden
ocorreu no dia posse. E quem conhece posse em Brasilia sabe que nem sempre
estas coisas acontecem como manda o protocolo. A carta é uma queixa de um
sujeito político e possui como todo texto político um conteúdo que é muito
claro, reclama, reivindica, cobra, manifesta, mas deixa a direção e a solução
para o interlocutor, porém, neste caso, por possuir o que possui e pela forma
como foi divulgada não merece resposta. A melhor resposta é o silêncio e eu
penso que foi um péssimo momento do Temer escrever isto. Expõe mais
fragilidades suas e sua tibieza o que deveria nos deixar muito preocupados na
hipótese de toda esta inocência virar presidente através de um Impeachment cujo
argumento é vazio de razões jurídicas e claramente injusto. A carta dá a
dimensão exata de o quanto o Golpe levará o país para algo muito ruim. E entra
para a história, na minha modesta opinião, como a Carta da Vergonha. Temer se
sai com isso no cenário político pior que Jânio Quadros com suas forças
ocultas. Sobre o tema da confiança se chegou nesta altura do campeonato a uma
situação em que só as ações valem. Então, não há mais diplomacia possível, mas
apenas provas objetivas de recuo ou de avanço em direção ao Golpe. E quem está
sendo atacado não é Temer, mas a presidenta por uma corja indigna da autoridade
e da grande responsabilidade sobre o destino deste povo e deste país. É
lamentável, mas à duras penas passará. Talvez passe para a história como a
Carta mais vergonhosa deste país!
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