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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

QUEM FALA SOBRE A EDUCAÇÃO - NOTA AO MEU ARTIGO (02/12/15)



Este meu artigo me é muito caro e agradeço muito a consideração de todos que o lerem. Falo nele de algo que me preocupa muito. Suponho também que ele deva estar ligado ao modo como nós vamos tratar os governos e os programas educacionais daqui por diante a partir de uma defesa da participação e da democracia na educação e na gestão da educação pública brasileira. E isso toca também a discussão sobre as novas bases curriculares. Creio que esta discussão tinha que ir e chegar nas bases educacionais e que nós e o MEC devam fazer um esforço para que isso ocorra. Deveria ser prioridade isto. Com o suspensão do Pacto me parece que este projeto fica prejudicado e, ao mesmo tempo, com o período que se abre agora em dezembro a verdade é que para a grande maioria dos educadores que lutaram durante o ano inteiro em defesa de seus direitos e salários, contra corte de recursos e dissolução de diversos programas com greves, paralisações e manifestações é muito difícil participar. Este ano é um ano atípico e só não percebe isto quem não está em sala de aula, na escola ou na vida escolar cotidiana e com muita dedicação.

O tema essencial aqui é participação dos educadores nas políticas educacionais. Para mim é central o tema da democracia na educação. Pertenço a uma geração de educadores, lideres estudantis e militantes sociais para os quais a democracia, a avaliação e reflexão no coletivo, o debate coletivo e o encaminhamento coletivo das questões e lutas é essencial é inextrincável de uma propostas política e educacional. E este era para mim nosso principal trunfo militante, além das propostas. Diz respeito ao método de construção. Envolve o engajamento, mobilização e, portanto, a compreensão de todos ou da grande maioria.

Temos que resgatar isto sob pena de levar ao fracasso ou obter resultados ruins e insuficientes na educação. Isso é algo que alguns gestores públicos e alguns tecnicistas sacrificaram em diversas gestões nos últimos períodos. Em 20 anos foi realizado um processo de corrosão prática deste princípio, por um viés autoritário e individualista tanto na esquerda quanto na direita. De um Darci Ribeiro que violenta a proposta da sociedade civil e dos educadores organizados na LDB com seu substitutivo até outros caos vivemos uma dissolução da fé no coletivo e o soerguimento de personalidades. Curiosamente no mesmo período os sindicatos de trabalhadores lutaram contra o neoliberalismo e suas múltiplas versões no Brasil.

Temos que pensar nisto justamente porque foi isso que nos ajudou a defender a implantação da gestão democrática e da construção da democracia , juntamente com os demais movimentos sociais, nos duros anos da ditadura


E a questão é tão essencial e evidente para mim e alguns companheiros e velhos camaradas e muitos jovens, que eu não entendo mesmo como alguns elementos da esquerda abriram mão disto para satisfazer um conceito temporal, imediatista e pragmático em políticas públicas. Implantaram programas em regime de urgência violentando os educadores, gerando resistências desnecessárias e, ao mesmo tempo, com isto acabaram queimando e prejudicando propostas importantes em sua implantação e também impediram os educadores de adaptar estas propostas ás suas realidades. Houve, portanto, neste período uma negação da dialética e da democracia e eu penso que devemos resgatá-la no chão da escola com os educadores e – como os alunos parecem estar se engajando também – com os alunos de modo a aproximar a escola real de nossos planos e de nossos objetivos.

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