Pretendo falar - talvez em
desmedida amigos - aqui em nome de muitos agentes culturais e ativistas que
conheço e que respeito muito e que sabem que não se resume cultura á carnaval e
SL-FEST, mas que nem por isso negam a importância destes eventos. E falo
também, em defesa de muitos que conheço e que trabalham desde a infância no
carnaval, amam o carnaval e vivem o carnaval o ano inteiro como meus amigos
Roberto Pinheiro, Dú, Paula Lau e Tininha e muitos outros.
Eu não tenho nenhuma dúvida sobre
o conceito e o fato de que cultura é muito mais do que carnaval, mas eu creio
ser muito educativo e informativo que a gente perceba que com certeza uma das
formas de cultura mais populares e coletivas que existem é justamente a cultura
do carnaval que organiza famílias, comunidades e muitas pessoas em nossa
sociedade criando laços, atividades e trabalho de diferentes formas lúdicas,
criativas. estéticas e etc. No carnaval temos uma grande composição e ele chega
muito próximo da arte total tão admirada por Wagner e outros. Reúne todos os
tipos de linguagens estéticas. Som, música, teatro, dança, pintura, moda, indo
até diversas artes práticas na montagem de adereços, carros alegóricos e
etc...a desvalorização subjetiva do carnaval mostra para mim apenas um dos
aspectos da grande falta de sensibilidade que grassa em nossa sociedade.
E São Leopoldo tem uma das
histórias mais maravilhosas dentro do seu carnaval dos bailes de salão aos
cordões, blocos e escolas de samba. Não é por menos que isso que exportamos
talentos neste ramo para todas as posições de produção, criação e execução na
economia e gestão do carnaval. Assim, como na política também fornecemos
historicamente quadros muito bons em gestão pública e programas sociais, mas a
ignorância e esta ótica de terra arrasada tentam colocar tudo isto em estaca
zero, negando e vilipendiando esta história e outras e suas contribuições.
Tem uma lógica bem pequena e
burguesa na negação do carnaval e na transformação de seus recursos em outras
coisas como se o carnaval pudesse ser substituído ou definitivamente rechaçado
pelo gestor público. Tem algo bem facista e sectário nisso e em quem cultiva
este sentimento em desrespeito a diversidade cultural. E eles pensam em resumo
assim: se não somos nós, se não sou eu, não é bom, nem ótimo, nem excelente.
Não creio que deva se tributar isso ao atual secretário de cultura como se ele
fosse a causa da situação atual da cidade. O buraco é bem mais embaixo. Tipo
assim: São alguns coitados que acreditam que o mundo começou no ano em que
nasceram ou no ano em que o governo deles começou a governar negando tudo e
todos....deveriam estudar mais, trabalhar bem mais e respeitar mais o
conhecimento e o trabalho dos outros...
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