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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

SOBRE O GOLPE DE 1964: ALGUMAS NOTAS AO TEXTO DO DIOGO COSTA E AO DEBATE NO BLOG DO NASSIF


A tese do GOLPE PREVENTIVO que Diogo Costa apresentou aqui é a mais plausível de todas. E provavelmente pode ser bem confirmada por fatos e por investigações sobre os bastidores de todo o processo de redemocratização e americanização posteriores a 1945.

Toda vez que eu vejo deteRminadas organizações reunidas como Rotarys, Lions, os velhos Tourings Clubs e outras típicas entidades americanóides que foram introduzidas no Brasil no pós Guerra fico me perguntando sobre a real serventia destes clubes de mocinhos. E não há mais nenhuma possibilidade de se refutar o forte processo de americanização da burguesia e das "elites" nacionais. Mas uma americanização de aparências. Ou seja, nem o democratismo da liberdade de imprensa deles é no fundo democrata e nem o lideralismo de fachada deles é verdadeiramente liberal.
Me aborrece muito a força pífia dos argumentos que tentam partidarizar este debate. Podemos olhar para os partidos, mas não podemos esquecer que mesmo os partidos organizam blocos diferentes de interesses que jogam numa síntese possível com a realidade e seus adversários. E muitas vezes estes blocos dependem sim de lideranças que os sustentem, dirigem, produzam acordos e selecionem conflitos para o hoje e para o amanhã. E toda vez que fazem falta estas lideranças estes blocos ficam tateando ou s esubordinam a lideranças de outros blocos. Com o perdão da minha ousadia em teorizar aqui em seara onde os especialistas e os sábios não são nada ingênuos, muito menos retóricos. Boa parte delçes são práticos e produzem a política real do seu dia a dia. 
A bela leitura de conjuntura do jovem Wanderlei tinha um caráter político e propositivo, mas não me parece que recebeu a atenção devida na época - pelo menos assim me parece. Talvez faltasse aquilo que chama de STAFF político estratégico para o PTB impedir o golpe. O que me parece ser também  fruto do deslocamento excessivo do pêndulo interno ao projeto do PTB para uma política de personalidades. Mas se vê que o outro lado não sofria disto. Apesar de menos popular, tinha mais pragmática, efetividade e os devidos apoios econõmicos e militares.
A falta de um debate mais franco e mais estratégico dentro da esquerda causa exatamente isto: a supremacia recorrente de uma tática mínima da direita. Tática esta que preventivamente triunfa. Tenho visto isto em diversos momentos eleitorais. Desde a redemocratização e em todos os tipos de eleições municipais, estaduais e nacionais. Isso explica em muito - com todo respeito que os intelectuais e ideólogos da esquerda merecem, justamente porque o PT acaba sempre pro ter que voltar-se para o centro. Para Granscianamente manter o poder e até agora tem conseguido. Mas as grandes mudanças não irão acontecer sem um acordo AUXILIAR - para Que um dia seja PRINCIPAL (ISSO ME LEMBRA LENIN BARBARAMENTE) - entre as esquerdas brasileiras se é que elas existem e não se resumem a belos programas com finos propósitos eleitorais. A bola que a esquerda joga pode ficar mais vermelha, mas todos que querem pintá-la destas cores terão que se dispor a empregar suas tintas numa única e mesma bola. O que não acontecia entre PCB e PTB. E colocava sempre o PTB como dependente até sua derrota no Golpe pelo PSD. O PMDB hoje ocupa o mesmo espaço.
Uma pequena nota sobre o GOLPE que é uma palavra cuja semântica merece mais compreensão. Não é somente uma alternativa nominal a REVOLUÇÃO, significa um assalto de uma minoria ao poder. Ainda que alguém queira atribuir o caráter de movimento de massas para as marchas da família e tal. Acima de tudo, para minha compreensão, um golpe só é possível com signo de vitória como traição, jamais como bala de prata. é um processo, mas é um assalto cujo lastro mínimo se impõe sobre os demais. Se o Golpe fosse efetivamente liderado por um civil - como o Lacerda queria - talvez todos nós hoje falássemos inglês. Assim como quase todos os alemães hoje o fazem sem nenhum pudor ou horror.
Mas havia um determinado vírus nacionalista também no Golpe que na minha opinião só ganhou vulto por conta da completa baderna - como dizem aqueles que viveram isto fora das perspectivas militantes - entre todas as forças e organizações. A contra tese ao projeto do PTB foi a tese do CAOS. E esta tese venceu. Por isto adoto a ideia de que o GOLPE FOI SIM PREVENTIVO. E um golpe preventivo como o descrito pelo Diogo aparece pela eminência de uma liderança do BLOCO, mas também pelo conflito generalizado na esquerda sobre a natureza do projeto e o escopo das concessões possíveis entre os lideres dos movimentos sociais. Eu gostaria muito de perguntar sobre quais desacordos tão importantes e relevantes que existiam em 1960-1964 dentro da esquerda brasileira que fizeram possível a tática da pedrinha da UDN? E hoje quais são mesmo os desacordos inadiáveis? Os interesses das grandes corporações? 
Bem fui longe demais e peço escusas por tanta audácia e tão pouca cautela ao meter minha colher neste grande angú.

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