Bom Dia...
"Aquele que quiser aprender a filosofar deve encarar todos os sistemas de filosofia apenas como história do uso da razão e como objecto para o exercício do seu próprio talento filosófico. O verdadeiro filósofo tem, portanto, que pensar por si próprio, de fazer um uso livre e pessoal, não um uso imitador e servil, da razão."
Kant, Lógica, Introdução
Estou num plantão de escola e aproveito para em estudo fazer aquela Introdução à Filosofia.
Tem um aspecto engraçado nisto. De repente me dou conta de uma outra forma do ofício pelo qual sou remunerado: professor de filosofia.
Então, filosofar não é perda de tempo ou delírio, é minha ocupação...assim como a professora e o professor de matemática ou de qualquer outra disciplina se ocupa ainda muito me estudar a sua matéria, dificilmente alguém fará troça do seu afazer, mas com os filósofos ainda há aqueles maldizeres, malquereres e malentenderes.
Ainda que não me sinta um filósofo, meu ofício é estudar, ler e escrever em diálogo com os filósofos e as pessoas em geral a partir deste ponto de vista...a partir de uma formação acadêmica específica e continuada que durou um tempo determinado e foi dirigida e orientada para dar conta de uma certa dimensão do que é o filosofar.
A gente chega nessa formação com alguns caminhos prévios e conceitos prévios adquiridos de forma auto-didata, mas muita coisa muda e deve mudar a partir da sua formação...você reduz de forma incrível um conjunto de opiniões e preconceitos a determinações prévias e mesmo que este conjunto contenha diversas leituras, digressões, estudos e encontros ao acaso.
Nada mais será como antes e aceitar isso é pré-condição para avançar na investigação.
Assim se vai indo e compreendendo entendimentos e desentendimentos ao longo da jornada...em muitos textos confesso minhas influências e leituras da minha infância filosófica (Platão e Kant) até a minha adolescência (Marx, Foucault, Nietzsche), mas não chego a detalhar isto no sentido de apontar quais textos, quais impressões e quais motivações foram geradas a partir destas leituras e do confronto com a experiências sociais, intelectuais e culturais - filosóficas e políticas de meus anos de formação autodidata.
Mas hoje - agora - vejo isto como necessário; preciso identificar sim as linhas mestras e as ilusões que me levaram à formação acadêmica e também aquelas que sobreviveram.
Nada disto faz uma introdução filosófica escolar, mas me parece ser exigida para que eu faça uma introdução filosófica que leve em consideração exatamente como eu fui me chegando e me aproximando desta matéria ao longo da minha jornada de descobrimento do mundo, de uma compreensão de mundo e das pessoas.
Porque esta foi a minha introdução e a minha abertura para a filosofia se deu assim até chegar aos bancos da universidade e reorganizar, analisar e também interpretar estas ideias e estas doutrinas.
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