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segunda-feira, 30 de maio de 2016

SOBRE O DIFÍCIL ACESSO

Todas as escolas já receberam um documento que possui um formulário com critérios que eliminam o difícil acesso da grande maioria das escolas. Na nossa escola estamos em greve, vamos discutir o difícil acesso e a perda dele, com seus danos e fazer uma manifestação coletiva contra mais este ataque aos educadores. O prazo de entrega é para ser dia 2 de junho e será somado ao parcelamento de salários e o não pagamento do 13° mais um ataque aos trabalhadores. Além de estarmos sem política de reajuste salarial é de pagamento do piso. É preciso lutar contra isto, entrar em greve e não deixar os ataques continuarem. Barrar o governo com a greve, as ocupações e o apoio da sociedade em defesa da educação. (24/05/2016)

SOBRE DEBATES DA GREVE NAS ESCOLAS

Temos que provocar e incentivar o debate sobre a greve em todas as escolas. Mesmo que já tenhamos feito antes. Debater greve na greve deve ser algo muito importante como instrumento de formação. As pessoas que não estão em greve e que debatem a greve já estão se auto questionando sobre adesão. E estão revisando suas crenças e posições. O debate interno primeiro, depois debate com visitas externas, depois com a comunidade - conselho, país e mães, depois os alunos e alunas. Nem sempre nesta ordem. Mas o debate é o começo e a decisão é a adesão é o primeiro passo para depois se ativar na luta como nós e virem junto coma gente para as atividades de greve. Esta nossa greve me parece a mais potente que já fiz. Pouquíssimas pessoas querem recuar ou desistir e cada vez entram mais pessoas no ciclo de debate, decisão e luta. Nem sempre os resultados dos debates vem na hora. Calma pessoal. Às vezes outras ocorrências aumentam a adesão também. O fato de discutirem já é um ganho importante. E quem decide não aderir acaba - dadas as diversas razões para lutar hoje - violentando a si mesmo. Então, provocar o debate sobre a greve já é meia vitória. Hoje fecha uma semana e esta ainda é uma tarefa importante porque mais adesões virão com a onda de ocupações provocando também uma percepção de que o que realmente está em jogo é a defesa da educação pública. (24/05/2016)

VAMOS FORTALECER A GREVE, AS OCUPAÇÕES E AUMENTAR A PRESSÃO SOBRE O SARTORI

Estamos aguardando uma proposta do governo, pressionando e mobilizando cada vez mais colegas. Devem aumentar bastante as adesões esta semana em muitas escolas e também ouvimos um zum zum de mais ocupações em escolas que não tem paralisação ou movimento de greve expressivo. Porque com as ameaças de promover desocupações do governo e a entrevista do Vieira mostra isto -  a juventude pensa em ocupar mais algumas escolas que já estão engatilhadas. Muitos alunos e alunas não aguentam mais olhar para seus professores e professoras que estão simplesmente trabalhando nas atuais condições insustentáveis. O governo vai precisar negociar muito mais agora, pois à medida que ele vai atrasando o diálogo ele vai aprofundando a distância com os educadores e estudantes, sem dar nenhuma resposta ou sinal de avanço em algo ou recuo em seus ataques.

Fui olhar no meu contra cheque os valores de difícil acesso - recomendo que todos que possuem isto façam duas contas - e fiquei espantado com o prejuízo que todos vamos ter sem recebermos o piso. Mais os parcelamentos e o 13° que foi não pago. Bah. É um horror nas nossas contas e condições de subsistência. O governo opta por nos massacrar a todos. Eu sinceramente não tenho os números da adesão, porém aparecem notícias de adesões vindo de todos os lados do nosso núcleo. Mas a greve é ainda parcial em muitas escolas, porém se o governo não apresentar uma proposta creio que irá aumentar. Uma planilha que vi correndo no Cpers tinha greve em quase todas as escolas de SL e NH salvo as exceções que não sei mesmo se vão conseguir segurar muito tempo e fazer de conta que o problema é dos outros. E as escolas paralisadas e sem aulas são muitas também.

Hoje de tarde devemos ver de novo isto no núcleo. E organizar a semana de visitar e mais atos. Hoje começa a terceira semana sem aulas. A assembléia, enfim, não foi marcada porque esperamos uma proposta do governo e ela não vem. Nós estamos pressionando o governo para parar de nos massacrar e ele não responde e ele não negocia. Creio que só devemos voltar a dar aulas com uma resposta. Tem colegas nossos que começam a pensar nos prejuízos ou a falar deles. penso que devemos lidar com isto com tranquilidade e sem problemas. Este é um tipo de interpretação possível a partir de certa perspectiva, mas eu creio que não é bem o caso. Os prejuízos que se aproximam de nós certamente serão muito maiores s a greve e sem fortalecer ela. E nós todos pagamos o pato juntos aqui. Não creio que este governo vai poupar quem não fez greve. Vejo que isto é uma ilusão criada por algum tipo de regalo com certeza em algumas escolas, talvez seus diretores tenham algum motivo para prestigiar o governo ainda, talvez alguma obra ou tratamento especial esteja dando esta ilusão. Mas eu sei que estas escolas também vão sucumbir.  Também vão sofrer com a falta de professores e que seus quadros também vão sofrer com este massacre.

Assim, no caso dos ataques que nos ameaçam o pato é bem grande e pode levar muitos a abandonarem o estado. E isso pode ocorrer porque não conseguiremos mais sobreviver mesmo com nossos vencimentos e nos outros casos por demissões, enxugamentos, ajustes de carga horária no diurno e terceirizações. E quem se omitir agora será responsável por isto e vão sofrer com isto também. Só se salvarão os muito próximos da administração política do estado. E olhe lá. Então está semana é decisiva e pode acabar com um esforço maior dos nossos colegas na adesão. E com os estudantes partindo para mais uma ofensiva nas ocupações.


Boa luta e boa semana a todos!

SENTIMENTOS E EMOÇÕES, COGNIÇÃO E REFLEXÃO: COMPLETADO 4 ANOS APÓS

Quando eu disse que você teve uma experiência cognitiva, tentei dar ênfase ao fato de que o que ocorreu contigo não era somente uma situação emocional, afetiva ou sensível, e queria dizer simplesmente que você não é somente sentimental porque teve sentimentos. Você não se resume a alguém que só possui sentimentos. Esta segmentação é enganadora e ela não vai te ajudar a superar, compreender ou aceitar a provocação que esta experiência ou vivência te apresenta. Eu diria que você deveria romper com esta narrativa lamuriosa e trágica e começar a refletir sobre o que é mostrado nela, não mais em termos de um código em que o sentido exclusivo é dor, prazer ou desprazer, sofrimento, decepção e amargura. Veja não se trata aqui de tirar de ti a sensibilidade, mas de dar curso a ela para a tua reflexão, tomar a experiência em termos cognitivos não te torna insensível, vai apenas dar inteligibilidade – a inteligibilidade possível agora e que poderá ser aperfeiçoada adiante a algo que te ocorreu. Então, tomar esta experiência como inteligível pode ajudar muito na sua compreensão e superação, mas isso não significa que você não seja sensível. Isso significa que você aprendeu a se diferenciar de teus sentimentos poderosos, se distanciar um pouco das fortes emoções que as vezes te são impostas por outros e a se defender delas. Sei que você teme ser derrotada nesta inversão de perspectiva, pareceria que ao dar racionalidade à experiência teria sido convertido aceitar ela como significativa. Porém, pense mais sobre esta pergunta: mas porque então este temor? E veja que a experiência e a coragem fazem isso contigo. Elas te jogam contra as paredes do salão na ilusão e assim vais ultrapassar os limites do teu tempo e daquilo que te resume agora. Amanhã ou depois, mesmo que você entenda tudo, pode acreditar será surpreendente, porém, porque jamais haverá alguma confirmação disto tudo. Vais esquecer na parede da memória esta experiência até que um dia toda esta carga emocional seja ou fique resumida a uma única palavra e todo este sentimento que tens esteja dissolvido e afastado de teu corpo.


A EDUCAÇÃO DOS SENTIDOS - CORRIGIDA E COMPLETADA 4 ANOS DEPOIS

A Educação dos sentidos é um velho adágio que seguimos. Temos que educar a sensibilidade dos jovens e de nós mesmos. Isto é uma provocação sensível, cognitiva e intelectual também. É preciso desenvolver, desafiar e provocar o senso estético dos jovens e adultos não somente para jogar eles em uma aventura no entretenimento, no gozo egocêntrico ou na fruição estética desinteressada e generosa, ainda que isto vá acabar ocorrendo também, mas sim é a tarefa de educar um ser humano para ultrapassar se, ir além de si, superar sua perspectiva original e abrir um horizonte mais amplo, confrontar o jovem e provocar no jovem a percepção de que ele não é limitado a sentir somente a si mesmo. A tal coisa chamada educação estética do homem é um trabalho civilizatório e humanizador, porque coloca o homem e a mulher em sociedade, em carne e ossos, e tal lhe gera empatia com o próximo, o faz compartilhar e ter simpatia com o próximo e traz para ele um tipo de sentido que só é possível em comunidade, na coletividade, que não é nem subjetivo ou objetivo. Usando aqui outra terminologia, trata-se também de familiarizar o jovem e os adultos que ainda não o fizeram com um outro regime de crenças. Expor outros sentidos e idéias das coisas, das gentes e das relações entre elas e entre nós e o mundo, nós e também nossa transcendência. Isso parece bem difícil, porque muitos olham somente para os seus sentimentos, olham somente para suas crenças fixadas e às quais aderiram sem nem saber exatamente como. Mas trata-se de colocar para eles também o desafio de encontrar o sentido que construíram sobre o que lhes é humano, comum e próprio. Assim, a educação dos sentidos, a educação estética, é bem mais que um mero humano ensimesmado e blasé que vai ostentar alguma ilustração, prerrogativa ou excepcionalidade de acesso à alta cultura, ou à cultura estética superior. Não se trata de construir uma performance por excelência ou superioridade. Não se trata disto.

NOTA SOBRE A HISTÓRIA DE SÃO LEOPOLDO - INSIGHTS DO INICIO DA HISTÓRIA DA PRAÇA DO IMIGRANTE - CORRIGIDAS E COMPLETADAS 4 ANOS DEPOIS

Pensando coisas novas. Pensando em novas ideias. Como contar uma história da minha cidade.

Encontrando novas abordagens tanto da história quanto da cidade. Não tem mais volta pelo visto. E vou seguindo e a cada dia que passa descubro que algumas hipóteses já foram melhor examinadas e que pelo sim e pelo não estamos no caminho certo. Vejo também que algumas intuições tem sua base demonstrativa seu fundamento na realidade. Um fundamento no modo como a realidade era compreendida. E isto transforma aquilo que era uma descoberta ou bela intuição, num nova composição e visão de cenário. Surgem então elementos novos, novos agentes externos e internos e novas personagens na narrativa da história da cidade. E isso não é uma descoberta original, nem criativa, nem inventiva, mas tem sua beleza, pois acrescenta um matiz ou um detalhe a uma narrativa que antes era genérica e cronológica. Vejo, então, que esta história poderia ser contada de um modo mais interessante e articulado. Poderia ser uma história contada e narrada em uma composição. A narrativa histórica acaba beirando a uma narrativa literária ou de ficção.  Me perguntava, então, em 30 de maio de 2012, nesta aventura de contar uma pequena história de minha cidade, se podemos fazer história assim?...eu acreditei e creio que sim!!!

Na hora de retomar, apesar de todos os contratempos e ocorrências deste ano.


( aqui eu fiz uma coisa ser finalmente mais explicita, e fiz algo dizer aquilo que plenamente eu pensava então)

domingo, 29 de maio de 2016

SOBRE O MÉTODO DE INVERSÃO NA ABORDAGEM FILOSÓFICA


Mudar o ponto de vista sobre uma questão pode ser muito bom para a sua resolução e compreender a causa de sua origem. O tema das inversões de abordagens me parece nítido em diversos casos. Mas é - ao meu ver - mais um recurso de método que mistura algo como uma katarsis, uma epoqué, uma busca do arche e etc como o ir à raiz das coisas, ver mais de perto ou ultrapassar as aparências do que é imediato ou nos é posto a pensar no início. Estive, por exemplo, num debate com alunos e educadores de uma ocupação e foi interessante porque usamos - eu e outro educador - a inversão como recurso não diversionista, mas de aprofundamento e para focar em algo oposto à abordagem tradicional: eles perguntavam e buscavam respostas por qual escolas queriam e nós - eu e mais um - perguntamos porque eles estavam ali. O que tinha trazido eles a vivenciarem aquela experiência. No caso, o tema da mudança social ou da mudança da escola era invertido pelo tema da transformação também pessoal que ocorre em processos coletivos e individuais intensos como estes. Ninguém sai igual de uma experiência intensiva como esta das ocupações. Isso muda a pessoa como nossas aventuras militantes de jovens também nos mudaram e nos deram valores de saída diferentes do que possuíamos na entrada.


P.S.: O lance mais interessante neste bate papo nosso é que após ele terminar me dei por conta que o que era comum entre nós todos ali era ter feito, fazer ou ingressar no movimento estudantil mas sempre de um ponto de vista prático que envolve fazer algo. Eu comecei assim na minha história e biografia e provavelmente todos tinham ali naquela sala esta dimensão em sua virtualidade. E um movimento estudantil que funciona como iniciação política e bem conseqüente como experiência significativa e vivenciada que dá sentido às nossas vidas.     

CARTA ABERTA À EQUIPE DA SEGUNDA COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO: COMANDO DE GREVE DO 14 NÚCLEO DO CPERS

Iniciamos nesta manhã - terça feira 24 de maio de 2016 - a nossa jornada aqui na frente da segunda coordenadoria para reiterar algumas posições sobre a legitimidade, a importância e os objetivos do nosso movimento. Além disso, também queremos manifestar nossa mais precisa contrariedade com algumas atitudes que julgamos descabidas, desmedidas e desrespeitosas com os educadores e educadoras, servidores e servidoras, estudantes e com os direitos de todos perante as leis e os princípios do bom senso e da civilidade.

Em primeiro lugar expressamos nossa grande satisfação com a greve que construímos, sustentamos e defendemos perante o atual e passageiro governante deste estado e seus assessores políticos, partidários e indicados. Nesta greve conseguimos obter o apoio de muitos educadores, cidadãos e principalmente estudantes, que representam para nós hoje uma das maiores conquistas do movimento em defesa da educação. Eles passam neste ano a ocupar um espaço de protagonismo nesta luta. Ao realizarem ocupações organizadas por seu espírito coletivo e cidadão, com suas jovens inteligências e compreensões, eles conseguiram criar um caminho sem volta na educação gaúcha e estão reagindo com altivez, tranquilidade e muita sensatez aos descasos e desrespeitos sistemáticos perpretados por este governo contra os educadores e seus direitos, contra as escolas públicas e suas estruturas e contra os estudantes e seu direito à educação pública de qualidade e para todos.
Em segundo lugar afirmamos que todos os educadores hoje, em greve ou não, debatem a situação da educação estadual, debatem os ataques que tem sofrido e debatem também as tentativas de coerção, intimidação, assédio e ameaças que tem sofrido. E estas ações tem recebido a mais ampla reprovação subjetiva e objetiva. Não se enganem se acreditam que podem ameaçar educadores e serem esquecidos. Muitos tem nos confidenciado tais práticas e a reprodução de certas expressões e desdouros.

Em terceiro lugar, é bom que se diga, que também a comunidade escolar tem sido muito bem informada por nós das razões de nossa greve e da forma como as educação, os educadores e os educandos tem sido aviltados e desrespeitados. E em muitos lugares - apesar da aparente eficácia de certas informações tendenciosas e manipuladas - já é consenso de que a defesa da educação que promovemos em nossa greve não é casuística e nem injusta. Todos sabem que nossos salários estão atrasados, todos sabem que nosso 13° não foi pago, todos sabem que o governo concedeu reajuste aos mais altos salários, mas que porém não concedeu sequer reposição salarial da inflação para nós, todos sabem que o piso salarial nacional não tem sido pago, todos sabem que os repasses de recursos para manutenção, merenda e permanente não tem sido repassados às escolas. E muito mais. Todos sabem que o governo aumentou impostos sobre o pretexto de ajustar o caixa e calhou de não resolver isto é promovendo maior recessão em nosso estado. Todos sabem que o governo votou covardemente projetos contra os trabalhadores sem sequer negociar com eles e que em muitos casos está votação dependeu de votos cuja moralidade e responsabilidade é altamente questionável.

Todos sabem que acabam de privatizar de forma escandalosa e por trinta anos as estradas de nosso estado. Todos sabem já que esta política vai levar nosso estado à bancarrota e à precarização dos serviços públicos. Então, neste ponto, todos entendem que os professores vivem hoje uma situação insustentável.

E se está situação é insustentável se soma a ela também as medidas abusivas que o governo tenta impor aos nossos parcos rendimentos. Ao propor o reenquadramento do difícil acesso o governo ameaça gravemente a subsistência material de milhares de trabalhadores e seus familiares que tem - apesar das discrepâncias - tido algum diferencial de ganho salarial. E a grande maioria dos trabalhadores serão massacrados se for retirado este elemento de sustento de suas vidas. O adicional de difícil acesso é hoje um componente indispensável na sustentação financeira de número relevante dos trabalhadores e não poderia ser extinto sem que - por exemplo - o estado resolvesse a questão do valor do piso salarial nacional cuja defasagem hoje soma mais de 69% do montante que deveria ser percebido. As perdas salariais são tão gritantes que sequer os 24,14% de reajuste dos recursos do FUNDEB foram repassados aos nossos salários. E as coisas pioram para o nosso lado porque ao mesmo tempo o governo enviou como projeto de LDO uma peça que prevê reajuste zero até o final de 2017 aos servidores, sem reparar nenhum agravo, repor nenhuma perda é sem promover nenhum ganho a uma categoria que já é aviltada e que passa a ser assolada também por estes ataques.

Além disso tudo, assim nos parece e tem sido confirmado que, no âmbito desta segunda coordenadoria, tem havido também situações que vemos com extrema contrariedade. Exigimos que seja respeitada e reconhecida a legitimidade de nossa greve e que sejam cessadas e sustadas todas as iniciativas de constrangimento, perseguição e ameaças aos nossos colegas grevistas em todas as escolas, seja por diretores, prepostos, supervisores, mandaletes, gestores ou encarregados. Vamos promover contra isto registros policiais e abrir inquéritos administrativos por assédio moral, desrespeito ao servidor público no exercício de sua função, perseguição sindical e também por desacato e quebra de impessoalidade no serviço público. A greve é legítima, o seu debate em espaço de trabalho com a deflagração do movimento grevista em assembleia é absolutamente legal e de direito e, por fim, a adesão de servidor ao movimento, não pode acarretar nenhum ônus ou penalidade cabível. É intolerável a prática de colocar servidor à disposição, sob perseguição ou em suspeita por aderir a movimento legítimo.

Para terminar, em virtude de nosso extremo compromisso com nossos alunos e seus direitos queremos manifestar também nossa mais profunda contrariedade e aversão moral às tentativas de desprezar ou diminuir a qualidade é a grande responsabilidade que tem sido demonstrada com a educação pública deste estado pelos alunos e alunas, cidadãos e cidadãs que adotaram a medida extrema de ocupação das escolas públicas estaduais em defesa das mesmas e por correlato e relacionado em defesa também dos educadores. Defendemos o direito de livre organização dos estudantes, de organização dos grêmios estudantis autônomos e a importância do movimento estudantil organizado estar dando uma aula de cidadania para todos que expressam compromisso com a educação mas não agem em conformidade com isto. Defendemos o direito de todos os alunos que aderirem a ocupações, apoiarem a nossa greve serem devidamente avaliados após o encerramento de nossos movimentos. E temos muita satisfação em acompanhar e apoiar o movimento estudantil que defende uma pauta de reivindicações dos alunos que também deve ser atendida.

Agradecemos a consideração às nossas legítimas posições e contrariedades e afirmamos que elas expressam uma compreensão humana, democrática e comprometida com a educação pública, os direitos dos educadores e educandos e a qualidade da escola pública.


Comando de Greve do 14º Núcleo do CPERS/Sindicato

DEMOCRACIA E POVO

Um povo pode ter problemas em qualquer quadrante deste planeta. A democracia não é o regime da infalibilidade, mas pode ser o único regime em que pode haver corrigibilidade.

DOR E RESPEITO

Não creio que o sofrimento seja algo tão distinto entre um gênero e outro. E a qualidade dele não muda com a quantidade. A dor deve ser tão transitiva quanto o amor. E o corpo deve sentir tanta dor quanto a alma o que talvez explique porque uma violência física tenha tanta força quanto uma violência simbólica. Ainda que a dor de cada um seja incomparável com a do outro. Mas ter empatia envolve a capacidade de imaginar a dor do outro a partir de sus própria dor e de seu próprio limite de dor experimentado. Então, ter respeito envolve não tentar medir ou mensurar a dor do outro e se recusar a comparar com qualquer outro episódio seja por semelhança, vantagem qualquer ou desvantagem. Respeito é se recusar a classificar ou desclassificar o outro em seu sofrimento e dor. Em toda diferença a indiferença é um desrespeito, mas não nos dá medida, mas sim o limite de toda comparação....temo pelos insensíveis pois seus juízos vão sempre fracassar....

"SOMOS UM BANDO DE MUITOS LOUCOS" (revised and completed)

Pois eu me lembrei nesta semana esta passagem da letra do Bebeto Alves por diversas razões. Uma delas era ao me dar conta o que, afinal, diabos nós estávamos fazendo a mais de 20 quilômetros das nossas escolas, eu e mais 13 professores estaduais em greve em um município conversando com mais sete alunos e oito professores que ainda não tinham aderido ao movimento e me veio o insight: nós devemos ser loucos.

E lembrei também da loucura que representa entrar em escolas onde ninguém quer saber nada de você nem do que você ou quem está com você diz sobre a greve e você está ali tentando argumentar, dialogar, trocar experiência e gerar alguma empatia ou identidade sobre a luta, ganhar alguma solidariedade, generosidade, compreensão ou adesão por algum tempo.

Lembrei meu pai - Tu estais malhando em ferro frio, dizia  - me olhando em meio a um debate sobre política com pessoas que simplesmente não querem entender o que você diz, não aceitam tuas consequências, não aceitam tua arguição e de quem está contigo por mais que você se esforce, por mais que tua argumentação seja perfeita, por mais que eles aceitem tuas premissas, não querem aceitar a necessidade de lutar. Se sustentam na vontade, num temor recôndito ou no conforto da forma como estão habituados a ir levando a vida.

Mas eu lembrei também de SOMOS UM BANDO DE MUITOS LOUCOS, quando me perguntaram: se os professores que lutam pelos direitos de toda a sua categoria são loucos ou se são loucos aqueles que vivem anestesiados no sistema de submissão?

Ou seja, aqueles que vivem sofrendo e aguardando alguma melhoria sem lutar por ela ou desejando apenas um bafo da sorte, ou um privilégio ou regalia no jogo de atenção e obediência do sistema de exploração e massacre em que os educadores estão inseridos...loucos somos nós sim que lutamos por vocês que se calam e resmungam pelos cantos da escola e recantos desta vida. Precisamos dos loucos ou os loucos precisam de nós.

E ontem ao ler uma matéria sobre greve e ocupação ao ver que alguém completamente importante, relevante e sensata no curso desta história dizia que esperava a volta à normalidade nas escolas e daí resolvi escrever isto aqui.

Assim, quando a normalidade voltar não estranhe se ela te levar à loucura.

DESOBEDEÇA! Vale aqui Thoreau tb.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

CORAGEM CONTRA A CONTRADIÇÃO NO BRASIL

Testemunhando e vivendo coisas absolutamente contraditórias. Mas vamos encarar esta contradição e tentar fazer um esforço pela boa síntese. De um lado, um governo de cínicos e covardes vai massacrando os professores estaduais com anuência de partidos e pessoas e de alguns professores e professoras que simplesmente furam a greve mais justa da nossa categoria dizendo ou que a greve é banal, ou que tem outro lado, ou que é cada um por si, ou que não gostam deste ou daquele ou que tem medo ou temem os prejuízos que causarão aos alunos. Deste mesmo lado, vendo este vergonhoso governo de golpistas que não durou dez dias e já mostra sua face de quadrilha organizada para proteger notórios e corruptos temporais e pós graduados. O episódio do fim do Minc e sua ressurreição desconfigurada, a visitinha insidiosa e cara de pau do Alexandre Frota ao MEC, a entrega do pré sal, a queda do Romero Juca, as gravações do famoso Sérgio Machado com Sarney, Renan e o que mais vier, tudo para mostrar o quão sujo, mau caráter, desonesto e pilantra é o governo Temer, configurado numa traição ao nosso país. Um governo usurpador formado por traidores do nosso país e do nosso povo que deveria ser derrubado e seus engenheiros, advogados e doutores postos na cadeia, ou no exílio ou no ostracismo por décadas. Tudo que tem de pior na política brasileira se juntou na única mão cheia. E, por fim, este terrível estupro coletivo de uma menina de 16 anos por 33 homens que mostra quão perversa está nossa sociedade. Coisas que nos deixam assombrados. Um governo estadual covarde, um governo federal usurpador e homens sem escrúpulos fazendo e acontecendo sem o menor constrangimento. É um filme de horror. Porém, de outro lado é na contra mão de tudo isto vejo também meus colegas em greve comigo, nossos alunos aqui e no resto do país ocupando escolas e tentando fazer isso da forma mais correta, organizada e dialogada. Vejo milhares e milhões de jovens e cidadãos saindo às ruas para protestar contra o machismo, a homofobia, a violência policial, por mais democracia, contra o golpe, contra todos os corruptos e em favor de educação e liberdade para o povo brasileiro. Não perdi as esperanças não, desta contradição vai sair o novo e eu quero sim com meus e minhas colegas, alunos e alunas, amigos e amigas e cidadãos fazer parte disto. Vamos a luta! Organizar, resistir e avançar contra o golpe, contra a covardia e contra o machismo que o acompanha.

REAJAM COLEGAS E ENTREM EM GREVE

Eu vou dizer algo. Se não fizermos uma luta séria em defesa da nossa categoria, vão faltar professores em todas as escolas. Elas serão privatizadas. E nem diretores elegeremos mais. O sindicato será desmantelado e não vamos ter mais ninguém para reclamar. Então, isto que eu digo aqui serve como um grande elogio a todos que estão superando diferenças, entrando em greve, apoiando as ocupações dos alunos, visitando escolas e reagindo coletivamente contra esta grande covardia que estamos sofrendo. Só a retirada do difícil acesso já importará em grandes perdas para muitos trabalhadores, seus familiares e dependentes, então, imaginem demissões, fim do plano de carreira e perseguições políticas, ameaças e assédios morais contínuos por diretores eleitos convertidos em mandaletes de um governo perverso. Reajam colegas, está luta é séria e onde for possível ou uma questão de honra entrem em greve. Parem de esperar o colega do lado ter coragem. Tenham coragem e reajam. Só se arrependerão aqueles que não fizerem nada e continuarem submissos a esta grande covardia que sofremos. Um abraço e boa luta!


Para professores estaduais no RS que ainda não entraram em greve!

EXISTENCIALISMO, FEMINISMO E SISTEMA

Em uma anotação de quatro anos atrás. -


" Jean Paul Sartre invadiu minha sala de aula hoje...e me perguntou ao pé do ouvido se eu tava de brincadeira com este negócio de aceitar o sistema....e eu disse que não...que nós podíamos juntos questioná-lo, que nós podíamos exercer plenamente e refletidamente nossa liberdade de pensamento sem temer..sendo corajosamente o que somos e fazendo nossas próprias escolhas sem tutela de ninguém mais neste mundo...que podíamos provocar os jovens a pensarem por si mesmos sobre qual papel mesmo eles terão neste sistema produtivo...um intelectual engajado ou o filhinho da mamãe submisso e que esta preso ao play que o sistema quer que ele jogue o resto de sua vida...e dai Simone me aparece e me pergunta se as meninas não tem mais nada para fazer?...tem muito mais coisas para fazer do que serem as reprodutoras e aquelas criaturas relegadas ao segundo sexo...."

LIÇÕES DE HANNAH ARENDT SOBRE O EDUCADOR

"O educador está aqui em relação ao jovem como representante de um mundo pelo qual deve assumir responsabilidade, embora não o tenha feito e ainda que secreta ou abertamente possa querer que ele fosse diferente do que é.


Essa responsabilidade não é imposta arbitrariamente aos educadores; ela está implícita no fato de que os jovens são introduzidos por adultos em um mundo em contínua mudança. Qualquer pessoa que se recuse a assumir a responsabilidade coletiva pelo mundo não deveria ter crianças, e é preciso proibi-la de tomar parte em sua educação."

Passagem citada pela amiga Conceição Oliveira. 

PROFESSORES EM GREVE CONTRA A COVARDIA E A HUMILHAÇÃO: ESTE MASSACRE PRECISA DE UMA RESPOSTA

O vencimento mais baixo do país e um governo covarde que envia para as escolas um formulário de reenquadramento do difícil acesso que tal como um instrumento de avaliação mal concebido e mal elaborado, não tem serventia alguma para o propósito posto e que deveria ser corrigido e bem redigido, a não ser a de submeter professores e professoras à vergonhosa tarefa de produzir um lauda triste de sua história que levará a agravar mais ainda as condições de subsistência de todos os meus colegas que possuem este adicional em seus vencimentos. E uma humilhação grave e uma sujeição vergonhosa a que diretores e diretoras e suas equipes diretivas e de educadores e servidores são submetidos: ter que produzir um laudo que impõe mais sacrifícios aos seus colegas. Um governo terrível, nefasto e covarde que consegue ter a insensibilidade de impor aos trabalhadores que já sofrem um massacre que puxem a cordinha da guilhotina que lhes ceifará as cabeças. Muito desrespeito, muito desprezo pela vida dos trabalhadores e um momento doloroso da vida de muitos educadores que já perdem a cabeça e a tranquilidade todos os meses, e que perdem também a confiança para trabalhar com salários atrasados, 13° não recebido, inflação corroendo seus ganhos, e, além disso, sendo vilipendiados de um ganho sem que seja posto no horizonte o cumprimento da lei do piso salarial nacional que foi considerada constitucional e deve ser cumprida desde abril de 2011. MP, justiça e tribunais de contas, STF, STJ onde estão vocês? Porque procrastinar na imposição da lei do piso que precariza a vida de milhares de educadores ao governo estadual? Fico muito revoltado pessoalmente e junto com meus colegas com esta situação insustentável. E gostaria mesmo que todos os educadores se dessem conta de quão grave em nossa vida é tudo isto é que reagissem, aumentem a adesão de nossa greve até que fique claro e insuportável para a toda sociedade, para todo o estado, o massacre que vivemos e que se passe a nós respeitar, garantir nossa subsistência, alimentos e condições de vida e de trabalho. Pois este massacre não pode prosseguir. Precisamos barrar. Ter o menor vencimento básico do país é muito grave, mas é ainda pior quando se sabe que um adicional será cortado dos nossos contracheques por pura covardia de um governo, com franca humilhação das direções de escolas e em alguns casos com a falta de reação de uma parte da categoria que possui inteligência e força suficiente para barrar isto se estiver mais unidade e determinada, ainda mais com a ajuda dos estudantes e de toda sociedade que quiser vir junto com a gente na defesa da educação, do educadores e dos estudantes, nossos filhos, nossos irmãos, nossos concidadãos. Tenho certeza que a covardia não é o partido do Rio Grande!

domingo, 22 de maio de 2016

O CONTRA GOLPE TAMBÉM É CONTRA O MACHISMO

Mandem brasa meninas. Estamos num dos momentos mais importantes da história da educação e deste país. Não poupem nenhum recurso. Ataquem, contra ataquem e avancem. O nosso contra golpe será do tamanho da nossa reação e com a qualidade da nossa reação.

DAS OCUPAÇÕES DE ESCOLAS NO RS

Já tinha percebido isto nas primeiras ocupações pelo Brasil no ano passado. Trata-se de uma nova forma de defender a coisa pública, o espaço público e a política pública. E na educação gera um constrangimento interessante que vai dividir a nossa categoria entre quem entende e está apto a dialogar com os jovens, educá-los e estar com eles e simplesmente quem já era, porque não entendeu que esta defesa da educação é séria e não é de brincadeira e nem uma aventura. Se o professor não topa defender a educação por conta de seus interesses o aluno vai lá e faz. O que os professores que não fazem greve deveriam entender que ao não fazer a luta em defesa da educação os alunos tomam a frente e o fazem. E aqui na nossa região do VS por enquanto está moderado até, mas pode aumentar e muito, de tal modo que esta divisão primeiramente aludida possa se acirrar. A parte boa é que com uma greve de estudantes ou com ocupações de alunos o governo sequer pode pensar em punir os educadores, perseguir os educadores ou criminalizar eles. Na insurreição popular contra o desgoverno, a autoridade máxima é o povo e o povo aí são os jovens. Só para refletir....um pouco...

PROFESSORES MASSA DE MANOBRA & ALUNOS MANIPULADOS?

Professores massa de manobra & jovens manipulados?

Milhares de jovens organizados no RS e no Brasil para lutar contra governos e golpes contra educação e democracia, contra machismo e toda forma de opressão, contra descasos e autoritarismo também de professores e direções de escolas, estão sendo manipulados? Quem sabe você vai visitar estes jovens e apresentar tua avaliação do movimento para a gente ver se você tem tanta razão assim. Eu estou em greve e chama muita atenção o contrário disto, que conversando com os professores e os jovens e os únicos que eu encontro manipulados são aqueles que avaliam o movimento sentados em sofás, dando aula normalmente ou do lado de fora do movimento. Manipulados porque aceitam o bloqueio da imprensa e o papo furado que rola por aí, aceitam as péssimas condições de trabalho, de remuneração e aceitam toda forma de desrespeito e violência sem contestar e sem querer confrontar e que quando são confrontados com esta realidade dura e terrivel preferem culpar aos outros do que reagir a ela ou enfrentar ela. Para avaliar se algum movimento é isso ou aquilo, para avaliar uma greve, para avaliar uma ocupação, para avaliar a juventude ou os professores é bom estar junto. Por defeito na luta de milhares ou milhões sem fazer nada, não mostra nenhuma orientação para se lutar melhor.

ABAIXO MINHAS ANOTAÇÕES DA ASSEMBLEIA DE ESTUDANTES QUE TIVE A HONRA DE PARTICIPAR


Foi uma grande plenária de estudantes de ocupações do vale dos sinos no Pedrinho. Convocada de um dia para o outro. Ficou lotada de alunos e alunas de escolas de Sapucaia, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Portão, Campo Bom, Sapiranga e muitos professores. Foram levantando situações e esclarecendo formas de organização, dificuldades e soluções, propostas de luta e de ação e também estabelecendo relações regionais na luta. Surgiram debates sobre o bloqueio da imprensa ao movimento. Chama atenção no debate a questão patrimonial, o tema da confiança entre professores e alunos, o diálogo e a abordagem tranqüila ou forçada das ocupações. A greve é insuficiente para a luta e é preciso entender que a ocupação não é ato amigável, salvo quando há acordo. Mas as ocupações fortalecem muito os professores em sua luta porque os jovens na escola são o povo determinando a luta em defesa da educação. As ocupações não são um ato de polícia, mas sim de educação. Aqueles que querem melhorias, mas não querem lutar, precisam colaborar, então, temos que aceitar a nossa luta que combina greve com ocupações. Foi uma reunião excelente. É impressionante a maturidade dos alunos e ALUNAS. E também dos professores e professoras. E aqui vale a característica que já tinha identificado no movimento estudantil no ano passado: a liderança é majoritariamente feminina. E é incrível o quanto esta luta é anti autoritária, anti machista, contra opressão e contra uma concepção de educação não democrática, impositiva e violenta. O sistema está sendo posto em cheque no coração de sua reprodução como diria Pierre Bourdieu e Leon Trotski ficaria surpreendido com este novo tipo de organização da classe trabalhadora e do povo, representados pelos professores e alunos que na base das instituições estatais promover um novo discurso, novos conceitos e novos métodos contra hegemônicos ( para não deixar Gramsci fora aqui nesta bendita hora ). E tudo isto em defesa da educação pública! Vou concluir com uma nota interessante: haviam na reunião pelo menos quatro acadêmicos de história de quatro diferentes instituições que testemunhavam a construção histórica deste processo de vanguarda e de lideranças de diversas organizações, todas com o mesmo propósito e compartilhando em situações diferentes de suas experiências.

SOBRE O ACERVO DE LUIS BRASIL E A CULTURA: PARA LUANA GONZALEZ

As obras do Luis Brasil estão ainda dispersas. Muitos amigos e amigas, agentes culturais, entidades sociais, sindicatos, partidos políticos de esquerda, bares e restaurantes possuem obras dele. De vez em quando eu tiro fotos destas obras e creio que não será difícil fazer um bom catálogo delas com um projeto bem organizado e publicar com boas reproduções e em tamanhos originais ou adaptados. Eu creio mesmo que a obra dele tem valor estético, cultural e simbólico. O que requer toda uma argumentação para a qual não tenho muito tempo hoje. A negação disto não se constitui por si só em refutação.

Em 2012, com o projeto da administração municipal  e de diversos agentes culturais e conselhos municipais de cultura, de patrimônio histórico, tentou se transformar a antiga prefeitura em Casa de Cultura Luis Brasil e, então, se iniciou uma singela, mas objetiva coleta de acervo e doações. Este acervo estava sob a guarda da Secretaria Municipal da Cultura até 31 de dezembro de 2012. O projeto da Casa de Cultura Luis Brasil foi abortado pela então nova administração já na transição. A história há de contar que tentamos todas as tratativas possíveis de negociação sobre isto com a intervenção do então presidente da Câmara Henrique Prieto e do vice-prefeito que assumiria Daniel Schaefer e do futuro secretario da Cultura Alessandro (Polaco), mas não conseguimos sensibilizar eles e nem a futura administração que vetou a implementação e continuidade do projeto. Na minha opinião, o projeto foi vetado mais por estreiteza política e cultural e incapacidade e incompetência do que propriamente por ser inviável financeiramente.  A secretaria da cultura sofreu durante toda a gestão 2013-2016 e esteve ameaçada de extinção no ano passado, mas eu creio que com a próxima eleição já em outubro tal projeto pode ser retomado.


Se você chegar em São Leopoldo no Centro Cultural José Pedro Boéssio creio que podem te dar mais informações sobre o acervo e etc, pois lá se encontra sediado o que sobrevive da  secretaria municipal da cultura que escapou de extinção por força de um movimento de agentes culturais no ano passado. A cultura em São Leopoldo tem sofrido a mesma depreciação que tem sofrido no governo interino, golpista e usurpador do Brasil: ameaça de extinção. Mas nossa luta em defesa dela e da obra dos artistas e do trabalho de todos vai continuar. E a obra de Luis Brasil, o projeto da Casa de Cultura serão símbolos desta defesa logo ali adiante.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

DEMOCRACIA PELA INCLUSÃO


Em todas as discussões, debates e diálogos sobre política, projetos de educação, projetos de vida, movimentos sociais, movimentos sindicais, movimentos de juventude, partidos políticos, este tema aparece como uma espécie de divisor de mundos, concepções, métodos e estratégias ou táticas. E este, assim, me parece ser o fulcro de todos os debates que temos feito neste longo período de agitação na sociedade brasileira em que os golpistas, o golpismo e as agendas golpistas tem provocado na esquerda e na sociedade brasileira uma tomada de posição, já que o muro do qual Sartre falava veio a baixo e não há mais como se omitir ou tecer arrazoados para não se posicionar. Não digo que é fácil fazer uma interpretação, mas não é tão difícil a luz destas antinomias da inclusão e da exclusão.

EDUCAÇÃO E POLÍTICA: MINHA ENTREVISTA COMPLETA PARA A REVISTA DA ADUNISINOS

Nome completo: Daniel Adams Boeira

Idade: 51 anos

Formação: Licenciatura Plena e Bacharelado em Filosofia pela UFRGS (1989-1993)

Professor estadual concursado em Filosofia e História

Leciono na Escola Estadual de Ensino Médio Olindo Flores da Silva

Bairro Scharlau – São Leopoldo





Enquanto professor de escola pública, como você percebe o papel do professor na formação do pensamento político dos alunos?

Na condição de professor da área de ciências humanas, vejo como fundamental que os educadores de minha área coordenem e estimulem debates políticos, em colaboração e diálogo com os demais educadores, e tratem de forma bem franca, científica e democrática o tema da política e da realidade política nacional em todos os seus aspectos, pois podem promover o amadurecimento, engajamento ou não e também fornecer elementos para os jovens ou adultos, alunos e alunas avaliarem e interpretarem ao seu modo e com liberdade as questões políticas com seriedade, responsabilidade e clareza. Tratar temas da política e do pensamento político em sala de aula com clareza, baseado nos livros didáticos e fazendo referência às concepções em disputa, às informações disponíveis e acessíveis e as demais e às diversas posições em debate me parece ser o papel dos professores na formação do pensamento político autônomo dos alunos.

Qual a importância que você atribui as discussões sobre política em sala de aula, suas atividades em sala permitem essa interação?

Elevada importância. Os conteúdos e objetivos curriculares das disciplinas da nossa área (história, geografia, filosofia, sociologia e ensino religioso), incluem em todos os casos relações com acontecimentos do tempo atual, da vida cotidiana dos alunos e da realidade política, econômica, cultural e religiosa que a nossa sociedade vive. Neste sentido, em situações de agitação política, movimento político e ou processos políticos nossas aulas adquirem papel importante em abrir o debate, orientar para as pesquisas de fontes de conhecimento e informações e em procurar quando não é possível consenso promover alguma forma de dissenso respeitoso e racional, argumentado e civilizado.

Você representa Cpers/Ceprol? Como avalia a importância da articulação do movimento pró-democracia nas demais entidades civis?

Sou associado ao Cpers e na última reunião do conselho regional de representantes formamos o Comitê do 14º Núcleo do Cpers em Defesa da Democracia, neste compomos o comitê e fui autorizado a representar o nosso núcleo no comitê municipal de São Leopoldo – no qual havia me engajado primeiramente como cidadão e militante social - e se necessário regional para tratar deste tema. Trataremos de fortalecer mais ainda esta representação e a atuação do comitê na próxima assembléia regional e vamos estimular a formação de comitês em todas as cidades de abrangência do núcleo e se possível em muitas escolas. Indicamos também nossa representante no comitê de Novo Hamburgo. Vejo como muito importante porque percebo também que este momento de crise da democracia brasileira, de confronto político e também de acirramento de rivalidades pode ser superado por mais organização na sociedade, pela construção de mais diálogo e de propostas para a superação da crise e por mais debates na sociedade de tal modo a se encarar os problemas e buscar soluções coletivas e democráticas para eles, com respeito às diferenças e um tratamento orientado por princípios de justiça, respeito à lei e defesa das prerrogativas constitucionais dos cidadãos e de seus direitos. Vejo como importante também porque será possível se conformar um novo pacto nacional a partir de uma grande rede de comitês, bons debates e da construção de uma agenda para a superação da crise política e econômica. Portanto, identifico que todas as entidades civis que estimularem estes debates e a formulação de posições bem como tomada de posição em defesa da democracia vão contribuir para a superação dos atuais impasses e da atual crise institucional.


CUNHA O FACÍNORA FRENTE AO SUPREMO LENIENTE E TEMERÁRIO

Creio que sim Renato Janine Ribeiro, Lênio Streck é ainda um bom candidato e o supremo cometeu talvez o seu maior erro histórico. Me parece - não sou jurista e apenas ensaio um raciocínio aqui - que deixar o rematado bandido cometer bandidagem da grossa com a soberba e o escancaramento que cometeu é imperdoável. E os danos são gravíssimos. Mas isso só terá correção com a refutação jurídica do Impeachment pelas razões apresentadas que colidem com a nossa carta constitucional. A impressão que tenho é que houve vacilação por temor ao confronto entre os três poderes e que eles deixaram o facínora cometer seu dano para poder impugná-lo pos facto.

ESTRATÉGIA DE FRENTE: COMENTÁRIO SOBRE A SUPERAÇÃO DO PT E DA ESQUERDA BRASILEIRA

A esquerda precisa se superar e crescer e o PT precisa se superar também. O único caminho para isto é unidade quanto a reforma política e umidade estratégica programática ampliando a interlocução e construindo uma síntese positiva que supere tanto o pragmatismo quanto o sectarismo. A democracia não dará bons frutos no regime do vale tudo. E para superar as coalizões só elegendo maioria no congresso e construindo hegemonia na sociedade. O PT não pode ser culpado de tudo considerando que mal ultrapassa os 10% de representação congressual. Na maior parte dos outros países o partido do presidente constrói maioria ou chega bem perto de uma maioria com alianças com aproximadamente de três a quatro partidos. Quem vende solução mágica para isto n purismo retórico, sequer consegue dirigir um sindicato em minoria. Então é bom para com esta retórica enganadora. O que não significa que não se deve investir mais em nitidez ideológica mesmo. Mas com a atual legislação não rola e para mudar ela é preciso muita unidade na esquerda para constituir uma polarização eleitoral no debate nacional e superar a fragmentação e a formação de minipólios.

INTERESSE PELA POLÍTICA

"Não dizemos que um homem que não revela interesse pela política é um homem que não interfere na vida dos outros; dizemos que não interfere na vida."


(Oração fúnebre de Péricles, in Tucídides, História da Guerra do Peloponeso)

MICHEL TEMER COMO SOLUÇÃO?

Tá de brincadeira comigo quem acredita que isso é a solução para os problemas do Brasil e que vamos ter alguma melhora com os chefes de quadrilhas governando este país.

AS CRISES E AS PESSOAS

As crises existem para muitas coisas, desde ajustar projetos e planos e até para se criar saídas novas e soluções novas para velhos problemas. Podemos mudar conceitos, métodos e até mesmo teorias e paradigmas novos podem surgir. Mas ao ver o processo que assisto hoje - tanto em mim como em outros - observo que a crise também serve para mostrar quem as pessoas são, quem elas foram um dia e dar uma pequena luzinha sobre o que elas serão no futuro. E esta é para mim uma espécie de perspectiva de grande plano, pois nada mais será igual como já foi um dia, podem melhorar, podem ficar iguais, podem piorar, mas vão mudar e mesmo que você não perceba, mudam nem que seja por dentro e ocultando ou tentando ocultar os traços do seu novo ser.

CHEGA DE SACRIFÍCIOS NA EDUCAÇÃO!

Não me sinto um corpo estendido no chão, mas sinto que se depender do desprezo pela educação e pelos educadores de alguns ignorantes - o que infelizmente inclui alguns colegas meus - e certos canalhas serei um dia apenas isto...um corpo estendido no chão, e nem serei mais visto como um professor nesta situação. Aqui entre nós, sinto que há inclusive hoje a disposição de alguns em me considerar um bandido ou um marginal porque ouso militar por alguma causa, protestar ou me manifestar politicamente contra uma lógica de manada na qual nossa sociedade sucumbiu.



Não me sinto um herói também, mas sei que pela expectativa de milhares de alunos e alunas, amigos e amigas, e alguns colegas, nos olham como heróis, heróis potenciais, criaturas prontas para todos os sacrifícios pela educação e pelas nossas causas. Não me vejo assim. Não me vejo como um herói, nem como um kamikaze e muito menos como um lutador suicida que enfrenta um adversário com mais forças do que possui e se coloca em holocausto perante o inimigo. Me vejo apenas como um professor que precisa lidar com estas dimensões negativas e positivas da luta pela educação.

O atual Governo do Estado tenta sim nos derrubar, nos faz tanto mal e consegue também nos humilhar e nos submeter a sua agenda e isto é um problema que parece bloquear a reação de muitos educadores, mas eu sei que podemos reagir.

Em São Leopoldo, o atual governo de minha cidade também faz a mesma coisa. No ano passado tentou humilhar, violentar e agrediu moralmente muitas educadoras e educadores. Meus colegas reagiram e fizeram a maior greve da história do magistério municipal. E nem nisso vimos neles algo herói, não foram ao chão, pois todos se sentiam apenas como educadores que escolheram um lado na história e optaram por lutar em defesa de sua dignidade reivindicando respeito e o pagamento de um reajuste que lhes era devido tendo em vista a existência de recursos nos cofres públicos para tal. Vejam os vereadores municipais provaram depois em CPI que haviam recursos e que a greve foi provocada apenas pela intransigência e irresponsabilidade, inépcia e incompetência da gestão municipal que tinha as famosas "outras prioridades" para 2015.

E hoje é o dia que se consolida este poder perverso e covarde contra nós educadores e cidadãos, quando o golpista do Michel Temer vai ganhar no Senado um mandato de forma espúria e safada, de forma indireta vai ascender a presidência da república, através de um processo que frauda nossa constituição e que comete uma iniquidade absurda resultado de uma conspiração que envolveu interesses de poderosos empresários, corporações, políticos e partidos que representam interesses de estamentos tradicionais e conservadores, com um bom empurrâozinho da mídia e com a conivência e omissão do STF.

Este golpe tem uma agenda que tenho chamado de agenda golpista e que irá agravar em muito minha situação de trabalho e a situação da educação brasileira. Verei em poucos meses conquistas pelas quais lutei por mais de trinta anos serem dissolvidas, verei em poucos meses direitos de trabalhadores e cidadãos serem minimizados e diminuídos, inclusive direitos de alguns que apoiam o golpe, mas eu lutei com alguns colegas e conclamo a todos que se engajem nesta luta e nesta jornada que se inicia hoje.
E é preciso reagir sim, porque senão acabaremos todos como este corpo estendido no chão, sob uma ótima consideração de alguns, mas porém derrubado e atropelado pela covardia e falta de caráter de muitos, derrubados pela canalhice e a ignorância que andam de mãos dadas a serviço daqueles que querem o poder apenas para preservar seu status, ampliar seu status e manter o povo brasileiro bem submisso e bem explorado.

Não quero mesmo ser um herói, quero apenas ser um professor e dar minhas aulas em paz, tocar minha vida, cuidar dos meus filhos, ler meus livros, amar e fazer música...mas não tem sido possível e eu agradeço aos envolvidos nisto, pois não serei eu que irei contar esta história no futuro, aqui sou apenas um professor e militante social. A nossa luta vai continuar, vamos perder alguma coisa sim, mas vamos nos organizar, debater, lutar pela democracia e a educação para construir a superação disto e colocar no chão não pessoas, mas as velhas ideias que orientam este golpe, a agenda golpista e as personagens golpistas que hoje triunfam com arrogância e soberba sobre o que é certo, o que é justo e o que é correto, na maior desfaçatez.

Não devemos morrer no altar da pátria a serviço daqueles que não lutam, mas devemos sim defender a nossa pátria contra aqueles que a aviltam e a vilipendiam e quanto mais colegas, jovens e cidadãos entenderem isto, menos sacrifícios sofreremos.


(Obs.: A imagem abaixo é uma releitura de obra de Hélio Oiticica: Seja Marginal, Seja Herói, baseada em uma foto do corpo de um velho bandido chamado cabeça de cavalo que foi encurralado e executado em um tiroteio com a polícia em 1968. "Hélio Oiticica frequentava a Mangueira e conhecia o mundo da marginalidade. Dentro de uma lógica de transgressão de valores burgueses, tinha certo fascínio pelos tipos marginais e malandros. Cara de Cavalo, acusado de matar um policial, foi uma das primeiras vítimas do esquadrão da morte carioca, em outubro de 1964. Esta obra é marcante no movimento chamado de marginália ou cultura marginal, que passou a fazer parte do debate cultural brasileiro, a partir do final de 1968, durando até meados da década de setenta. O artista foi acusado de fazer apologia ao crime. A marginalidade é considerada uma forma de transgressão dos valores conservadores e burgueses, identificados com o regime militar, aliado à idealização do mundo do crime, como mundo produzido pelas contradições da sociedade." op. cit. in http://memoriasdaditadura.org.br/)

PEDÁGIOS E PRIVATIZAÇÃO DE NOVO? PMDB ATACA O RS OUTRA VEZ

Sartori é a raposa que vocês do PMDB, PSDB, PP, DEM PSD e outros botaram no governo para privatizar e fazer negócios. E nós que somos professores e trabalhadores que lutam é que somos os bandidos? Parabéns, meu partido é vender o Rio Grande começando com pedágios até 2046 votados na assembléia ontem, basicamente porque os gestores de vocês só tem competência para entregar os serviços públicos para os amigos da iniciativa privada. Sim, os mesmos que financiam as campanhas polpudas de vocês que permitem que sejam eleitas pessoas que sequer falam com os cidadãos, isso quando não se escoram em monopólios de comunicação. Por fim, terrorismo é o que os fascistas como vocês ficam fazendo o tempo todo com os trabalhadores, ameaçando com demissões, atrasando salários e atacando direitos. E ainda acham que vão nos golpear, tirar nossas direitos e não ter resposta??? Bem capaz....

EDUCAÇÃO DO RS ABANDONADA

O PDT corre para não pagar a conta com o PMDB. Dizem que o Vieira da Cunha pediu exoneração e o Sartori não aceitou. Decidiu, então, tirar férias, viaja hoje e só retorna em junho. Pode ser o medo da nossa greve e do que ela representa no quadro atual? Fonte: Correio do Povo, ( NOTA DE 18h45min DE 10/05/2016). Eu creio que ele também entendeu que a situação é insustentável e que o bicho vai pegar com o que parar pela nossa frente. Então, corre antes que tenha que sofrer o que vamos fazer no RS.

TEMER GOLPISTA

Se o Brasil tivesse um sistema político e legal estável e sério, Michel Temer seria preso por traição da pátria, conspiração contra a estabilidade econômica e por ter sido corrompido por interesses lesivos à nossa democracia. Lesa pátria...e golpista...