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sábado, 11 de janeiro de 2025

PAUL AUSTER - RIP - O MUNDO SEM VOLTA

 Paul Auster ( 1947-2024 ). 





O mundo sem volta

Lá se vai um escritor que parece fazer parte integrante das nossas vidas. Parte integrante do nosso mundo e do modo como somos obrigados a ver ou aceitar nosso mundo real e objetivo em sua fusão ou confusão com nosso mundo imaginário e ideal, com nosso mundo subjetivo cheio de janelas e portas, por onde a luz entra e as coisas saem e entram, caminhando ou pulando, voando ou fulgurando.

O nosso mundo comum com Paul Auster é aquele mundo que nos impressiona e assusta, mas que também nos toca suavemente e delicadamente com uma previsão tão aguda e suave quanto uma vacina ou injeção, quanto um raio ou trovão ou o murmurar das ondas do Oceano ou o tilintar das águas de um córrego, da chuva, de uma cascata ou corredeira de um curso de água. Um curso de água sem volta, que passa somente uma vez, como a vida.

O mundo da chuva redentora e da enchente arrasadora. Sim esse mundo maravilhoso e tenebroso. Cujas dupla face ou outra face precisa ser aceita sem olhar para nada mais transcendente que nossa própria consciência de leitor ou leitora, escritor ou escritora. 

Paul Auster, cujas obras e experiências pessoais, portanto , pertencem ao nosso mundo interior e exterior. Por testemunho ou experiência, por leitura ou escritura.

O mundo cheio de surpresas maravilhosas e aterradoras. O mundo do amor relâmpago ou eterno, cuja ficção parece ser um mero espelho diminuído e comezinho. O mundo em que o real é mais surreal que o sonho, em que o pai tem dupla face, conhecido e desconhecido. Em que a interpretação tem longa duração ou nada.

O mundo em que a decepção, a sorte, o destino, a liberdade, o caminho sem volta, a rua sem saída e a perda irreparável precisam ser aceitas, podem ser resmungadas ou festejadas, defendidas ou desejadas, mas em que o grande jogo da sorte e do destino, da proteção e do azar jogam com nossas vidas sem dar a mínima para nossas vontades. O mundo em que precisamos suspirar e compreender, olhar mais de perto, desejar e abandonar, enfrentar ou fugir sem temor ou culpa. 

O mundo do homem e da mulher livre e também do homem e da mulher escravos de crenças e preconceitos, em que as escolhas por mais comezinhas e passageiras acabam sendo definitivas e decisivas e sem volta, no return, no regress, no flashword.

P.S.: Em 1 de maio, aulas suspensas e logo mais a grande enchente atingiu muitos de nós no RS. São Leopoldo e RMPA, minha casa e nossa escola. Vejo agora essa sensação de perda do mundo ou de um mundo perdido e sem volta em todo o seu sentido mais amplo possível. 

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